Discurso durante a 51ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre ações do governo Lula.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre ações do governo Lula.
Publicação
Publicação no DSF de 29/04/2005 - Página 12730
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, EDITORIAL, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CRITICA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • COMENTARIO, PRONUNCIAMENTO, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, ACUSAÇÃO, AUTORITARISMO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • CRITICA, PUBLICIDADE, GOVERNO FEDERAL, COMPARAÇÃO, MODELO, NAZISMO, ACUSAÇÃO, AUTORITARISMO.
  • CRITICA, CAMPANHA, GOVERNO FEDERAL, DIVULGAÇÃO, TECNOLOGIA, UTILIZAÇÃO, Biodiesel.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, UTILIZAÇÃO, MARCA, PRODUTO, EXPORTAÇÃO, SEMELHANÇA, COR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, começo com duas frases. Uma e outra retratam o Brasil de hoje. Ambas verdadeiras. Ambas merecedoras da atenção deste Plenário.

A primeira, do editorial de hoje do jornal O Estado de S. Paulo e diz: “Eis o melancólico retrato de uma administração cujo titular se acha no direito de passar um sabão no povo com acabrunhantes asneiras produzidas pelo narcisístico deleite com o som da própria voz, combinado com o precário domínio da maioria dos assuntos sobre os quais argumenta com desenvolta "quase-lógica" - como já rotularam os seus claudicantes pensamentos”.

A segunda do ilustre Presidente da Câmara, Deputado Severino Cavalcanti: o governo está provocando um 'virtual fechamento' do Congresso. O perigo de um retrocesso existe.

Sobre esse perigo, de um passo a ré na democracia brasileira, basta olhar para o cenário que passou a cercar os périplos políticos de Lula, Brasil adentro, como os de ontem ao Pará, com seus passos seguidos freneticamente por câmeras da Presidência, pagas com o dinheiro do povo, e por um observador atento, o propaganteur Duda Mendonça, também pago com o dinheiro dos brasileiros.

O cenário de ontem, em terras paraenses, lembra os costumes de Heinrich Himmler, sob Goering, que, em 1934, se transformou no cabeça das polícias nazistas e do Gestapo prussian.

Lembra também Goebbels, o ministro da propaganda de Hitler. Ele entendia que o uso maciço do rádio e de eventos ao ar livre, pagos - lá como aqui - com dinheiro público, era suficiente para contaminar o povo alemão com a ideologia nazista. Não é à-toa que se atribui a Goebbels a afirmação de que "qualquer mentira repetida a exaustão acaba por se tornar uma verdade".

Retrocessos começam assim. Primeiro, aparece um inconseqüente, diz asneiras a seu bel prazer e pensa que o povo o acha engraçado. O que o povo quer achar em Lula, e não encontra, é um governante que governa.

Não me preocupo propriamente com a contaminação que chulices, hoje do agrado do Presidente, possam provocar. Preocupa-me, como ao povo brasileiro, a inação de um Governo sem programa.

Parvoíces infelizmente pululam em certas encenações que conspurcam e agridem o circo ou os programas de auditório, da mesma forma como os destemperos verbais do Presidente envilecem o povo do Brasil. Não são manifestações normais. Refogem da normalidade. Algo do tipo extra-pauta. A pauta da grosseria e do contra-senso.

Que fique apenas para os roedores o auto-comprazimento com pretensos versos de apelo popular, na verdade, pura parvoiçada.

Não me preocupo com chulices. Elas podem até coexistir. Mas a enérgica e pronta reação do povo mostra que o povo pede mais nível ao chefe de Estado.

Que não se faça pouco do povo nem se lhe subestime a capacidade de discernir à altura na hora de separar o joio do trigo, não deixando que a coisa daninha siga corrompendo as boas. Estamos na hora zero do basta!

Por isso, comecei este pronunciamento com a análise de um respeitável jornal brasileiro a propósito das batatadas proferidas pelo presidente Lula nas centenas de improvisos ao longo de seus 849 dias no Planalto. O inteiro teor do editorial de O Estado de S. Paulo de hoje está anexado a este pronunciamento, para que conste dos Anais do Senado da República. Assim, o historiador do amanhã terá elementos para aferir o Brasil de um tempo em que alguns o imaginavam propriedade particular do PT.

Na falta de um programa, o Governo do Presidente Lula adota métodos do Estado Novo que vigorou no Brasil dos anos 30/40, inspira-se nas técnicas de Goelbbs e, com propaganda maciça, tenta proclamar que faz o que não faz: governar.

Com a propaganda na cabeça e o dinheiro do povo no bolso, contam os jornais de hoje, Duda começou a orientar as filmagens do Presidente na rota do Biodiesel.

Mais uma vez, o Governo Lula se coloca como reinventor da roda e proclama duas inverdades, pensando que o povo brasileiro é um grande tolinho.

1a. inverdade - O Biodiesel não foi inventado no Governo Lula. A roda, sim. O Biodiesel vem de Governos anteriores. Nem é de Fernando Henrique Cardoso. A diferença é que Fernando Henrique Cardoso deu meios à continuidade das pesquisas sobre essa alternativa energética.

Se os petistas tivessem a cabeça no lugar certo, haveria de se lembrar que, durante o Governo Fernando Henrique, ônibus experimentais rodavam com Biodiesel em Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte e aqui em Brasília.

No Governo Fernando Henrique tiveram curso as pesquisas sobre o biodiesel, uma área que, aqui neste Plenário, tem um profundo conhecedor, o Senador Alberto Silva.

No Governo Fernando Henrique, o Biodiesel foi tratado com seriedade e apreço às pesquisas, que agora, graças a esse esforço anterior, podem começar a dar os primeiros frutos.

No Governo Fernando Henrique, o Biodiesel não foi expropriado para fins de propaganda político-eleitoral.

Pode-se até compreender que, agora, o Governo petista teria que mudar os rumos da normalidade e se lançar como reinventor da roda. Afinal, Governo que não tem realizações para mostrar, agarra-se à primeira coisa que dobra a esquina, vindo de um bairro mais sério.

2a. inverdade - Claro que o Biodiesel é interessante, mas nem de longe vai resolver o problema energético de um mundo amedrontado pela elevação dos preços do petróleo.

O Biodiesel, repito, é importante. Mas não é a universal panacéia ou o remédio para todos os males.

