Discurso durante a 11ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apresentação de requerimento para que o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar apure denúncia feita pelo Senador Maguito Vilela, na sessão de ontem.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Apresentação de requerimento para que o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar apure denúncia feita pelo Senador Maguito Vilela, na sessão de ontem.
Publicação
Publicação no DSF de 03/03/2005 - Página 4016
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO, CONSELHO, ETICA, DECORO PARLAMENTAR, SOLICITAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, MAGUITO VILELA, SENADOR, ACUSAÇÃO, OFERECIMENTO, PROPINA, EMPREITEIRO.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, contrariando o meu comportamento ordinário, ontem anunciei que encaminharia um requerimento pedindo investigação do Conselho de Ética a respeito de declarações do Senador Maguito Vilela e não cumpri com a minha palavra. Entendi que o Senador poderia muito bem se retratar das palavras supostamente impensadas.

Não é muito da minha forma de atuar a perspectiva da inquisição, da perseguição a quem quer que seja. Nunca servi muito para herói de CPI; não é muito o meu estilo. Combato frontalmente e entendo que o combate deve ser feito com sinceridade, até com respeito pelo adversário. Mas o Senador silencia. Suas palavras foram, efetivamente, injuriosas para o Governo do qual fui Líder e do qual fui Ministro, e para o Senado como um todo. Expressões do tipo: “‘propineiro’ que ficava ali, no café, aliciando Senadores e Deputados”, dizendo que S. Exª próprio recebeu oferta de propina.

Tudo isso mastiguei, mastiguei bastante, contrariando a minha Bancada, que queria que eu tivesse apresentado o requerimento ontem. Criticado por membros da minha Bancada - o Senador Leonel Pavan sabe disso -, ainda assim, entendi que deveria dar o máximo de possibilidade a S. Exª de vir aqui se retratar, de maneira altiva. Fui bem claro. Perguntaram-me, caso ele se retratasse, qual seria a minha atuação, qual seria a minha atitude. Respondi que não peço nada que não seja altivo da parte dele, nada que lhe custe humilhação, nada que lhe cobre um transtorno, algo desmoralizante. Não. Meditei - sou uma pessoa movida à consciência -, e o que está aqui simplesmente não aceito, o que está aqui não engulo, o que está aqui não passa pela minha goela.

Com isso, Sr. Presidente, tiro um peso da cabeça daqui para frente. Com 24 horas de atraso, cumpro com a palavra que havia empenhado e estou encaminhando a V. Exª o requerimento, de acordo com o art. 22 da Resolução nº 20, de 1993, para que o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar promova investigações acerca da denúncia formulada no dia 1º de março de 2005, em plenário, pelo Senador Maguito Vilela, segundo a qual foi procurado por empreiteiros, que lhe teriam oferecido propinas, para que retirasse sua assinatura de requerimentos de Comissão Parlamentar de Inquérito, durante o Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso.

Sr. Presidente, tudo muito estranho, tudo muito fora do que é a tramitação normal da discussão parlamentar. Coloquei-me inclusive a meditar sobre um detalhe que me pareceu hoje muito significativo, quando diz S. Exª: “não me lembro de quem foi, não sei quem foi”. Ora, levando em conta que S. Exª seguramente só foi procurado uma vez por um “propineiro” e que isso, portanto, não é corriqueiro na vida de alguém - já concluo, Sr. Presidente -, não é possível que o Senador não saiba quem foi, se é alto, se é baixo, se é louro, se é moreno, a que empresa pertence, até porque suponho que o “propineiro” tenha dito assim: “Senador, sou fulano de tal, da empresa tal”. Suponho isso.

O SR. PRESIDENTE (Efraim Morais. PFL - PB) - V. Exª pode concluir, Senador?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Já concluo, Sr. Presidente. Esse assunto, de fato, mexeu comigo, mexeu com meu coração e mexe com a dignidade desta Casa.

Não acredito que não tenha dito: “Senador, meu cartão está aqui. Sou fulano de tal, da empresa tal”. Não acredito nisso. Então, o Senador precisaria esclarecer isso e, quem sabe, trabalhar com a lista que estou elaborando de todos os empreiteiros deste País, para vermos quem são os diretores de relações institucionais das empreiteiras do País, de Norte a Sul, para que tenhamos a verdade restabelecida. De qualquer maneira, S. Exª tem todo o tempo para meditar sobre o que disse nessa caminhada que levará até ao Conselho de Ética, desejando eu, sinceramente, que S. Exª escolha o que seja melhor para seu próprio futuro e o que seja melhor para o futuro do Congresso Nacional, Sr. Presidente.

Encaminho a V. Exª, portanto, o documento com a decisão que agora é firme e inabalável, depois de 24 horas de meditação.

Muito obrigado.

Era o que tinha a dizer.

 

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            DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Requerimento nº..., de 2005, do Senador Arthur Virgílio.”


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/03/2005 - Página 4016