Discurso durante a 56ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Aplausos ao pedido de desculpas do Ministro da Fazenda, Antonio Palocci, por não ter votado a favor da Lei de Responsabilidade Fiscal, em 2000. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Aplausos ao pedido de desculpas do Ministro da Fazenda, Antonio Palocci, por não ter votado a favor da Lei de Responsabilidade Fiscal, em 2000. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 06/05/2005 - Página 13437
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ELOGIO, CONDUTA, ANTONIO PALOCCI, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), RECONHECIMENTO, ERRO, BANCADA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), OPOSIÇÃO, VOTAÇÃO, LEGISLAÇÃO, RESPONSABILIDADE, NATUREZA FISCAL, ANTERIORIDADE, GOVERNO.
  • ELOGIO, COMPETENCIA, QUALIFICAÇÃO, MARCOS LISBOA, ECONOMISTA, PROFESSOR, CHEFE, SECRETARIA DE POLITICA ECONOMICA, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), OPORTUNIDADE, SAIDA, GOVERNO.
  • TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DECLARAÇÃO, CHEFE, SECRETARIA DE POLITICA ECONOMICA, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), EFICACIA, ATUAÇÃO, GRUPO, ECONOMIA, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, GARANTIA, ESTABILIDADE, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
  • COMENTARIO, POSSE, MURILO PORTUGAL, SECRETARIO EXECUTIVO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), ANTERIORIDADE, EXERCICIO, FUNÇÃO, DIRETOR, BRASIL, FUNDO MONETARIO INTERNACIONAL (FMI), DEMONSTRAÇÃO, MANUTENÇÃO, DEPENDENCIA, PAIS, CAPITAL ESTRANGEIRO.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem, infelizmente no calor do debate nesta Casa, sugeri aos Líderes do Governo no Senado Federal que fizessem um mea-culpa, a exemplo do mea-culpa do Presidente, em África, a respeito da escravidão.

O Presidente estava certíssimo naquele momento. Não foram os portugueses apenas a se beneficiarem do braço escravo; foi o Brasil, que teve a sua economia, durante séculos, sustentada pela exploração escravagista de africanos que eram livres nos seus locais de nascimento. 

Portanto, fez muito bem o Presidente Lula naquele momento.

Sugeri que os Líderes do Governo, de maneira humilde, firme, clara, para comemorarem de maneira sincera a Lei de Responsabilidade Fiscal, pedissem desculpas. Aí ficou aquela história, como disse o Líder Aloizio Mercadante: “Quem tem que pedir desculpas são vocês, porque erram nisso, erraram naquilo”! Mas não teríamos que pedir desculpas nós, que fizemos e aprovamos, no Governo Fernando Henrique Cardoso, uma lei de responsabilidade fiscal.

Muito bem! Não eu, que sou um humilde Senador, mas o Presidente Fernando Henrique Cardoso foi ouvido, sim, pelo Ministro Antonio Palocci. Eu queria registrar com aplausos o gesto do Ministro, que faz mea-culpa por seu voto contra a Lei de Responsabilidade Fiscal.

E aqui diz textualmente o Ministro Palocci: 

Quero fazer uma autocrítica. Naquele momento, a minha bancada (do PT) falhou [ou seja, a Bancada do PT falhou]. Naqueles idos de 2000, nós não demos apoio ali, e essa foi uma falha da bancada, e eu me incluo nessa falha, eu fazia parte dessa bancada. Esse registro deve ser feito.

É claro que, se fôssemos perguntar ao Ministro se foi errado o voto do PT em relação à Organização Mundial do Comércio, ele acabaria pedindo desculpa de novo. E se fossem perguntar acerca dos monopólios do petróleo, das telecomunicações, o Ministro iria pedir desculpa de novo. Ou seja, não quero, meu prezado Senador Jefferson Peres; nosso ilustre visitante, Deputado Pauderney Avelino, ocupar o tempo do Ministro da Fazenda fazendo-o pedir desculpas de tudo. Erraram tanto na gestão passada os que faziam oposição que teriam que passar o tempo inteiro pedindo desculpa de tudo, porque os votos essenciais do PT foram todos equivocados do ponto de vista do interesse nacional.

Era o atraso puro e simples que significava o retrógrado no econômico, como representavam o falso no social, até porque se não se acerta no econômico não se acerta no social. Mas quero aplaudir o Ministro Palocci.

Quero também lamentar a saída, da equipe econômica, desse jovem economista, com enorme qualificação técnica, que se constituía no principal formulador da equipe do Ministro da Fazenda, que o é o Professor Marcos Lisboa.