Se esse Governo que aí está fosse mais humilde; se esse Governo que aí está não fosse autoritário nem discricionário, eu até me arriscaria a dar-lhe um conselho, indagando: Será que a roda reinventada roda?

Enfim, o Governo petista do Presidente Lula agora só anda com câmeras e holofotes em seu encalço. É uma marcha batida desesperada, seguindo seus passos como fieis escudeiros fantasiados de Joseph Goebbels.

Se já não bastasse criar a logomarca dos produtos brasileiros de exportação com o timbre vermelho do PT conspurcando o verde e amarelo da Bandeira Pátria, Lula pululou e acaba de lançar mais um dístico para figurar ao lado da logomarca da exportação: We love Brasil. Assim mesmo, em inglês!

Só faltam duas coisas. Como lembra Gustavo Bicalho Ferreira da Silva, em mensagem eletrônica que me enviou esta manhã, a primeira dessas absurdidades seria trocar o S no Brasil pelo Z de um Brasil que eles imaginam PT de alto a baixo.

A segunda, para combinar com a logomarca avermelhada, seria mexer na Bandeira Nacional, substituindo o Ordem e Progresso por algo como PT FOR EVER. Assim mesmo, em inglês!

Enfim, como é da preferência de Lula pulular por aí, ele já passa a correr atrás de carona até em carrinho de pipoca.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

            Quinta-feira, 28 de Abril de 2005

Duda e câmeras, a cada passo do presidente

FOCO: Os passos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Moju, no Pará, foram seguidos por câmeras da Presidência e um observador atento, o publicitário Duda Mendonça. Segundo o secretário de Imprensa, André Singer, Duda estava presente porque o projeto de biodiesel deverá ser "estrela" em uma próxima campanha. O secretário de Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, também acompanhou toda a movimentação. Na segunda-feira, o Estado revelou que Lula aposta na ofensiva publicitária para reverter a agenda de desgastes do governo.

Quinta-feira, 28 de abril de 2005

Grosseria e contra-senso

Este espaço decerto seria insuficiente para reproduzir todas as batatadas proferidas pelo presidente Lula nas centenas de improvisos ao longo de seus 849 dias no Planalto. Mas, por acabrunhantes que sejam as asneiras produzidas pelo narcisístico deleite com o som da própria voz, combinado com o precário domínio da maioria dos assuntos sobre os quais argumenta com desenvolta "quase-lógica" - como já rotularam os seus claudicantes pensamentos -, até a última segunda-feira as reações ao seu discurso de cada dia não iam muito além da zombaria e da troça, ou, no máximo, da irritação apoquentada com a falta de "desconfiômetro".

Agora, foi diferente porque, além da inteligência das parcelas mais atentas da sociedade, foi atingido o amor-próprio dos brasileiros. Esse limite crucial o presidente ultrapassou ao culpar implicitamente o "comodismo" do povo pelas altas taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras e administradoras de cartões de crédito nos empréstimos pessoais. Adicionando insulto à injúria, ou melhor, ofensa à ignorância, Lula disse que quem se queixa do custo do dinheiro "é incapaz de levantar o traseiro de uma cadeira e ir ao banco ou ao computador fazer a transferência da sua conta para um banco mais barato". Deu no que deu. Desde que assumiu a Presidência e talvez mesmo antes ele não havia recebido, de um único jorro, tantas e tão indignadas críticas.

Elas não partiram apenas das oposições, dos empresários em guerra com a política monetária e dos comentaristas atônitos com a grosseria e a ignorância daquele que sempre se pavoneou de conhecer, ao contrário dos burocratas "trancados em seus gabinetes", o áspero cotidiano da maioria dos concidadãos. Pois foram estes mesmos que reagiram com especial dureza: somente os três principais jornais do País publicaram ontem nada menos de 30 cartas de protesto - as do Estado, selecionadas entre centenas que recebemos exatamente no mesmo tom. E muitos, entre os quais eleitores confessos de Lula, voltaram contra ele, em contundentes analogias, a sua infelicíssima metáfora anatômica. Nada mais merecido.

Ninguém poderia esperar que, além do desrespeito, o alheamento de Lula o levasse a propor o equivalente ao bolo que Maria Antonieta achava que o povo faminto devia comer à falta de pão. Primeiro, os bancos não cobram juros tão díspares a ponto de compensar a correntistas que têm mais o que fazer a insana trabalheira de pesquisar o "mais barato" para então fechar uma conta e abrir outra. Segundo, não se fecham nem se abrem contas pela internet. Terceiro, boa parte dos "acomodados" nem sequer tem computador.

Já seria de pasmar se isso fosse tudo. Mas no dia seguinte Lula voltou à carga, com a proverbial emenda pior do que o soneto. Sustentou que os juros fixados pelo BC não têm impedido a expansão do consumo. Ora, se assim é, esse é o argumento irrespondível contra a alta da Selic que visa exatamente a conter o consumo para conter a alta de preços. Lula disse ainda que "o varejo está crescendo" graças ao crédito consignado, a taxas menores. Na realidade, pesquisas citadas na imprensa sugerem que os tomadores usam esse dinheiro antes para pagar dívidas mais caras do que para consumir.

Enquanto Lula dá vazão à sua incontinência verbal, o governo exibe sua preocupante inconsistência. O vice José Alencar e o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan - este, depois de afirmar que "infelizmente, o governo ainda não aprendeu a trabalhar em equipe" -, conclamaram a sociedade a "fazer pressão" e "a se levantar e tomar uma atitude" contra as taxas fixadas pelo Copom. O ministro chegou a invocar uma estrondosa derrota do seu colega da Fazenda, Antonio Palocci - a queda da MP 232, a dos impostos -, como prova de que a mobilização social funciona. Em outra frente, o assessor para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, não conseguiu disfarçar, nas suas declarações públicas a propósito da viagem de 15 horas do ministro José Dirceu a Caracas, o seu despeito pelo fato de não ter sido ele próprio o emissário escolhido por Lula para tentar arrefecer o antiamericanismo de Hugo Chávez.

Eis o melancólico retrato de uma administração cujo titular se acha no direito de passar um sabão no povo - de resto sem pé nem cabeça - como se fosse o seu preceptor, e cujos colaboradores deixam claro que, com amigos assim, o presidente não precisa de inimigos.

