Discurso durante a 47ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas ao valor do salário mínimo.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SALARIAL. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Críticas ao valor do salário mínimo.
Publicação
Publicação no DSF de 01/05/2004 - Página 11830
Assunto
Outros > POLITICA SALARIAL. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • CRITICA, INSUFICIENCIA, VALOR, REAJUSTE, SALARIO MINIMO.
  • COBRANÇA, PROMESSA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, REATIVAÇÃO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Siqueira Campos, Srªs e Srs. Senadores, brasileiros e brasileiras aqui presentes que assistem à TV Senado e ouvem a Rádio Senado, eu estava neste Congresso, ao lado do grande piauiense Petrônio Portella, quando veio a ordem da ditadura para fechar o Congresso. Senador Marcelo Crivella, uma lei que mudava o Legislativo, o poder militar não a aceitou. E Petrônio disse, naquele instante, para a imprensa: “É o dia mais triste de minha vida”.

Senador Cristovam Buarque, diante da mocidade estudiosa, esperança e certeza da grandeza de Brasília e do Brasil, o dia mais triste de minha vida será aquele em que este Senado deixar que vigore o salário mínimo que aí está - se é que isso vai acontecer. É o salário da vergonha.

Bastaria dizer que um quadro vale por dez mil palavras. Em qualquer país organizado, Senador Marcelo Crivella, o mínimo para o maior são dez, doze ou quinze vezes. É uma conta muito elementar, que até o Presidente Lula e o Ministro Palocci sabem fazer - Palocci é médico como eu e tem pouco saber matemático. Dez vezes 260 são 2600. Não foi o que aprovamos. Há gente neste Brasil ganhando 100 vezes mais que o salário mínimo, com acumulações e vantagens. Isso é uma vergonha. Ficarei na crença que temos no nosso Líder de fato e de direito, que é o Presidente Sarney, que defende a ampliação do mínimo pelo Congresso. Temos que mudar isso aqui. Petrônio disse que só não muda quem abdica o direito de pensar.

Senador Marcelo Crivella, que representa Deus aqui, Brasília e o Brasil precisam de Deus. Olhem os mineiros! Juscelino Kubitschek fez isso tudo, colocou a Capital no coração do Brasil, a indústria automobilística no Sudeste e a Sudene no Nordeste. Fez um tripé para que no Brasil não houvesse desigualdades.

No domingo, dia 02 de maio do corrente ano, depois do Dia do Trabalhador, fará três anos a medida provisória que extinguiu a Sudene. O Presidente Lula, em campanha e depois de eleito, assegurou a restituição do órgão. Porém, ao encaminhar o PLC no dia 28/07/2003, ao invés de reinstituí-lo, mantém a sua extinção e propõe a criação de um novo órgão, contrariando Juscelino. Não foi um ato inteligente, foi um ato burro do núcleo duro. O que tinha que fazer era continuar o que Juscelino criou. Juscelino, mineiro, só fez beleza.

Apesar de várias reuniões e do total empenho do Relator, Deputado Zezéu Ribeiro, até esta data, os funcionários da Sudene e o Nordeste esperam que o Presidente Lula cumpra a sua promessa e restitua a Sudene, planta de Juscelino para soerguer o Nordeste sofrido.

A indignação dos servidores daquele órgão é ainda maior, extraordinária Líder do PT, Senadora Ideli Salvatti, quando, de repente, são surpreendidos com um corte de 33% em suas gratificações, incorporadas desde o Governo do Presidente José Sarney.

Em homenagem ao nosso Senador Marcelo Crivella, que representa Deus aqui, lembro que Cristo dizia: “De verdade em verdade eu vos digo”. Eu diria que, de verdade em verdade, eu vos digo: “Oh, PT, não vamos acabar com uma obra tão frondosa de Juscelino Kubitscheck”.

Permita-me, Senador Marcelo Crivella, dizer que, na sua religião, há o bispo. Na nossa religião, há o Padre Antonio Vieira, que andou pelo Nordeste e disse que o exemplo arrasta. Vejo que o Presidente Lula pode ser muito feliz, porque não precisa buscar exemplos na história e em outros países. O exemplo está aqui, plantado em Brasília: o do mineiro Juscelino Kubitscheck de Oliveira.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/05/2004 - Página 11830