Discurso durante a 59ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Refutação às críticas à Cúpula América do Sul-Países Árabes. (como Líder)

Autor
Maguito Vilela (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Luiz Alberto Maguito Vilela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA. COMERCIO EXTERIOR. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Refutação às críticas à Cúpula América do Sul-Países Árabes. (como Líder)
Aparteantes
Eduardo Azeredo.
Publicação
Publicação no DSF de 12/05/2005 - Página 14355
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA. COMERCIO EXTERIOR. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • ELOGIO, REUNIÃO, CHEFE DE ESTADO, AMERICA LATINA, PAISES ARABES, POSSIBILIDADE, RESULTADO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, CRESCIMENTO, COMERCIO, REVISÃO, SUBSIDIOS, PAIS INDUSTRIALIZADO.
  • IMPORTANCIA, VISITA OFICIAL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PAISES ARABES, INCENTIVO, CRESCIMENTO, EXPORTAÇÃO, BRASIL, EXPECTATIVA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUSTRIA E DO COMERCIO EXTERIOR (MDIC), SUPERIORIDADE, AUMENTO, COMERCIO EXTERIOR.
  • ELOGIO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REALIZAÇÃO, REUNIÃO, DEFESA, COMBATE, TERRORISMO, RECONHECIMENTO, PAIS ESTRANGEIRO, LIDERANÇA, CHEFE DE ESTADO, BRASIL.
  • CRITICA, CONDUTA, BANCADA, SENADO, OPOSIÇÃO, REALIZAÇÃO, REUNIÃO, CHEFE DE ESTADO, AMERICA DO SUL, PAISES ARABES, ESCLARECIMENTOS, POSIÇÃO, BRASIL, DEFESA, CRIAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, PALESTINA.
  • COMENTARIO, APREENSÃO, BANCADA, OPOSIÇÃO, CRESCIMENTO, LIDERANÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ESCLARECIMENTOS, POSIÇÃO, GOVERNADOR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), APOIO, CHEFE DE ESTADO.

O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO. Pela Liderança do PMDB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é importante registrar a atitude da Oposição neste Plenário, que, naturalmente, tem a obrigação de fazê-la - e a tem feito com competência -; mas, por outro lado, também é importante registrar que a Oposição critica a Cúpula América do Sul - Países Árabes, que reuniu nada menos do que 34 países, sendo 22 árabes e 12 latino-americanos. Participaram desse encontro 17 chefes de Estado, dois vice-presidentes, um príncipe e 60 ministros. Portanto, sediar, presidir um encontro dessa magnitude tem que ser motivo de orgulho para todos nós, brasileiros. É importante que nações emergentes estejam conquistando cada vez mais espaço no planeta.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil marcou, sem dúvida nenhuma, um ponto importante e de grande significado em sua política internacional com a realização, essa semana, da Cúpula América do Sul - Países Árabes. Não se trata de o Brasil querer se firmar como o mais importante líder da região, mas de encabeçar um movimento que pode render excelentes resultados do ponto de vista econômico e social para todas as partes envolvidas.

Os países sul-americanos têm várias características em comum com os países árabes, apesar da distância geográfica que nos separa. São países que buscam sua afirmação definitiva no cenário econômico internacional e que, internamente, ainda convivem com grandes dramas, especialmente no campo dos problemas sociais.

A reunião dessas nações lança ao mundo um recado muito claro: o de que a globalização não pode ser boa apenas para os países ricos. É preciso que se olhe para o mundo como um todo, criando mecanismos mais justos de comércio e de cooperação. Enquanto os efeitos positivos da globalização penderam apenas para os grandes, o mundo não estará livre das guerras, da fome e da miséria. Uma conjugação de fatores que prejudica principalmente os países ricos, porque gera, entre outras mazelas, uma forte insegurança.

Mas essa mensagem terá pouca força se for carregada sozinha pelo Brasil ou por qualquer outro país isoladamente. Daí a importância da realização desse encontro de cúpula. Quando um conjunto de países importantes, como os que se reuniram em Brasília, gritarem, unidos, as possibilidades de haver uma mudança no eixo das relações econômicas internacionais serão muito maiores e terão reflexo imediato também no campo social.

Como bem disse o Presidente Lula na abertura do encontro, a realização da Cúpula pode significar um grande passo para se redesenhar a geografia econômica e comercial no mundo, redefinindo preceitos que diminuam as distorções hoje existentes e tão claras aos olhos de todos.

Torna-se, a cada dia, mais premente, em nome das igualdades sociais e da segurança mundial, promover justiça nas relações comerciais entre os países. Não se fala em buscar vantagens para A ou B, apenas um processo mais igual e mais democrático. Um processo para que faça uma revisão, por exemplo, das pesadas barreiras impostas pelos países ricos e que tanto prejudicam os países pobres e os emergentes.

Sr. Presidente, além de um significado global de grande importância, a Cúpula entre os países sul-americanos e os árabes pode trazer, em curto prazo, conquistas para o Brasil, especialmente no tocante à possibilidade de ampliarmos o comércio e o intercâmbio com os países participantes, especialmente os árabes

Aliás, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a visita recente do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva a países árabes fez com que as exportações brasileiras crescessem de uma forma extraordinária. Os números chegam a ser assustadores em relação ao aumento das exportações brasileiras para os países árabes após a visita de Sua Excelência. Certamente, após esse encontro, as exportações poderão ser multiplicadas.

