Discurso durante a 159ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem ao Senador Alberto Silva pelo transcurso do seu aniversário.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao Senador Alberto Silva pelo transcurso do seu aniversário.
Publicação
Publicação no DSF de 11/11/2003 - Página 36043
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, ALBERTO SILVA, ENGENHEIRO, SENADOR, EX GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), ELOGIO, VIDA PUBLICA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Siqueira Campos, Senadoras, Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo nosso sistema de comunicação, o calendário histórico nacional é variável, mas este dia, Senador Garibaldi, 10 de novembro de 2003, é de grande importância para a cidade em que nasci, Parnaíba, e para o Piauí, pois, nesse dia, nasceu Alberto Silva. Eu não poderia deixar de, desta tribuna, lembrar, Senador Pedro Simon, esse acontecimento que engrandeceu a minha cidade de Parnaíba, o Estado do Piauí e que trouxe projeção a todo o Brasil.

            Sr. Presidente, sou um dos 3 milhões e 400 mil piauienses - 2 milhões e 800 mil que estamos lá, felizes, e outros 600 mil piauienses espalhados no Brasil e no mundo - a dar testemunho da vida de Alberto Silva. Foi sobre homens como ele - suas raízes estão lá no Maranhão: os Tavares - que aquele poeta disse: “Não chores, meu filho; não chores, que a vida é luta renhida: viver é lutar. A vida é combate, que os fracos abate, que os fortes, os bravos, só pode exaltar”.

A vida de Alberto Silva não tem sido mole.

Deus foi generoso: fez S. Exª nascer na maior ilha do delta, a Ilha de Santa Isabel, nome abençoado, na mesma ilha em que nasceu um símbolo que se iguala a Rui Barbosa na Justiça: Evandro Lins e Silva. Então, era Evandro Lins e Silva a irradiar justiça - o pão de que mais a humanidade necessita - e Alberto Silva a irradiar progresso e desenvolvimento.

Filho de um Juiz, João Silva, e de Evangelina Rosa, que hoje não está apenas conhecida no Piauí pelas homenagens que recebeu - inclusive madrinha da melhor maternidade que o Piauí tem - mas, com toda certeza, está também nos céus, a santa Vanginha.

Mas Alberto Silva foi buscar o saber lá nas Minas Gerais, na cidade de Itajubá, na faculdade de Aureliano Chaves - eles são contemporâneos.

Naquele tempo, Senador Siqueira Campos, engenheiro era engenheiro mesmo. O Alberto Silva é engenheiro civil, mecânico e elétrico. Senador Pedro Simon, acredito que ninguém o excede no conhecimento da Engenharia no Brasil. Como este Governo perde uma experiência como essa? Shakespeare disse: sabedoria é experiência mais competência.

Enquanto no PMDB, uns tontos se oferecem sem ter nada a oferecer, está aí o homem! Eu garanto que, se Lula receber uma inspiração divina - os que o cercam já mostraram que não a tem - e convocar Alberto Silva, do mesmo jeito que um filho de piauiense tirou o Brasil do “apagão” - vocês se lembram de Pedro Parente -, S. Exª nos vai tirar do “paradão”, que é resultado das estradas esburacadas do Brasil. E isso com sua simplicidade e seu conhecimento.

Eu vi. Como aquele romance indígena que diz “meninos, eu vi”, eu vi a realização do Senador Alberto Silva. S. Exª foi sempre dinâmico. Lembro-me de quando éramos meninos - nós nascemos no mesmo Estado; eu tive esse privilégio - e Alberto Silva, nos anos 50, bolou um jet-ski na minha Parnaíba, como os jet-skis que V. Exªs vêem hoje. Era o Pirilampo. Seus filhos talvez não tenham visto. Era uma lanchinha que ele mesmo bolou e fez. Era como um jet-ski de hoje. E andava ali disputando com o Sr. Zequinha Correia.

Então, há coisas que marcam um avanço, tal como o Presidente Juscelino Kubitschek. É preciso entender esses iluminados. Não são esses cegos, parados e mortos-vivos que estão aí. A primeira casa que teve piscina, em Belo Horizonte, foi a do Presidente Juscelino Kubitschek. Então, imagine isso.

