Discurso durante a 56ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas ao valor do salário-mínimo.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SALARIAL.:
  • Críticas ao valor do salário-mínimo.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/2004 - Página 14603
Assunto
Outros > POLITICA SALARIAL.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, REAJUSTE, SALARIO MINIMO.
  • REGISTRO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), AUMENTO, LUCRO, BANCO PARTICULAR, COMPARAÇÃO, INFERIORIDADE, RENDA, TRABALHADOR, BRASIL.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Efraim Morais, que preside esta sessão, Senadoras e Senadores, brasileiras e brasileiros presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, aqui estamos com o livro Piauí no Senado, uma coletânea.

Quis Deus poder eu citar V. Exª, que está no livro e diz o seguinte:

No ano de 2003, quando já lutávamos pelo povo, Senador Mão Santa, a sua voz, a sua palavra chegava a todos os recantos deste País através da TV Senado e da Rádio Senado, e continua a ser uma esperança para o povo brasileiro, pela forma como V. Exª tem tratado de diversos assuntos nesta Casa, principalmente sobre as reformas. Senador Efraim Morais, PFL da Paraíba.

V. Exª tem uma trajetória brilhante neste Parlamento, três mandatos na Câmara Federal, onde chegou à Presidência, e quis Deus que estivesse hoje na Presidência do Senado. Quanta luta nossa e deste Parlamento para acordar e sensibilizar o Governo do PT, principalmente quanto ao salário mínimo! Quis Deus estar presente neste plenário Oswaldo Ribeiro, suplente de Fernando Henrique Cardoso, coordenador do movimento negro do PMDB nacional. Neste Congresso estão bem representados os negros, pelo ilustre Parlamentar Paulo Paim.

Vou recordar Castro Alves, de Navio Negreiro, Senador Efraim Morais, falando a Deus para despertar para a injustiça que sofriam os negros. Hoje, em 14 de maio, é atendido. E nós aqui queremos despertar o PT, o Presidente da República, Senador Efraim, para o escravo, o trabalhador brasileiro, condenado a esse vergonhoso e vil salário mínimo, o mais baixo de toda a América Latina. A vergonha é maior quando o Presidente é operário! No passado, vimos o Presidente operário na televisão dizer que o salário do operário tem que ser digno; tem que lhe dar casa, comida, saúde, educação, Senador Efraim, e possibilitar que no fim de semana ele consiga tomar uma cervejinha com a sua mulher, com a sua mulherzinha, com a sua Adalgisinha. Com esse salário, Presidente Lula, ele não vai tomar nem água, porque todos os preços subiram: da água, da luz, do telefone, do petróleo. O que caiu mesmo foi o PT.

E é simples, Senador Efraim. Está neste plenário Rui Barbosa. Por que é que ele está aí, Presidente? Pelo saber! Sabedoria, Presidente Lula! Ele disse que a salvação é dar primazia, prioridade, respeito, valorização ao trabalho e ao trabalhador. O trabalho e o trabalhador, disse Rui, vêm antes; depois é que vem a riqueza, os bancos, os banqueiros. Então a primazia é o trabalho e o trabalhador.

Está aqui, serei breve. Tão breve como foi Cristo, que com 50 e poucas palavras proferiu o Pai Nosso, que a cada vez que balbuciamos, Senador Efraim, leva-nos desta terra aos céus.

Está aqui o Jornal do Brasil de 14 de maio, dia seguinte à comemoração da libertação do escravo. Atentai bem, Presidente Efraim Morais: Bradesco, Itaú e Unibanco, as três maiores instituições financeiras privadas do País, ganharam 1,7 bilhão de janeiro a março. Uma soma 22,3% superior à do mesmo período do ano passado. Só ganham os bancos. A renda de cada operário, de cada brasileiro e brasileira, diminuiu quase 15%. Aos bancos, aumento.

Como diz a Senadora Heloísa Helena, é uma homenagem aos gigolôs, aos banqueiros dos bancos internacionais, FMI, BID, Bird. O PT é um verdadeiro office-boy desses bancos internacionais.

Seria breve com a pesquisa. Eu trouxe, Senador Efraim Morais, a Oração do Adeus, de Ulysses Guimarães. Esse é o meu Líder! É esse! Como Cristo é o Líder do povo cristão. É Ulysses Guimarães, encantado no fundo do mar, que disse: “Ouçam a voz rouca das ruas”.

Senador Efraim, está aqui a voz rouca das ruas: para 83%, segundo a pesquisa da CNT, o reajuste do salário mínimo para R$260,00 é baixo ou inadequado. Está aqui.

Então trago aqui o PMDB verdadeiro. E quis Deus estar aqui o PMDB, que é o pai do PSDB. Fernando Henrique Cardoso, quando foi eleito Senador, foi eleito por esta legenda. Está aqui o seu suplente, Oswaldo Ribeiro. E para avivar a mente, para aclarar a mente e dar um sentido de fidelidade à sua luta, à sua origem, ao PMDB de Ulysses Guimarães, trago a Oração do Adeus, que ele proferiu quando deixou a Presidência do PMDB em 1991.

Serei muito breve. Diz-se: “O PMDB tem o tamanho de seus militantes”. E não se fala dos que se estão alvoroçando aí e vendendo o PMDB, mas sim do tamanho dos seus militantes. Mais adiante, é dito: “No Partido, seguiram a bandeira, não o cofre”. Atentem bem, Senadores: fala-se daqueles que seguiram a bandeira, não o cofre!

Ele manda um beijo a Mora - no meu caso, mando um beijo a Adalgisinha -, dando exemplo de amor à família. E diz ainda:

Repetidas vezes, quando chega a prudência, desaparece a coragem.

Nossos mortos, levantem-se de seus túmulos. Venham aqui e agora testemunhar que os sobreviventes da invicta “Nação Peemedebista” não são uma raça de poltrões, de vendidos, de alugados, de traidores. Venham todos!

(...)

Passado é o que passou. Não passou o que ficou na memória ou no bronze da História.

(...)

Mas o PMDB não dormiu sob os louros da vitória. Não vive do passado, vive com o passado.

No presente, nosso compromisso é com o desenvolvimento.

(...)

Desenvolvimento para o povo, não para elites insaciáveis, desenvolvimento para a repescagem pelo bem-estar de homens, mulheres e crianças. Para o PMDB, desenvolvimento é o novo nome da paz interna e internacional.

(...)

Irrefutavelmente, neste País as coisas vão mal. Vão de mal a pior.

Muitos morrem de raiva, milhares morrem de fome.

(...)

Eis o logotipo do PMDB: desenvolvimento já.

Meus irmãos!

Amo o PMDB!

(...)

Na política, mais difícil do que subir, é descer. É descer não carregando o fardo podre e fétido da vergonha. Descer, não desmoralizado pela covardia. Não descer com as mãos esvaziadas pela preguiça e pela impostura. Não descer esverdeado pelas cólicas de inveja que nos emulam, nos sucedem ou nos superam. Não descer com a alma apodrecida pelo carcinoma do ressentimento.

(...)

Política se faz na rua ou com a rua.

Vou para a rua, porque o Governo desgoverna a rua.

(...)

Meu filho PMDB!

Vá em frente. Caminhe rumo ao sol, que é luz, não rumo à lua, que é noite.

Que Deus te abençoe e a Pátria ateste: cumpriste o teu dever!

No Navio Negreiro, Castro Alves apelava para Deus. E faço o mesmo: ó, meu Deus, feche esta Casa se ela não tiver a coragem e a firmeza de seguir Rui Barbosa, melhorando o salário e fazendo a justiça social que o Brasil merece!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/05/2004 - Página 14603