Discurso durante a 24ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Crítica ao governo do Presidente Lula.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Crítica ao governo do Presidente Lula.
Aparteantes
Valdir Raupp.
Publicação
Publicação no DSF de 22/03/2005 - Página 5567
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CONTINUAÇÃO, MODELO POLITICO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), EXCESSO, TRIBUTOS, AUMENTO, JUROS.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Papaléo Paes; Srªs e Srs. Senadores, brasileiros e brasileiras presentes e que, no Brasil, nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado Federal.

Senador Marco Maciel, V. Exª, aqui presente, é um teórico e prático da vida democrática.

Senador Papaléo Paes, V. Exª foi atraído para o PMDB, e eu fui um dos que participaram desse convite para recuperar a grandeza de um Ulysses Guimarães, de um Teotônio Vilela e de um Juscelino Kubitschek. Então, fomos buscá-lo.

Mas entendo a gravidade do momento político, Senador Marco Maciel. O País não vai bem; vai mal. Nunca dantes esteve tão ruim. Uma mídia paga pelo Governo expressa essa imagem, que não é real.

Senadora Heloísa Helena, brava, atentai bem, escutai: aquele “desaforada” era para V. Exª - está no subconsciente do Presidente. V. Exª pertence ao P-Sol e será candidata a Presidente. Sou médico, entendo de Psicologia e acho que a “desaforada” era V. Exª. Mas eu quero lhe dizer que V. Exª é maior do que o sol, porque ilumina as mulheres e homens deste País com a sua coragem dia e noite. O sol só ilumina de dia.

Está aí o Senador Papaléo Paes, que, quis Deus, é médico cardiologista. Agora, de Psicologia e de Psicanálise, sei mais. Senador Papaléo Paes, Senador Marco Maciel, há aí um caso de Neurolingüística, filha da Psicologia, que explica o comportamento do nosso Presidente da República. A Senadora Heloísa Helena está atenta, porque lê Padre Antônio Vieira. Padre Antônio Vieira, Senador Marco Maciel, diz que o homem muda quando sobe e quando desce. Não é, Heloísa? Muito mais quando sobe. Foi o que aconteceu com o Presidente: subiu, mudou. E, nesse avião, aí é que muda mesmo, porque é muita altura! Isso é o Padre Antônio.

Mas ficou caracterizado e diagnosticado por mim aqui, o Mão Santa, médico, um caso de Neurolingüística, que fala em modelagem. Você escolhe um modelo. Quer ser cantor? Roberto Carlos; jogador? Ronaldinho; cardiologista? Tranchesi e Senador Papaléo Paes; Líder mulher? Senadora Heloísa Helena. Cada um escolhe o seu modelo. E o Lula escolheu o modelo dele! Escolheu Fernando Henrique Cardoso. É um modelo. Escolheu, é opção, decisão, Senador Valdir Raupp. Modelo! Daí seguiu o modelo econômico. Trocou tudo o que dizia para servir aos banqueiros, e não ao trabalho e ao trabalhador. O modelo dele é o Fernando Henrique Cardoso.

E agora, o problema da saúde. Está no subconsciente - a Psicologia e a Neurolingüística explicam: o modelo grita mais. Fernando Henrique colocou um alheio à Ciência da Saúde, um economista. Está na mente. O modelo dele é Fernando Henrique; então, está escolhendo um alheio à Ciência da Saúde, não é verdade?

Senador Marco Maciel, represento o PMDB aqui. Não tem negócio de Líder aqui não! Eu aqui. Eu estou aqui porque sou Líder, fui eleito pelo PMDB. História longa. Longa e sinuosa a nossa estrada até aqui, Senador Papaléo. Crença em Deus, no amor do povo, Senadora Heloísa Helena, no estudo e no trabalho. Isso é o que nos traz até aqui.

A democracia tem que ter partido forte. Como o PT quer destruir o MDB? O MDB de Ulysses, encantado no fundo do mar, de Juscelino, aqui cassado, de Teotônio? É um partido forte, histórico. E ninguém, melhor do que eu, sei disso, Marco Maciel, que fui Prefeitinho e Governador, pela crença do povo do PMDB.

Como eu fui governador, Geraldo Mesquita? Onde o direito é a verdade.

Geraldo Mesquita, Marco Maciel, V. Exªs sabem que eu me candidatei no Piauí na época em que o PMDB tinha 3 prefeitos, contra 142, e ganhamos as eleições. Por quê? Porque o PMDB teve um candidato a Presidente da República, um líder, que enfrentou o bom combate, percorreu o seu caminho e pregou a sua fé, como o apóstolo: Quércia. Eu votei no Quércia; Quércia e Íris.