Eu vi o Senador Alberto Silva no Pirilampo, o qual era igual a esses jet-skis, e que foi feito por S. Exª com a sua inteligência e técnica.

Senador Pedro Simon, naquele tempo, a nossa Parnaíba era uma cidade vaidosa e rica. Foi ali que um parnaibano, filho de um português, que estudou em Portugal e foi colega de Simón Bolívar, Simplício Dias da Silva, fez despertar as riquezas. E aquela cidade foi a primeira, no Piauí, a ter energia elétrica. Era uma usina elétrica antiga, à lenha. Mas sei que ela vivia apagada, e o Senador Alberto Silva, engenheiro que é, ia lá durante suas férias para consertar os ferros velhos daquela usina velha. Ele sempre voltava à Parnaíba.

Senador Pedro Simon, já ouvimos falar da geografia da Holanda. Nunca estive lá, mas sei, pela literatura, que fica abaixo do nível do mar - e fez-se um muro lá. A minha cidade, Parnaíba, era assim mais baixa.

Sr. Presidente, Senador Eduardo Siqueira Campos, fui um menino muito feliz, porque nasci na Avenida Getúlio Vargas, homenagem que o povo piauiense rende ao Presidente gaúcho.

Minha casa é hoje um banco. Mas lembro que as águas do rio entravam até o quintal. Essa é a minha memória da infância. Nós, meninos travessos, pegávamos as bananeiras para fazer jangada. Senador Juvêncio da Fonseca, era como Veneza!

Alberto Silva, formado, competente, trabalhava em rede de viação no Rio, foi chamado para ser Prefeito e aceitou o desafio muito novo. Eu era menino e assisti ao seu primeiro discurso da guarita. Temos certo grau de parentesco. Seu irmão João Silva se casou com uma irmã da minha mãe. E minha mãe, como Vanginha, santa, Almira, dizia: “Janete, reze para ele terminar o discurso”. E a mamãe rezou, porque foram buscá-lo quando era muito jovem para uma campanha eleitoral muito difícil.

O candidato adversário era Dárcio Araújo. Era um advogado, figura bonita e simpática. E naquele tempo simbolizava um partido de massa, que era o PTB, que hoje é o PT historicamente. Era uma campanha muito difícil!

Alberto Silva aceitou aquele desafio tão difícil, porque a liderança de Dárcio Araújo era extraordinária, Pedro Simon. Dárcio Araújo era igual a João Goulart, era igual Leonel Brizola, nas devidas proporções. E tanto foi a luta, luta abençoada por Getúlio, que era grande Líder da época e que visitou Parnaíba em agosto de 1950. Foi renhida a luta. E os votos terminaram assim na Parnaíba: Alberto Silva perdeu por 70. Mas, naquele tempo, Cocal era ainda Parnaíba. E Cocal decidiu em favor de Alberto Silva, que ganhou a eleição por 90 votos, influência do trabalho dele na Rede Ferroviária.

Olha, não houve, na história da Parnaíba, um mandato tampão de dois anos mais profícuo e mais avançado. Alberto Silva fez Parnaíba avançar na luz elétrica. Fez a proteção do dique igual a Holanda. E hoje, no quintal da minha casa, podemos andar a qualquer época. Fui Prefeito da minha cidade, tive que asfaltar as ruas e sei que são dezenas de quadras, muitas delas de pobres que moravam em casas de palhas e que depois eu tive a oportunidade de trocar por telhas.

O Senador Alberto Silva fez aquele bairro. Assim como Deus fez o mundo e os holandeses fizeram a Holanda, Senador Alberto Silva fez aqueles bairros ribeirinhos. A nossa antiga Coroa hoje tem nome de santo, assim como Tucuns, que chamaram de Bairro São José. Metade do ano, aquilo estava debaixo d’água, com suas conseqüências e malefícios. Lembro-me do Senador Alberto Silva com as bombas e de macacão, a tirar água que invadia esses bairros.

            Realizou essa obra em dois anos. Foi o mais profícuo. Empreendimento igual à realização do Senador Alberto Silva, na sua administração em dois anos, na Parnaíba, somente se compara a Juscelino Kubitschek, na velocidade com que fez, em três anos e seis meses, esta capital.

