Discurso durante a 62ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Réplica ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Réplica ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 18/05/2005 - Página 15032
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, OPOSIÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), REGISTRO, LEGITIMIDADE, MINORIA, INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, QUESTIONAMENTO, PRIORIDADE, GOVERNO, ATUAÇÃO, POLICIA FEDERAL, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ).
  • QUESTIONAMENTO, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEFESA, PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO (PTB).
  • COMENTARIO, NECESSIDADE, PRIORIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMPROMISSO, ETICA, CRITICA, CONCESSÃO, PRIVILEGIO, BANCADA, APOIO, CONGRESSO NACIONAL.
  • DEFESA, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ainda há pouco, eu perguntava à Senadora Heloísa Helena e ao Senador José Agripino o que não faria o PT se esse episódio se tivesse passado no Governo anterior.

E mais ainda. Ouvi aqui, Senador Geraldo Mesquita, um discurso do tipo: “A Polícia Federal está investigando, o Ministro Márcio Thomaz Bastos está investigando”. Abro um parêntese, Senador Osmar Dias, para dizer que, desse jeito, vão desmontar e desmoralizar completamente a figura pública do Ministro Márcio Thomaz Bastos, que virou uma espécie de guarda-costas desses malfeitos. As pessoas sempre se escudam na correção da vida de Márcio Thomaz Bastos, como se bastasse a sua investigação para elucidar as dúvidas da Nação. Porém, a pergunta que faço é muito simples - é até simplória: então, a Polícia Federal pode investigar, o Ministro Márcio Thomaz Bastos pode investigar. Só quem não tem legitimidade para investigar é a Oposição brasileira, constituindo aqui uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Só a Oposição não teria legitimidade para fazer investigações.

Ouvi aqui elogios à CPI da Loterj. Sendo assim, a CPI da Loterj teria funcionado bem. Porém, o Governo, mais do que negar a participação, mais do que negar a sua anuência a uma CPI, obrigou a Oposição a ir ao Supremo Tribunal Federal para obter de volta o direito de a Minoria, tendo um terço de uma Casa Legislativa, de acordo com a tradição parlamentar anglo-saxônica, poder constituir, automaticamente, sem benesses dos poderosos, uma Comissão Parlamentar de Inquérito.

E surge aquela história: herdamos a GeTech. Herdaram a GeTech, que vinha de litígios com o Governo passado, mas não herdaram a ligação incestuosa de Waldomiro Diniz com a GeTech. Isso é bebê recente; isso é bebê do Governo Lula; isso é bebê que nasceu de 2003 para cá.

Na minha opinião, Sr. Presidente, longe de se referirem à ligeireza da Oposição, como se fosse ilegítimo tentar instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito - e a ela quer, e ela vai obter número e ele vai instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito -, era o Governo Lula fazer uma profunda reflexão.

Estou lendo declarações estarrecedoras na Internet do tipo Presidente Lula...prejulgando. E eu não estou aqui prejulgando. Eu quero uma Comissão para investigar. O Presidente Lula diz: “Agora é que o Presidente do PTB vai saber quem é amigo dele”. O papel do Presidente não é ser amigo ou inimigo de ninguém neste momento. É possibilitar que se busque uma verdade que, se estabelecida com a participação decente do Presidente, haverá de proteger e salvaguardar o seu Governo.

“Tem de ser investigado tudo”, diz o Governo, desde que não seja por meio de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, desde que seja para dentro do próprio Governo, desde que seja o Ministro Márcio Thomaz Bastos*, desde que seja a CGU do Sr. Waldir Pires*, desde que seja o Governo investigando o próprio Governo para que as conseqüências sejam controladas e controláveis pelo próprio Governo.

Sr. Presidente, na minha opinião, o Presidente Lula precisa fazer uma grande mudança de rumos. Ele precisa retomar o seu compromisso com a defesa da ética. Ele precisa não manter essa visão caolha e vesga de que governabilidade é fechar os olhos para a corrupção. Precisa não confundir governabilidade com licenciosidade de certos aliados seus que estão aí a erodir o patrimônio de respeitabilidade construído por ele ao longo de seu tempo de vida.

A continuar assim, vamos, daqui a pouco, dizer que este Governo apodreceu, e apodreceu porque acabou - ou talvez que ele tenha acabado porque tenha apodrecido. Mas o fato é que não dá para não se ter a manifestação indignada. Todas as culpas para cima de um coitado, que é a ponta do iceberg de um esquema realmente nojento de corrupção e nenhuma indignação. A vontade é que passe o vendaval. A vontade é de não se fale mais nisso. A vontade é que caia uma bomba atômica em algum lugar do País para nós nos preocuparmos com ela, ou com o Tsunami, e não com esse fato que está enodoando este Governo, sim.

O Sr. Marcelo Marinho não é nada a não ser a ponta de um iceberg numa estatal. E a CPI que propomos é para investigar corrupção em toda e qualquer estatal brasileira.

O Sr. Aloizio Mercadante (Bloco/PT - SP) - Senador Arthur Virgílio, permite-me V. Exª um aparte? Serei brevíssimo

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Alega o Presidente que não se pode conceder aparte na réplica. Sendo assim, , com muita pena, sou obrigado a não contar com o aparte talentoso de V. Exª!

Sr. Presidente, é bastante simples. Estamos coletando assinaturas para a Comissão Parlamentar de Inquérito. Quem achar que viu pouco que não assine. Quem achar que viu o suficiente assine, porque sempre pode aparecer mais. Quem achar que aquilo ali é apenas o começo, é apenas o fiozinho da meada, que assine também, para que possamos devolver ao Congresso um dos seus pontos de normalidade. Desde que começou este Governo, não conseguimos instalar Comissão Parlamentar de Inquérito alguma, aqui, para se investigá-lo. Parece até que é possível se investigar o Governo, por exemplo, assim como é possível se fazer o cruzamento de jacaré com elefante! Com isso aí o Governo não se incomoda. Incomoda-se, sim, quando procuramos saber o que aconteceu dentro ou fora do Palácio do Planalto, em torno do escabroso caso Waldomiro Diniz. Incomoda, sim, quando vemos esse caso dos Correios e Telégrafos, que, se não tivesse essa importância toda, não teria tido a repercussão que teve na mídia e, dificilmente, começaria e terminaria no Sr. Marcelo Marinho. Começa em Marcelo Marinho como começou em Waldomiro! Termina não sei onde! Isso será esclarecido por uma Comissão Parlamentar de Inquérito Mista a se instalar dentro de poucos dias, a peso da indignação do Congresso Nacional, representando a indignação da sociedade brasileira, Sr. Presidente!

Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/05/2005 - Página 15032