Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagear ao Dr. Manoel Francisco do Nascimento Brito, ex-Diretor-Presidente do Jornal do Brasil, falecido em 8 de fevereiro de 2003.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagear ao Dr. Manoel Francisco do Nascimento Brito, ex-Diretor-Presidente do Jornal do Brasil, falecido em 8 de fevereiro de 2003.
Publicação
Publicação no DSF de 19/02/2004 - Página 4768
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, MANOEL FRANCISCO DO NASCIMENTO BRITO, JORNALISTA, EX-DIRETOR, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ELOGIO, ATUAÇÃO, IMPRENSA, DEFESA, DEMOCRACIA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente José Sarney, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que assistem a esta sessão especial por meio do sistema de comunicação do Senado, serei muito breve.

Em primeiro lugar, o Piauí não poderia deixar de comparecer a esta sessão. Faço minhas as palavras dos Senadores que me antecederam: o Líder do Ceará, Senador Tasso Jereissati, e este Líder da grandeza do Amazonas e da Pátria, Senador Arthur Virgílio.

Sintetizando, quero dizer que a história da comunicação é antiga, mas creio que o maior comunicador foi Cristo, que se manifestava da seguinte forma: “Em verdade, em verdade, eu vos digo”. Entendo que um jornal vale pela verdade que diz, e somos orgulhosos porque, merecendo o nome da nossa Pátria, aí está o Jornal do Brasil.

Rui Barbosa, nas suas lutas, durante as suas campanhas civilistas, como a que fez para Presidente, escreveu muitos artigos. Não chegou a ser Presidente, mas foi um brilhante jornalista e é o patrono desta Casa. Rui Barbosa, dizia ele, ensinava não só pela doutrina, mas muito mais pelo exemplo.

Eu me permitiria buscar o Presidente da nossa Casa, José Sarney, intelectual, que cultiva o Padre Antonio Vieira, que diz que “o exemplo arrasta”. E foi sobretudo o exemplo de Nascimento Brito que arrastou tantos valores à dedicação do jornalista, como os seus familiares, filhos, com quem têm um compromisso. E o Jornal do Brasil tem, acima de tudo, esse patrimônio. Não precisa buscar aquele exemplo de Rui Barbosa, de Padre Antonio Vieira, porque já tem o exemplo do Jornalista Nascimento Brito, que hoje recebe a homenagem deste Senado.

A homenagem do Piauí se deve por ele recrutar a inteligência ímpar, a coragem ímpar entre os brasileiros de Carlos Castello Branco, o Castelinho do Piauí, que escrevia a Coluna do Castello. Mas não poderia ser o Castelinho o orgulho do Piauí se não houvesse a coragem de Nascimento Brito, de colocar o seu jornal à disposição do jornalista piauiense para levar ao Brasil a mensagem do desejo de redemocratização.

Srªs e Srs. Senadores, serei breve e trarei dois exemplos a esta Casa: um, do representante de Deus no Brasil, Cardeal Dom Eugênio Salles, que é o responsável pelas exéquias e que também optou por escrever no Jornal do Brasil. O representante de Deus na Terra destacou a coragem como a principal característica do ex-diretor da empresa na resistência à ditadura. Durante o regime militar, havia um entendimento entre eles, e o representante de Deus, D. Eugênio, chegou a dizer a respeito de Nascimento Brito: “Ajudou-me em muitas atitudes a serem tomadas”. Foi um homem de coragem. Isso é importante se aplicado para o bem. E, neste instante, eu falo, eu represento, eu lidero o MDB, cujo Líder, encantado no fundo do mar, disse neste Congresso: “Sem a coragem faltarão todas as virtudes”. Portanto, o Senado da República rende-se à mãe de todas as virtudes: a coragem. Agradecemos a Nascimento Brito pelo seu exemplo de coragem.

Concluo com o seu pensamento sobre a democracia, a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Infelizmente, não há no Senado homenagens pós-morte, porque, se houvesse, deveríamos render uma a esse grande jornalista. Mas, por intermédio do meu Partido, farei uma homenagem à coragem de Ulysses Guimarães, que lutou com o Jornal do Brasil para devolver a liberdade a esta Pátria de Nascimento Brito. As palavras que citarei são dele, para que fiquem registradas em nossa mente, nos continuadores do Jornal do Brasil, porque ele deixou de ser da família dos Nascimento Brito. O Jornal do Brasil é de todo o Brasil, é de todos nós. Sabemos que existem muitos jornais grandiosos e importantes, mas este é nascido da luta de mais de um século pelas liberdades. Então, que fiquem gravadas aqui as palavras que ele proferiu. Foi esta a frase que escolhi:

A nossa imprensa não é nem pior nem melhor que a mundial, e, aqui, no Brasil, temos alguns grandes jornais [quem possui bastante luz não precisa diminuir ou apagar a luz dos outros para brilhar. Atentai bem! Observem o respeito à ética], feitos por profissionais extremamente responsáveis e experientes.

Ele disse em junho de 1990: “o grande problema da imprensa brasileira, com honrosa exceção de poucos, é que todos são muito ordinários, se submetem direitinho ao Poder. Esse Jornal do Brasil tem um grande patrimônio, que se chama honorabilidade”.

Na época, ele dizia: “Tenho 41 anos de jornal e nunca recebi nada de favor de ninguém. É isso que espero que o jornal seja daqui a 200 anos”.

Nascimento Brito, receba a homenagem, o respeito e a gratidão do povo do Piauí e do Brasil.

(Palmas)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/02/2004 - Página 4768