Realmente, foi um mandato pequeno. Foi Deputado Estadual, com uma coerência que nos ensina. Ele sempre diz: “Sou um engenheiro político”. Então, os políticos queriam o mandato estadual e ele aceitou ser Diretor da Estrada de Ferro, dando benefício às velhas elites políticas. Olha, o Senador Alberto Silva avançou muito.

Se o Presidente Lula tiver inspiração de Deus - porque os que estão em torno dele não estão inspirados nada, não têm nada a ensinar ao Lula - e colocar um Alberto Silva desses com poder nessa estrada de ferro, vamos voltar a ter ferrovias como na Europa. Esse homem fez um metrô em Teresina! Agora que se fala em Fortaleza, na Bahia, e no Governo dele, ele fez. Teresina tem metrô.

Então, o Piauí avançou, mas sofreu o pão que o diabo amassou e os filhos dele não sabem. Alberto Silva, eu estava lá. Estava lá quando V. Exª, perseguido, teve que se exilar no Ceará. Eles o tiraram porque estava fazendo obras, a estrada de ferro, a primeira locomotiva a óleo que chegou. Depois dele, não chegou mais nenhuma outra. Está lá a Maria Fumaça.

Lembro-me do discurso, do povo, de Parnaíba, dos edifícios, da estrutura física, de tudo. E do seu discurso! V. Exª lembrava Pedro II, que levava um saco de areia para o travesseiro. E V. Exª é levado à Parnaíba. E foi para o exílio no Ceará. Mas Deus o protege. Na Parnaíba, com a sabedoria que não posso mencionar, porque ele me advertiu do Regimento quanto às palavras. Mas ele é um homem que Deus abençoou, e foi para lá. E o grande Virgílio Távora, o homem que desenvolveu o Ceará, o pegou e colocou na Eletronorte. Eletrificou todo o Ceará, mas não esqueceu a origem; levou para a Parnaíba a primeira energia da Chesf.

Eu vi Mário Andreazza assombrado com aquela rede elétrica, Senador Juvêncio da Fonseca, talvez ele não se recorde, mas disse que, na época, era a maior rede elétrica de extensão. Foi para o Ceará e serviu à Faculdade de Engenharia.

Deus, que não se esqueceria do Piauí, inspirou o seu nome para governar nosso Estado na revolução. Foi uma benção do céu àquele regime de exceção. Foi um progresso. O Piauí, Senador Eduardo Siqueira Campos, era levado no deboche. As revistas Veja e IstoÉ mostravam a nossa bandeira como sendo um couro de bode. E o Senador Alberto Silva transformou isso. Fez o Estádio Albertão, a Maternidade Evangelina Rosa, os hospitais, a Universidade Federal. Posteriormente, iniciou a Universidade Estadual, que me possibilitou fazer o maior crescimento universitário quando Governador. Criei, Senador Juvêncio da Fonseca, 30 faculdades na pequena Uesp que ele plantou; 300 faculdades e 32 campi. Eu agüei a semente, a pequena árvore que ele deixou. Desta forma, o Piauí pôde se transformar.

Meu Estado que era um exportador de inteligências, como o maior jornalista Carlos Castello Branco; como o Ministro do Planejamento, João Paulo dos Reis Veloso; como Evandro Lins e Silva. Nós demos condições de o povo buscar saber no Piauí. Plantamos a semente que transformou aquela terra.

No entanto, a inveja e a mágoa corrompem corações. Todas as antigas elites ricas, oligárquicas se voltaram contra Alberto Silva. Suas passagens, no entanto, sempre tiveram êxito na estrutura Federal: na EBTU, no Pólo Nordeste. Depois, Deus o fez Senador da República. Com a ajuda de Deus e do destino, ele foi Governador de 1979 a 1985. É uma história que somente a mão de Deus explica. Outro governo extraordinário. Transformou o Piauí, que deixou de ser um deboche. Esse é o Piauí que depois conseguimos governar.

Deus nos uniu de tal maneira que cheguei a ser Governador pela sua influência e pela sua força. Na primeira vez, ele ressurgiu como Deputado Federal e, na segunda, exerce o mandato de Senador. Aqui estamos juntos.

