Discurso durante a 70ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Diminuição da dívida brasileira vinculada ao dólar. Indicação de crescimento do mercado interno.

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL.:
  • Diminuição da dívida brasileira vinculada ao dólar. Indicação de crescimento do mercado interno.
Publicação
Publicação no DSF de 04/06/2004 - Página 17290
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • IMPORTANCIA, DIVULGAÇÃO, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), REDUÇÃO, DIVIDA, BRASIL, VINCULAÇÃO, DOLAR, GARANTIA, ESTABILIDADE, ECONOMIA NACIONAL, OBSTACULO, INFLUENCIA, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL.
  • IMPORTANCIA, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, MELHORIA, SITUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, CRESCIMENTO, MERCADO INTERNO.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srª Senadora Lúcia Vânia, os que nos assistem pela TV Senado, trago ao conhecimento da Casa nesta quinta-feira duas notícias que considero relevantes porque representam exatamente uma injeção de ânimo, de que o Brasil tem jeito, o Brasil tem rumo e o Brasil tem perspectivas concretas de consolidar a retomada do crescimento na direção que todos desejamos, do desenvolvimento com oportunidade para os brasileiros e também com estabilidade.

Esperamos que não haja mais o risco de retomada do crescimento e que, diante de qualquer turbulência internacional, com a globalização, fiquemos preocupados com as conseqüências nas questões econômicas do nosso País.

A primeira notícia é que estudos do Banco Central dão conta de uma diminuição significativa da dívida atrelada ao dólar: a dívida em moeda americana caiu de 37,8% para 15,1%, ou seja, passou de R$312 bilhões, em setembro de 2002, para R$187 bilhões, em abril deste ano.

Essa dívida atrelada ao dólar, como todos sabem, traz uma grande instabilidade, porque a economia brasileira fica sujeita a qualquer movimentação ou qualquer estresse internacional, como o que estamos passando hoje.

Portanto, esse dado apresentado pelo Banco Central no dia de hoje, e divulgado pelos jornais, é extremamente positivo e demonstra que as turbulências no cenário internacional, como a subida do dólar e a perspectiva de aumento dos juros nos Estados Unidos, passam a ter uma incidência muito menor, menos grave, do que a que sofríamos menos de dois anos atrás.

Faço este registro porque todos os economistas sabem que o melhor é concentrar a dívida no financiamento a longo prazo, não dolarizado e, de preferência, com títulos pré-fixados. E essa foi exatamente uma das grandes metas da equipe econômica do Governo Lula e que têm sido bem-sucedidas. Ainda não atingimos a meta de reduzir a menos de 10%, mas vale lembrar que, no início do Plano Real, em 1994, a parte da nossa dívida vinculada ao dólar era de apenas 8,3% e, quando assumimos o Governo, estava a 37,8%. Já conseguimos reduzir para 15,1%, mas precisamos baixar para menos de 10%, porque isso nos dará estabilidade e garantia de que não sofreremos tanta influência diante das turbulências internacionais.

A outra notícia que está em vários jornais do dia de hoje é que a economia começa a apontar para o crescimento do mercado interno. Já vínhamos dizendo que as exportações estavam puxando os recordes da nossa balança comercial, que, agora, no mês de maio, foi superado e chegou a mais de R$3 bilhões de saldo positivo. Esse resultado da balança comercial no mês de maio deve-se às exportações, que cresceram significativamente em relação a outros meses, e também às importações. E, mesmo assim, o saldo é positivo.

É importante registrar que a economia brasileira, ao dar esses sinais de crescimento, não só confirma o crescimento apresentado já nos dados do Produto Interno Bruto, que cresceu além da expectativa, 2,7%, mas começa a apontar exatamente para uma expansão mais equilibrada com essa reação do mercado interno.

Os dados que estão em todos os jornais...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Já vou concluir, Sr. Presidente.

            Leio o que dizem os jornais:

O comércio paulistano deu os primeiros sinais de que as vendas de setores que dependem da renda dos trabalhadores começa a crescer. Em maio, as vendas à vista cresceram 13% em relação a abril, conforme a ACSP (Associação Comercial de São Paulo). A alta em relação a 2003 foi de 2,5%.

Foi a primeira reação significativa das vendas à vista. Até abril, setores que dependem diretamente do poder de compra dos trabalhadores, como alimentos e vestuário, registravam resultados negativos.

            Então todos os dados nos setores que demonstram o consumo interno e que têm vinculação com a renda direta do trabalhador - supermercado, roupas, calçados -, tiveram indicadores de crescimento.

Sr. Presidente, são duas notícias que consideramos fundamentais trazer ao conhecimento e debate, porque nos dão confiança, mais uma vez, de que, apesar de todo custo e dor que provocaram as medidas adotadas ao longo de 2003, que tiveram como conseqüência o não-crescimento - o PIB foi de 0,2% negativos -, o remédio amargo foi necessário para que pudéssemos ter agora a retomada do crescimento, com segurança e naqueles setores que interessam à população, não apenas no setor da exportação, que é muito dinâmico e importante para a economia e para a balança comercial.

Agradeço e peço desculpas a V. Exª, Sr. Presidente, por ter ultrapassado um pouco o tempo, mas creio que, por conta da importância das notícias, extremamente positivas, eu não poderia deixar de registrá-las da tribuna do Senado.

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/06/2004 - Página 17290