Discurso durante a 46ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Rebate acusação de usar aeronaves da Força Aérea Brasileira - FAB durante o governo Fernando Henrique Cardoso.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXECUTIVO, REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Rebate acusação de usar aeronaves da Força Aérea Brasileira - FAB durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
Publicação
Publicação no DSF de 27/04/2005 - Página 10216
Assunto
Outros > EXECUTIVO, REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES, AUTORIA, DEPUTADO FEDERAL, SOLICITAÇÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, ESCLARECIMENTOS, UTILIZAÇÃO, ORADOR, AERONAVE, FORÇA AEREA BRASILEIRA (FAB), PERIODO, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES, AUTORIA, ORADOR, ENDEREÇAMENTO, MINISTERIO DA DEFESA, SOLICITAÇÃO, ESCLARECIMENTOS, DADOS, UTILIZAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, AERONAVE, FORÇA AEREA BRASILEIRA (FAB), GOVERNO, ATUALIDADE.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, JOSE DIRCEU, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, TENTATIVA, OBSTACULO, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, RELAÇÃO, EX SERVIDOR, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, HOMICIDIO, MUNICIPIO, SANTO ANDRE (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DENUNCIA, FINANCIAMENTO, GUERRILHA, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA, CAMPANHA ELEITORAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, cumprindo um dever legítimo, no exercício do seu mandato parlamentar, o Deputado paulista Zarattini apresentou à Câmara dos Deputados Requerimento de Informações indagando do uso de aeronaves da Força Aérea Brasileira por mim, quando Ministro Chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Senador Tasso Jereissati. Eu, pedindo às autoridades competentes, que satisfaçam o Deputado de uma maneira bem rápida, bem prestativa, aproveitei a mesma redação e encaminhei à Mesa 35 Requerimentos, Sr. Presidente, destinados ao Ministro da Defesa, solicitando informações sobre as viagens de outros 35 Ministros do atual Governo, realizadas entre 2 de janeiro de 2003 e 26 de abril de 2005, nas quais tenham sido usadas aeronaves da FAB, com as seguintes perguntas:

Que seja fornecida pelo Comando da Aeronáutica a relação pormenorizada do uso de aeronaves da Força Aérea Brasileira pelos Srs. Ministros de Estado desde a sua posse em 2 de janeiro de 2003 até a data 26/04/05;

Que desta relação devem constar não só as datas em que foram usadas as aeronaves da FAB, mas também os trechos de cada vôo, horários e a motivação de cada viagem.

Que seja feita a avaliação do custo em reais de todas as viagens realizadas pelo Ministro no período de 2 de janeiro de 2003 a 26 de abril de 2005.

Sr. Presidente, são cerca de 80 requerimentos. Na verdade, tenho pelo Deputado Zarattini - pedi que ele ficasse aqui presente e S. Exª tem uma tribuna para falar na Câmara - carinho e respeito. Eu diria que o Deputado Zarattini é o verdadeiro José Dirceu, porque ele sim foi torturado, passou por percalços graves nos porões da ditadura brasileira, enquanto o outro fazia charme com alguma cubana desavisada, fingindo que estava se preparando para a guerrilha, sem jamais ter trocado tiro com ninguém. Essa é a verdade a separar o ilustre e prezado Deputado Zarattini do não tão ilustre e hoje em nada prezado por mim Ministro José Dirceu.

Mas o Deputado Zarattini, numa situação delicada, é o sexto suplente. Portanto, acho até covarde se pedir isso a um companheiro que pode a qualquer momento deixar esta Casa. Acho até covarde;muito mais ainda sabendo que S. Exª gosta de mim, sabendo que S. Exª me aprecia, como tenho certeza que ele sabe que eu o aprecio.