São Paulo - O ministro do Emprego e Trabalho, Ricardo Berzoini, disse ontem, no programa Diálogo Brasil, da "TV Cultura", que, por enquanto, as altas taxas de juros não estão prejudicando o mercado de trabalho. Mas, por tempo prolongado, podem "arrefecer a atividade econômica e prejudicar o mercado de trabalho

Quinta-feira, 28 de Abril de 2005

Cai ritmo de expansão da indústria

Sondagem da FGV mostra piora em indicadores como de demanda e estoques, mas perspectivas continuam otimistas

Adriana Chiarini

A indústria pôs o pé no freio e desacelerou o ritmo de crescimento. É o que indica a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para o trimestre iniciado em abril. As previsões são otimistas, mas menos do que no mesmo período do ano passado. "Os empresários estão descobrindo que a economia brasileira continua medíocre", disse o economista da FGV Samuel Pessôa, para quem não há condições, no País, de um crescimento sustentado muito maior do que 3% ao ano.

A análise do coordenador do núcleo da FGV, responsável pela pesquisa, Aloísio Campelo, é de que há uma suave desaceleração da indústria. "Não é um pouso forçado. É leve", disse. A sondagem mostra sinais contraditórios. "Parece que a gente vive uma situação esquizofrênica", observou Pessôa.

O quadro que aparece das respostas das 990 empresas entrevistadas - responsáveis por um faturamento anual de R$374 bilhões - é de que, em relação ao trimestre iniciado em janeiro, houve piora em importantes indicadores. A situação dos negócios, que 92% haviam classificado como boa ou normal e apenas 8% como fraca na pesquisa anterior, foi definida agora como boa ou normal por 81%, enquanto mais do que dobrou a percepção de que o momento é fraco: 19%.

O nível de demanda também é considerado fraco para 15% das empresas; o índice anterior era de 13%. Por fim, o nível de estoques teve o pior resultado desde 2003: 2% das empresas o consideram insuficiente e 10%, excessivo. A diferença de 8 pontos porcentuais entre os dois extremos - que dá a dimensão da real situação empresarial - é a maior dos últimos sete trimestres e indica, segundo avaliação da FGV, desaceleração da taxa de crescimento econômico. No trimestre anterior, esta diferença era de 5 pontos e chegou a ser zerada em outubro de 2004, quando exatamente 5% consideravam os estoques excessivos e outros 5%, insuficientes, enquanto 70% diziam estar normal e 16% não tinham estoques.

Em contrapartida, quando indagadas sobre as perspectivas para o futuro, as empresas consultadas ainda revelam projeções otimistas. O porcentual das que prevêem aumentar a produção nos próximos meses passou de 28% em janeiro para 58%, nível superior até ao de abril de 2004, quando a indústria estava a todo vapor. A parcela das que prevêem contratar funcionários aumentou de 20% para 29%. Mas também aumentou a proporção das que pretendem aumentar preços: de 35% em janeiro para 43% este mês, apesar de o Banco Central (BC) ter continuado a elevar o juro básico.

A utilização da capacidade instalada voltou para os níveis de julho do ano passado, de 84,4%, diminuindo em relação a outubro (85,1%) e janeiro (84,6%), com dessazonalização (tratamento estatístico para eliminar efeitos de variações específicas a determinadas épocas do ano). Mas sem esse ajuste, o uso da capacidade instalada foi de 84,2%, o maior nível para o mês de abril desde 1995, indicando que a desaceleração se dá com um nível de atividade ainda alto.

De 21 setores industriais pesquisados, só 4 usam a capacidade acima dos seus níveis históricos: metalurgia, mecânica, têxtil e madeira. "A única maneira como que eu consigo casar tudo isso é que a rentabilidade não deve estar muito alta", disse Pessôa. A pesquisa não aborda a rentabilidade.

Segundo ele, o grande limitador ao crescimento da economia brasileira é a situação fiscal. Para Pessôa, as despesas do setor público precisam diminuir para que a carga tributária também seja reduzida, dando espaço para o aumento do potencial de crescimento sustentado. Para Campelo, a desaceleração no primeiro trimestre foi maior do que os industriais esperavam. A sondagem teve respostas coletadas entre 28 de março e a última segunda-feira.

Analistas discutem o impacto da freada

Para Pastore, crescimento no ano não passa de 3,5%, abaixo dos 4% projetados pelo governo

Patrícia Campos Mello

Colaborou Rita Tavares

Depois de alguns meses de indicadores contraditórios, economistas agora enxergam sinais claros de desaquecimento na economia. Perda de dinamismo na indústria, queda nas importações de matérias-primas, baixa na confiança dos empresários e aumento do desemprego apontam para uma tendência de desaceleração da atividade. "A economia está perdendo o fôlego", diz Celso Toledo, economista-chefe da MCM Consultores Associados. "Os indicadores estão confirmando essa tendência de desaceleração."

Para Toledo, a economia está desacelerando por causa de um processo de acomodação natural e também como conseqüência da política monetária apertada. Mas a atividade está refletindo aumentos de juros feitos ainda no ano passado. As últimas elevações da Selic, atualmente em 19,5%, ainda não afetaram a economia. E é aí que mora o problema.

"Há um perigo de a economia se desaquecer mais do que o desejado", diz Toledo. "O aperto monetário pode ter passado do ponto." Toledo projeta um crescimento do PIB de 3,2% neste ano, diante de 5,2% no ano passado.

O ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore afirma, em relatório para clientes, que os indicadores econômicos não delineiam um quadro econômico bonito para 2005. Segundo ele, o comportamento da produção industrial indica que o crescimento do PIB não vai passar de 3,5% em 2005, abaixo da projeção média do mercado de 3,67% e da do governo Lula, de 4%. E, segundo Pastore, mesmo para atingir esse desempenho, o crescimento nos próximos três trimestres requer juros reais menores.

Monica Baer, economista da MB Associados, preocupa-se com as fracas vendas do varejo e a queda na importação de bens intermediários. "Ainda não sentimos o efeito total da alta de juros, há risco de desacelerar demais ", diz Monica. Ela ainda espera a divulgação dos indicadores de produção industrial do IBGE, que saem na sexta-feira que vem, para analisar se a tendência de queda é bastante clara. E ela aponta para o reajuste do salário mínimo, em maio, como fator de estímulo à atividade.

