Discurso durante a 65ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Resposta ao pronunciamento do Senador Arthur Virgílio.

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Resposta ao pronunciamento do Senador Arthur Virgílio.
Publicação
Publicação no DSF de 28/05/2004 - Página 16393
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • CRITICA, POSIÇÃO, ARTHUR VIRGILIO, SENADOR, MANIFESTAÇÃO, INTERESSE, IMPEDIMENTO, VOTAÇÃO, MATERIA, SENADO.
  • DEFESA, NECESSIDADE, RESPONSABILIDADE, GOVERNO, CONGRESSISTA, FACILITAÇÃO, ANDAMENTO, TRABALHO, BENEFICIO, INTERESSE NACIONAL.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu não tinha a intenção de fazer a minha inscrição, mas, indiscutivelmente, não poderia deixar de fazê-lo, depois do pronunciamento contundente do Senador Arthur Virgílio. E contundente tem sido a maior parte dos pronunciamentos de S. Exª, que tem tido uma postura de cobrança ininterrupta de ações, mostrando a sua visão a respeito do que o Governo faz ou deixa de fazer, no direito legítimo de quem lidera um partido de Oposição nesta Casa.

Toda a verve e a contundência do Senador Arthur Virgílio têm que ser contemporizadas, do meu ponto de vista. Se formos aqui relatar falas, discursos e pronunciamentos de Parlamentares da Oposição neste plenário, penso que tudo que o Senador Arthur Virgílio disse ficaria, obviamente, no comparativo para várias falas, até aquém de muitas críticas, de muitas questões e situações que são apresentadas desta tribuna.

Assim, não quero entrar nessa polêmica. Tenho tido uma postura de contemporizar muitas vezes. E, se eu fosse seguir minha maneira de ser, nesse último período, principalmente nesse período em que estou na tarefa de liderar o Bloco e o PT, muitas vezes minha vontade foi vir à tribuna falar, falar e falar. Este País tem memória, este País tem história: as pessoas atuaram, agiram, deixaram de agir e a fala tem que ser compatível com a história, com o que se fez ou se deixou de fazer. E, muitas vezes, tenho deixado de vir à tribuna; tenho baixado muito o meu tom. Já fui elogiada até por estar assim procedendo.

Mas a responsabilidade que temos independe da fala, qualquer que ela seja. A responsabilidade com as votações, a responsabilidade com o andamento da pauta legislativa no Senado é de todos nós; não é tão-somente do Governo. É também da Oposição.

Eu estou assustada agora, porque parece que vão pedir verificação de quorum no projeto para flexibilizar a inclusão de pessoas na Lei de Anistia, um assunto que - e quero dizer que muito me admira se não pudermos fazer a votação no dia de hoje - tem relação direta com a história do Senador Arthur Virgílio, por exemplo.

As responsabilidades pelo que fazemos aqui ou deixamos de fazer são de todos nós. Portanto, quando os trabalhos caminham ou não caminham, como aconteceu com a MP dos Bingos, que foi rejeitada e arquivada, como conseqüência da atitude adotada por este Plenário, todos nós, e não apenas o Governo, temos que responder. Como todos tivemos que responder naquele episódio: Governo e Oposição. E a população, obviamente, acompanha a evolução dos acontecimentos aqui.

Quando nos sentamos hoje, no início da tarde, no gabinete do Senador Aloizio Mercadante para fazer ponderações sobre matérias de interesse do País - e não apenas de interesse do Governo -, como a Lei de Falências, para recuperar empresas em dificuldade; a parceria público-privada; a biossegurança; a Mata Atlântica. A propósito, quero deixar registrado, Senador Agripino, que a mudinha de pau-brasil é para o Senador César Borges, sim. Apenas, como disse o Senador Antonio Carlos Magalhães, S. Exª é fiel depositário da planta. Deixei com a representação da Bahia essa muda tão gentilmente enviada pela Senadora e Ministra Marina Silva, para marcar o Dia da Mata Atlântica.

Então, que não venham querer colocar os impedimentos das votações na fala de A, de B ou de C, porque, se fosse para acirrar a situação neste plenário, eu teria pelo menos uma dezena ou mais de uma dezena de discursos contundentes, discursos autoritários, discursos desqualificadores, discursos que não ajudam, não contribuem para que este Plenário avance, para que a democracia avance. Acho bom todos nós nos atermos às nossas responsabilidades, porque são as nossas responsabilidades, sendo cumpridas ou não, que a população vai avaliar. E não só as responsabilidades do Governo, mas de todos os que compõem esta Casa.

Por isso, espero que voltemos ao clima da conversa que tivemos no gabinete do Senador Aloizio Mercadante para o andamento dos trabalhos no mês de junho, para que possamos avançar em matérias de fundamental importância para este País. E que não fiquemos desviando da tarefa que temos que desempenhar aqui: a tarefa fundamental de legislar em benefício do povo brasileiro.

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/05/2004 - Página 16393