Discurso durante a 11ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Posicionamento do governo sobre a CPI dos bingos. (como Líder)

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Posicionamento do governo sobre a CPI dos bingos. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 09/03/2004 - Página 6163
Assunto
Outros > HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MULHER, IMPORTANCIA, OPORTUNIDADE, ORADOR, LIDER, PARTIDO POLITICO, APOIO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • ESCLARECIMENTOS, POSIÇÃO, LIDER, APOIO, GOVERNO, OPOSIÇÃO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MOTIVO, EXISTENCIA, INVESTIGAÇÃO, MINISTERIO PUBLICO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, EX SERVIDOR, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, VIGENCIA, MEDIDA PROVISORIA (MPV), EXTINÇÃO, BINGO.
  • REITERAÇÃO, CRITICA, SENADOR, MANIPULAÇÃO, IMPRENSA, OPINIÃO PUBLICA, INEXATIDÃO, ANUNCIO, PROVA, VINCULAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, CORRUPÇÃO, EFEITO, DESEQUILIBRIO, ECONOMIA NACIONAL, VARIAÇÃO, BOLSA DE VALORES, DOLAR, REPUDIO, TENTATIVA, PARALISAÇÃO, GOVERNO, CRISE, POLITICA.
  • DEFESA, PUNIÇÃO, RESPONSAVEL, CORRUPÇÃO.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria sinceramente de estar nesta tribuna hoje, dia 08 de março, para falar da importância deste dia para todas nós mulheres e também para todos os homens, tendo em vista que nenhuma sociedade pode ser livre, soberana e feliz se não houver igualdade de oportunidades e respeito entre todos.

Mas, infelizmente, tenho a tarefa, no Ano Nacional da Mulher, de liderar a Bancada do PT, do Presidente da República. Até que provem o contrário, parece-me ser a primeira vez, na história do Parlamento brasileiro, que uma mulher tem a responsabilidade e a tarefa de liderar a Bancada do Partido do Presidente da República.

Sr. Presidente, a atitude tomada pelos Líderes dos Partidos que compõem a base de sustentação ao Governo, nesta Casa, e trazida a público na última quinta-feira, teve uma motivação muito clara e explícita, fruto do que vivenciamos semana passada nesta Casa e que permitiu que todos os Líderes, com muita tranqüilidade, não admitissem a investigação política sobre dois assuntos: Um deles, sob investigação policial, instaurada, aberta, publicizada, acompanhada e monitorada pelo Ministério Público, órgão da mais absoluta confiança da opinião pública brasileira; o outro, varrido do cenário nacional por uma medida provisória que fechou os bingos e a atuação das máquinas caça-níqueis. Portanto, o objeto, até deliberação da medida provisória, estaria fora de foco.

Por conseguinte, a decisão dos que assinaram o documento, deram a conhecer à opinião pública, à imprensa e a este Plenário, se deveu exclusivamente aos fatos que ocorreram na semana passada. E eu não gostaria de, no Dia Internacional da Mulher, estar aqui usando o pouco espaço que tenho para relembrar que houve queda da Bolsa, alta do dólar, alta do risco Brasil, resultantes de um episódio dos mais lamentáveis, do meu ponto de vista, da história do Senado Federal. Quando um Senador anunciou, alto e bom som, que tinha um documento, que apresentaria as provas - e vários jornais noticiaram - da existência de uma empresa envolvendo o Ministro José Dirceu e o Sr. Waldomiro Diniz. Esse episódio colocou o Senado da República sob deboche nacional. Todos os órgãos de imprensa lamentaram o fato e o classificaram como lamentável. Foi algo que não poderia ter ocorrido em hipótese alguma e, muito menos, ter provocado alterações na economia do País.

Tivemos no dia seguinte o episódio do assassinato do primo da esposa do Senador Antero Paes de Barros, que acabou vindo para esta tribuna em tom muito grave, com insinuações sobre a vinculação do fato às CPIs, às investigações dos casos A, B e C, em um clima que beirava certa histeria: “Olha o que está acontecendo!” Em seguida, o episódio de se protocolar, ou não a CPI dos bingos. Isso tudo em quatro dias! Em quatro dias, o Senado da República viveu uma sucessão de fatos lamentáveis que dão a medida exata do que é a instalação de um processo político por segmentos, por aqueles que estão imbuídos da tarefa de paralisar o Congresso Nacional e o Governo. Eu, portanto, venho à tribuna de forma muito tranqüila. Em qualquer outra situação, se não tivéssemos vivenciado a semana que vivenciamos; se não tivéssemos tido a sucessão dos eventos lamentáveis que mostraram de forma escancarada e inequívoca o que estava em jogo. O que estava em disputa? Qual era a questão central? Se teríamos condições, capacidade de governar e de legislar, ou não. Essa era a disputa, a questão que estava em jogo.

O fruto dessa reflexão, das ponderações dos Líderes foi colocado em nota oficial, pública, pelos Líderes do PT, do PSB, do PPS, do PTB e do PMDB nesta Casa, de forma muito clara: não faremos a indicação dos membros para a investigação política dos bingos e do Waldomiro Diniz, a não ser que as investigações não fluam, não levem à punição dos responsáveis. Essa é a posição que com muita tranqüilidade nós iremos manter. Que venham todos os debates, porque obviamente a Oposição tem todo o direito de fazer as interpelações que bem entender. Mas para nós houve um jogo na semana passada, uma queda de braço, até pelas declarações da tribuna de que não foi bem assim. Mas está lá. Eu tenho a reportagem do Estadão de domingo de carnaval, em que se falava alto e bom som que com a saída do Ministro José Dirceu tudo pararia, não teríamos mais problemas. O que estava em jogo era exatamente a continuidade do Governo, a sua imobilidade, a paralisação dos trabalhos aqui do Congresso. Nós não vamos admitir isso, nem concordar com isso. Da mesma forma que houve uma sucessão de atos políticos com esse objetivo, existiu também uma reação política dos partidos que dão sustentação ao Governo de forma tão legítima quanto.

Sr. Presidente, reafirmo que a população espera a punição dos responsáveis. Se as investigações não conseguirem apurar o caso, poderemos reavaliar a nossa posição, mas o que mais a opinião pública espera é que este Governo governe e que este Congresso trabalhe, legisle, que aprove as matérias pendentes tanto na pauta do Senado Federal quanto da Câmara dos Deputados. Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/03/2004 - Página 6163