Discurso durante a 86ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem pelo aniversário de 60 anos do cantor e compositor Chico Buarque de Holanda.

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pelo aniversário de 60 anos do cantor e compositor Chico Buarque de Holanda.
Aparteantes
Alberto Silva, Antonio Carlos Magalhães, Cristovam Buarque, Roberto Saturnino, Rodolpho Tourinho.
Publicação
Publicação no DSF de 22/06/2004 - Página 18990
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, CHICO BUARQUE, COMPOSITOR, POETA, ESCRITOR, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ELOGIO, ATUAÇÃO, VIDA PUBLICA, IMPORTANCIA, OBRA ARTISTICA, MUSICO, HISTORIA, CULTURA, BRASIL, REGISTRO, QUALIDADE, TRABALHO, CONTEUDO, NATUREZA POLITICA, NATUREZA SOCIAL.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pedi um pouco mais de tempo para fazer este pronunciamento no dia de hoje, porque pretendo estabelecer um hiato na minha fala, fazendo uma homenagem a um brasileiro que, no sábado, completou 60 anos de idade. Ele é, indiscutivelmente, um dos principais artistas do nosso País: Francisco Buarque de Hollanda. Sessenta anos, mais de 40 anos de carreira artística.

Há pouco tempo, o Senador Antonio Carlos Magalhães fez uma belíssima homenagem ao Caymi, também outro maravilhoso artista brasileiro. Penso que, na qualidade de Senadores e Senadoras desta República, temos a obrigação de explicitar e homenagear aqueles que tão bem expressam o sentimento do povo brasileiro, que tão bem retratam a vida do nosso povo, a sua forma de ver, sentir e sonhar.

Francisco Buarque de Holanda já foi definido por Millôr Fernandes como “a única unanimidade do Brasil”.

Rui Castro disse que “a obra do Chico é tão maior que seus 60 anos, que ele integra aquele seleto time dos imortais em vida” - o que não é muito simples de alguém atingir. Rui Castro diz ainda que “na ditadura militar, foi o Chico quem falou por nós”. Ele foi a voz dos que não tinham tanto talento e nem tinham tanta coragem naquela época. Ele expressou toda a nossa insatisfação, o nosso repúdio à ditadura militar.

Nosso querido Antônio Cândido, num texto maravilhoso, intitulado “Louvação”, explicita que o “Chico, como compositor, denota essa coisa rara, que é essa sua sobranceria em relação às modas, a absoluta indiferença ao êxito que pode ou não coroá-lo, mas não o fará jamais desviar-se do seu caminho para seguir essa ou aquela voga”.

Chico César então é mais escancarado. Ele disse que “nós amamos o Chico Buarque porque ele é uma denúncia permanente das nossas imperfeições”.

Francisco Buarque de Holanda é isso, essa síntese que não tem nome, nem sobrenome. É tão-somente Chico. O Chico. É a síntese expressa de uma geração; síntese dos vários brasis que compõem o Brasil. Carioca militante. Torcedor fanático do Fluminense - que não sei se é o time do Senador Saturnino. Ele se auto-intitula cartola e jogador de um time que ele mesmo teve a capacidade de criar: o Politheama. É também mangueirense roxo, apesar de a Mangueira ser verde e rosa. E esse carioca militante - penso - definiu a síntese desses vários brasis, desses vários ritmos que ele tão bem representa quando, numa das suas músicas, diz:

O meu pai era paulista

Meu avô pernambucano

O meu bisavô mineiro

Meu tataravô baiano

Meu maestro soberano

É Antônio brasileiro.

Junto com a sua obra, acima de qualquer ideário ideológico, estético ou contracultural, sem dogmas, o que também prende é a postura do Chico, aquele jeitinho de ser meio tímido e intrigante, que arrebata, cativa a todos.

            Não poderia deixar de lembrar a primeira vez em que vi Chico Buarque. Eu devia ter 13 ou 14 anos; era meninota. Naquela época, a TV Record patrocinava vários programas e festivais. Havia um programa comandado por Elis e Jair Rodrigues, O Fino da Bossa. Ary Toledo cantou uma música a respeito de um retirante que teria ido para o Rio e que comia vidro, deixando a platéia muito agitada, rindo.

            Elis e Jair Rodrigues, então, anunciaram o universitário Francisco Buarque de Hollanda. Ele entrou no palco, com seu violão e seu banquinho, e cantou uma de suas primeiras músicas:

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem

[...].

Mais adiante, há um trecho que diz:

E a mulher de Pedro

Está esperando um filho

Pra esperar também.