Já Bráulio Borges, economista da LCA Consultores, não vê sinais claros de desaceleração. "Acho que a economia estava em franco desaquecimento no final do ano passado, mas agora voltou a crescer, ainda que em ritmo bastante fraco", diz Borges.

Ele projeta que a produção industrial no primeiro trimestre deve ter crescimento zero, e voltar a acelerar no segundo trimestre. Ele também aposta no aumento do salário mínimo como fator de dinamismo. Borges estima um crescimento, de 0,1% nas vendas do varejo do trimestre. As vendas do comércio cresceram 1% no último trimestre de 2004, em relação ao trimestre anterior. "Acho que estamos com um crescimento mais equilibrado", acredita o economista.

27/04/2005

Severino afirma que Executivo provoca 'virtual fechamento' do Congresso

Em reunião com líderes dos partidos nesta quarta-feira, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, fez novos ataques ao excesso de medidas provisórias pelo Executivo. Mostrando irritação com o trancamento da pauta, ele disparou que o governo está provocando um 'virtual fechamento' do Congresso.

Falta muito pouco para se igualar aos sombrios tempos do regime militar, quando, em razão de decreto-lei, que era aprovado na maioria das vezes por decurso de prazo, estimulava-se a ausência dos senhores parlamentares. Trata-se de um virtual fechamento do Congresso Nacional - declarou o presidente da Câmara.

Severino também endossou as críticas à política de juros do Banco Central, dizendo que vai propor a instalação de uma comissão para analisar a limitação da atuação do Comitê de Política Monetária (Copom). Ele propõe que as decisões sobre os juros básicos da economia deixem de ser tomadas apenas pelo Copom.

No âmbito interno quero criar uma comissão para estudar o assunto e propor soluções, inclusive se possível for, retirar do Copom a competência de isoladamente conceder o aumento da taxa de juros. Do jeito que está não dá para continuar -, disse. Ainda atacando o governo, Severino disse que a equipe econômica impõe 'draconianamente impostos à sociedade brasileira'. A proposta, submetida aos líderes, também prevê o comparecimento do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para explicar a política monetária do BC.

Do jeito que está não pode continuar - pontuou Severino.

Alencar concorda com proposta de Severino

O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, afirmou ser favorável à proposta do presidente da Câmara de tirar do Copom a exclusividade na decisão sobre a taxa básica de juros (Selic). Severino pretende criar uma comissão para analisar o assunto.

Além disso, Severino propôs, através de um projeto de lei, que o presidente do Banco Central fosse obrigado a ir ao Congresso para explicar as decisões Copom, principalmente os aumentos da taxa básica de juros.

Alencar defendeu uma maior representatividade no Comitê, com a participação, por exemplo, de representantes do setor produtivo.

Não podemos permitir que não seja posto como objetivo principal o desenvolvimento e o enriquecimento nacional. As taxas de juros altas são instrumentos que inibem o investimento e o consumo - disse.

O líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), questionou a eficácia da iniciativa.

Minha dúvida diz respeito à própria Constituição, porque se é para trazer o presidente do Banco Central e depois o Congresso não vir a ter nenhum poder para corrigir, qual seria exatamente a função da vinda do presidente do Banco Central - afirmou Chinaglia.

Ele disse ainda que uma possível reformulação do Copom é muito complexa para ser feita através de um projeto de lei.

Época Online, com informações de O Globo e Agência Brasil

Contigente passou de 11,1% do total de empregados, em 2002, para 16,7% em março deste ano, aponta estudo do IBGE

Cresce parcela dos que ganham até 1 mínimo

PEDRO SOARES DA SUCURSAL DO RIO

A crise do mercado de trabalho metropolitano dos últimos anos empurrou uma fatia maior de trabalhadores para a classe de rendimento dos que ganham até um salário mínimo (hoje R$ 260). Esse contingente representava 11,1% do total de empregados em março de 2002. No mesmo mês de 2005, o percentual saltou para 16,7%.

A deterioração foi gradual. Em 2003, 14,4% dos empregados nas seis maiores regiões metropolitanas do país recebiam até um salário. Em 2004, já eram 16,2%, segundo estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com base em dados da PME (Pesquisa Mensal de Emprego). Entre as mulheres, o percentual das que ganham até o valor do salário de referência é ainda maior -23,3% em março de 2005, contra 11,7% de homens. Também numa faixa de renda baixa -de 1 a 2 salários mínimos- estão outros 34% dos trabalhadores das seis maiores regiões metropolitanas do país. Eram 26,4% em março de 2002.

O trabalho revela ainda que as pessoas com menor nível de escolaridade continuam a perder rendimento neste ano. Houve queda de 1,8% entre os que estudaram menos de um ano na comparação com março de 2004.

A melhora da renda, que sobe há sete meses seguidos, está concentrada nas faixas intermediárias. Na de 8 a 10 anos de escolaridade, a expansão foi de 1,2%. Os que freqüentaram a escola mais de 11 anos também perderam rendimento (-1,5%). A renda de quem estudou menos de um ano é de R$361,90. Já os com mais de 11 anos de banco escolar recebem, em média, R$1.382. Em março, 50,2% dos empregados tinham ensino médio concluído. O percentual era de 44,5% em 2002.

Para especialistas, a queda da renda desde 2003 e o crescimento do emprego informal foram os principais motivos para elevar o contingente dos que ganham até um salário mínimo.

A queda da renda teve como estopim a crise cambial pré-eleições de 2002, com a conseqüente alta de juros e freada do crescimento.

O recuo do rendimento também obrigou mais pessoas de uma mesma família a trabalhar nem sempre com a remuneração desejada, o que ampliou o trabalho informal. Em geral, essas vagas foram preenchidas pelas mulheres e pelos filhos.

Para Fábio Romão, da LCA, houve um "forte ingresso de pessoas no mercado informal" e também o retorno de muita gente que estava sem trabalhar. Muitas delas só conseguiram empregos sem carteira e de baixa remuneração, o que fez crescer o número dos sem a proteção do mínimo.

Sobre a queda da renda de quem ganha menos, ele diz que está relacionada ao tipo de emprego que as pessoas conseguiram: informais e sem garantia de reajuste anual que recomponha e supere a inflação. Já quem tem mais anos de estudo costuma ter carteira assinada e a garantia de dissídios e reajustes anuais. Segundo Romão, a proliferação das contratações de prestadores de serviços -muitas vezes ex-empregados das próprias empresas que abrem uma firma- fez cair o rendimento dessa faixa.

