Discurso durante a 164ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Transcrição de artigo publicado, hoje, pelo jornal O Estado de S.Paulo intitulado Lula não quer BB na mão do PT, e do editorial do mesmo jornal: Um banco para o PT. Comentários ao artigo "A Federação em ruínas", de autoria do Governador de Sergipe, João Alves Filho, publicado no jornal Folha de S.Paulo, edição do dia 16 último.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
BANCOS. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Transcrição de artigo publicado, hoje, pelo jornal O Estado de S.Paulo intitulado Lula não quer BB na mão do PT, e do editorial do mesmo jornal: Um banco para o PT. Comentários ao artigo "A Federação em ruínas", de autoria do Governador de Sergipe, João Alves Filho, publicado no jornal Folha de S.Paulo, edição do dia 16 último.
Publicação
Publicação no DSF de 19/11/2004 - Página 36962
Assunto
Outros > BANCOS. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, NOTICIARIO, REGISTRO, DECISÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AFASTAMENTO, PRESIDENTE, BANCO DO BRASIL, AUSENCIA, SUBSTITUIÇÃO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), SITUAÇÃO, BANCO DO BRASIL, POLITICA PARTIDARIA, OCORRENCIA, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE ALAGOAS (AL), DESAPROVAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico. A boa notícia do dia informa que os petistas vão ser mantidos a distância do Banco do Brasil.

A ótima notícia do dia é que essa é uma ordem petista. Não de um petista comum. Vem do petista-chefe, o próprio Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E está na edição de hoje de O Estado de S. Paulo.

  Leio alguns trechos e junto a este pronunciamento a íntegra da matéria, que é a seguinte:

            Lula não quer BB na mão do PT

Partido pressiona para ocupar a presidência do banco, mas

Rossano Maranhão pode ser efetivado

João Domingos - O Estado de S. Paulo

Quinta-feira, 18 de Novembro de 2004

BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a determinação de fazer uma blindagem no Banco do Brasil e assim anular a pressão do PT pela nomeação de um integrante do partido para presidente da instituição.

Por enquanto, de acordo com informação de

auxiliares do presidente da República, o favorito para

substituir o demissionário Cássio Casseb é o vice Rossano

Maranhão Pinto, funcionário de carreira do banco, ligado ao

presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Terça-feira, ao anunciar que Casseb havia pedido demissão -

ele o fez antes de ser demitido pelo presidente Lula -,

Palocci disse que o interino seria Maranhão. E, se tudo

caminhasse bem, ele seria confirmado na presidência do BB.

Entre os partidos, a fala de Palocci foi interpretada como um

recado ao PMDB, que ameaça romper com o governo: se o partido

continuar na base do governo, Maranhão ficará na presidência

do banco; se romper, ele sai.

De qualquer forma, Lula e a cúpula do governo gostam do vice-

presidente, o qual consideram altamente qualificado e de

iniciativas inovadoras na área do crédito público, o que

faltava a Casseb, também na visão dos governistas.

De acordo com informações do Palácio do Planalto, o cargo de

presidente do BB será preenchido por alguém que tenha o

comando do banco e não por um político do PT. A fase das

nomeações políticas, conforme assessores do presidente Lula,

já passou. Ela ficou patente durante a montagem do ministério

e nos meses seguintes, com o preenchimento dos cargos das

diretorias das estatais. No meio do governo já não seria

possível fazer esse tipo de opção.

E, mesmo que o governo optasse por nomear um petista para a

presidência do Banco do Brasil, este teria de ter curso

superior. Os estatutos da instituição fazem essa exigência.

Com isso, o ex-deputado Geraldo Magela, funcionário de

carreira do banco, não poderá ocupar nem a presidência nem a

vice-presidência. Ele acalentou por dois anos a esperança de

substituir o governador de Brasília, Joaquim Roriz (PMDB), numa eventual cassação do mandato do governador pelo Tribunal

Superior Eleitoral (TSE). Mas todas as suas ações foram

indeferidas.

Agora, quer uma diretoria do BB e deverá recebê-la do

presidente Lula. Mas será um cargo menor.

"Os estatutos do BB continuam os mesmos de 2002 e há a

exigência do curso superior. Isso foi feito depois que o PSDB

perdeu a eleição para o presidente Lula. Então, não há

possibilidade de nomeação do companheiro Magela para a

presidência ou a vice", disse o deputado José Pimentel (PT-

CE), um dos integrantes da bancada do BB, formada por

funcionários do banco.

Ele e mais cinco parlamentares foram ao presidente Lula na

semana passada pedir a cabeça de Casseb, sob o argumento de

que ele não tinha o comando do banco.

            Também estou anexando a esta fala o editorial de hoje do mesmo jornal, versando sobre o assunto.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO

(Inserido nos termos do art. 210, Inciso 1º e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Um banco para o PT.”

Quinta-feira, 18 de novembro de 2004

UM BANCO PARA O PT

Banco do Brasil S.A. (BB) ou Banco do PT Ltda? A pergunta é mais oportuna do que nunca e o presidente da República não pode simplesmente ignorá-la. Todo cidadão brasileiro tem o direito de saber como se nomeiam os diretores da principal instituição financeira do setor público. Têm o mesmo direito seus acionistas: trata-se, afinal, de uma empresa com ações negociadas no mercado de capitais. E todos têm razões muito sólidas para cobrar explicações sobre o assunto.