E a platéia riu. Talvez porque antes tivesse ouvido a história do nordestino que fora comer vidro nas praias do Rio de Janeiro, cantada por Ary Toledo, a platéia riu, e Chico imediatamente parou a música. Arregalou os olhos - na época, não dava para ver que eram aqueles olhos verdes, maravilhosos, porque a TV era em preto-e-branco -, e ficou uma pergunta muda durante alguns segundos: “Estão rindo de quê?” Essa pergunta muda do Chico me prendeu, como imagino que seu jeito intrigante e tímido de ser e sua música e poesia maravilhosas prenderam mais de uma geração, ao longo desses 40 anos de vida artística. Foi exatamente aquele olhar que me cativou. E Chico seguiu cantando e encantando mulheres, porque é um encantador de mulheres e as canta de forma maravilhosa.

Há inúmeras letras que falam das mulheres. Selecionei apenas algumas:

Toda gente homenageia

Januária na janela

[...]

Carolina

Nos seus olhos fundos,

Guarda tanta dor

[...]

Bárbara, Bárbara

Nunca é tarde, nunca é demais

[...]

A Rita levou meu sorriso,

No sorriso dela

Meu assunto

[...].

Morena dos olhos d’água

Tira seus olhos do mar

[...].

Será que Cristina volta

Será que fica por lá?

Assim, são dezenas e dezenas de mulheres cantadas por Chico. Mas, muito mais do que cantor e encantador de mulheres, Chico é o poeta e o músico que encarna o feminino como nenhum outro o fez. Ele expressa a alma feminina, a maneira de a mulher perceber o mundo, as relações - às vezes, muito doídas para nós, quando retrata, de forma tão chocante, até a submissão da mulher, como ela foi criada para estar submetida.

Há uma música que quando ouço me deixa com raiva, mas que expressa a maneira de a mulher tratar o homem.

Com açúcar, com afeto

Fiz seu doce predileto

Pra você parar em casa

[...].

            Que tolas nós somos: ainda fazemos o doce predileto para o malandro parar em casa. É assim o jeito das mulheres, e Chico pega isso também ao interpretar uma música de Caetano Veloso:

Ele é quem quer

Ele é o homem

Eu sou apenas uma mulher

[...].

            Triste: ele é o homem, eu sou apenas uma mulher. Mas é assim, infelizmente, a grande maioria das relações.

            Também na maneira de a mulher ver o amor, de se relacionar, na questão da afetividade e da sexualidade, Chico nos captou de forma brilhante:

Quero brincar no teu corpo feito bailarina

Que logo te alucina

Salta e ilumina

Quando a noite vem,

E nos músculos exaustos do teu braço

Repousa frouxa, murcha, farta

Morta de cansaço.

            Essa é a expressão da entrega total, absoluta, que as mulheres têm ao amar.

Quando somos rechaçadas, preteridas, abandonadas, o compositor Chico Buarque também nos capta maravilhosamente bem.

Dei pra maldizer o nosso lar

Pra sujar teu nome, te humilhar

E me vingar a qualquer preço

Te adorando pelo avesso

Pra mostrar que inda sou tua

Só pra provar que inda sou tua.

            Pode doer adorar pelo avesso, “só pra provar que ainda sou tua”, mas Chico nos pegou assim.

Ele retrata magistralmente, além das mulheres e desse mundo feminino, toda a transgressão, a marginalidade expressa nas relações sociais do nosso Brasil, dos nossos inúmeros Brasis. E subverte tudo, quando, numa das músicas, de forma muito expressa, o seu grito de guerra é: “Chame, chame o ladrão, chame o ladrão”. A Polícia estava batendo, à época da repressão, e o socorro era este: “Chame o ladrão”. Era o grito da música de Chico Buarque.

Nas suas músicas de retrato da transgressão e da marginalidade, Chico expôs a dignidade dos retirantes, dos pivetes, das prostitutas, das beatas, dos pedreiros, dos faxineiros, dos malandros, dos pingentes, das balconistas, das babás, dos vigias e dos jardineiros, dos escravos e dos feitores, dos poetas e dos seresteiros, dos funcionários e das bailarinas, e também dos nossos guris.

O refrão da música retrata a construção do feminino, da mãe que deposita toda a expectativa de sucesso na vida do filho, que, porém, é morto pela polícia, porque é pivete, trombadinha. Apesar de toda a miséria e injustiça que há nas relações da marginalidade e da transgressão no País, a mãe o elogia, feliz:

Olha aí

Olha aí, ai o meu guri, olha aí

Olha aí, é o meu guri

[...].

Chico também, ao longo de sua carreira, sempre cantou o sonho:

Sonhar

Mais um sonho impossível

[...].

            Por mais impossível que seja, o sonho cantado por Chico sempre nos dá esperança.

Água nova brotando e a gente se amando sem parar.

[...]

Apesar de você, amanhã há de ser

Outro dia.

