Discurso durante a 128ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Denúncia de manipulação de dados eleitorais por institutos de pesquisa.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Denúncia de manipulação de dados eleitorais por institutos de pesquisa.
Publicação
Publicação no DSF de 16/09/2004 - Página 29492
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • IMPORTANCIA, REFORÇO, DEMOCRACIA, ELEIÇÃO MUNICIPAL, DEFESA, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, IRREGULARIDADE, INSTITUIÇÃO DE PESQUISA, SUBORNO, MANIPULAÇÃO, NUMERO, ESTATISTICA, IMPOSSIBILIDADE, FISCALIZAÇÃO, TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL (TRE).

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Geraldo Mesquita, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros presentes e assistentes desta sessão do Senado pelo sistema de comunicação, o País vive momentos de grandiosidade democrática. O povo, que é soberano, vai decidir as eleições, mas não podemos dizer que há avanços na democracia brasileira; temos de aperfeiçoá-la. A cada instante, os poderosos se aproveitam da situação, contrariando as intenções das leis e fortalecendo os poderes econômicos. Os ambiciosos ficam a tirar vantagem.

Quanto às pesquisas, ninguém mais do que eu acredita no casamento da matemática com a estatística, mas, apesar de o Presidente da República estar impedindo todas as CPIs, temos que começar a fazer uma CPI sobre pesquisas. São empresários e, portanto, querem o lucro; não têm compromisso algum com a verdade. Nós é que temos compromisso com o povo, com a democracia. Evidentemente que não são todos. Não são todos os religiosos, mas há religiosos; não são todos os políticos, mas há políticos; não são todos os militares. Mas esses aproveitadores estão se tornando a maioria.

A intenção do TRE foi boa, mas esse órgão não tem instrumentos; ele é burlado, é enganado, é iludido. Instalam organismos oficiais e burlam a lei. Como, Senador Geraldo Mesquita? É muito simples, e é interessante que não podemos dizer que eles sejam desonestos. Eles são até corretos, porque cumprem o que contratam. A ignorância é audaciosa. Eu aprendi com os provérbios da Bíblia, Senador Geraldo Mesquita, que é mais fácil tapar o sol com uma peneira do que esconder a verdade. Pois bem, Senador Juvêncio da Fonseca, eles manipulam os números. Isso é simples. Primeiro, existe aquela margem de erro. Quando o estatístico quer ajudar, coloca uma margem de erro de cinco ou seis, que já é eficiente para o que ele quer; soma seis para o candidato que ele quer e já obtém doze; e tira seis do candidato que ele não quer. Mas os traquinos - e nós temos que chamá-los assim - estão oferecendo. Eu não tenho provas, porque eles enviam intermediários, mas vieram me oferecer o serviço. É R$80 mil, e sai onde se quiser. É um escândalo! Como diz Boris Casoy: “Isso é uma vergonha.” Ele manda indiretamente, e ninguém vai. Por R$80 mil, ele põe os dados como quiser o interessado. E cumpre. Ele não é empresário para ter lucro? Faz direitinho conforme o contratado. A ignorância é audaciosa. Eles são mau-caracteres.

Lá no meu Estado, há o Ipop (Instituto Piauiense de Opinião Pública), que pegou o apelido de “Instituto para o Otário Perdedor”. Lembro-me de que, na última eleição, havia cinco candidatos a governador, mas só houve um turno, com todo respeito ao Senador Hugo Napoleão. O meu amigo Heráclito Fortes não estaria aqui. Isso tem que acabar. Senador Antonio Carlos Magalhães, isso é safadeza. Primeiro, a justiça está enganada, porque ela não tem pessoas para averiguar a safadeza. É muito simples: detectam-se os bairros. Então, funciona como um jogo de fichas: põe-se o percentual daquelas fichas naquele bairro onde se tem densidade. Isso burla qualquer... Ganham dinheiro, aproveitam-se e mentem.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador, quis Deus estar na Presidência um dos homens de maior probidade, o jurista abaixo de Rui Barbosa. Para terminar, cito Rui Barbosa: “Só há um caminho e salvação: a justiça”. Isso está imoral! E peço emprestada ao Boris Casoy a expressão que usa freqüentemente: “Isto é uma vergonha!”

O TRE é vítima, porque não dispõe de pessoal nem de instrumentos para averiguar os erros. É a denúncia que faço. Não é que não haja institutos idôneos, mas existe muita safadeza de aproveitadores ganhando dinheiro nesta oportunidade em que o País comemora a democracia com as eleições livres


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/09/2004 - Página 29492