Na verdade, percebo que o Governo perde muito em densidade formuladora, mas ganha um braço operacional muito forte, que é o Dr. Murilo Portugal, aliás, precisamente o que renegociou dívidas de Estados e Municípios. O Dr. Murilo Portugal trabalhou irmanadamente com o Ministro Malan, negociou dívidas de Estados e Municípios e negociou a saída dos armários dos esqueletos que foram corajosamente enfrentados pelo Governo do Presidente Fernando Henrique.

De qualquer maneira, há aqui uma sutileza - e, nesse ponto, quero chamar a atenção da Senadora Heloísa Helena. Este Governo - vou usar uma expressão forte - mente em outdoors por meio do seu Partido; não rompeu com o FMI coisa alguma, continua a política de arrocho e de restrição orçamentária. O Governo trocou neste momento a presença do Fundo Monetário Internacional...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ... pelo próprio homem de confiança do Fundo Monetário Internacional, Dr. Murilo Portugal, que era Diretor do Brasil junto ao Fundo. Portanto, trocou o fundo pelo homem do fundo, nesse saco sem fundos de incoerência que compõe o Governo Lula.

Sr. Presidente, digo a V. Exª que fica mais do que patente, quando entra o Dr. Marcos Lisboa; quando sai o Dr. Marcos Lisboa e entra o Dr. Murilo Portugal, que o Partido dos Trabalhadores não tinha programa de Governo, não tinha visão estratégica do País e nem tinha quadros efetivamente qualificados para assumir essas posições tão nevrálgicas para a administração brasileira.

Murilo Portugal foi o homem que, no Governo Fernando Henrique, controlou com mão-de-ferro o caixa do Tesouro. Inclusive, um Parlamentar petista se dirigia a ele chamando-o de “mãos de tesoura”, pela capacidade que tinha de efetuar os tão necessários cortes orçamentários para buscar o equilíbrio fiscal - não estou me lembrando quem era esse Parlamentar, mas o fato é que havia um Parlamentar que se dirigia dessa forma a ele.

Foi durante a gestão de Murilo Portugal, à frente do Tesouro, que a dívida pública aumentou significativamente. Ela teve que aumentar, porque foi benéfica sua atuação, negociando dívidas de Estados e Municípios e retirando o esqueleto do armário. Quem não reconhecer isso estará pecando por falta de honestidade intelectual.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Já concluo, Sr. Presidente.

            Voltando ao economista Marcos Lisboa, figura da minha relação pessoal, que estimo, admiro e respeito - é uma perda para o Governo perdê-lo - peço a V. Exª, Sr. Presidente que insira nos Anais da Casa a matéria publicada na Folha de S. Paulo, de autoria dos jornalistas Jander Ramon* e Flávio Mello*, publicada há alguns meses, em que o Sr. Marcos Lisboa diz que “equipe econômica de FHC merecia estátua”. É quase um exagero. Mas aqui está, Senador Jefferson Peres, segundo Marcos Lisboa, a equipe econômica do Presidente Fernando Henrique Cardoso merecia uma estátua. Eu diria que em um Governo de gente tão insincera, de gente que pratica tanto o perjúrio de prometer e não cumprir, quase estou, eu próprio, pedindo que se erija uma estátua a um membro do Governo que tinha a sinceridade de reconhecer méritos em seus supostos adversários, nos seus antecessores.

Encerro registrando duas coisas, Senador José Agripino. Primeiro, que o Ministro Palocci atendeu o apelo da Oposição, que não foi atendido aqui ontem pelos Líderes do Governo. S. Exª pediu desculpas, sim, por ter cometido um gesto - a meu ver - delituoso do ponto de vista do futuro do País, de não ter votado a favor da Lei de Responsabilidade Fiscal; em segundo, o registro de que se saiu Lisboa, a capital, e entrou Portugal, o País, é verdade também que saiu, por uns tempos - tomara que para sempre - o Fundo Monetário Internacional - e entrou o homem do Fundo, o diretor do Brasil junto ao Fundo, o nosso competente técnico, que serviu com tanto denodo ao Governo passado, sob cujo talento e competência eu posso atestar porque eu o conheço. Ele é competente sim. Nunca foi filiado a este Partido. É homem experiente e sabe governar: Dr. Murilo Portugal.

Era o que tinha a dizer.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Palocci faz mea-culpa por voto contra LRF

“Para Lisboa, ‘equipe de FHC merecia estátua’ ”


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/05/2005 - Página 13437