Discurso durante a 109ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Precariedade das rodovias que ligam as cidades do Triângulo Mineiro e Alto Parnaíba.

Autor
Hélio Costa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MG)
Nome completo: Hélio Calixto da Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Precariedade das rodovias que ligam as cidades do Triângulo Mineiro e Alto Parnaíba.
Publicação
Publicação no DSF de 13/08/2004 - Página 26001
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • DETALHAMENTO, PRECARIEDADE, SITUAÇÃO, RODOVIA, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ESPECIFICAÇÃO, REGIÃO, LIGAÇÃO, MUNICIPIO, ARAGUARI (MG), UBERLANDIA (MG), UBERABA (MG), APREENSÃO, FECHAMENTO, ACESSO RODOVIARIO, RESULTADO, DECISÃO JUDICIAL, ALEGAÇÕES, PERIGO, ACIDENTES, ASSALTO, PREJUIZO, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO AGROPECUARIA, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.

O SR. HÉLIO COSTA (PMDB - MG. Pela Liderança do PMDB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, falarei da situação das estradas federais no Estado de Minas Gerais e, em especial, das estradas de uma das mais importantes regiões do meu Estado e do Brasil: o Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba.

Farei uma observação inicial sobre a capacidade produtiva da região do Triângulo Mineiro. Lá, abatemos cerca de 4 milhões de aves por mês, cerca de 200 mil por dia. São centenas de pequenas granjas espalhadas por toda a região do Triângulo e do Alto Paranaíba, que é a maior esmagadora de soja do Brasil, tem os maiores atacadistas do Brasil e, lamentavelmente, as piores estradas do País.

Por isso, Sr. Presidente, vejo que estamos a ponto de matar a galinha dos ovos de ouro. Nos últimos 18 meses, o Triângulo Mineiro, essa região de Minas Gerais, contribuiu com R$2 bilhões em impostos arrecadados. Só o Triângulo Mineiro, com R$2 bilhões! E não há sequer uma única estrada federal nessa região do Triângulo Mineiro, da minha Uberlândia, que esteja sendo reparada.

Vejam que, há exatamente dois meses, uma importantíssima estrada que liga Uberlândia a Araxá, o cartão de visitas do nosso Estado, da nossa região, foi interrompida pela Justiça, que foi lá e mandou fechá-la, porque ela representava perigo iminente, com os inúmeros acidentes, os perigos surgidos à noite, como roubos de carga, assaltos a automóveis, a passageiros. Assim, a estrada foi fechada.

Esta semana, na comunidade de Romaria, repete-se uma tradição que leva milhares de fiéis a essa pequena cidade do Triângulo Mineiro, ao Santuário de Nossa Senhora da Abadia. E mais uma vez tivemos de fechar a estrada que leva a esse santuário, onde assistimos a esse espetáculo de fé, todos os anos, para onde milhares de pessoas vêm do País inteiro. Pois a estrada foi fechada por causa dos inúmeros atropelamentos causados pelos desvios que os automóveis e caminhões têm que fazer dos vários buracos que existem nas estradas.

Sr. Presidente, é lamentável que isso esteja ocorrendo em uma região como a do Triângulo Mineiro, do Alto Paranaíba. E essa situação é o retrato de Minas. No sul do Estado, é a mesma coisa, assim como na região metropolitana de Belo Horizonte, na Zona da Mata, nas vertentes. Mas a região do Triângulo Mineiro, como eu disse, é o celeiro de Minas Gerais e as estradas estão impraticáveis, intransitáveis.

Lamentavelmente, temos que nos reportar a essa situação, porque no momento a BR-365 está interditada entre Uberlândia e Patrocínio. A região, uma das mais produtivas do Estado, está enfrentando sérias dificuldades para o escoamento da produção, devido às péssimas condições. E aí o pneu da carreta fura, a peça do carro quebra por causa de um buraco e isso tudo acarreta uma série de problemas econômicos para as empresas localizadas na região. É um somatório de dificuldades que acaba levando a essa situação angustiosa que estamos vivendo.

De acordo com Álvaro Gonçalves, chefe da Polícia Rodoviária Federal de Patos de Minas, por exemplo, o número de acidentes na BR-365 triplicou em 2004, e são mais de dez mil carros por dia que passam por essa estrada.

A BR-153, que liga Curitiba a Brasília, passando pelo Triângulo Mineiro, entre Frutal, Prata e Itumbiara, tem 270 quilômetros e continua na mesmíssima situação: é um buraco só.

A BR-452, que passa por Rio Verde, Itumbiara, Tupaciguara, Uberlândia e Araxá, fazendo a interligação entre os Estados de Minas Gerais e Goiás, em seu trecho que passa por Minas Gerais, de 320 quilômetros, tem mais buraco do que estrada. A pista é irregular e há necessidade de fazer muitos reparos, que não são feitos. O acostamento está deteriorado e não há como passar pela estrada.

A BR-050, importantíssima, que liga São Paulo a Minas Gerais pelo Triângulo Mineiro, passando por Uberaba, em seu trecho que passa por Minas, no delta da divisa com Goiás, de 230 quilômetros, não tem um único serviço sendo feito neste momento.

De acordo com recente pesquisa rodoviária da CNT, 48,8% da extensão rodoviária federal em Minas Gerais encontra-se sem condições de uso, sendo praticamente impossível passarem por ali caminhões ou até carros de passeio.

A péssima condição de circulação nas estradas da região serve de estímulo aos assaltos. São inúmeros os casos de assaltos ocorridos na região do Triângulo Mineiro. Tenho números bem definidos: do ano passado para este ano, o aumento foi de 100% no número de assaltos na região. E 70% desses assaltos são feitos aos ônibus que vão do Triângulo Mineiro para o sul do Estado, para São Paulo, para o Rio de Janeiro, para Goiás. O restante, 30%, são assaltos a caminhões de carga, que transportam cargas preciosas do Triângulo Mineiro.

Por essa razão, Sr. Presidente, ficamos preocupados. A produção agropecuária do Triângulo Mineiro e das regiões imediatas, os Estados de Goiás e Tocantins, em direção aos portos de Santos, Paranaguá, Sepetiba e Vitória, passa pelo Triângulo Mineiro. Toda a produção do Centro-Oeste passa pela região do Triângulo e pelo Alto Paranaíba. Se não recuperarmos as estradas, vamos prejudicar a produção como um todo. E, assim, volto a insistir naquela figura que apresentei no começo do meu discurso. Lamentavelmente, vamos acabar matando a galinha dos ovos de ouro.

Uma região que contribui com R$2 bilhões em 15 meses para os cofres públicos não pode ficar esquecida e abandonada dessa forma, com suas estradas tão importantes para o escoamento da produção.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/08/2004 - Página 26001