Discurso durante a 56ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemorações do sexagésimo quinto aniversário da Embrapa.

Autor
Luiz Otavio (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PA)
Nome completo: Luiz Otavio Oliveira Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. AGRICULTURA.:
  • Comemorações do sexagésimo quinto aniversário da Embrapa.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/2004 - Página 14612
Assunto
Outros > HOMENAGEM. AGRICULTURA.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), SEDE, ESTADO DO PARA (PA), DEFESA, UTILIZAÇÃO, CIENCIA E TECNOLOGIA, MANIPULAÇÃO, RECURSOS NATURAIS, DEBATE, DESENVOLVIMENTO, PESQUISA AGROPECUARIA, APRESENTAÇÃO, DADOS, AUMENTO, PRODUÇÃO, BRASIL, GADO, PRODUTO HORTIGRANJEIRO, GRÃO, LEITE, REGISTRO, PROGRAMA, MELHORIA, AGRICULTURA.

O SR. LUIZ OTÁVIO (PMDB - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) -

Embrapa

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a pesquisa agropecuária brasileira comemora, este mês, o sexagésimo quinto aniversário do Instituto Agronômico do Norte, ora conhecido como Embrapa Amazônia Oriental, valorosa instituição sediada em meu Estado, o Pará.

As atividades agropecuárias necessitam da difusão de meios e métodos adequados a seu manejo. A simples exploração de recursos naturais, sem correto embasamento científico, não é capaz de gerar benefícios sociais sustentáveis a longo prazo.

O dano causado pelo uso de técnicas incorretas de produção é atestado pelo grande escritor Monteiro Lobato, que, advindo das antigas áreas produtoras de café do Vale do Paraíba, pôde testemunhar a derrocada de uma cultura que trouxera riqueza a sua região.

O manejo incorreto levou o solo ao esgotamento completo em pouco mais de uma geração, mergulhando diversas cidades paulistas e fluminenses em um torpor secular, registrado pelo escritor em seu livro “Cidades Mortas”.

Lobato não se limitou a registrar o fenômeno em seus livros: também dedicou parte de sua inesgotável energia ao combate de métodos arcaicos de plantio e à difusão das técnicas modernas que conhecera ao residir nos Estados Unidos.

Ainda que o progresso tenha tornado obsoletas diversas de suas idéias sobre técnica agrícola, Monteiro Lobato entendeu que a agricultura e a pecuária são atividades de cunho nitidamente científico.

Hoje, sabemos todos que a produção rural não pode ser tida simplesmente como uma atividade fornecedora de insumos de baixa tecnologia e pequeno valor agregado.

Os produtos agrícolas e pecuários incorporam grandes inovações tecnológicas. Quer na busca de ganhos de produtividade, quer na de redução de danos ambientais, a ciência foi definitivamente incorporada ao campo.

A criação de cadeias produtivas capazes de adicionar valor à produção agropecuária é essencial para o florescimento de toda a economia, pois o setor primário se encontra na base do crescimento econômico consistente do setor secundário e terciário.

Essa lição foi entendida pelos países desenvolvidos, que possuem, todos, centros de pesquisa agropecuária fortes, a amparar um próspero setor de agronegócios.

O Brasil é reconhecido como o maior centro mundial de pesquisas para agropecuária tropical e subtropical. Entre os países em desenvolvimento, nenhum outro logrou estabelecer uma estrutura de produção científica tão relevante nesta área.

Nosso País também conseguiu estabelecer importantes correias de transmissão entre a produção científica e a difusão de tecnologia ao usuário final, o produtor rural.

Conjugando ciência e produção, poucas instituições no Brasil, e mesmo no Mundo, podem se igualar à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa.

Unanimemente reconhecida como padrão de excelência da pesquisa científica brasileira, a Embrapa se destaca igualmente como transmissora de capacidade técnica, instruindo os produtores e lhes fornecendo insumos de melhor qualidade.

Nos últimos trinta anos, a produção agropecuária brasileira se diversificou; cresceu vigorosamente a quantidade de bens produzidos; incorporamos ao ciclo produtivo nossas fronteiras agrícolas, Senhor Presidente, e muito desse sucesso deve ser creditado à atuação da Embrapa.

