Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários à matéria de O Estado de S.Paulo, de 18 do corrente, do presidente da Associação Brasileira de Infra-estrutura e das Indústrias de Base, Sr. José Augusto Marques.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA ENERGETICA.:
  • Comentários à matéria de O Estado de S.Paulo, de 18 do corrente, do presidente da Associação Brasileira de Infra-estrutura e das Indústrias de Base, Sr. José Augusto Marques.
Publicação
Publicação no DSF de 19/02/2004 - Página 4836
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), AVALIAÇÃO, PARALISAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, OPINIÃO, PRESIDENTE, ENTIDADE, INDUSTRIA BASICA, AUSENCIA, REGULAMENTAÇÃO, INVESTIMENTO, INICIATIVA PRIVADA, SETOR, INFRAESTRUTURA, ESPECIFICAÇÃO, ENERGIA ELETRICA, CRITICA, MEDIDA PROVISORIA (MPV), TRAMITAÇÃO, SENADO.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) -

GOVERNAR É PRECISO, PARA NÃO PASSAR EM BRANCA NUVEM, EM PLÁCIDO REPOUSO

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não é à-toa nem é por acaso que o Governo do Presidente Lula deixou o ano de 2003 passar em brancas nuvens. Nada foi feito e,em terreno assim nuvioso, o País é que ficou a ver navios.

Não será demais lembrar Manuel Bandeira, cujos versos advertem para o mal do nada. Adaptando-os ao Brasil de hoje, seria possível dizer:

quem passou pelo governo em branca nuvem

e em plácido repouso desgovernou,

só passou pelo governo, não governou.

Trago o poeta a este Plenário a propósito de uma boa análise feita, na edição de 18 de fevereiro de 2004 de O Estado de S. Paulo, mostrando uma face da inanição do Governo petista no primeiro ano do mandato de Lula.

No período, o Governo não registrou praticamente nenhum avanço na criação de um ambiente seguro para o investimento privado de longo prazo nos setores da infra-estrutura.

Cansei de falar desta tribuna que o País necessita com urgência de marcos regulatórios, para que possa ocorrer a retomada do desenvolvimento.

Cansei. E hoje venho com versos. De Manuel Bandeira. Adaptados para o malogro do Governo Lula, que tanto prometeu, que tanto alardo espalhou aos quatro ventos. E, na verdade, apenas se encheu de ventos, tentou enfunar, tornou-se enfatuado e, como dizem, morreu na praia. Pelo menos seu governo.

A matéria do Estadão reproduz a opinião do presidente da Associação Brasileira de Infra-estrutura e das Indústrias de Base, José Augusto Marques. Para ele, durante todo o ano passado, apenas se discutiu, mas tudo ficou nisso e o Brasil não avançou nada. Ele ressalva que “apenas houve uma discussão no Congresso em relação a uma proposta de modelo para o setor elétrico.”

A esse propósito, Marques qualifica o projeto, hoje no Senado - e que deverá figurar da Ordem do Dia de 2 de março - “é muito mais um modelo de delegação do Legislativo ao Executivo do que um marco regulatório.”

Tem razão o entrevistado do Estadão. Já me pronunciei sobre o projeto da Ministra Dilma e estou convencido de que ele nada tem de marco, “tantos são os atos administrativos dos quais dependerá a formação do modelo para o setor.”

Em conseqüência, adverte Augusto Marques, nenhum investidor vai se interessar e, pior ainda, o setor público não dispõe de recursos para a implantação de novos empreendimentos.

Marques segue a mesma linha que venho defendendo no Senado, ao dizer que o Brasil precisa de marcos regulatórios firmes, de agências reguladoras fortes e instrumentos de financiamento adequados.

Ao contrário disso tudo, que é o razoável, que é o de bom senso, o que vimos foi o Governo estilhaçar as agências reguladoras, como se elas não tivessem um papel a desempenhar.

Do setor elétrico, o presidente da Associação das Empresas de Infra-estrutura passa à análise do Projeto de Parcerias Público-Privadas, o chamado PPP. Para ele, “ segredo do êxito estará em outro projeto de lei, que trata do fundo garantidor para os projetos incluídos nesse modelo de parceria.”

Para José Augusto Marques, o Brasil é um mercado atraente, mas a inanição do Governo se exterioriza pela “falta de apetite.”

Dou razão a Bandeira. Há quem prefira passar em branca nuvem, sem perceber que, do outro lado, nuvens negras e ameaçadoras rondam a economia.

Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/02/2004 - Página 4836