De acordo com o Ministro Luís Fernando Furlan é possível que o comércio entre o Brasil e os países árabes possa chegar a US$15 bilhões em três anos, quase o dobro dos atuais US$8 bilhões. Ainda segundo o Ministro Furlan, as exportações do Brasil para os países árabes, que estão, hoje, na casa dos US$8 bilhões, poderão chegar a US$15 bilhões, ou seja, quase o dobro.

Trata-se de uma estratégia acertada. O mundo nunca viveu um momento tão forte de interatividade econômica. Logicamente, os países que não estiverem atentos a esse processo de constantes mudanças sairão perdendo.

Analisando outra variável, a estratégia de ampliar o diálogo internacional do Brasil também pode ser eficiente na busca de regras mais vantajosas para os países emergentes. Não resta dúvida de que, organizados, esses países reúnem mais forças para combater os subsídios concedidos pelos países ricos. Portanto, esse esforço leonino do Presidente Lula em sediar o encontro de Cúpula América do Sul - Países Árabes América é louvável sob todos os aspectos.

Ao finalizar o meu pronunciamento, quero cumprimentar o Presidente Lula pela realização desse importante encontro. Mais do que simplesmente pelo encontro em si, pelos desdobramentos que dele podem surgir.

O Brasil, uma vez mais, aparece em uma posição de destaque, ancorando um movimento que pode, a curto prazo, iniciar um processo de revisão dos conceitos atuais de globalização.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é lógico que entendemos as críticas feitas pela Oposição em razão desse grande encontro. A Oposição está no seu papel, que é o de criticar. Contudo, é lógico que as críticas têm que ser feitas de forma construtiva. Não; o Brasil não se colocou em momento algum contra contra aquilo que o mundo hoje praticamente defende, ou seja, a criação do Estado Palestino. Todos, inclusive o próprio George Bush, defendem a criação do Estado Palestino, e foi isso que o Brasil e os países da América do Sul praticamente sustentaram nesse encontro.

O que não pode continuar é o não-cumprimento da Resolução nº 181, de 1947, da ONU, que criou os dois Estados, o de Israel e o da Palestina, pois foi criado apenas um: o de Israel.

O Presidente Lula, nesse encontro, foi taxativo no que diz respeito ao combate e à posição contra o terrorismo. É lógico que a posição foi correta, coerente, sensata; o Brasil se posicionou de forma correta pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Agora, entendemos a preocupação da Oposição. Lula está-se tornando um grande líder, aplaudido por onde passa, em todos os países. Tive a oportunidade de visitar o Haiti e, por onde o Presidente passava, era sistematicamente aplaudido por aquele povo. Um líder carismático, um líder que está se firmando internacionalmente. Naturalmente, isso incomoda a Oposição, a ponto de, hoje, o Líder da Oposição, Senador Arthur Virgílio, do PSDB, por quem tenho o maior respeito, pela sua cultura, pelas suas posições firmes, pedir ao Governador da Paraíba que se posicione, praticamente pedindo a S. Exª que deixe o Partido. Ele vai ter que pedir isso a outros Governadores, porque todos os dias os Governadores do PSDB estão elogiando as atitudes do Presidente Lula. Em Goiás, por exemplo, o Presidente Lula é exageradamente aplaudido, defendido pelo Governador do PSDB, o que é impressionante. A oposição ao Presidente Lula é só do PSDB aqui no Senado e talvez na Câmara, mas nos Governos Estaduais todos praticamente têm feito coro e aplaudido o Presidente Lula.

Daí vêm essas contradições da própria Oposição, que entendemos e respeitamos, porque o papel da Oposição é realmente fazer críticas ao Presidente.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador Maguito Vilela, V. Exª me permite um aparte?

O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO) - Com muito prazer.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador Maguito Vilela, não posso concordar, de maneira alguma, com o que V. Exª coloca. A Oposição no Parlamento é diferente porque se exercita de maneira mais crítica no dia-a-dia. Os Governadores têm a obrigação de governar os seus Estados, mas daí a dizer que não estejam na mesma sintonia conosco é uma distância muito grande. Os Governadores estão cientes do que acontece no Brasil e reclamam, realmente, do mau estado das estradas brasileiras, da pouca atenção aos Estados, por exemplo, nas questões da reforma tributária, que nunca mais termina, foi aprovada aqui e não termina na Câmara. Queria apenas fazer esse reparo. Os Governadores também estão na Oposição, todos aqueles do PSDB. Agora, a forma é que, evidentemente, é diferente. É assim em qualquer democracia.

O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO) - Concordo com V. Exª em gênero, número e grau. Estou defendendo os Governadores. Creio que eles têm que continuar apoiando, defendendo e aplaudindo o Presidente Lula. Eles é que estão certos, inclusive o Governador do meu Estado.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Eu não disse que eles estão apoiando. Senador, eles não estão apoiando o Presidente Lula. É diferente. Os Governadores estão tratando com o Presidente Lula de questões administrativas de interesse dos Estados, mas não o estão apoiando. Eles reconhecem quando existe acerto, como todos nós reconhecemos, mas não estão apoiando o Presidente Lula.

O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO) - Estão. É lógico que, em muitos Estados, estão apoiando o Presidente e estão fazendo o papel correto. O Presidente tem dirigido a Nação com muita competência, com muito discernimento e com muito equilíbrio.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/05/2005 - Página 14355