Esse mecanismo tem como objetivo reduzir custos trabalhistas. Como pessoa jurídica o empregado paga menos imposto, mas geralmente abre mão de uma parcela do salário.

Regiões

Em São Paulo, o percentual dos que recebem até um mínimo é menor do que a média: 11,5%. No Rio, fica próximo à média: 15,8%. Recife e Salvador têm o maior número de pessoas com renda igual ou abaixo da referência: 35,1% e 35,4%, respectivamente.

Sr. Presidente eu gostaria de abordar ainda outro assunto.

Estive ontem em Belém e percebi se não um mal-estar ao menos uma certa descomodidade com a viagem que Lula fará ao Estado do Pará nessa quarta-feira.

O Pará não me pareceu motivado nem vi regozijo pela anunciada presença do Presidente em sua Capital.

Ele vai lá para quê? Para uma solenidade que tinha tudo para ser restrita, como deve ser o começar de novo de uma obra, no caso uma eclusa na represa de Tucuruí.

Esse começar de novo, por sinal, nada tem a ver com o Governo Lula, que não contribuiu nem um pouco para isso. As obras serão retomadas graças a verba de bancada - a do Pará - no Orçamento da União.

O quê na verdade “deve”o Pará ao Governo Lula é o corte de R$ 500 milhões de transferências federais para o Estado. Isso obrigou o Governador Simão Jatene a uma difícil reprogramação, ele que faz um Governo organizado, nada parecido com a improvisação do Governo Lula. Jatene dá prosseguimento à obra de Almir Gabriel e consolida um novo parâmetro de gestão, rompendo com passados obscuros e abrindo as portas do futuro.

Na falta de obras do Governo Federal, Lula agora começa a pegar carona em realizações da iniciativa privada, como ocorreu numa viagem anterior ao Pará. Foi na reinauguração da Amafrut. Esta empresa, que estava em situação pré-falimentar, foi levantada com a ajuda de incentivos estaduais e com a criação de uma cooperativa. Nada a ver com o Governo Lula.

Agora, Lula vai lá para “inaugurar” outra empresa privada, a Agropalma. Só falta colocar uma placa com o nome do Governo petista!

O mais chocante é que, depois que os holofotes do assassinato da missionária Dorothy Stang se apagaram, nenhum Ministro nem outra autoridade do Governo voltaram ao Pará. Era solidariedade fraca. Talvez até puro fingimento.

O final de semana prolongado parece não ter sido suficiente para o Governo petista do Presidente Lula se aquietar. O tempo passa, o tempo voa e tudo para os petistas continua numa boa.

Os dias parados apenas serviram para ampliar o descontrole e a falta de visão que infelizmente vêm sendo usados na falta de um programa de Governo.

Ao Governo petista continua faltando gestão eficiente. Não tem nem gestão nem eficiência, que não existem nem fazem parte da cartilha do Presidente Lula.

Está muito claro que a cartilha petista é outra. Assim foi na reuniãozinha salva-PT, na quarta-feira no Palácio do Planalto.

Nenhum dos petistas presentes teve o cuidado de lembrar que, para uma orquestra desafinada, o tom teria que ser um só: começar a governar!

Em vez disso, e pela voz do maestro Lula, a conclusão chega a ser risível se não fosse um desastre para o País. O Presidente acha que a ineficiência está na propaganda, não no Governo.

Na introdução dessa sinfonia não inacabada, mas ainda não iniciada, Lula declarou-se preocupado com o que ele chamou de efeito Marta. Ou seja, Marta Suplicy foi derrotada por Serra por não divulgar a tempo suas realizações no campo social, como Prefeita de São Paulo.

É verdade. Ela deveria ter mostrado, pela TV e por todos os meios possíveis de comunicação, o muito que fez no campo social, como, por exemplo, as taxas de IPTU e as tantas outras, a ponto de o paulistano passar a chamar de Martaxa, a tia, como ela é chamada pela cúpula petista.

            O Presidente Lula pode não saber, mas os marqueteiros sabem e muito bem que realizações jamais precisam ser apregoadas. O povo as vê. Mas precisam existir. Principalmente em São Paulo, nossa maior cidade. Os paulistanos são bons avaliadores.

            Se Lula ainda desconhece, alguém precisa dizer-lhe que os brasileiros preferem obras e realizações e sabem, no duro dia-a-dia, que obras não começam com P de propaganda. Obras começam com O e realizações com R.

            E mais:

            Boa gestão e obras públicas planejadas são indispensáveis para a retomada do crescimento. Para garantir a inclusão social.

            Até aqui, se a economia do Brasil apresenta alguns índices favoráveis, isso se deve, exclusivamente, à iniciativa e aos esforços dos empresários nacionais. O Governo Lula o que faz é apenas atrapalhar.

            A máquina pública é hoje estrelada de petistas, pouco importando se são ou não competentes. A estrelinha do PT é o único documento de acesso à gestão pública.

            Ademais, como lembra o dirigente da FIESP, Paulo Skaf, o Presidente Lula está preocupado apenas com o tsunami social de outras nações pobres, quando deveria concentrar-se mais no epicentro dos problemas brasileiros. Remover os empecilhos tributários, cambiais, trabalhistas, fiscais e dos juros altos, que impede o resgate da dívida social brasileira por meio da dignidade dos salários, da geração de renda e sua distribuição mais justa.

            Nosso tsumani é aqui. Que alguém diga logo isso ao Presidente Lula! E com um acréscimo: propaganda nenhuma é capaz de encobrir estragos. Isso é tão claro quanto uma interposição linear!

            Os estragos, no Brasil, são visíveis. E como decorrem de erros do Governo Lula, não sensibilizam. Seguem indiferentes.

            Que se diga desde logo: este é um Governo sem obras. E se elas existissem, não seria necessário mostrá-las com a propaganda custosa dos marqueteiros do Planalto. Elas, sozinhas, apareceriam.

            Na falta de realizações, veio uma ordem.

            Uma ordem do Presidente Lula. Parece incrível!

            Na reuniãozinha de quarta-feira.

            Que ordem foi essa?

            Mais propaganda, maciça, pelo rádio, pela tevê, o tempo todo.