Efetivamente, desde a criação da Empresa, em 26 de abril de 1973, a produção brasileira de carne bovina e suína aumentou três vezes; decuplicou-se a de carne de frango; a de leite passou de 7,5 bilhões de litros para 21 bilhões de litros anuais; e a produção de hortaliças ampliou-se de 9 milhões para 15,7 milhões de toneladas anuais.

Ainda, a produção brasileira de grãos chegou a 118 milhões de toneladas em 2003. Esse aumento não correspondeu unicamente à ampliação da área plantada, mas à melhoria real da produtividade.

Por exemplo, desde 1970, a área plantada de soja ampliou-se 8 vezes, ao passo que a produção aumentou 26 vezes. Esse incremento exibe a excelência das pesquisas brasileiras quanto ao manejo e desenvolvimento de novos cultivares.

Srªs e Srs. Senadores, a Embrapa se espalha hoje por quase todos os Estados da Federação, dispondo de 37 unidades de pesquisa, de 3 unidades de produção de insumos e 13 escritórios de negócios, que se responsabilizam pela transferência de tecnologia ao produtor agrícola e pecuário.

Ainda, possui dois laboratórios no estrangeiro - nos Estados Unidos e na França - que se destinam à prospecção de tecnologias de ponta e articulação institucional com órgãos congêneres daqueles países.

Para cumprir seu programa, a Embrapa dispõe de 2.221 pesquisadores, dos quais 45% possuem o grau de mestre e 53%, o de doutor; percentual sem paralelo em outras instituições públicas.

Cada região do Brasil, Senhor Presidente, possui maior aptidão para a produção de determinados produtos agrícolas e pecuários, em razão da grande variedade de climas e solos que se encontram em nosso País.

Atenta a essa circunstância, a Embrapa mantém um programa extenso de atividades, apoiando o aprimoramento dos mais diversos cultivares e criações, observando as necessidades e vocações de cada região.

Já pude destacar diversas vezes, Sr. Presidente, a preeminência de meu Estado, o Pará, nas perspectivas de desenvolvimento futuro de nosso País.

O Pará, Sr. Presidente, além de ser a maior província mineral do Mundo, é uma de suas maiores fronteiras agrícolas.

Além do plantio da pimenta-do-reino e da criação de gado bubalino, áreas em que tradicionalmente possuímos a liderança nacional, já dispomos do terceiro maior rebanho bovino do País e nos encontramos em franca ascensão. Ainda, nos destacamos no manejo de frutas nativas e recentemente no plantio de soja.

Em cada uma dessas atividades se vislumbra a atuação da Embrapa. Pois, com orgulho, o Pará sedia um dos mais importantes centros de pesquisa desta Empresa.

Esse centro, inclusive, é mais antigo que a própria Embrapa, pois foi instalado em 3 de maio de 1939, sob o nome de Instituto Agronômico do Norte, sendo a primeira instituição brasileira, quiçá mundial, dedicada à pesquisa agropecuária referente à zona equatorial.

Em 1973, o Instituto foi incorporado à estrutura da então nascente Embrapa, recebendo a designação de Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido, sendo convencionalmente chamado de Embrapa Amazônia Oriental.

Ao longo desses anos, a Embrapa Amazônia Oriental, por meio de seus 513 funcionários e 123 pesquisadores, vem exibindo um brilhante registro de atividades, viabilizando a implantação de um potente setor agropecuário em sua região de atuação.

Ainda, a Embrapa Amazônia Oriental se destaca no desenvolvimento de programas de melhoramento da agricultura familiar, essencial para a integração social de seus agentes e a redução dos desequilíbrios sociais. Nesse sentido, destaquem-se o Mestrado em Agricultura Familiar e o projeto de eliminação de queimadas.

Unir o equilíbrio ambiental, o desenvolvimento social e o fortalecimento do agronegócio tem sido o objetivo da Embrapa Amazônica, cumprido de maneira integral.

Na passagem de seu sexagésimo quinto aniversário, gostaria de saudá-la e de agradecê-la pelos serviços brilhantemente prestados ao meu Estado e ao País.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente, muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/05/2004 - Página 14612