Discurso durante a 14ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Necessidade de criação das CPI's para investigar o caso Waldomiro Diniz e, para investigar denúncias de corrupção nas privatizações do governo Fernando Henrique. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CALAMIDADE PUBLICA. POLITICA SOCIAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Necessidade de criação das CPI's para investigar o caso Waldomiro Diniz e, para investigar denúncias de corrupção nas privatizações do governo Fernando Henrique. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 08/03/2005 - Página 4324
Assunto
Outros > CALAMIDADE PUBLICA. POLITICA SOCIAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, DISCURSO, TEOTONIO VILELA FILHO, SENADOR, DENUNCIA, INCOMPETENCIA, GOVERNO FEDERAL, ATENDIMENTO, CALAMIDADE PUBLICA, SECA.
  • VOTO FAVORAVEL, PROPOSIÇÃO, AUTORIA, HELOISA HELENA, SENADOR, ASSUNTO, CRECHE, IMPORTANCIA, VOTAÇÃO, SIMULTANEIDADE, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MULHER.
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, PERIODICO, EPOCA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), EXISTENCIA, INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, FRAUDE, PRIVATIZAÇÃO, GOVERNO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • INFORMAÇÃO, RECEBIMENTO, ASSINATURA, SENADOR, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, EX SERVIDOR, CASA CIVIL, DENUNCIA, IRREGULARIDADE, PRIVATIZAÇÃO, ANALISE, CONTRADIÇÃO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o discurso pronunciado ainda há pouco pelo Senador Teotonio Vilela Filho revela, de um lado, a excelência do mandato desse nordestino comprometido com a sua terra e, de outro, exatamente o que muitas vezes se tenta dizer e não se consegue à perfeição. Trata-se de um governo inerte, de um governo incapaz, de um governo das estatísticas, de um governo dos indicadores frios e de um governo em que não se consegue, por exemplo, reconhecer o estado de calamidade em que está mergulhada determinada cidade do sertão de Alagoas. Trata-se de governo incompetente, insensível, arrogante e, sem dúvida alguma, inerte. Isso tudo compõe um quadro que mostra a diferença enorme entre os indicadores frios e a ação de governo, que é nenhuma.

Mas, Senadora Heloísa Helena, amanhã teremos o Dia Internacional da Mulher sendo comemorado por todos. Creio que a melhor homenagem que se pode fazer à mulher brasileira é se votar, nesta Casa, muito mais do que palavrório e discurso vazio, o projeto de V. Exª que cuida de creches, que mergulha fundo na preocupação social e que, acima de tudo, é um gesto concreto para comemorarmos e celebrarmos a mulher brasileira sem o discurso que o vento leva, mas, ao contrário, marcando nossa posição com os dados da realidade muitos profundos entre nós.

Sr. Presidente, a revista Época traz esta semana matéria muito alentada sobre supostas e possíveis irregularidades no processo de privatização ocorrida no governo anterior, de que fui Líder e Ministro. Na reportagem, algo me chama a atenção, até porque me reconforta: as providências foram tomadas em 2001 pelo governo passado a partir do alerta feito pelo Dr. Daniel Gleizer, então Diretor do Banco Central, e o processo vai seguindo o seu rumo.

Tenho a impressão de que, se pegarmos o Presidente Lula desprevenido, como naquele momento em que ele estava suado e falando sobre a corrupção, e perguntarmos de chofre quem descobriu o Brasil, ele falará que foi ele, porque tem consciência absoluta de que inventou o Brasil, de que descobriu o caminho para as Índias e de que chegou antes de Cristóvão Colombo à América.

Essa investigação do episódio das privatizações começou, pois, no governo passado. Mas estou vendo um contraste muito grande entre a preocupação real do Governo em saber o que houve nas privatizações e a atitude prática que a base do Governo toma nesta Casa. Estou colhendo assinaturas, até agora sem esforço, as pessoas nos têm procurado, e já temos 25 assinaturas para duas CPIs: a CPI do caso Waldomiro, que por mais que desagrade o Ministro José Dirceu, e a Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as privatizações.

