Discurso durante a 81ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Aumento do fluxo de investimentos externos no país. Dados demonstram que a indústria vai alavancar o crescimento a partir de 2005. Ressurgimento do emprego formal no Rio de Janeiro. Comentários às declarações do economista Edmar Bacha, de que o PSDB não ganhará as eleições de 2006 caso a economia continue no ritmo atual. (como Líder)

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Aumento do fluxo de investimentos externos no país. Dados demonstram que a indústria vai alavancar o crescimento a partir de 2005. Ressurgimento do emprego formal no Rio de Janeiro. Comentários às declarações do economista Edmar Bacha, de que o PSDB não ganhará as eleições de 2006 caso a economia continue no ritmo atual. (como Líder)
Aparteantes
Roberto Saturnino.
Publicação
Publicação no DSF de 15/06/2004 - Página 18104
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • IMPORTANCIA, REALIZAÇÃO, MUNICIPIO, SÃO PAULO (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CONFERENCIA, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), COMERCIO, DESENVOLVIMENTO, DIVULGAÇÃO, PESQUISA, PREFERENCIA, BRASIL, INVESTIMENTO, CAPITAL ESTRANGEIRO, PREVISÃO, PERIODO, CRESCIMENTO ECONOMICO.
  • LEITURA, TRECHO, COMENTARIO, NOTICIARIO, JORNAL, ESTADO DE S.PAULO, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), EXPECTATIVA, PROJETO DE LEI, PARCERIA, SETOR PUBLICO, INICIATIVA PRIVADA, PREVISÃO, EXPANSÃO, INDUSTRIA, PARTICIPAÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, RECUPERAÇÃO, MERCADO DE TRABALHO, ESPECIFICAÇÃO, INDUSTRIA NAVAL, CORRELAÇÃO, CRESCIMENTO, EMPREGO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), ELOGIO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, GOVERNO FEDERAL, AVALIAÇÃO, ECONOMISTA, AUSENCIA, POSSIBILIDADE, VITORIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), FUTURO, ELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Como Líder. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estamos acompanhando atentamente a reunião da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento - Unctad, que está sendo realizada em São Paulo. Pela primeira vez na história, nosso País recebe uma conferência de tal porte com esse objetivo.

Na semana passada foi divulgada uma pesquisa feita em preparação à Conferência. Esse relatório apontou o Brasil como o segundo país mais atraente do mundo para investimentos externos, com 60% da preferência entre os investidores. O Brasil perde apenas para a China, com 78% da preferência. Foram consultadas as maiores empresas multinacionais sobre as suas perspectivas de oportunidade de investimentos estrangeiros entre 2004 e 2005. Essa pesquisa preparatória da Unctad aponta, ainda, México, Argentina e Chile com respectivamente 40%, 36% e 34% da preferência. Portanto, o Brasil está em segundo lugar, com 60%, e o México em terceiro, com 40%.

A divulgação dessa pesquisa reforça um conjunto de análises positivas para a economia brasileira, apontando para um ciclo sustentável e ascendente de crescimento econômico em nosso País.

As matérias publicadas nos últimos dias seguem nessa mesma linha. O Estado de S. Paulo traz várias reportagens e afirma em sua edição de hoje, sob a manchete “Brasil voltou a receber recursos externos”: “No último trimestre de 2003, fluxo bancário para o País foi positivo, segundo relatório do BIS” (Banco Internacional de Compensações). Esse fluxo foi positivo no último período, e há muito tempo não tínhamos um saldo positivo. Além disso, em 2003, as aplicações cresceram 32% e a expectativa é de avanço ainda maior.

Quanto às Parcerias Público-Privadas, diz o jornal:

As Parcerias Público-Privadas [projeto que está no Senado e para o qual temos urgência em negociar para que seja deliberado] estão atraindo uma categoria de investimentos que havia praticamente sumido no Brasil depois do estouro da bolha de ações de empresas de tecnologia em 2000. No ano passado, pela primeira vez desde 2000, os fundos de participações cresceram no País por causa de investimentos em infra-estrutura. Nos próximos anos, com a aprovação da PPP federal. além de leis semelhantes estaduais, a tendência deve se fortalecer.

Em 2003, foram investidos US$450 milhões nessa modalidade, um aumento de 32% em relação ao ano anterior.

Portanto, a pesquisa preparatória da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e o Comércio apenas corrobora essas mudanças, essas alterações no fluxo de recursos externos para investimentos no País.

Faço questão de ressaltar também outra matéria muito importante do jornal O Estado de S. Paulo, publicada em 13 de junho: “Indústria vai puxar o crescimento a partir de 2005”. Já está previsto, estabelecido, computado e visto que, embora a indústria, nos últimos anos, tenha ficado atrás do crescimento do agronegócio, o PIB industrial cresceu e terá alta maior. O BNDES prevê expansão mais equilibrada entre setores, exatamente porque, como já tivemos oportunidade de aqui nos referir, nesses primeiros dois anos do Governo Lula, o BNDES deu um salto significativo de investimentos - e parou de gastar os seus recursos em privatização: no ano passado, R$37 bilhões; neste ano, R$47 bilhões; e a previsão para o ano de 2005 é exatamente de R$60 bilhões em investimentos, dobrando praticamente em dois anos o investimento, fundamentalmente na área da indústria.