Inda pago para ver

O jardim florescer qual você não queria.

[...]

O que será que será

Que vive nas idéias desses amantes

Que cantam os poetas mais delirantes

[...].

Ou, então, no refrão mais simples, talvez mais apaixonado do cancioneiro de Chico, quando nos chama “pra ver a banda passar, cantando coisas de amor”. E o Chico se expôs, falou por nós, rebateu, alertou, contestou em inúmeras canções, desde quando ele colocou de forma contundente:

Pai, afasta de mim este cálice

Pai, afasta de mim este cálice

De vinho tinto de sangue

            Ou, então, quando ele nos brindou com

A gente quer ter voz ativa

No nosso destino mandar

Mas eis que chega a roda-viva

E carrega o destino pra lá

            Então, este Chico que tanto representou, falou por nós, falou sobre nós, merece esta homenagem; eu não poderia deixar de fazê-lo, com todo o embate. Eu deveria ter vindo aqui para tribuna hoje para tecer comentários sobre o significado do que aconteceu quinta-feira, do que estava em jogo, o que moveu bancadas e personalidades para aquele resultado de voto.

Mas, muito mais do que como Líder do PT, muito mais do que como Líder do Bloco, muito mais do que como Senadora, como cidadã brasileira, eu tinha a obrigação de homenagear Chico Buarque de Hollanda.

            Antes de terminar, ouço os Senadores Roberto Saturnino e Antonio Carlos Magalhães que desejam me brindar com um aparte, para, em seguida, eu arrematar com o que mais me emociona no Chico.

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Senadora Ideli, é quase uma violência interromper o discurso magnífico de V. Exª, um discurso que captou em breves minutos toda uma obra que é representativa de uma época do nosso País, de todo um momento vivido pelo Brasil, momento que vivemos até hoje, nesta homenagem que V. Exª presta, e lembrou muito bem de fazê-lo da tribuna do Senado Federal. Seria uma falta inominável se no Senado não houvesse uma iniciativa de colocar nos Anais desta Casa essa efeméride brasileira, esses 60 anos do Chico Buarque, que, como dizem, não é de “Hollanda”, mas do Brasil; mas, eu digo que é também do Rio de Janeiro. Eu não poderia deixar de participar e até de cometer esta quase violência de interromper o discurso de V. Exª para dizer também, com o meu aparte, que esta homenagem é de todos os brasileiros, com unanimidade, efetivamente. Por tudo, pela grandeza e representatividade da sua obra, pelo talento, pela genialidade ali expressa e também pelo caráter do Chico, pela sua atitude verdadeira de nunca buscar o acontecimento do show business, de nunca se pautar pelas exigências do mercado, de ter a sua conduta firme e retamente traçada de acordo com o seu pensamento e com a sua alma - alma que é do Brasil -, enfim, com sua própria filosofia. Essa despreocupação, esse desprendimento característico do caráter de Chico Buarque é uma das razões que leva todo o Brasil, muito especialmente o Rio de Janeiro, a honrá-lo. Encontro-me muito bem com ele na Mangueira. Não posso encontrá-lo no Fluminense.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Joga no Politheama, Senador?

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Senadora, não quero fazer referência ao meu time, porque me deixaria em estado de profunda depressão, pois é o último colocado nesse campeonato brasileiro. Enfim, Chico é do Brasil, mas do Rio de Janeiro. É uma figura da qual o Rio de Janeiro se orgulha enormemente. Parabéns a V. Exa, minha Líder Ideli Salvatti, pela iniciativa e pela propriedade com que abordou o tema, prestando uma homenagem muito devida a Chico Buarque de Hollanda.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço a V. Exa, Senador Roberto Saturnino. Concedo um aparte ao Senador Antonio Carlos Magalhães.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Senadora Ideli Salvatti, felicito-a pelo discurso e também pela maneira com que o apresentou, com uma voz muito boa.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Com algumas notas desafinadas. É a gripe.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - V. Exa honrou as músicas de Chico Buarque. Quero dizer também a V. Exa, pois não quero que haja dúvida sobre a minha posição passada, presente e futura, que não sou dos que abominam o regime militar; ao contrário, sempre que posso exalto-lhe as coisas boas. Mas, minha cara Senadora, para que V. Exª veja quanto Chico Buarque era e é tão forte, eu, sendo partícipe do regime militar - não me arrependo disso - cantarolava todas as músicas de Chico. Era impossível não viver a música de Chico naquela época também. De maneira que eu ficava cantando as músicas dele, sozinho. Isso é para demonstrar o valor e o talento dessa figura que V. Exª hoje, com tanta justiça, homenageia, e que deve transformar essa sua homenagem numa homenagem do Senado da República.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço o aparte, Senador Antonio Carlos Magalhães.

