O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Reginaldo Duarte, foi uma benção e um milagre de Padre Cícero V. Exª estar na Presidência e prorrogar a sessão.

Senador Reginaldo Duarte, olhe para o painel luminoso: 20 de maio.

Que vergonha, Presidente Lula! Vai viajar amanhã. A pior coisa do mundo é fazer uma viagem com a consciência intranqüila, sem a satisfação do cumprimento da missão.

Hoje é dia 20 de maio de 2004. Presidente Lula, eu era menino e nasci na confusão da guerra, mas o Brasil via - não é preciso a China para nos ensinar, não - a sua própria história.

Feliz deste País, Senador Reginaldo Duarte, que não precisa buscar exemplos na história de outros mundos. O exemplo está aqui!

Eu era menino e ouvia: “trabalhadores do meu Brasil”. Era Getúlio Vargas, em 1º de maio. Ele era novo - vivi a época da ditadura de Getúlio e depois.

Mas nunca deixei de ouvir, em 1º de maio, assim como todos os brasileiros, o pai do trabalhador dizer “trabalhadores do Brasil!” e anunciar o salário mínimo.

Senador Heráclito Fortes, quando Getúlio criou o salário mínimo, há 60 anos - mandei a Fundação Getúlio Vargas fazer o cálculo -, ele era o equivalente a R$600,00.

Hoje é 20 de maio. Atentai bem, Senador Heráclito Fortes! Presidente Lula! Ó Marisa, seja como Adalgizinha. Acorde! Mulher tem mais sensibilidade. Antes, mande um aumento compatível com a dignidade e, depois, vá viajar!

O Presidente Lula vai viajar enquanto o pobre operário está desgraçadamente humilhado. Tudo sobe: sobe a água, sobe a luz, sobe o telefone, sobe o transporte, sobe a cachaça, Lula! E como eles vão tomar a cervejinha no fim de semana?

Senador Heráclito Fortes, havia a combinação de bom senso de este Poder promover o aumento em abril, para que, em maio, o trabalhador recebesse. O Presidente vai viajar com um montão de gente! E o montão de trabalhadores desta Pátria? Ó Marisa, não fique só no Palácio. Leve o papel para que ele assine antes da viagem. Não leve em conta o que diz o núcleo duro. Tem que haver sensibilidade política e responsabilidade para administrar.

Rui Barbosa ensinou que a salvação é a lei e a justiça. Agora, falo pelo PMDB, não o de que falou hoje o Senador Antonio Carlos Magalhães, mas o meu MDB, de Ulysses Guimarães, que redemocratizou o País: Senador Heráclito Fortes, há dois milhões de desempregados apenas em São Paulo! E é tudo mentira, todo mídia. Aprendi com os caboclos do Piauí que é mais fácil tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade. Não há Goebells, Duda Mendonça, nem mídia de televisão ou rádio que diga isso.

Serei breve, rápido como o Pai Nosso, 58 palavras que nos transportam a Deus cada vez que as pronunciamos.

Um quadro vale por dez mil palavras. E a Folha de S.Paulo, jornal tradicional e histórico, divulgou hoje:

O desemprego em São Paulo subiu pelo quarto mês consecutivo e bateu o recorde histórico e atingiu, em abril, 20,7% da PEA (População Economicamente Ativa).

Essa é a verdade. Como Cristo, em verdade, em verdade, vos digo: o salário é o valor do trabalho. Então, plagiando Rui Barbosa e lembrando as palavras do Presidente Sarney em seu livro Brasil Contemporâneo: “O homem governa circunstâncias. De acordo com as suas circunstâncias, são os momentos.” Como Rui Barbosa, devo dizer que a circunstância era implantar o regime democrático das leis, do Direito.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Então, devo dizer ao Presidente Lula que só há uma salvação hoje: crescimento e desenvolvimento. Cada um por cento de crescimento - e o do ano passado foi negativo - propicia 350 mil empregos. Essa é a verdade. Se crescermos 5%, teremos quase dois bilhões de empregos. Sem crescimento não há salvação.

O nosso Vice-Presidente, José Alencar, assumirá a Presidência. Saía Figueiredo, assumia outro. Alegar que se trata de perfil, que não é Marco Maciel. Não. Cada pessoa tem a sua identidade. Até os dedos das mãos são diferentes. Ele é diferente, mas há uma grande esperança nesse Vice-Presidente. Mas, neste País, a história se repete: saía João Baptista Figueiredo, assumia, com grande competência, Aureliano Chaves, que trouxe bons momentos para o Brasil.

Sr. Presidente, como diz a propaganda da cerveja, vamos “experimentar” esse José Alencar, se ele tem coragem de assinar, pelo menos amanhã, se o Lula não assinar, um salário mínimo digno para o trabalhador do meu Brasil!