Outra notícia bastante animadora - e quero saudar o Senador Saturnino Braga, porque diz respeito ao Rio de Janeiro - é a seguinte matéria do jornal O Globo, publicada neste fim-de-semana:

Emprego formal ressurge no Rio.

O mercado de trabalho fluminense está recuperando, em ritmo acelerado, a formalidade. É o que mostra estudo realizado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Segundo a pesquisa, o número de empregos com carteira assinada cresceu 271% de janeiro a abril deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. No primeiro quadrimestre de 2003, foram abertas apenas 7,6 mil vagas, contra 28,2 mil em 2004.

A mudança na tendência é motivo de comemoração, já que, até então, a indústria, por exemplo, vinha poupando na contratação de mão-de-obra e investindo na automação e na terceirização dos serviços [...]

V. Exª sabe onde o emprego cresceu fundamentalmente, Senador Saturnino Braga? Exatamente na indústria naval. Só o estaleiro Eisa, localizado na Ilha do Governador, contratou, somente este ano, 300 trabalhadores, assim expandindo uma indústria que todos sabemos ter como característica empregar mão-de-obra volumosa e especializada; não se trata de mão-de-obra com pouca formação.

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Senadora, V. Exª me permite somente um aparte brevíssimo?

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Pois não.

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Era exatamente isso que eu queria dizer. Esse fato é real e auspicioso para o meu Estado. Há uma comemoração e uma expectativa de que isso se confirme; e vai se confirmar. Entretanto, é importante reconhecer que esse crescimento se deve à atuação do Governo Federal.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Exatamente. À política econômica adotada.

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Por meio da Petrobras, de toda a atual legislação referente à Marinha Mercante, do Porto de Sepetiba, que são esforços do Governo Federal no Estado do Rio de Janeiro, desmentindo completamente essa versão que se procurou difundir de que o Governo Lula não gostava do Rio de Janeiro.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Disseram que o Governo não cuida do Rio de Janeiro. Cuida muito bem!

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Essa é a prova evidente de que isso não é verdade.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Para completar, Senador Roberto Saturnino - e peço um pouco de tolerância à Mesa -, estamos fazendo questão de divulgar estudo referido em 2 de junho último pela Folha de S.Paulo, feito pelo nosso querido economista Marcio Pochmann, que atua de forma muito competente na Prefeitura de São Paulo, juntamente com a nossa querida Prefeita Marta Suplicy.

O economista fez um estudo cujo resultado é o de que o emprego acompanhou o crescimento do PIB em ritmo não usual.

A correlação entre o crescimento do Produto Interno Bruto e o aumento do nível de emprego, nos primeiros três meses deste ano, foi a mais forte desde 1989, na comparação com trimestres em que se observou reação na atividade econômica no Brasil.

Se o País mantiver esse ritmo de crescimento neste ano, serão geradas nada menos que 1,2 milhões de vagas com carteira assinada até o final de 2004. Tradicionalmente, segundo o economista, a relação observada é: a cada 1% de crescimento do PIB, há 0,4% de crescimento do nível de emprego.

“Essa correlação do primeiro trimestre deste ano é muito forte, não tem paralelo do final de 1989 para cá. A recuperação que ocorreu, por exemplo, de 1993 a 1996, foi com baixíssima estimulação do emprego formal”.

Ou seja, o crescimento do emprego se deu na mesma proporção do crescimento do PIB, quando o normal seria menos da metade.

Talvez esse estudo e todas essas notícias de aumento de emprego formal, do fluxo de investimentos, toda essa sinalização - incluindo o próprio relatório para a Conferência da ONU, que considera o Brasil o segundo na lista das preferências para investimentos no próximo período - tenha provocado as declarações.

Passo a comentar agora outra notícia importante publicada também pela Folha de S.Paulo, no dia 9 de junho.

O economista Edmar Bacha, um dos formuladores do Plano Real e tucano assumido [do alto tucanato], afirmou ontem que seu partido, o PSDB, poderá perder as eleições de 2006 [...]

“Como tucano de bom bico, eu não devia dizer isso: talvez nem vá dar para a gente em 2006, se as coisas continuarem desse jeito”, disse Bacha durante o seminário “Brasil: Propostas de Desenvolvimento” [realizado há poucos dias na Câmara dos Deputados].

Ela foi feita no final do evento, quando ele explicava a trajetória de queda dos juros que o Brasil paga sobre a sua dívida. No ano passado, o pagamento de juros foi de 10% do PIB, que é alto, e este ano ficará em torno de 8%, que ainda é alto, e, se tudo correr como está previsto, no próximo ano ficará em 6%, com uma das maiores quedas de taxas de juros em relação ao PIB.

Então, todos estes dados, todos estes indicativos, todas estas pesquisas e informações são muito importantes para que nós derrubemos de vez este clima pessimista, a sensação de que o Brasil não está indo bem, que nós não temos perspectivas, quando elas estão aí, sendo consolidadas, sendo demonstradas por todos esses indicadores positivos. É claro que não é o crescimento dos nossos sonhos, que não é tudo aquilo que gostaríamos estar realizando já no segundo ano do Governo Lula, mas, indiscutivelmente, para um “tucano” do alto calado dar uma declaração como esta do Edmar Bacha, é porque, realmente, as perspectivas são muito positivas para o nosso País, para o nosso povo.

Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/06/2004 - Página 18104