Concedo um aparte ao Senador Cristovam Buarque.

O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PT - DF) - Senadora Ideli Salvatti, quero apenas agradecer em nome da família, em nome de todos os descendentes daquele avô pernambucano. V. Exª hoje inaugurou um novo estilo retórico, que compõe a fala comum com a fala musicada. Parabéns pelo seu discurso.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço V Exª, Senador Cristovam Buarque.

Concedo um aparte ao Senador João Alberto.

O Sr. Alberto Silva (PMDB - PI) - Senadora Ideli Salvatti, com licença do Presidente, eu estava no meu gabinete, quando ouvi alguém cantando.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Espero que eu não o tenha assustado.

O Sr. Alberto Silva (PMDB - PI) - Fiquei impressionado. Congratulo-me com V. Exª, em primeiro lugar, pela memória musical. Sou músico, sou pianista, toco as músicas de Chico Buarque, que é realmente esse fenômeno. Segundo Ziraldo, ele é o único aprovado por unanimidade - se Nelson Rodrigues soubesse disso, não iria concordar. Eu queria parabenizá-la por tudo que trouxe a esta Casa. Realmente, agora acompanho meu companheiro Antonio Carlos Magalhães. Fomos Governadores juntos à época em que as canções do Chico eram censuradas, mas eu - sei que S. Exª fazia o mesmo - aprovava todas, porque, além de ser uma espécie de grito de revolta, na verdade era algo tão bem-feito, com tanta sinceridade e honestidade, que não havia possibilidade de não se aprovar. Mas eu queria lembrar um pequeno detalhe: a primeira vez que o assisti - antigamente se faziam aqueles concursos de músicos jovens...

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Festivais.

O Sr. Alberto Silva (PMDB - PI) - É, e aparece lá um garoto, acho que ele tinha 17 anos, que ganhou com uma música que - em minha formação musical, aquela “Carolina”, com a qual ganhou aquele festival - é algo fantástico para um garoto de 17 anos. Mas esse pendor que V. Exª tem, que voz afinada! Acho que daria para fazermos até um conjunto.

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Quem sabe, Senador, não fazemos uma dupla?

            O Sr. Alberto Silva (PMDB - PI) - Em homenagem a ele. Seguramente. Congratulo-me com V. Exª. Não sei o que admiro mais: se o tema, ou sua memória musical e a oportunidade que trouxe a todos nós. Acredito que a palavra de V. Exª é a mesma deste Senado Federal em homenagem ao Chico.

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço, Senador.

            Senador César Borges.

            O Sr. Rodolpho Tourinho (PFL - BA) - Rodolpho Tourinho.

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Desculpe, desculpe, desculpe. Perdão. Mil perdões. É que a Bahia se confunde, Senador.

            O Sr. Rodolpho Tourinho (PFL - BA) - Muito obrigado.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Depois do Senador Rodolpho Tourinho, temos mais dois oradores.

O Sr. Rodolpho Tourinho (PFL - BA) - Para mim é uma honra representar o Senador César Borges. Quero cumprimentá-la pelo seu discurso, proferido de forma tão diferente, e registrar, mais do que tudo, um abraço muito pessoal ao Chico. Na juventude, fomos colegas no Colégio Santa Cruz em São Paulo, antes até de ele aparecer como músico profissional. Naquela época, convivi com ele e ouvi canções como “Carolina” e outras do início de sua carreira musical. Deixo registrado esse abraço.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Senador Rodolpho Tourinho, agradeço muito. Mais uma vez, perdão pela troca do nome.

Sr. Presidente, quando o Chico coloca todo o coração para sintetizar seu amor pela gente brasileira, ele efetivamente se consagra. Para mim, a música do Chico que retrata esse amor pela gente brasileira é exatamente “Gente Humilde”, que diz assim:

Tem certos dias

Em que eu penso em minha gente

E sinto assim

Todo o meu peito se apertar

Porque parece

que acontece de repente

Feito um desejo de eu viver

sem me notar.

E o Chico não quer ser notado. Porém, exatamente por isso, ele é essa figura notável. E como não notarmos um Francisco Buarque de Hollanda, que é melhor ser chamado de Chico do Brasil? São 60 anos de vida, 40 dedicados a retratar o povo brasileiro por meio de suas músicas, poesias, peças teatrais e romances, retratando o povo brasileiro e esse Brasil grande, sem porteira.

Esse Chico, quando entrevistado sobre os sessenta anos, fez somente uma declaração e disse assim: “Ainda bem que a gente envelhece aos pouquinhos”.

Termino, desejando ao Chico que envelheça lenta, gradual e muito, muito, muito longamente, para continuar retratando o Brasil e o povo brasileiro.

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/06/2004 - Página 18990