Muito bem, eu não vou discutir o Deputado Zarattini, vou dizer apenas que o Sr. José Dirceu, para mim, vira gente outra vez, ele vira gente de novo, se ele me explicar as suas relações com Waldomiro Diniz, que estão inexplicáveis até hoje, Senador Tasso Jereissati; se ele não entravar mais, não colocar mais entraves, nas apurações que temos pretendido tantas vezes - e tantas vezes temos sido barrados na pretensão de pôr a Comissão Parlamentar de Inquérito em funcionamento, o caso brutal de Santo André, com seis assassinados. Os assassinados em Santo André, Sr. Presidente, são: Dionízio Aquino Severo, Sérgio “Orelha”, Antonio Palácio de Oliveira, Paulo Henrique da R. Brito, Otávio Mercier, Iran Moraes Redua e mais o Prefeito, que foi meu colega de Câmara, o Prefeito Celso Daniel.

O Ministro José Dirceu tem que explicar as relações financeiras do PT com as Farcs na campanha eleitoral de 2002, quando ele presidia essa agremiação partidária. Ele tem que explicar. E sobretudo porque a coisa entra pelo terreno pessoal. Ou seja, eu percebo, Senador Pedro Simon, a cada momento, a tentativa de intimidar quem aqui incomoda o Governo. Então, eu gostaria de saber das razões de termos hoje a Srª Miriam Belchior, viúva do Sr. Celso Daniel, trabalhando como subchefe de Articulações e Monitoramento na mesma Casa Civil do Ministro José Dirceu, que não quer, de jeito algum, ver investigado o caso Santo André.

Portanto, eu gostaria de dizer ao Sr. Ministro José Dirceu que eu já lhe conheço a hipocrisia de outros carnavais. S. Exª está processando o irmão do ex-Prefeito Celso Daniel por calúnia e danos morais, quando, na verdade, quem ele teria, Senadora Heloísa Helena, de processar, em vez do irmão de Celso Daniel, seria Gilberto Carvalho. Foi Gilberto Carvalho, secretário particular do Presidente Lula, quem foi acusado pelo irmão de Celso Daniel de ter recebido o dinheiro para levar a José Dirceu. Ele, em nenhum momento, disse que deu dinheiro a José Dirceu. Logo, é uma fraude. José Dirceu finge que processa alguém que não o acusou e o verdadeiro acusado não processa ninguém. Então, não tem valor nenhum, não explica nada. Isso aqui é uma pantomima a mais na vida de um homem que foi muito bem definido pela cantora Rita Lee, que disse que hoje não o reconhece. Eu também hoje o acho monstruoso. Mas ela diz assim: “Lula” - ela está enganada, coitada! Ela diz: “Lula, gente, continua fofinho, mas o bando que o cerca” - quem usa ‘bando’ é a Rita Lee - “O Zé Dirceu, que decepção! Lá, ia em comício comigo, dava um “tapinha”, usava cabelo comprido e olha o que virou!”

Tapinha?! O que é tapinha? Tapinha é droga? O que é tapinha? Tapinha, que eu soubesse, era uma linguagem do baixo mundo da criminalidade. Mas eu ainda prefiro esse Zé Dirceu descrito pela Rita Lee, aquele que dava um tapinha e que fingia que queria um mundo melhor, a esse José Dirceu de hoje, que não tem coragem de enfrentar os seus adversários e que imagina - coitado! - que vai silenciar quem tem o dever de fazer oposição, tem o direito de fazer oposição e que já demonstrou sobejas vezes algo que agora eu repito com o Ministro José Dirceu. E vou falar com toda intimidade. Eu digo: Ô, Zé, será que você ainda não se mancou, Zé? Você acha que vai me intimidar de alguma forma, Zé? Ou será que você vai aprender, apanhando aqui feito boi ladrão? O tempo inteiro apanhando, porque, quanto mais você vier com essa mesquinharia e com essa covardia que te marca, mais eu virei aqui com a coragem redobrada, com a ousadia triplicada e com a certeza de que só com ousadia e com coragem é que eu cumprirei o meu dever de não deixar silenciarem a Oposição brasileira.

Venha, Zé. Não use mais ninguém. Venha de frente, Zé. Aprenda a ter coragem. Não aprendeu a fazer guerrilha em Cuba? Venha me enfrentar com coragem e do jeito que achar melhor, Zé. Estou preparado. Com tapinha ou sem tapinha - o tapinha fica por sua conta, Zé -, conforme disse a roqueira Rita Lee, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/04/2005 - Página 10216