Discurso durante a 42ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solicita providências urgentes ao Itamaraty e ao Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sr. Luiz Fernando Furlan, para que seja revertida decisão do governo dos Estados Unidos de taxar madeira compensada do Brasil. (como Líder)

Autor
Osmar Dias (PDT - Partido Democrático Trabalhista/PR)
Nome completo: Osmar Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMERCIO EXTERIOR.:
  • Solicita providências urgentes ao Itamaraty e ao Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sr. Luiz Fernando Furlan, para que seja revertida decisão do governo dos Estados Unidos de taxar madeira compensada do Brasil. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 20/04/2005 - Página 9749
Assunto
Outros > COMERCIO EXTERIOR.
Indexação
  • COMENTARIO, CONTRADIÇÃO, OPINIÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), CRESCIMENTO ECONOMICO, BRASIL.
  • REGISTRO, DECISÃO, GOVERNO ESTRANGEIRO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), CRIAÇÃO, TAXAS, IMPORTAÇÃO, MADEIRA, BRASIL.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, SETOR, INDUSTRIA, MADEIRA, ESTADO DO PARANA (PR), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), DESENVOLVIMENTO REGIONAL, SOLICITAÇÃO, URGENCIA, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL, REVERSÃO, DECISÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), INCIDENCIA, TAXAS, PRODUTO NACIONAL, BENEFICIO, EXPORTAÇÃO.

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem, em Nova Iorque, os Ministros da Fazenda, Antônio Palocci, e o da Agricultura, Roberto Rodrigues, discursaram - inclusive, um dos cinco discursos de abertura proferidos por Ministros brasileiros foi o do Ministro Roberto Rodrigues. Naquele momento, deu para notar a diferença existente entre o que pensa o Ministro da Agricultura e o que pensa o Ministro da Fazenda, ambos de um mesmo Governo, o do Presidente Lula.

O Ministro da Fazenda disse que o Brasil garantirá um crescimento sustentável da economia não por dez anos apenas, mas por vinte. Entretanto, Sr. Presidente, crescimento sustentado significa que não teremos mais turbulências na economia daqui para a frente; que ela crescerá para atender especialmente as demandas sociais. Isso o que disse o Ministro da Fazenda.

Por outro lado, o Ministro da Agricultura foi mais realista no meu entendimento. A situação que vivemos hoje não prenuncia esse crescimento sustentado pelo Ministro Palocci.

Trago uma carta que recebi hoje em meu gabinete, que prova que o Ministro da Agricultura está certo, porque são esses episódios, esses fatos que impedem o crescimento da economia brasileira de forma sustentada.

Recebi esta carta de Luiz Carlos Reis de Toledo Barros, Conselheiro Vice-Presidente de Desenvolvimento de Mercado de um setor importantíssimo, que é o de exportação de compensado brasileiro para os Estados Unidos. Ele denuncia uma medida adotada pelo governo americano de taxar em 8% o compensado brasileiro que é exportado pelo Brasil para os Estados Unidos, o que significa uma barreira alfandegária que vai impedir que o País exporte, em 2005, a meta projetada de US$500 milhões, porque, com esse índice estabelecido - a uma taxa de importação de 8% - será impossível o cumprimento dessa meta. O setor de madeiras, que em alguns Estados significa o segundo ou o terceiro setor de exportação, já está prevendo um caos econômico, financeiro e social, por se tratar de um setor que emprega muita mão-de-obra.

No meu Estado do Paraná e no Estado de Santa Catarina, a exportação de compensado, principalmente para os Estados Unidos e para a Europa, compõe uma receita importante, que se traduz em empregos para a população trabalhadora daqueles dois Estados. Se tivermos essa taxação, que será imposta a partir do dia 1º de julho de 2005, haverá redução de 50% do total das exportações brasileiras de compensados fenólicos, segundo o Vice-Presidente de Desenvolvimento de Mercado desse segmento.

Estou aqui para solicitar que o Governo brasileiro, por intermédio do Ministro Furlan, que reclamou que, em sua viagem a África, apenas conversou com autoridades daquele continente, sem obter nenhum resultado prático, possa, desta vez, tomar providências junto aos diplomatas americanos e junto à Organização Mundial do Comércio. Se os Estados Unidos pretendem impor uma taxa a cada produto brasileiro que pretendemos exportar para aquele País, devemos começar a agir da mesma forma, porque há, sem nenhuma dúvida, um mercado crescente dos Estados Unidos para o Brasil, em função da grande abertura econômica que se estabeleceu nos últimos anos. E, se esse mercado crescente ocorre graças a tarifas que são implementadas pelo Brasil, muito generosas com aqueles que colocam seus produtos aqui dentro, é preciso que o Governo brasileiro comece a agir de forma diferenciada.

Se os Estados Unidos estão impondo uma taxa de 8% para o compensado brasileiro, é preciso que o Brasil comece a taxar, por exemplo, o trigo americano que entra em nosso mercado e que concorre, de forma desigual, com o trigo produzido pelos produtores nacionais, o que tem levado, inclusive, à paralisação completa do mercado de trigo em nosso País. Parece que o Governo brasileiro assiste a tudo de forma passiva, sem tomar providências. O governo americano taxa os nossos produtos, como o aço, o suco de laranja e, agora, o compensado, e o Governo brasileiro não tem coragem nem disposição para taxar um produto americano sequer.

O discurso proferido pelo Ministro Palocci começa a encontrar barreiras em medidas impostas pelos países com os quais temos relações comerciais, como os Estados Unidos e países da União Européia. Se não agirmos da mesma forma, mostrando que o Brasil também pode determinar regras no mercado internacional - já que temos uma grande participação nele -, poderemos ficar fora do mercado.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR) - Sr. Presidente, basta lembrar que, com o câmbio que estamos exportando hoje, o Brasil começa a perder competitividade no setor de carnes, que, no ano passado, foi decisivo para colocar US$6 bilhões na balança comercial. Quando se fala em US$6 bilhões, é preciso que se considere a geração de mais 60 mil empregos, já que, a cada milhão importado, aumenta o número de empregos gerados.

Se quisermos continuar, Sr. Presidente, crescendo na balança comercial, fazendo com que a economia realmente tenha superávit na balança comercial - um fator fundamental para o crescimento sustentado -, é preciso que o Governo não tenha timidez e tenha mais coragem para exigir que os Estados Unidos respeitem o nosso mercado, como estamos respeitando o deles.

(Interrupção do som.)

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR) - Ou teremos também de adotar medidas alfandegárias e sanitárias. Recentemente, os Estados Unidos foram acusados de esconder casos de vaca-louca em seu rebanho. Se tivéssemos a declaração da existência desses casos, seguramente o Brasil teria conquistado mais mercados, pois não tivemos, nem escondemos, nenhum caso. Com a revelação desses casos nos Estados Unidos, poderíamos ter conquistado mais mercados. É preciso mais ousadia do Governo, se quisermos continuar crescendo de forma sustentada e se quisermos manter os espaços duramente conquistados, até agora, no mercado externo.

Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/04/2005 - Página 9749