Discurso durante a 10ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem a memória do ex-Ministro Celso Furtado, falecido em 20 de novembro de 2004.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem a memória do ex-Ministro Celso Furtado, falecido em 20 de novembro de 2004.
Publicação
Publicação no DSF de 03/03/2005 - Página 3929
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, CELSO FURTADO, EX MINISTRO DE ESTADO, AGRADECIMENTO, ATUAÇÃO, DEFESA, REGIÃO NORDESTE, CRIAÇÃO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE), DEFINIÇÃO, PRIORIDADE, DESENVOLVIMENTO SOCIAL.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, DEMORA, RETOMADA, ATUAÇÃO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente desta sessão, Senador Alberto Silva, do Piauí; Srªs e Srs. Senadores; brasileiros e brasileiras, serei breve porque aqui vim representar o Piauí e manifestar aquilo que o nosso povo sente por esse homem do nordeste, Celso Furtado: gratidão. Isso seria desnecessário porque a presença de V. Exª, Sr. Presidente, traduz a grandeza e a gratidão do Piauí aqui.

Para onde vamos, levamos a nossa formação profissional. Eu sou médico cirurgião, como Juscelino, que sonhou este País e construiu Brasília.

Senador Alvaro Dias, Juscelino imaginou o desenvolvimento do sul com um pólo industrial e implantou a indústria automobilística. Encravou Brasília no centro - Dr. Alberto Silva, engenheiro - e integrou o País. No Nordeste, para diminuir a desigualdade, criou a Sudene. Senador Alberto, nós, cristãos, de mães santas, cristãs, Vangi e Jeanete, lembramos o apóstolo Tiago, que disse que a fé sem obras já nasce morta. A fé de Celso Furtado foi manifestada com obras. Entre as muitas aqui citadas está a Sudene. Seremos breves. Está aí o Dr. Alberto Silva traduzindo: um quadro vale por dez mil palavras.

Senador Alvaro Dias, em nossa cidade, as águas do rio entravam. Como Alberto Silva lutou para resolver esse problema quando era prefeito! Depois, quando governador, junto com seu irmão, então prefeito, e a Sudene fizeram o mesmo que os holandeses: construíram uma proteção. Hoje, vivemos felizes em nossa Parnaíba. Diria mais, ninguém melhor que eu para retratar a Sudene.

Nos anos 60, meu irmão, Dr. Paulo de Tarso Moraes Souza, fez concurso para a Sudene, atraído por Celso Furtado. Por causa disso, eu tive intimidade com toda aquela geração:Salmito, Leonide Filho, Delile.

Quero dizer-lhe, como Saint-Exupéry, que o lado essencial é invisível aos olhos. Quem vê bem, vê com o coração. A Sudene, Senador Alvaro Dias, foi a universidade dos primeiros técnicos, daqueles que fizeram o desenvolvimento do Nordeste.

Podem fazer qualquer indagação, que lá eles tem subsídios para oferecer. Eles transformaram o Nordeste.

Ó, Presidente Lula, que também é do Nordeste, uma grande homenagem a Celso Furtado seria ressuscitar a Sudene. Isso porque ela está abandonada.

Sentimo-nos envergonhados quando um Ministro do Nordeste, Ciro Gomes, disse acreditar que a nova Sudene sairia do papel ainda naquele ano. Isso foi no ano passado. Shakespeare: Palavras, palavras, palavras! E aqui são mentiras, mentiras e mentiras.

Serei breve, como Abraham Lincoln fez naquele discurso em que disse que a democracia é o governo do povo pelo povo e para o povo. Ele queria ressuscitar a bravura dos seus irmãos que morreram na guerra pela unidade do país.

De Celso Furtado, queríamos só uma coisa: o pensamento, o pensamento do mestre cujo valor foi aqui reconhecido pelos oradores e acreditado na Sorbonne. De Gaulle o aceitou! Como Platão e Aristóteles, que transmitiram os ensinamentos de Sócrates, eu queria ensinar à Presidência da República, ao núcleo duro, só uma coisa. Estamos exigindo tão pouco. Atentai bem, Lula! Aprendei, ó Palocci.

Gostaria de lembrar o que disse, em sua última entrevista, Celso Furtado, o mestre, o economista

Perguntaram-lhe: Professor Celso Furtado, quais são os problemas fundamentais da sociedade brasileira atual?

Ele respondeu - aprenda, PT -: “O primeiro desafio é dar prioridade ao problema social e não ao problema econômico”.

O PT dá primazia ao dinheiro, ao capital, ao Bid, ao Bird, ao juro alto. Esse é o erro. Continuam as injustiças sociais. Juscelino queria acabar com a desigualdade, que só aumenta.

Quando foi criada a Sudene, a diferença entre a renda per capita do Sul e a do Nordeste era de quatro vezes. Agora, lamentamos, é oito vezes.

Então, só isso, Lula. Ó, Presidente Lula, inspire-se em Cristo, tu que és um homem do nosso Nordeste cristão. Vá lá. A grande homenagem a Celso Furtado não é esta sessão, Senador Alberto Silva; é o Presidente da República se inspirar em Cristo, o qual disse: “Levanta-te Lázaro”, e dizer: Sudene, levanta-te para a prosperidade, a felicidade e a igualdade do povo do Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/03/2005 - Página 3929