O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de falar algo, porque, muitas vezes, estive perto dessa escritora no Ceará.

            Quando do Governo de Virgílio Távora, no Plano de Eletrificação do Estado do Ceará, recebemos uma recomendação especial. Levamos energia para a cidade de Quixadá, em cujas proximidades estava aquele famoso sítio que Rachel de Queiroz cita em seus romances.

            Num encontro que considero histórico, estavam o Marechal Castelo Branco, a escritora Rachel de Queiroz, o Senador e Governador Virgílio Távora e eu, presidente da empresa de eletricidade que levava energia a todos os recantos do Ceará. Lembro-me bem que houve um acidente com a luz. No momento da inauguração - o Presidente Castelo Branco estava no palanque -, houve algo que interrompeu a energia na cidade. Lembro-me bem que o Governador Virgílio Távora virou-se para mim e disse: “E, agora, meu doutor, o que o senhor vai fazer?”. Tive uma inspiração e afirmei: “Dê-me dez minutos”. Graças a Deus, em dez minutos, reabilitamos a energia, e tudo continuou como estava previsto.

            Rachel estava ao lado e prestou atenção talvez à presteza com que conseguimos resolver o problema. Com a ajuda de Deus, tive a oportunidade de não deixar que ficasse comprometida a homenagem que se prestava a ela e ao Marechal Castello Branco, Presidente da República à época.

            Quando fui escolhido Governador do Piauí, na última página da revista O Cruzeiro, ela mencionou todos os Governadores que estavam indicados para o cargo. E, no meu caso, lembro-me de que ela escreveu em negrito: “Este eu conheço; vai fazer coisas do arco-da-velha como Governador do Piauí”. Tempos depois, encontrando-me com ela, com Sarney e com alguns outros membros da Academia, em frente ao monumento que erigimos pela Batalha do Jenipapo, ela, sentada, olhava o monumento, e eu disse: “Lá há uma pequena placa de bronze com os dizeres do grande poeta Drummond de Andrade: Os Cemitérios”. E, no seu livro de poesias, há um poema dedicado ao cemitério da Batalha do Jenipapo. Eu disse: “Se entre outras coisas eu não tivesse feito no Piauí, minha cara Rachel, está aí uma das coisas do arco-da-velha”. Não é do arco-da-velha, mas, sim, uma homenagem aos heróis piauienses que morreram pela independência do Brasil.

            No momento em que ela nos deixa, deixa um vazio no País e na Academia, e, em nosso coração, a saudade daquela grande cearense, daquela grande brasileira que honrou as letras nacionais.

            Muito obrigado.