A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Senador Ney Suassuna, estamos no período do pronunciamento das Lideranças. Ainda não começamos com a lista de oradores.

Hoje, é dia 02 de dezembro, Dia Nacional do Samba.

Quem assistiu hoje, pela manhã, tanto na Globo quanto na Band, a duas reportagens belíssimas tem a dimensão do significado dessa expressão cultural em nosso País.

No ano passado, fiz um longo pronunciamento (falado e cantado) a respeito - e aqui estão vários Senadores que presenciaram aquele momento. E a relevância desta data tem tudo a ver com a importante manifestação cultural brasileira que é o samba.

O samba encarna a alma, o jeito, a maneira de ser do brasileiro. Tem samba para todos, tem samba para tudo. Só para se ter uma idéia de como existe samba para todos e para tudo, esta semana estamos vivendo uma controvérsia acirrada a respeito da questão da competência, dos resultados. Está aí, em todos os jornais, desde o início da semana, esse assunto.

Aqui, no plenário, houve vários pronunciamentos sobre o tema. E há um samba do Noel Rosa, maravilhoso, que se encaixa nessa controvérsia, e, atendendo ao pedido do Senador José Jorge, que passou aqui por perto, vou cantá-lo. É o samba Palpite Infeliz.

Quem é você que não sabe o que diz?

Meu Deus do Céu! Que palpite infeliz!

Salve Estácio, Salgueiro e Mangueira,

Oswaldo Cruz e Matriz

Que sempre souberam muito bem

Que a Vila não quer abafar ninguém

Só quer mostrar que faz samba também.

Encaixa direitinho! Não tem erro esse samba.

Além de o palpite ser infeliz, a semana escolhida também o foi. Ouçam bem as notícias da semana:

- Revisão do PIB de 2003 passa de - 0,2 para 0,5;

- PIB acumula 5,3% em 2004 - o maior nos últimos nove anos, no nosso País;

- Consumo familiar e indústria aumentam riqueza nacional;

- Desemprego cai e pode virar o ano com um único dígito, o que há muito tempo não temos no País;

- Risco Brasil cai para 403 pontos, o menor desde 1997.

E por aí vamos: recorde de exportação, vendas, produção industrial, investimento, massa salarial industrial.

Ontem, houve novas declarações: manteve-se o tom, mudou-se o foco, mas o samba continuou o mesmo. Mudou um pouco porque foi para a competência na área social.

Já que hoje é o Dia Nacional do Samba, quero afinar a bateria e fazer um repique - durante o desfile, a hora que pega mesmo, para valer, é a do repique da bateria.

Quanto à questão social, eu trouxe alguns gráficos para ilustrar:

            COMBATE À POBREZA: Bolsa-família

- 2002 - R$2,4 bilhões

- 2003 - R$3,5 bilhões

- 2004 - R$5,1 bilhões

SAÚDE: Saúde na Família

- 95/96 - 786 equipes

- 99/00 - 7.810 equipes

- 03/04 - os dois primeiros anos do mandato de Lula, 21.034 equipes

            EDUCAÇÃO: Matrículas jovens e adultos/alfabetização

- 95/96 - 2,8 milhões

- 99/00 - 3,1 milhões

- 03/04 - os dois primeiros anos do mandato de Lula, 4,7 milhões

            SANEAMENTO: Famílias atendidas com água tratada

- 95/96 - 114 mil

- 99/00 - 259 mil

- 03/04 - os dois primeiros anos do mandato de Lula, 457 mil

            HABITAÇÃO: Famílias atendidas

- 95/96 - 418 mil

- 99/00 - 711 mil

- 03/04 - os dois primeiros anos de mandato de Lula, 908 mil

Podemos continuar com os indicadores e as comparações.

Por isso tudo, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o samba do Noel, tão antigo e tão atual, cabe bem no dia de hoje, até pela questão das posturas e dos comportamentos. Vou cantá-lo:

A vila é uma cidade independente

Que tira samba mas não quer tirar patente

Eu já chamei você pra ver

Você não viu porque não quis

Quem é você que não sabe o que diz?

Neste dia 02 de dezembro, com samba quero contribuir para o debate de bom nível, da comparação e do respeito. Ninguém quer tirar patente. O Governo anterior e o atual têm méritos, estão aí os resultados. Respeitosamente, precisamos fazer o debate em um bom nível.

Não poderia terminar este pronunciamento, no Dia Nacional do Samba, sem saudar a minha escola de samba, a Embaixada Copa Lord, vestindo as suas cores - amarelo, vermelho e branco - e cantando:

Quem vem lá

De amarelo, vermelho e branco,

Levantando a poeira do chão?

É a Copa Lord do Morro da Caixa

Faço esta homenagem porque minha escola comemora 50 anos. Peço, obviamente, o respeito para as nossas co-irmãs do carnaval florianopolitano: a mais antiga de todas as escolas de samba de Santa Catarina, Protegidos da Princesa, do Morro do Mocotó; a Unidos da Coloninha, do Continente, e a Consulado do Samba, do Morro da Caieira.

Saúdo todos os sambistas, passistas e ritmistas, além do Trem do Samba da Central do Brasil, que apareceu, hoje, em reportagem com a Velha Guarda da Portela, da Mangueira e do Salgueiro. Saúdo a todos porque o samba é a alma do Brasil, é a expressão cultural que melhor representa o jeito de ser do povo brasileiro. Homenageio aqueles que “não deixam o samba morrer, não deixam o samba acabar”, como diz o maravilhoso samba do compositor Paulinho da Viola.

Perguntei ao Senador Antonio Carlos Magalhães se iria fazer o registro de que o acarajé passou a ser patrimônio cultural brasileiro. Disse a S. Exª que eu mesma o faria, parabenizando os baianos, pois o acarajé é outro símbolo da cultura dos afrodescendentes. Peço a S. Exª, de público, que traga acarajés para nós na semana que vem.

Muito obrigada.

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