Discurso durante a 40ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Refutações ao pronunciamento do Senador Aloízio Mercadante em defesa do governo.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Refutações ao pronunciamento do Senador Aloízio Mercadante em defesa do governo.
Publicação
Publicação no DSF de 21/04/2004 - Página 10627
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CONTESTAÇÃO, DISCURSO, ALOIZIO MERCADANTE, SENADOR, AUSENCIA, RESPOSTA, CRITICA, ORADOR, DESPREPARO, FALTA, AUTORIDADE, COMPETENCIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ADMINISTRAÇÃO, PAIS.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, tenho na verdade uma sugestão a V. Exª porque não podemos virar as costas para o debate. O Senador Aloizio Mercadante veio cumprir seu dever, e sinto que ainda não cumpri o meu por inteiro. O Senador Ramez Tebet precisa falar, a Senadora Serys Slhessarenko está inscrita. Sugiro, Sr. Presidente, nesta hora que é grave - a indignação do Senador Tasso Jereissati tem razão de ser, sim; a indignação de qualquer pessoa que seja contra o massacre de qualquer ser humano ou de qualquer grupo de ser humano tem razão de ser, sim -, sugiro que rompamos um pouco com essa norma de que temos hora para acabar. Não temos hora para acabar. Por que não prorrogar esta sessão por duas horas de modo a podermos todos nos saciar de dar satisfações à Nação?

Até fico calado. Tenho mais o que dizer, mas não falo como Líder, não falo por ter sido citado. Aguardo falarem todos os que estão inscritos, mas eu gostaria de voltar à carga, de voltar à tribuna. Se V. Exª, com seu espírito democrático, que é na verdade marca da sua trajetória, prorrogasse a sessão, ouviríamos o Senador Marcos Guerra, ouviríamos o Senador José Agripino, que precisa falar sem dúvida alguma, o Senador Ramez Tebet, sem dúvida, que está inscrito. Se for para tirar a vez deles, não falo, mas eu gostaria muito de falar. O Brasil precisa, estamos dando uma satisfação enorme à Nação.

O Senador Aloizio Mercadante fez o mais brilhante discurso de toda a vida dele - e olhem que eu o acompanho com admiração há muito tempo -, o discurso em que S. Exª falou, falou, falou e não respondeu a nada do que eu disse. Não estou falando de índio contra garimpeiro, estou falando de desgoverno no País, de falta de pulso para comandar a Nação e quero voltar à carga.

Então apelo a V. Exª, Presidente José Sarney, sabendo que V. Exª, afeito ao debate como é e conhecedor do espírito desta Casa, entende que a Casa não está saciada neste momento. Mais uma hora, mais uma hora e meia ou duas de prorrogação. Não temos nada mais nobre a fazer hoje do que continuar com este debate para que nós da Oposição indiquemos os rumos e para que o Governo, na verdade, se se achar bem, auto-suficiente, continue como está; se achar que temos algum valor em alertá-lo que mude alguns dos desrumos, dos desvãos que estamos vendo tomarem conta deste País. É um apelo que lhe faço do fundo do coração.

 

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu dizia que abriria mão do meu direito de falar por ter sido citado. Aliás, o Senador não citou o meu nome, não deu o meu CPF, que é 154.982.477-53. Mas S. Exª olha para mim e diz: “O Senador está equivocado”. S. Exª citou o Senador José Agripino e a mim me citou, sim, respondendo ou tentando responder a minhas observações.

Eu fui o primeiro a abrir mão. Se os dois Senadores falarem, eu fico sem vez regimental para falar. E olhe que foi tão bonito o debate - e a Mesa foi tolerante comigo - que eu falaria nos vinte minutos em que se permitem apartes. Aqui o Senador Aloizio Mercadante falou por 18 minutos, tendo 5 minutos como Líder e sem direito a conceder apartes. Ainda assim, a Mesa foi tolerante com S. Exª, porque o momento pedia que se fosse tolerante com S. Exª. A Mesa foi até injusta com o Senador; deveria ter deixado que S. Exª falasse por uma hora porque o que eu disse aqui Mercadante não responde em três dias. Eu queria uma hora para S. Exª e mais cinco minutos para mim, ao final de todo esse período. Sem dúvida, abri mão de falar pelo art. 14 para S. Exª Aloizio Mercadante e para o Senador José Agripino. Mas volto a fazer um apelo a V. Exª: que todos saiamos daqui saciados do debate. Eu não estou; estou absolutamente faminto de dar mais satisfações à Nação.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Pela ordem, Sr. Presidente. Eu, que abri mão de usar o art. 14, descubro agora duas coisas: a primeira me causa surpresa; e a segunda, tristeza. Descubro primeiro que o Senador Aloizio Mercadante me considera auto-referenciado e, segunda, que S. Exª exclui a idéia de manter por mim o respeito que insisto em ter por S. Exª, o que é complicado. De qualquer maneira, pertence a S. Exª o livre arbítrio de saber quem respeita ou não, quem considera auto-referenciado ou não. Apenas desejo debater. E volto a dizer que, com muito brilhantismo, S. Exª encantou esta figura auto-referenciada que não julga merecedora de respeito porque conseguiu simplesmente não responder a questão que está posta. Eu não falei só de índio contra garimpeiro. Falei da mazorca que se instala neste País e da falta de pulso de Governo, que é muito bem definida pela Senadora Heloísa Helena como ambivalente. Essa ambivalência está de fato complicando os rumos de um Governo que se temia que fosse o governo do Lênin, que estão descobrindo agora que, quem sabe, seja o governo do Kerensky. E volto à carga se V. Exª permitir que a sessão prossiga, para que debatamos de maneira muito intensa ao que interessa à Nação. Estamos aqui mobilizados e, com certeza, mobilizando a Nação em torno de algo que é do interesse maior dela própria, a Nação brasileira.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/04/2004 - Página 10627