            O resultado da reuniãozinha está no Estadão de ontem:

            Lula vai apostar na propaganda para tentar reverter agenda negativa. Em reunião com ministros, o presidente mostrou preocupação com "efeito Marta" e pediu maior publicidade de programas da área social.

Como se percebe, o frenesi do Governo Lula é total e o arrebatamento ainda maior. Quem conta isso é ainda o jornal O Estado de S. Paulo, em sua edição desta segunda-feira:

“Quem é o PSDB para dizer que o nosso governo é ineficiente?', pergunta o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. 'O que nós temos de realizações nestes 27 meses, e que vamos fazer até o fim do governo, é para dar orgulho ao Brasil.”

Que realizações são essas que não aparecem?

Orgulho? Orgulho de quê?

Só faltou o ex-todo-poderoso acrescer a sua fala destrambelhada: Quem é esse PSDB...? E ir por aí afora.

Bem traduzido, todo esse ilusionismo cheira a ação de sandeu; é uma indesmentível necessidade.

Por ela, a Nação já sabe que o culpado do malogro de Lula é o PSDB! Nem de longe é a ineficiência deles, a despeito da mais do que visível e crescente saraivada de equívocos, tolices e das costumeiras crueldades contra o povo. A culpa é do PSDB!

Está redescoberta a pólvora e foi reinventada a roda, pelo menos no entender do ex-todo-poderoso. Agora, o Governo petista vai deslanchar em propaganda, naturalmente!

No ano passado, o gasto com propaganda do Governo Lula foi 40,5% maior do que no ano anterior. E o resultado foi queda na popularidade de Lula e seu Governo. Agora, certamente eles pensam em quadruplicar essas verbas. Por conta do povo.

A propósito, e para não dizer que o PSDB tem má vontade, é hora de dar uma ajuda aos marqueteiros de Lula. Ofereço-lhes o Decálogo de Realizações Petistas. Aí vai:

1.- Abril 2003 - Programa Fome Zero. O malogro do século. Consumiu milhões dos cofres públicos e não decolou,

2.- Julho 2003 - Escândalo do DNIT (Anderson Adauto e Sérgio Pimentel);

3.- Ministro Berzoini põe os velhinhos em filas desumanas. Supensão do pagamento aos nonagenários;

4.- O Governo anuncia que gastará US$ 56,7 milhões para comprar o AeroLula, um avião de luxo para os périplos presidenciais;

5.- Fevereiro de 2004 - Caso Waldomiro Diniz - CPI dos Bingos. No Gabinete do Ministro Dirceu;

6.- Março de 2004 - Governo Lula barra CPI de Santo André - Morte de Celso Daniel e mais seis envolvidos no caso;

7.- Julho de 2004 - Meirelles-Candiota, Banco Central;

8.- Agosto de 2004 - Proposta de criação da nazistóide ANCINAV;

9.- Agosto de 2004 - Pretendida criação do não menos nazi-fascista Conselho Federal de Jornalismo;

10.- Fevereiro de 2005 - Derrota do candidato do Planalto à Presidência da Câmara dos Deputados;

11.- Fevereiro de 2005 - Assessor culpa Ministro por falta de medicamentos contra a AIDS;

12.- Fevereiro de 2005 - Governo anuncia envio de analistas da ABIN a Cuba, para absorver técnicas da polícia secreta cubana;

13.- 2005 - Indiozinhos morrem de fome no Mato Grosso do Sul e o Governo Lula diz que isso é normal (Está dentro das estatísticas...);

14.- Lançamento do Programa Primeiro Emprego. Também não decolou;

15.- Aparelhamento do Incra;

16.- Aparelhamento do Executivo Federal, bem como das Agências Reguladoras;

17.- Programa do Microcrédito, assegurando aos bancos o desconto em folha dos tomadores de empréstimos, que se vão endividando;

18.- A intervenção federal no Rio de Janeiro. Um desrespeito ao povo carioca e fluminense. Com ela e seus visíveis propósitos eleitorais, o Governo colheu a mais notória e acachapante derrota no Supremo Tribunal Federal. Por unanimidade, o STF considerou inconstitucional o autoritarismo do Governo.

19.- Por último, a pérola maior deste Governo: O Ministro da Saúde tentou definir quem deve morrer e quem deve ter tratamento nas UTIs.

Como se viu, este é o único decálogo com mais de 10 itens. E com razão: ninguém errou tanto como este Governo, que nada faz e supõe que a propaganda o reabilita.

Para tentar a reabilitação - pelo que ficou decidido na reuniãozinha do Palácio do Planalto - o Presidente Lula, que tem à disposição o Aerolula de US$57 milhões, vai pegar carona em qualquer inauguração Brasil adentro.

Não será de estranhar se o Presidente decidir ir a Belém uma vez mais para inaugurar o “Círio de Nazaré”, com a idéia de que estará inaugurando mais uma obra do Governo Petista. Um desrespeito ao povo do Pará!

Pelo jeito, daqui para frente, onde tiver um ajuntamento de gente, lá vem Governo petista! E se não fosse proibido, eles até cravariam uma placa:obra do Governo petista.

Nesse ritmo, o Presidente Lula daqui a pouco vai pegar carona até em carrinho de pipoca.

Sr. Presidente, a segunda parte deste pronunciamento está anexada a este pronunciamento, para que passe a constar dos Anais do Senado da República.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

1.- Novamente, trago a este Plenário a Voz do Povo, que é a Voz de Deus. É voz importante que se vai tornando dia a dia mais dura contra as disfunções do Governo petista do Presidente Lula. Disfunção, etimologicamente falando, é a função que se efetua de maneira anormal.

2.- Anormal é o que não é normal; que está fora da norma ou padrão; abnorme, abnormal, anômalo. A escolha do adjetivo é livre. Qualquer um cai bem para definir o Governo que aí está, errando e errando. Só errando..

3.- Normal é a livre manifestação do povo. Tenho recebido diariamente centenas de e-mails, espontâneos e revoltados.

4.- Na semana passada, mostrei aqui o noticiário online sobre a triste cena da grosseira repressão a uma ordeira manifestação de Senhoras esposas de militares. Elas pediam o pagamento do prometido reajuste salarial. Como dizem os jornais de hoje, os militares pedem dinheiro (salário para sobrevivência), Lula ofereceu carinho.

Resta saber se supermercado vende alimentos para pagar com carinho.

