O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE. Pela Liderança do PFL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na realidade, minha intenção hoje era de fazer um pequeno pronunciamento sobre a gestão da Petrobras no ano passado e os resultados obtidos. No entanto, Sr. Presidente, hoje de manhã, quando li o jornal, e a partir mesmo das informações da internet desde ontem, verificamos que aconteceram tantas coisas que tínhamos de falar aqui. Por isso, resolvi adiar para amanhã o pronunciamento da Petrobras, discorrendo hoje sobre alguns temas que estão nos jornais do dia.

Em primeiro lugar, acho que o mais grave foi exatamente a frase com que o Presidente Lula comemorou o Dia Internacional da Mulher:

Vocês [no caso, as mulheres] já são maioria na população brasileira, já são 52%, vocês têm cargo de vereadora, de prefeita, de governadora... Espero que vocês não sejam desaforadas e não comecem a pensar logo na Presidência da República. Espero que vocês vão devagar com essa pressa de poder.

Os erros de concordância são do Presidente. Não são meus.

Bom, Sr. Presidente, na realidade, isso não é uma homenagem às mulheres. Trata-se de puro preconceito o Presidente acreditar que uma mulher não possa chegar à Presidência da República. Temos aqui um grupo de Senadoras e, certamente, entre elas, algumas podem chegar à Presidência da República - já fazem por merecer e têm carreira para isso. Algumas, tenho certeza, se sairiam melhor do que o próprio Presidente Lula.

Em segundo lugar, Sr. Presidente, tivemos a frase do Ministro da Saúde, Humberto Costa. Todos acompanhamos, durante toda a semana passada e o começo desta semana, o noticiário da imprensa falando da morte de crianças indígenas em Dourados, Mato Grosso do Sul. Todas as crianças estavam morrendo com um quadro de desnutrição grave - dezenas delas estão morrendo. O Ministro Humberto Costa, responsável pelo Ministério da Saúde, disse que “as mortes de crianças indígenas em Dourados estão dentro dos números normalmente registrados”. Ora, quer dizer que só por que estavam morrendo antes, podem morrer agora?

Senador Alberto Silva, se morriam 30 crianças de desnutrição por mês e agora estão morrendo 30, o Ministro está feliz, porque não há aumento no número de mortes. Isso é um absurdo! Passa de qualquer limite de bom senso a forma de o Governo atender essas pessoas.

Houve outra questão, Sr. Presidente, que vimos na semana passada. Morreu um segurado do INSS, no Rio de Janeiro, depois de 12 horas na fila. Ele ia exatamente requerer aposentadoria. Esperou 12 horas na fila e morreu. A diretoria do INSS não disse que iria tomar providências para minimizar as filas e acabar com o sofrimento dessas pessoas do INSS. Disse simplesmente que o que existe é a cultura da fila. Quer dizer, disse que a pessoa vai para a fila porque gosta. Ora, não existe ninguém que goste de ir para a fila!

Em segundo lugar, disse que a agência abre às 8 horas e ele, Severino - até um nome muito em voga atualmente -, foi atendido às 11 horas. Ele só esperou três horas na fila - a assessora do INSS achou pouco. Disse que ele não precisava ter chegado às 23 horas do dia anterior.

Na verdade, ele morreu por culpa dele. É isso que ela quer provar. Não morreu porque no INSS havia uma fila enorme.

Para encerrar, Sr. Presidente, temos a questão dos ministérios, o que já está passando de todos os limites. V. Exª, inclusive, tem tido uma paciência enorme, porque isso vem desde a eleição, passou pelo carnaval, passou pelo Natal, foi passando por todos esses momentos. Agora, verificamos que cada vez está demorando mais. Dizem que será depois da Semana Santa, e assim vai.

Li, hoje no jornal, uma declaração muito interessante do Deputado José Janene, Líder do PP. Foi dito que o Ministério do Trabalho seria designado a um membro do PP. S. Exª, então, respondeu da seguinte maneira:

Não dá para aceitar o Ministério do Trabalho com essa reforma sindical pela frente. Não vamos querer um problema. Só não dá para ficar disputando espaço com petistas em todos os escalões.

Então, Sr. Presidente, resolvi falar sobre isso em razão da grande concentração de erros cometidos pelo Governo num único dia. Refiro-me apenas ao noticiário de hoje, porque, se pegássemos da semana toda, não seria possível falar sobre tudo dentro do meu tempo.

Creio que está na hora de o Presidente aproveitar essa reforma ministerial para efetivamente montar um ministério que possa enfrentar os problemas do País, para que não passe pelo constrangimento que está passando agora, de ter ministros dizendo absurdos.

Para nós, lá de Pernambuco, é bom que o Ministro Humberto Costa continue. S. Exª é pernambucano, mas é muito difícil defendê-lo.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - O Senador Tião Viana é testemunha de que entendo favorável a permanência do Ministro Humberto Costa, mas todo dia ele comete um absurdo e já está como ministro há mais de dois anos.

Sr. Presidente, é o que gostaria de registrar no momento.