Eu, médico de Santa Casa, trabalhei para os pobres, trabalhei muito. Não foi pouco, como o Lula. Sei que ele se aposentou, que foi por acidente, trabalhou pouquinho. Eu trabalhei muito como médico de Santa Casa.

Então, Quércia participou. A D. Íris, quando era Senadora, disse: Mão Santa, o comício mais bonito da nossa campanha foi na sua Parnaíba.

Ele não teve êxito. Eu fui para o segundo turno. Ele me ajudou no primeiro turno, na campanha, nos grandes comícios. E, no segundo, Papaléo, ele deixou a estrutura, aquela que é necessária, o comitê, o material para fazer os programas, os técnicos. E estamos aqui.

E, Papaléo, há os que estão enganando o PMDB, que estão traindo o PMDB, que não é para se vender, para se negociar, para se trocar. O PMDB é um patrimônio da democracia. Só há democracia com partidos fortes. Nós somos o Partido mais forte, o que tem mais número, mesmo no Senado. Talvez eu não represente a quantidade, mas a qualidade, liderada por Pedro Simon.

É isso! O PMDB elegeu naquela época - e ali está o Raupp, também favorecido pela coragem de Quércia, pela liderança - nove governadores! Então, se não tivermos candidato, vai desaparecer o Partido, um Partido forte. Estão assassinando a democracia. Ó Lula, aprenda! Ó Lula, diz o Diogo Mainardi que há dois anos, dois meses e vinte e um dias, ele escreve para o seu Palácio perguntando qual o livro que Vossa Excelência lê. Senador Papaléo, nunca responderam. Mas jornal é fácil. Que leia pelo menos isto: “PT enganou todo mundo”, de Fábio Konder Comparato. Comparo esse Fábio Konder Comparato, que foi da OAB, do PTB, ao nosso Geraldo Mesquita: um homem probo, de verdade. “PT enganou todo mundo”.

Nós queremos participar do processo democrático. Queremos um candidato à Presidência da República para ser uma opção. Aqui o Brasil tem o modelo Fernando Henrique e a neurolingüística diz que ele escolheu a modelagem de Fernando Henrique. Então, temos o Fernando Henrique, tucano. Passou. E temos o Lula, que escolheu Fernando Henrique como modelo. Nós queremos uma opção nossa: de Getúlio, de Juscelino, de João Goulart, trabalhista com desenvolvimento. É isso! E temos nome.

Ouço este extraordinário Líder do PMDB, Senador Valdir Raupp, que tão bem governou seu Estado.

O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - Nobre Senador Mão Santa, interrompo o seu pronunciamento, mas serei breve. Quero apenas dizer que a expectativa do PMDB, que continua a ser o maior Partido do Brasil, é de eleger entre 12 e 17 governadores na próxima eleição, em 2006. V. Exª, com certeza, estará entre esses governadores que elegeremos nas próximas eleições. O PMDB ficará, eu não tenho nenhuma dúvida, com a maior Bancada no Senado, na Câmara dos Deputados e a maior Bancada de governadores deste País. Parabéns pelo seu pronunciamento.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Sim. Mas, antes, este PMDB, para ser acreditado, tem de ter a cabeça. Nós fomos governadores porque tivemos candidato: Quércia! Ele fez esse sacrifício, e fomos eleitos nove governadores. Temos de defender candidatura própria e a das desaforadas, como Heloísa Helena e todas as mulheres. A mulher é bem-vinda. A ignorância é audaciosa. Geraldo Mesquita, que sabe das coisas, pois estuda muito, quando, na Grécia, estudamos os filósofos que tanto gostamos, Hipócrates, Sócrates, Aristótoles, Platão, Sófocles... Heloísa Helena, em Roma, a maioria dos homens eram homossexuais. Sabe por quê? Porque as desaforadas eram tidas como escravas. Não participavam, Geraldo Mesquita, dos estudos, das pesquisas, das teorias e dos debates. Eram apenas os homens... E já existia o vinho... Parreira é velha, não é? Vinho é coisa velha e vinho embebeda, na antiguidade e agora, não é Papaléo? Não tinha cachaça, Lula; mas vinho é velho. Então, Senador Crivella, vinho não é velho? A parreira não está no Éden? Não é? In vino virtus, in vino veritas. Aí, eles se embebedavam pelas noites. Então, eu quero as desaforadas aqui e em todas as posições. Assim, nós nos tornamos mais fortes, mais másculos, mais homens nos braços das nossas companheiras, carinhosas, das nossas adalgizinhas. Então, esta é a verdade: nós queremos! E no PMDB ainda não apareceu alguém em potencial. Mas há muitos homens de valor. Está aí esse Garotinho, está aí o nosso Righotto, está aí o Requião, o extraordinário Governador Roriz, o de Pernambuco, Jarbas. Há muitos Senadores. Todos! Mas eu creio que, se o PMDB não ganhar desse PT, ganhará de quem? Nós temos de concorrer, disputar. É esse nosso entendimento. “PT enganou todo mundo”. Marco Maciel, eu votei, eu acreditei, eu desejei. Senador Siqueira Campos, eu sonhei, mas o sonho está um pesadelo.