Cássio Casseb deixou a presidência do BB como perdedor de um conflito político. Nomeações e demissões de presidentes, mesmo quando marcadas por alguma turbulência, são fatos normais na atividade empresarial. Este caso é diferente.

Cássio Casseb pode ter cometido erros. Este é um assunto aberto e passível de verificação. Mas o primeiro erro grave ocorrido em sua gestão foi um gesto em benefício do PT: a compra de ingressos, no valor de R$ 70 mil, para uma exibição dos cantores Zezé Di Camargo e Luciano. Nesse espetáculo, o partido levantaria fundos para a compra de sua sede. Houve escândalo, o dinheiro foi devolvido e Casseb admitiu publicamente o erro, mas atribuiu a decisão ao diretor de Marketing, uma informação confirmada por funcionários graduados da instituição.

Esse diretor, Henrique Pizzolato, mostrou-se politicamente mais forte que o presidente do banco. Casseb tentou demiti-lo, mas não conseguiu. Pizzolato era apadrinhado pelo tesoureiro do PT, Delúbio Soares.

Esse episódio tornou evidente para todos o que era mais ou menos sabido pelas pessoas mais informadas. O presidente do maior banco do País tinha um comando limitado.

Esse havia sido seu primeiro engano político: aceitar a presidência da instituição sem ter força para nomear a diretoria. O PT conseguiu fazer no BB o mesmo que tentou, muitas vezes com êxito, noutras áreas da administração federal: preencher postos com pessoas escolhidas segundo critérios ideológicos ou político-partidários.

Nesse caso, a operação de preenchimento de postos foi relativamente fácil, porque o partido tem forte presença entre os bancários. Dois deles são ministros, Ricardo Berzoini, do Trabalho, e Luiz Gushiken, da Comunicação.

O primeiro notabilizou-se, no Ministério da Previdência, ao espalhar o terror entre os pensionistas de mais de 90 anos, que foram forçados a enfrentar filas para um desastrado recadastramento. O segundo contribuiu para expor o governo brasileiro ao grotesco e à execração internacional, ao defender a expulsão arbitrária de um correspondente do New York Times. Ambos continuam no governo, continuam prestigiados e o primeiro é um dos nomes propostos, entre petistas, para a presidência do BB.

As pressões partidárias contra Casseb cresceram depois da greve dos bancários. Na semana passada, circulou em Brasília um abaixo-assinado a favor de mudança na diretoria do BB. Liderou o movimento a Confederação Nacional dos Bancários, vinculada à CUT. Também na semana passada, parlamentares petistas ligados ao BB visitaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pediram a mudança na diretoria. Acompanhava os parlamentares o ministro do Trabalho. A mudança incluiria a nomeação do ex-deputado petista Geraldo Magela, derrotado na eleição para o governo do Distrito Federal, para um posto importante. Lula disse aos parlamentares que tem uma dívida com Magela e deverá indicá-lo para uma diretoria.

Não ficou claro se o presidente pretende, antes de nomear Magela, consultá-lo mais uma vez sobre a acusação de haver recebido R$ 100 mil do bicheiro Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para a campanha política. A acusação partiu de Waldomiro Diniz, ex-assessor do ministro-chefe da Casa Civil da Presidência, José Dirceu, e Magela jura inocência.

Não há sinal de que o presidente da República esteja preocupado com a subordinação do BB a interesses partidários. O encontro com os parlamentares parece mostrar o oposto disso. Da mesma forma, não parece haver motivo de preocupação para o diretor apontado como responsável pela compra dos ingressos para o famigerado espetáculo. Motivo para ansiedade, por enquanto, têm os acionistas do BB e os cidadãos que assistem ao continuado loteamento da administração federal.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, requeremos também, de acordo com o art. 210, II, do Regimento Interno, e ouvido o Plenário, a inserção nos Anais do Senado Federal, do documento em anexo, extraído do jornal O Estado de S. Paulo, edição de 16 de novembro de 2004, que noticia a manifestação coletiva de desagrado em forma de gritos e assovios, dirigida ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ontem em Maceió, Alagoas, por ocasião das comemorações dos 115 anos da República no Brasil.

            Independentemente de qualquer conotação política, o documento tem o caráter de alerta no momento em que se observam seguidos desacertos na ação governamental, que acabam por desagradar ponderáveis parcelas da opinião pública. O próprio Presidente Lula, vítima desses apupos, disse na ocasião ao Governador Ronaldo Lessa que não acha que as pessoas gritem; eu mesmo gritei a vida inteira em todos os palcos do mundo. Assim, a inclusão nos Anais do Senado da República, do documento mencionado, servirá de subsídios para estudos que vierem a ser feitos no País acerca de aspectos da administração pública, servindo, ademais, como fonte confiável para pesquisas que o historiador do amanhã venha a realizar.

            Sala das Sessões, 16 de novembro de 2004

Senador JOSÉ AGRIPINO  Senador ARTHUR VIRGÍLIO

 Líder do PFL Líder do PSDB

Senador SÉRGIO GUERRA

Líder da MINORIA

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO

(Inserido nos termos do art. 210, Inciso 1º e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“A Federação em ruínas.”


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/11/2004 - Página 36962