Vamos à Voz do Povo

Primeiro e-mail da Voz do Povo:

            Tenente-Coronel PAULO ROBERTO CORRÊA DE BARROS

O Governo precisa cumprir a promessa. Os militares pediram 33% para recuperar perdas. O Governo contrapôs, oferecendo 10% de imediato e 23% em janeiro de 2005.

2º e-mail:

CABO MARINHEIRO JOSÉ CARLOS

Um militar faminto, sem salário digno, sem saúde, é um prisioneiro, um condenado. A família militar, cansada de ser tripudiada e no limite de sua paciência, exige seus direitos.

3º e-mail

GRUPO GUARARAPES

O que mais o militar odeia, como de resto todo cidadão, é ser enganado, particularmente com mentiras. O Governo prometeu os 23% e não paga. Não há dinheiro? Como? Sabe-se que já chegam a 40 mil os empregados pelo atual governo. São funcionários de confiança do PT, com salário médio de R$5 mil.

Passo agora à Voz da Imprensa, que é também a Voz do Povo

5. Eis um apanhado de recentes notícias, nada boas para o Governo Petista:Protesto de Mulheres é abafado em Brasília

1.     IGP-10 surpreende e vai a l,17% em abril, o dobro do índice registrado em março;

3.- Juro real no Brasil é quase 10 vezes maior que o de 40 países;

4.-Criação de vagas cai 16% no ano. (Cadê os 10 milhões de empregos?);

5.-Governo já prevê crescimento menor. Estará caindo na real?.

6.- ÁREA SOCIAL

Se aos militares, que pediram o cumprimento de uma promessa salarial, o Presidente prometeu carinho, vejam, Senhoras e Senhores Senadores, com o que o Governo petista, pela voz do Ministro da Justiça, acenou para as populações indígenas ontem, no Dia do Índio:

GOVERNO PEDE PERDÃO PELAS MORTES

DE INDÍGENAS.

Pensei que fosse pela morte dos indiozinhos do Mato Grosso do Sul. Não, não é. Foi aquele perdão vazio, “pelas mortes de índios ao longo da história.” Ah! a morte dos indiozinhos “está dentro das estatísticas”, como havia dito o Ministro Humberto Costa.

O Governo petista não tem que pagar dívida nenhuma com os índios. Tem é de parar de matar indiozinhos de fome!

Os militares pediram salário; Lula ofereceu carinho

Os índios pedem saúde; o Governo Lula pede perdão.

MAIS:

PT EMPERRA PROJETO SOCIAL

E HELOÍSA HELENA CHORA

A notícia: “Retrato da contradição dos atuais tempos políticos, o Plenário do Senado viu ontem a Senadora Heloísa Helena, aos prantos, praticamente implorar para que os governistas desistissem de protelar a votação de uma proposta de emenda constitucional, tornando obrigatória a instalação de creches e pré-escolas para crianças de zero a seis anos.”

A Senadora pediu o que as criancinhas têm direito.

O Governo, dessa vez, não respondeu com aquela interjeição Ora, ora...

Foi além. Usou antiga expressão popular, certamente muito conhecida no Brasil todo:

Ora tibe!

Bem traduzido, significa: Que maçada!; não me amole!

Crueldade petista

Uma MP cruel.

Ao demonstrar intenção de corrigir alguns dos muitos excessos contidos na Medida Provisória 242, que torna mais rigorosas as regras para a concessão de benefícios previdenciários, o governo Lula demonstra ter entendido algumas lições deixadas pela humilhante derrota que sofreu no episódio da MP 232, a do Imposto de Renda das Pessoas Físicas. Uma das lições é que a sociedade não aceita mais passivamente arcar com o custo dos erros e da ineficiência do governo.

A MP 242 foi uma das primeiras iniciativas do ministro da Previdência, Romero Jucá, que assumiu o cargo em março. Sua edição teve como justificativa o combate às fraudes para a obtenção de auxílio-doença, que se intensificaram nos últimos anos.

O crescimento das despesas com esse tipo de benefício foi, de fato, espantoso. Os pagamentos mais do que triplicaram entre 2001 e 2004, saltando de R$2,5 bilhões para R$9 bilhões. Não se constatou nesse período o surgimento de nenhum fato técnico que justificasse tal aumento. A conclusão do ministro foi que, na maioria dos casos, o aumento de despesas se deveu a fraudes.

É muito provável que ele tenha razão. A resposta do governo, entretanto, não foi a adoção de medidas práticas para conter os atos ilegais, entre as quais o maior rigor na análise técnica dos pedidos ou o reforço da fiscalização. Foi, isto sim, a edição da MP 242, que não se destina a atacar frontalmente as fraudes, mas sim a dificultar enormemente a concessão desses benefícios e reduzir seus valores.

Tal expediente impõe prejuízos financeiros e desgaste às pessoas de bem, que integram a lista de contribuintes do sistema previdenciário e que, por alguma razão, têm necessidade de recorrer aos benefícios a que legitimamente têm direito. Mas não necessariamente impedirá o surgimento de novas modalidades de fraudes.

Não está em discussão, é óbvio, a necessidade de combater os fraudadores. Esse combate deve ser feito sempre, e da maneira mais eficaz possível. Todo contribuinte honesto exige que isso seja feito. Mas não é assim que o governo vem agindo no caso da Previdência. Faltam peritos, faltam fiscais e a terceirização de serviços, como o de avaliação médica dos pedidos de auxílio-doença, tornou muito mais frouxos os critérios de concessão desses benefícios.

Louvável a preocupação do governo com a contenção do déficit do sistema previdenciário. Esta, na verdade, é a grande ameaça à preservação da política fiscal rigorosa do governo Lula que, até agora, tem garantido a estabilidade e o crescimento da economia. Mas não é com a transferência de responsabilidades e deveres do governo para os ombros da sociedade e dos contribuintes que se realiza o combate efetivo ao rombo da Previdência e de outros setores do Estado brasileiro.

A calamidade do sistema público de saúde - sustentado pelo dinheiro do contribuinte e que, por isso, deveria prestar-lhe serviços qualitativa e quantitativamente proporcionais ao enorme volume de recursos que tem à sua disposição - empurra cada vez mais brasileiros para a busca de auxílios previstos no regime previdenciário, como observou o sociólogo e economista José Pastore, em artigo publicado no Estado há algumas semanas.

