Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Protestos contra a manutenção da taxa de juros pelo Conselho de Política Monetária - Copom. (como Líder)

Autor
José Jorge (PFL - Partido da Frente Liberal/PE)
Nome completo: José Jorge de Vasconcelos Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Protestos contra a manutenção da taxa de juros pelo Conselho de Política Monetária - Copom. (como Líder)
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 20/02/2004 - Página 4951
Assunto
Outros > SENADO. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • CRITICA, AUSENCIA, PLENARIO, SENADOR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), BANCADA, APOIO, GOVERNO, ANTECIPAÇÃO, CARNAVAL.
  • PROTESTO, DECISÃO, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), MANUTENÇÃO, TAXAS, JUROS, OBSTACULO, RETOMADA, CRESCIMENTO ECONOMICO.
  • ANALISE, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, FAVORECIMENTO, LUCRO, BANCOS, AUMENTO, DESEMPREGO, AMPLIAÇÃO, SUPERAVIT, OBEDIENCIA, FUNDO MONETARIO INTERNACIONAL (FMI).
  • EXPECTATIVA, AFASTAMENTO, MINISTRO DE ESTADO, CASA CIVIL, CONTENÇÃO, CRISE, POLITICA NACIONAL, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, EX SERVIDOR, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Paulo Paim, em primeiro lugar, quero fazer um elogio a V. Exª, por ser o único Senador do PT e da base aliada do Governo presente neste momento. Nós, que somos da Oposição, lamentamos muito, Senador Mão Santa, que não estejam aqui os principais Líderes do Governo, para que ouçam o nosso discurso e o nosso protesto. Espero que V. Exª possa, como Presidente, colocar para os demais Senadores do PT e dos outros partidos da base aliada que hoje ainda é quinta-feira. Ainda haverá sessão amanhã, sexta-feira. Certamente, uns devem estar trabalhando nos Ministérios, mas deve haver muitos que já estão brincando o carnaval com uma antecedência grande, algo que nem nós, pernambucanos, estamos fazendo, visto que, geralmente, essa festa lá começa muito cedo.

Mas aproveito esta oportunidade para trazer o protesto contra a manutenção da taxa Selic, ontem, pelo Banco Central, pois essa taxa tem dado prejuízo ao País. Desde que esse Governo assumiu, tem-se feito um grande esforço para diminuir a taxa de juros básica, a Selic, e até agora ainda não chegamos àquele ponto em que estava, no mês de junho, antes da provável eleição de Lula, o que fez com que a taxa Selic aumentasse.

O que vimos no ano passado foi que o País não cresceu, que o crescimento foi próximo de zero. Dizem que o crescimento será de 0,03, o que equivale a zero - só professores sabem a diferença entre 0,03 e zero.

Gostaria, em segundo lugar, de dizer que o desemprego também aumentou no ano passado. O lucro dos bancos, por outro lado, Srªs e Srs. Senadores, foi o maior de toda a história. Vimos ontem que não foram só os bancos privados que tiveram lucro, mas também os bancos estatais - Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e inclusive a Nossa Caixa, que é o banco estatal do Estado de São Paulo. Todos os bancos ganharam: bancos bem administrados e bancos mal administrados, todos tiveram o maior lucro de sua história. Na realidade, a promessa do Governo era oposta, era a de que haveria melhora da renda, melhora do emprego, que os bancos teriam seus lucros controlados e o FMI não mandaria mais no Brasil.

No entanto, o Governo, para agradar o FMI, aumentou o superávit primário. Inclusive, o Senador Roberto Saturnino, que é da base do Governo, que é do PT, não queria diminuir o superávit primário. Ele queria que houvesse uma faixa, entre 4,25% e 3,75%, se não me engano. Só por isso ele foi destituído da relatoria do projeto. Na realidade, trata-se de um Governo que atende o FMI muito melhor do que todos os governos que por aí estão.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte, Senador José Jorge?

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Só disponho de cinco minutos, Senador, mas registrarei a presença de V. Exª. Na hora em que eu falei, V. Exª não estava, mas chegou agora.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Informo a V. Exª que o estava ouvindo. No momento em que V. Exª enalteceu o nosso querido Presidente, Senador Paulo Paim, dizendo que gostaria que aqui estivessem mais Senadores do PT, vim de imediato.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Muito obrigado.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Concordo com a posição de V. Exª sobre a taxa de juros. É muito importante que o Banco Central analise que, se de um lado é importante a estabilidade de preços, a manutenção da taxa de juros elevada contribui para retrair a demanda por bens e serviços, assim como a oferta de bens e serviços. Para conter a inflação e manter a estabilidade de preços, é preciso que se levem em conta os procedimentos para estimular a economia. Quando há elevada taxa de desemprego e capacidade ociosa, existe margem para estimular a economia mediante taxa baixa de juros, se pudermos ter a estabilidade de preços também combinada com o crescimento do emprego e da produção. Tenho sugerido, e conversei com o Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que, na análise do Copom, haja melhor informação sobre o estado do desemprego no País e da capacidade ociosa. Avalio que as ponderações de V. Exª são importantes.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Muito obrigado.

Em primeiro lugar, agradeço a presença de V. Exª. O mesmo elogio que fiz ao Presidente Paulo Paim, faço a V. Exª, que, durante todo o período em que estou aqui, sempre foi um dos Senadores mais presentes na Casa.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Muito obrigado.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Quero dizer que só os títulos da dívida, com o juro alto, no mês de janeiro, cresceram R$6 bilhões. Em um único mês, passaram de R$787 bilhões para R$813 bilhões.

Sr. Presidente, este é um momento muito grave para o nosso País, em que há desemprego, economia paralisada, juros altos, altas taxas de impostos, aumento de carga tributária. E, neste momento, há uma crise ética no Governo.

O Subchefe da Casa Civil está envolvido diretamente na cobrança de propinas a bicheiros, para serem entregues a candidatos do PT. Isso atinge diretamente o Chefe da Casa Civil, José Dirceu, que o nomeou.

O Ministro Maurício Corrêa, o ex-Senador Roberto Freire, todos estão dizendo que há desejo da população, para que a crise não atinja o Presidente Lula - ninguém quer que isso ocorra -, de que o Ministro José Dirceu se afaste do Governo, que S. Exª deixe que sejam feitas as investigações, volte para a Câmara, onde é Deputado.

Senador Paulo Paim, a carreira política é como uma caminhada em uma estrada. Se vou daqui para Recife, com 2,5 mil quilômetros de estrada dupla - o que, infelizmente, não há -, vou andando e vou chegar tranqüilo. Se houver 100 metros de atoleiro, não vou chegar em Recife.

O que aconteceu com o Ministro José Dirceu? Ele se meteu em um atoleiro. Então, S. Exª, que era um dos principais - se não o principal - colaboradores do Governo, de agora em diante, atrapalhará o Governo. Para poder o Governo voltar a cuidar da economia, da área social, algo em que ainda não conseguiu se engajar, é necessário o afastamento, o mais rápido possível, do Ministro José Dirceu.


Modelo1 7/19/242:24



Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/02/2004 - Página 4951