Trago a homenagem do povo da Parnaíba, do povo do Piauí a S. Exª, símbolo maior da nossa riqueza que é a nossa gente. Sófocles disse que muitas são as maravilhas da natureza, mas a mais maravilhosa é o ser humano. Essa é a riqueza do Piauí: sua gente. E essa gente grandiosa é simbolizada por Alberto Silva, o mais jovem. A idade somos nós que fazemos. É o único Parlamentar do PMDB que pode salvar o rumo do Governo, que está indo ladeira abaixo, e trazer empreendimentos.

Alberto Silva já foi de tudo no Piauí e nos órgãos federais. Falta apenas ser Ministro e Presidente da República.

Simbolizo aqui a luta do MDB, desde o início, contra a ditadura, e sou fiel a Ulisses Guimarães que disse: Ouça a voz rouca das ruas!

Está aí um para ser Ministro e nosso candidato a Presidente da República. O Maranhão já nos deu um Presidente, o Presidente José Sarney, concorda Senadora Heloísa Helena? O Ceará já nos deu um Presidente, o Sr. Castello Branco.

Senadora Heloísa Helena, V. Exª que lê a Bíblia, nela está escrito que a virtude está no meio! A virtude é o Alberto, é competência.

Essas são as nossas homenagens.

            Esgotado o tempo, peço ao Presidente Eduardo Siqueira Campos, que tem um pai da mesma estirpe, homem criador e realizador, que fez nascer, pelo sonho e pelo ideal, o Estado do Tocantins, que me conceda mais um segundo para proferir as minhas palavras finais.

Orgulho-me de Alberto Silva, do PMDB, a luz. O PMDB tem que ser a luz neste Governo. Nem no PMDB, nem no PT tem um homem com a experiência e a competência que, somadas, segundo Shakespeare, chega-se à equação de sabedoria que buscamos e de que a Bíblia nos fala. Bastava a Alberto Silva a sua lucidez, a sua firmeza e a sua experiência.

A respeito do seu último pronunciamento, noticia o Jornal do Senado - atentai bem: “Alberto Silva (PMDB - PI) pediu ao Governo que encontre, com a ajuda do Senado Federal, soluções para pontos da reforma da previdência, que, na sua opinião, não fazem justiça ao povo brasileiro. Ele diz que há necessidade de que se adote uma regra de transição para as aposentadorias do setor público, para a taxação dos inativos e para o subteto das aposentadorias nos Estados.”

“Diz ele: ‘Apelo para que se encontre uma forma para não se penalizar os aposentados’.”

Senador Siqueira Campos, atentai para a voz da experiência, da luta e do homem cujo perfil podemos inferir das suas palavras: Eu sou pela União, pelo Piauí e pelo Brasil. Repito a advertência de S. Exª: “Apelo para que se encontre uma forma para não penalizar os aposentados. Com lógica e bom senso, não há problema sem solução. Devemos encontrar essa solução, sobretudo nós do PMDB”.

Esse é o PMDB que pensa, que raciocina, que tem coragem. Devemos encontrar essa solução, sobretudo nós do PMDB, Partido que muito deve a S. Exª. Havia o MDB e ele trouxe o Tancredo, do PP. Foi o voto de Alberto Silva que deu estrutura ao novo Partido, o PMDB. Ele trouxe o PP, a delegação do Piauí que completou os votos para unificar os dois e fazer o PMDB. Formamos a base do Partido no Senado, e não exigimos cargos - olhai que coisa bonita - ou Ministérios. Estamos aqui para ajudar o País, o Presidente, disse Alberto Silva. O Senador observou que é evidente que o Governo precisa resolver o problema de caixa da Previdência, e para atingir esse objetivo a inteligência nacional deve encontrar um meio para não ser injusta com os aposentados.

E nossas últimas palavras aos céus e a Deus:

“Oh! Meu Deus. Oh! Nossa Senhora da Graça, padroeira de nossa cidade, Santa Evangelina Rosa, santa irmã de Alberto, abençoe o Alberto e nos dê muito mais anos de sua juventude e de sua inteligência para fazermos juntos crescer o Parnaíba, o Piauí e o Brasil.”


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/11/2003 - Página 36043