Nada se faz para combater a informalidade, que se transformou no maior ralo dos recursos da Previdência Social. De uma população economicamente ativa estimada em quase 80 milhões de brasileiros, cerca de 47,5 milhões, ou 60%, trabalhavam no mercado informal no ano passado. Sem registro em carteira, não gozavam de nenhuma proteção legal, mas também não recolhiam nenhuma forma de imposto ou de contribuição, como a do sistema previdenciário. Isso sem contar a grande quantidade de trabalhadores registrados com salários inferiores aos efetivamente recebidos, justamente para pagar menos tributos.

Aí está a grande fonte do déficit da Previdência. Tentar combater esse déficit impondo mais dificuldades a contribuintes que já enfrentam problemas de saúde é, além de um ato de crueldade social, um método ineficaz, fiscal e financeiramente, e burro, politicamente. Parece que o governo quer corrigir essa burrice, ou pelo menos parte dela.

Lula vai apostar na propaganda para tentar reverter agenda negativa. Em reunião com ministros, presidente mostrou preocupação com "efeito Marta" e pediu maior publicidade de programas da área social Vera Rosa.

Com a base aliada em frangalhos e sem uma agenda de peso no Congresso, o governo traçou uma estratégia para sair do vácuo político dos próximos meses: jogar todas as fichas na publicidade dos programas sociais. Em reunião com oito ministros, há cinco dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu-lhes que dêem mais visibilidade às iniciativas. Quer que cada um divulgue o que vem sendo feito, pois está convencido de que o governo se comunica mal e será cada vez mais desafiado pela oposição, de olho em 2006.

Um ministro que participou da conversa disse ao Estado que Lula está preocupado com o "efeito Marta". Traduzindo: avalia que Marta Suplicy (PT) só perdeu o comando da Prefeitura de São Paulo para José Serra (PSDB) por não divulgar a tempo suas "realizações" no campo social. Candidato à reeleição no ano que vem, o presidente orientou os ministros a transformarem suas viagens pelo País em "agenda positiva" para o governo. "Dêem entrevistas para as rádios locais. Falem dos nossos programas, expliquem o que estamos fazendo", pediu Lula.

A safra dos que sairão a campo será inaugurada pelo ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias. Administrador do Bolsa-Família - guarda-chuva que abriga quatro programas de transferência de renda -, Patrus começará a enviar cartas, nesta semana, para 5.533 prefeituras.

Vai lembrar que todas têm prazo até 30 de junho para apresentar ao ministério relatórios bem detalhados. As informações solicitadas, como número de famílias atendidas pelo Bolsa-Família e evolução da freqüência escolar das crianças, têm o objetivo de impedir fraudes na concessão do benefício.

NA TELEVISÃO

O mutirão do governo para espantar o vácuo político incluirá uma nova leva de comerciais na TV sobre os efeitos práticos do crescimento econômico e dos programas da administração Lula na vida das pessoas.

Para efeito de propaganda, a Secretaria de Comunicação do Governo (Secom) definiu este período como "trimestre da inclusão social".

Até mesmo a versão final do documento aprovado há duas semanas pelo Campo Majoritário do PT - grupo que abriga as alas moderadas do partido - dará maior ênfase nessa área. Batizado de "Bases de um projeto para o Brasil", o roteiro é o primeiro passo para a mudança do ideário político do PT, em dezembro. Teve boa repercussão externa por defender com todas as letras o equilíbrio fiscal. No Planalto, porém, alguns torceram o nariz para o pouco espaço dado aos programas sociais.

Escrito pelo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Glauco Arbix, e pelo professor da Fundação-Escola de Sociologia e Política, Aldo Fornazieri - ligado ao presidente do PT, José Genoino, e considerado mais liberal que o próprio ministro da Fazenda, Antonio Palocci -, o texto receberá emendas. Nada que altere o seu conteúdo, mas a idéia é reforçar o capítulo que trata das políticas sociais.

Apesar de todo esse pacote, os ministros não param de reclamar da tesourada imposta pela Fazenda no orçamento. Queixam-se de que, com o bloqueio de recursos, não dá para tocar todos os programas. Números divulgados pelo Ministério do Planejamento indicam que R$ 4 bilhões serão cortados neste ano das políticas sociais - incluindo aí a reforma agrária.

"Se o esforço para combater o déficit da Previdência for bem-sucedido, poderemos aumentar os investimentos sociais", afirma o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. O problema é que, nesse capítulo, a situação é ainda mais complicada. O novo ministro da Previdência, Romero Jucá (PMDB), enfrenta um turbilhão de denúncias de irregularidades no uso do dinheiro público. Resultado: desde que foi nomeado, há um mês, não consegue sair da areia movediça.

MOSTRAR SERVIÇO

Na disputa de resultados com os tucanos, os petistas farão de tudo para mostrar serviço até março, quando ocupantes de cargos públicos que pretendem se candidatar às eleições devem deixar seus postos. "Quem é o PSDB para dizer que o nosso governo é ineficiente?", pergunta o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. "O que nós temos de realizações nestes 27 meses, e que vamos fazer até o fim do governo, é para dar orgulho ao Brasil."

Com a ajuda de parlamentares do PT, o Planalto identificou tentativas da oposição, e até dos aliados, para "desconstruir" o partido e o governo com o carimbo da ineficiência. "O PT não pode ser o depositário de todos os males", diz o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara. "O que estão tentando fazer com o governo do presidente Lula é o mesmo que fizeram com a administração da prefeita Marta. Mas nós vamos desmistificar isso", garantiu.

Por isso tudo e por isso mesmo, a última notícia:

Popularidade do Presidente cai seis pontos em três meses

Só falta agora eles virem indagar:

Caiu por quê?

Por todas essas notícias, muitas delas a mim enviadas pela Voz do Povo. O mesmo povo que deve ter opinado na pesquisa CNT/Sensus.

Termino com duas outras notícias, da área da corrupção ou, ao menos, da falta de responsabilidade fiscal:

União deu a Marta verba de Serra

Para que ela pudesse “fechar” suas contas de 2004. Dane-se o povo de São Paulo! Dane-se a nova gestão. Vale o favoritismo político.

A outra:

Marta deixou de repassar R$110 milhões do Pasep.

E fica por isso? Nada lhe acontece? A Administração Marta não era a última do PT?

Em anexo, as notícias aqui mencionadas.

Por ora, Sr. Presidente, era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/04/2005 - Página 12730