Muito bem, estou propondo uma Comissão para investigar um fato ocorrido no Governo de que fui Líder e Ministro e outra, para investigar um fato escandaloso do Governo Lula. Por enquanto, não estou nem mexendo nessa que acabou de ser returbinada pelo Ministério Público, sobre aquela coisa escandalosa que mistura assassinato com conspiração e corrupção, que é o caso de Santo André. Esse caso também intranqüiliza nosso Ministro, que não gosta de falar nessa figura de Santo André. Agora, nosso Ministro está orando para outros santos, pois não ora mais para Santo André.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Sr. Presidente, nos dois minutos que tenho para concluir, digo que estou triste, porque apenas um único Senador da chamada base governista, entre os que seguem a Liderança do Governo, assinou o pedido das CPIs. Considero independentes os Senadores Mão Santa e Sérgio Cabral, que o assinaram. O único da base governista a assinar foi o Senador Maguito Vilela, de Goiás, e o fez em condições excepcionais.

Retomo, com muita tranqüilidade, o apelo que fiz à Casa para que nós, os 81 Senadoras e Senadores, assinemos as duas CPIs para investigarmos o Governo Fernando Henrique Cardoso e o Governo Lula. Não estou pedindo muito. Estou pedindo pouco. Estou pedindo o mínimo. Não é possível que fiquemos aqui chorando, com 25, 26, 27, 28 assinaturas, e o Governo lutando para tirar duas.

Senadora Heloísa Helena, Senador Teotonio Vilela Filho, Senador Efraim Morais, isso me leva a uma constatação triste.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - O Presidente Lula não quer investigar nem o Governo Lula nem o Governo Fernando Henrique? Está para levar o cetro de engavetador maior de uma República que precisa encontrar momentos de mais felicidade. O Presidente não se elegeu para isso.

Portanto, os requerimentos para instalação das duas CPIs estão à disposição dos membros da base do Governo: uma para investigar o Governo Fernando Henrique Cardoso e outra para investigar o Governo Lula.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Arthur Virgílio, V. Exª dispõe de mais um minuto após os 30 segundos.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Obrigado, Sr. Presidente. Preciso acostumar-me com esse procedimento, e sempre tenho a impressão de que meu tempo já venceu. Quero portar-me com muita fidelidade a esse sistema, Sr. Presidente, mas agradeço-lhe a atenção. Se posso falar mal do Governo por mais um minuto, não dispensarei esse tempo.

Vislumbro uma situação constrangedora. Não sairemos de mesa em mesa nem de bancada em bancada, solicitando assinaturas para o requerimento de instauração de uma CPI para investigar o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Pergunto por que um Parlamentar do PT se negaria a assiná-lo, depois de ter passado todo o segundo mandato do Presidente Fernando Henrique Cardoso pedindo seu impeachment devido a irregularidades supostamente ocorridas nas privatizações?

Por outro lado, é coerente esse Parlamentar recusar-se a assinar o requerimento referente a uma CPI para investigar o Presidente Lula sobre o caso escandaloso e escabroso de alguém que estava instalado no quarto andar do Palácio do Planalto, lá colocado pelo Ministro José Dirceu? Quem sapateasse naquele local e empreendesse uma dança de salão mais animada perturbaria o trabalho do Presidente Lula, pois parece-me que a sala daquela pessoa ficava sobre a sala da Presidência. Se lá houvesse um buraco, cair-se-ia na cabeça do Presidente Lula. Não se pretende investigar esse caso mesmo depois de se constatar que houve, antes, durante e depois do Governo Lula, conversas escusas com figuras ligadas à contravenção e à corrupção?

Estamos aguardando. Não gostaria que a CPI fosse apenas requerida pela Oposição, a fim de não constranger o Governo. Espero que haja duas CPIs do Senado, para analisarmos o que houve ou não de podre nas privatizações e nos contatos palacianos e extrapalacianos do Sr. Waldomiro Diniz* e daquela teia de crimes que o cercava.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/03/2005 - Página 4324