O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero fazer alguns esclarecimentos.

Primeiro, se os Governadores do PSDB têm aviões, se os Governos estaduais têm aviões, seguramente, não é por iniciativa de governantes do meu Partido. Os Governos que possuem aviões devem ter razões para isso. Questionamos aqui, no episódio da compra do avião do Presidente da República, a prioridade e a oportunidade disso.

Segundo, afirmamos que foi utilizada uma determinada rubrica orçamentária que não era adequada para essa operação, tanto que, na votação dessa medida provisória, votamos de duas maneiras: num primeiro momento, aprovamos recursos que eram legais, plausíveis e orçamentários, mas, em um segundo momento, votamos contra, por discordância regimental quanto ao formato daquela proposta de recursos para a compra de avião para a Presidência da República.

Achamos que, na situação em que se encontra o nosso País, atrasando o pagamento da Bolsa-Escola e programas de atendimento à base social, não se pode comprar avião. Quando o Governo estiver ajudando os estudantes que não têm como estudar, pagando as contas em dia, aí sim, pode comprar avião ou coisa parecida.

Com relação ao Sr. Delúbio, ele é tesoureiro de um Partido que, como todo mundo sabe, está muito rico. Para vermos isso, basta apreciarmos as campanhas do PT no Brasil inteiro. São campanhas bastante ricas, bonitas, e a dos seus aliados nem sempre. Tenho encontrado campanhas bastante pobres de Partidos aliados ao Governo, entre eles o PMDB e o PTB. As do PT, não; elas são coloridas, têm o melhor material gráfico. Os candidatos às vezes não são tão bonitos, mas o material é. Não sei se isso vai virar voto; acho que não. No meu Estado, o PT elegerá menos Prefeitos do que antes. O PT tinha, basicamente, duas prefeituras em Pernambuco: Recife e Camaragibe, na área metropolitana. O Presidente Lula já foi a Camaragibe duas vezes, mas não há candidato do Partido à prefeitura porque não há apoio do povo. No Recife, nós, da aliança, estamos na liderança, mais exatamente o PMDB de Jarbas Vasconcelos.

O Sr. Delúbio é um episódio que precisa ser esclarecido. O grande problema deste Governo do Presidente Lula...

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Senador Sérgio Guerra, queira desculpar-me, mas V. Exª está falando como Líder?

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Sim, Sr. Presidente.

As pessoas muitas vezes são acusadas pela imprensa; sofrem críticas, denúncias consistentes contra elas aparecem, mas nenhuma dessas personalidades vem ao Congresso se explicar. Por que esse receio? O Sr. Delúbio não quer saber daqui, não aparece aqui.

Pessoalmente, creio que o Presidente do Banco Central é uma pessoa correta, sobre quem não tenho qualquer dúvida. Mas por que não veio fazer o seu esclarecimento no Congresso até agora? Por que não veio ao Senado?

O Presidente do Banco do Brasil também não chegou aqui. Imaginem se o Sr. Delúbio quer aparecer aqui! Mas ele vai à Justiça e comete um ato absolutamente imprudente, politicamente equivocado, que foi interpelar o Senador Tasso Jereissati, exemplo de homem público para o Congresso e para o Brasil.

O Sr. Delúbio pode ser exemplo de tesoureiro de Partido que ficou rico - até aí não há qualquer suspeição -, mas é preciso esclarecer isso. Não entendo essa emoção.

Tudo bem quanto ao fato de o Senador Maguito Vilela ser amigo e conhecer o Sr. Delúbio, mas essa não é uma questão política. A questão política e concreta é que ele interpelou um Senador da República de maneira imprudente e equivocada, como ficou claro na discussão da matéria. Essa pessoa é um tesoureiro, arrecada, e sabemos que os processos de arrecadação eleitoral neste País são bastante complexos e muito pouco transparentes. É preciso que se dê transparência a eles, para que sejam esclarecidos, em vez de se processarem os que pedem esclarecimentos.

            O Sr. Maguito Vilela  (PMDB - GO) - Permite-me V. Exª um aparte?

            O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Se me for autorizado pelo Presidente, concedo o aparte com satisfação.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - V. Exª dispõe de 20 minutos após a Ordem do Dia e pode conceder o aparte, mas o Senador Maguito Vilela já fez vários apartes para falar sobre o assunto. O Senador Sérgio Guerra pode conceder o aparte se o desejar.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Com o maior prazer.

O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - Não estou discutindo a questão da interpelação feita ao Senador Tasso Jereissati. Não é essa a questão. Sou solidário ao Senador e entendo que S. Exª tem relevantes serviços prestados ao Ceará e ao Brasil. Não tenho dúvida alguma e não estou defendendo a interpelação judicial. De forma alguma. Apenas por um dever de consciência, estou afirmando que o passado do Sr. Delúbio recomenda o presente e acredita o futuro. Não quero discutir se o PT é rico, se é pobre, se a função do tesoureiro é arrecadar e pagar. Em qualquer lugar do mundo, essa é a função dele, mas discordei e discordo de acusações sem provas. Gostaria de ver uma prova concreta em que o Delúbio tivesse cometido qualquer tipo de irregularidade. Ninguém deve acusar por acusar.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Sr. Presidente, nós do PSDB não acusamos ninguém. Constatamos denúncias públicas que estão mais que publicadas nos jornais de imprensa por personalidades e formadores de opinião responsáveis e desejamos esclarecimento.

O grande déficit do PT e do seu governo, nesse momento, nessa questão da ética e da transparência, é o preconceito de se esclarecerem denúncias, coisa que não ocorre no Congresso. As CPIs não são aprovadas, são absolutamente impedidas, não se fazem as discussões, e as reações são sempre violentas e autoritárias.

Não sei o nome do tesoureiro do meu Partido, o PSDB, mas o Sr. Delúbio já é uma personalidade famosa no Brasil, e isso é, no mínimo, suspeito.