Senador Marco Maciel, um quadro vale por dez mil palavras. Não é assim, Crivella? Um quadro vale por dez mil palavras. Em verdade, em verdade, eu vos digo, eu vi um Deputado Estadual do Piauí e que foi Senador, João Lobo, dizer que temos dois Brasis, o do Sul e o do Norte/Nordeste. No Sul, ganham o dobro do que ganham no Nordeste. E no Nordeste, Marco Maciel, há dois nordestes. Dizia o ex-Senador João Lobo, em 1980, que também há, na região Nordeste, dois Nordestes: Pernambuco e Bahia, o Nordeste rico; Piauí, Maranhão e Paraíba, o Nordeste pobre. Lá ganha-se a metade. A diferença entre o Sul e o Nordeste (Piauí e Maranhão) era de quatro vezes. Juscelino criou a Sudene, com Celso Furtado, para diminuir essa desigualdade. Está na Constituição. E o IBGE, Senador Papaléo Paes. Presidente Lula, areje o seu núcleo. Os dados. A diferença entre a renda per capita de Brasília, esta ilha da fantasia, e o Maranhão, que é a menor renda, é de quase 9 vezes, é de 8,6 vezes. Quer dizer, dobrou. A desgraça disso todos nós sabemos. Este é o País da mais alta carga tributária. Tributo. PT, Partido do Tributo. Está aqui, mas não dá tempo para ler, mas dá tempo de contar. Quantos tributos foram aumentados, Senador Marco Maciel? Atentai bem, escutai, desligai o telefone! Vou contar os números de quantas vezes impostos foram aumentados: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16. Dezesseis! O Governo do PT! E vêm aí as Medidas Provisórias 232, 233, tudo aumentando impostos.

Vou apresentar um quadro, Raupp. Este País está podre. É a mídia. É o Goebbels daqui, o Duda Mendonça, Goebbels Duda Mendonça. Goebbels era o propagandista do Hitler. O Hitler invadia uma cidade, tinha dois mil soldados, o Goebbels dizia: lá vai Hitler com 20 mil. Todo mundo tinha medo. É o Duda.

Eu mostraria só um quadro. Eu governava o Piauí, Marco Maciel, e havia aviões da Transbrasil, Vasp, Varig, e a TAM, que eu levei, Siqueira Campos. Não foi nem motivo de festa, porque tinha tanto; agora só há uma companhia, faliu tudinho. Se as poderosas estão falindo, porque não podem pagar esses impostos... Atentai bem, meus jovens, seus pais e mães, de 12 meses que trabalham, de um ano que trabalham, cinco meses do seu trabalho são para o Governo. E o Lula aumentou 16 impostos, está aqui. E está mandando mais dois. É uma solução fácil.

E os juros? Os juros são os mais altos do mundo. Os juros, aquilo que se paga no banco.

Rui Barbosa: “só tem um caminho, é primazia do trabalho e do trabalhador. O trabalho e o trabalhador é que fazem a riqueza...”

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Na sua generosidade esse tempo desconta, como futebol.

Assim, o Lula reverencia os banqueiros. Getúlio falava: “Trabalhadores do Brasil...”, aí dava uma mensagem, os benefícios, o salário mínimo. Lula, atentai bem, 1º de maio, Sua Excelência pode se perder, e o compromisso que está na sua mente, a servidão, e ele vai falar no 1º de maio, o Dia do Trabalhador: “Banqueiros do mundo, tranqüilizai-vos. Eu garanto os vossos lucros com o sacrifício do povo trabalhador do Brasil”.

Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/03/2005 - Página 5567