Discurso durante a 102ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Importância da apuração dos fatos que envolvem altas autoridades do Governo Federal. (como Líder)

Autor
Sergio Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PE)
Nome completo: Severino Sérgio Estelita Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ELEIÇÕES.:
  • Importância da apuração dos fatos que envolvem altas autoridades do Governo Federal. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 04/08/2004 - Página 24182
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ELEIÇÕES.
Indexação
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, IMPRENSA, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, PRESIDENTE, BANCO DO BRASIL, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), EXPECTATIVA, URGENCIA, ESCLARECIMENTOS, DEFESA, DEMISSÃO, AUTORIDADE, CRITICA, ATRASO, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, PROXIMIDADE, ELEIÇÃO MUNICIPAL.
  • CRITICA, CAMPANHA ELEITORAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ABUSO, PODER ECONOMICO, FALTA, ETICA, UTILIZAÇÃO, RECURSOS, GOVERNO, ESPECIFICAÇÃO, BANCO DO BRASIL, PREJUIZO, ESTABILIDADE, DESENVOLVIMENTO NACIONAL.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, de volta aos trabalhos parlamentares, encontramos uma nova situação que não é substantivamente diferente de situações que já vivemos no primeiro semestre deste ano.

A imprensa publica relevantes denúncias sobre duas personalidades proeminentes da vida econômica do País e das principais lideranças do comando econômico do Governo.

A primeira e automática manifestação das autoridades citadas ou daqueles que os defendem é a idéia de subestimar as denúncias feitas. Em um segundo momento, como era previsível, a Oposição, pelas suas lideranças mais respeitáveis, convoca essas autoridades, pede esclarecimentos, solicita informações que o País inteiro deseja conhecer para interpretar com maior tranqüilidade e segurança fatos muito importantes.

Quais são os prenúncios? O Senador Arthur Virgílio nos faz aqui uma advertência muito sugestiva, com o talento e a capacidade de interpretação que não lhe faltam. S. Exª adverte que é provável que o Diretor-Presidente do Banco do Brasil seja demitido. Entendo que nenhuma pessoa sensata poderá, a essa altura, imaginar que permaneça Presidente do Banco do Brasil alguém que mereceu as denúncias, as acusações que lhe foram feitas nesses últimos dias. É inimaginável um Presidente do Banco do Brasil que, sem um esclarecimento imediato, concreto e substantivo das denúncias feitas, permaneça no cargo.

Ora, não há banco mais importante para os brasileiros! Trata-se de uma instituição padrão para o País, que tem a maior significação na vida econômica brasileira, e não pode ser presidida por alguém acusado em matérias para as quais não chegou até agora um esclarecimento convincente. Então, não há como imaginar que o atual Presidente do Banco do Brasil continue no cargo.

O caso do Presidente Henrique Meirelles tem outra natureza, embora, em síntese, o Senador Arthur Virgílio tenha feito sobre ele a devida apreciação. O Presidente do Banco Central de um País respeitado como o Brasil não pode estar envolvido em assuntos como os que atualmente envolvem o Presidente Meirelles. S. Exª terá explicações a dar, e não vou prejulgar qual será seguramente a conclusão a que chegaremos. No entanto, é evidente que o Presidente do Banco Central não pode estar envolvido em matérias como essas que estão sendo objeto de comentário nos diversos setores da opinião pública brasileira.

A advertência do Senador Arthur é de que nada deverá acontecer agora, porque estamos a 50 ou 60 dias de uma eleição. A demissão de duas personalidades como o Presidente do Banco do Brasil e o Presidente do Banco Central representaria um tumulto na atual abordagem psicológica de comunicação do Governo do Presidente Lula às vésperas da eleição para milhares de Prefeituras no País. Tenho a impressão de que, neste momento, devemos pensar um pouco sobre esse assunto.

Não entendo que a Oposição atual deseje - ou tenha qualquer previsão nesse sentido - uma possibilidade de desestabilizar um Governo como o do atual Presidente da República. Tampouco é do interesse da Oposição criar focos de instabilidade a uma política econômica que, no geral, tem a nossa concordância. O que desejamos deixar claro é que existe, neste momento, no Brasil inteiro, um determinado movimento, uma campanha do PT que, em qualquer lugar, é reconhecida não mais pela estrela vermelha ou pelos seus militantes, mas pela capacidade de explicitação publicitária, que nada mais é do que a constatação de que as campanhas do PT são, em qualquer lugar do Brasil hoje, as mais caras de que se tem notícia. Tenho chegado a cidades pequenas, médias e grandes do Nordeste brasileiro, encontrando campanhas do PT que nunca imaginei que um partido político brasileiro pudesse fazer.

Existe uma ação deliberada, com financiamento muitas vezes inexplicado, como nesse caso que afeta o Banco do Brasil, referente a recursos para pagar fundos para o Partido dos Trabalhadores. Existe um enorme movimento, neste instante, que é comprometedor para a democracia. Um partido de trabalhadores não pode se apresentar assim, com campanhas milionárias. Tampouco faz sentido que o Brasil não esclareça de maneira automática, explícita e imediata a situação de duas das suas mais relevantes personalidades econômicas: os Presidentes do Banco Central e do Banco do Brasil.

Penso que essas matérias transcendem os interesses eleitorais, conjunturais. Trata-se de matérias estruturais. Se o desejo é estabelecer no Brasil padrões seguros para o desenvolvimento econômico, para dar sustentação a qualquer crescimento que comece a aparecer, impossível fazê-lo com essa instabilidade do ponto de vista ético. Não pode haver Presidente do Banco Central acusado de irregularidade fiscal. Não pode haver Presidente do Banco do Brasil acusado de transferência ilegal de recursos para o exterior.

Chegamos a um limite. Não é preciso ter mais do que a compreensão mínima dos fatos para entender que esse limite já está atingido. Basta de campanha! Basta de populismo! Há que haver responsabilidade! E a responsabilidade aponta na direção sugerida pelo Senador Arthur Virgílio, com a demissão dessas autoridades, para que as instituições se fortaleçam, para que o Governo demonstre a todos que comanda o País com a austeridade que todos desejamos que prevaleça.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/08/2004 - Página 24182