Discurso durante a 65ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemoração do Dia da Etnia Italiana e registro dos 130 anos da chegada dos "homens do vinho" ao Rio Grande do Sul.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA INDUSTRIAL.:
  • Comemoração do Dia da Etnia Italiana e registro dos 130 anos da chegada dos "homens do vinho" ao Rio Grande do Sul.
Publicação
Publicação no DSF de 21/05/2005 - Página 15952
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA INDUSTRIAL.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, CHEGADA, BRASIL, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), EMIGRANTE, PAIS ESTRANGEIRO, ITALIA, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, CULTURA, COLONIZAÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, REGISTRO, HISTORIA, ESPECIFICAÇÃO, CULTIVO, UVA, PRODUÇÃO, VINHO, HOMENAGEM, DIA NACIONAL, GRUPO ETNICO.
  • IMPORTANCIA, DIVULGAÇÃO, VALORIZAÇÃO, VINHO, PRODUTO NACIONAL, SOLIDARIEDADE, REIVINDICAÇÃO, PRODUTOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), TRIBUTAÇÃO, PRODUTO IMPORTADO, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA, COMBATE, CONCORRENCIA DESLEAL.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, há 130 anos, os “homens do vinho”, como eram chamados por alguns os imigrantes italianos, começaram a chegar ao Rio Grande do Sul. Pessoas que ocupavam, em sua maioria, as terras altas, região da Serra Gaúcha.

O ano era 1875, e as primeiras colônias italianas começaram a ser formadas. Os italianos que chegavam começaram a povoar as regiões de Conde’Eu e Dona Isabel, hoje conhecidos por nós como as cidades de Garibaldi e Bento Gonçalves, respectivamente. Áreas limitadas pelo rio Caí, os campos de Vacaria e o município de Triunfo e cortadas pelo caminho dos tropeiros. Também nesta data surgiu a Colônia de Caxias- minha terra natal-, e, dois anos depois, a de Silveira Martins, próximo a Santa Maria.

De acordo com nossos historiadores, essas quatro colônias foram o núcleo básico da colonização italiana no Rio Grande do Sul. Foi a partir delas que outras colônias, outras cidades foram surgindo.

É importante lembrarmos que esses cidadãos italianos não encontraram facilidades ao chegar aqui. Tiveram que desbravar a terra que adquiriam.

Histórias como as dos pais do Sr. Antônio Ferrari - que neste ano completa 101 anos - nos emocionam. Filho de imigrantes que chegaram ao Estado, em 1877, Antônio constituiu família e trabalhou por nosso estado. Pai de dez filhos, tem 76 netos, 132 bisnetos, nove trinetos e dois tetranetos. Doou para seu município terreno que obteve com seu trabalho e, assim, contribuiu com a educação.

No local hoje temos a Escola Liberato Salzano, na cidade de mesmo nome. A trajetória deste senhor e de sua família é semelhante a de muitos outros cidadãos gaúchos de descendência italiana.

Pessoas que, como dissemos anteriormente, ao chegarem no Rio Grande do Sul, batalharam muito e contribuíram imensamente para o crescimento da região. Fato que pode ser representado por um trecho da conhecida canção:

Merica, Merica”: “(...) à América nós chegamos. Não encontramos nem palha nem feno. Dormimos sem nada no chão. Como os animais repousamos. A América é comprida e larga. É formada por montes e planícies. E com engenho de nossos italianos. Construímos vilas e cidades.

Criavam porcos, vacas, galinhas. Produziam queijo, salame, toucinho. Plantavam, inicialmente para subsistência, milho, trigo, feijão, batata, mandioca, trigo, hortaliças e, principalmente, videiras.

O cultivo das uvas nos levou a ser um dos maiores produtores de vinho do país. Levou o Rio Grande do Sul a ser reconhecido pela quantidade e principalmente pela qualidade desse produto, hoje reconhecido mundialmente.

A variedade de uvas trazidas para cá pelos primeiros imigrantes italianos contribuiu no aperfeiçoamento desse produto que inicialmente não era tão qualificado.

Aqui voltamos a fazer um apelo: precisamos olhar para trás. Ver a enorme contribuição dessas pessoas na economia de nosso estado e, percebendo isso, olhar para o nosso presente. Para a crise que os produtores de vinho estão enfrentando.

É de fundamental importância pensarmos em promover e divulgar o vinho nacional. Com isso ampliaremos o mercado interno e externo e estaremos reconhecendo a qualidade de nossos vinhos. Não podemos permitir que o setor seja inviabilizado.

Os produtores nacionais reclamam da invasão de produtos oriundos de países que formam o Mercosul - especialmente os argentinos -, livres de imposto de importação. O setor reivindica que todo o vinho importado seja tributado. O objetivo dessa medida é viabilizar o aumento dos impostos gerando mais arrecadação de tributos e terminando com a concorrência desleal entre os vinhos nacionais e importados.

No ano passado, de acordo com dados publicados no início do mês no jornal Zero Hora, foram vendidos 11,2 milhões de litros do vinho argentino. Para este ano a expectativa é de que 20 milhões de litros sejam vendidos.

Nossa serra, região que acolheu nossos primeiros imigrantes italianos, tem na base de sua economia o cultivo da uva. Cerca de 16 mil famílias dependem da comercialização do vinho nacional. Então, vamos olhar com carinho para esse problema.

Amanhã, 20 de maio, comemoramos o Dia da Etnia Italiana. Por que então não lembrarmos das contribuições desse povo para o nosso Estado, mais, para nosso país?

Contribuições econômicas como citamos, mas também sociais e culturais. Afinal, os imigrantes conservaram seus costumes, seus hábitos alimentares, sua língua, suas festas, seus jogos e suas canções.

Quem de nós não ouviu falar no jeito italiano de ser? Quem de nós não se refere a esse povo como batalhador e trabalhador? Quem não identifica essas pessoas com a alegria dos brasileiros? Vamos mais além, quem há de dizer que os primeiros imigrantes, orgulhosos de sua terra natal, não adotaram nosso país como sua verdadeira pátria?

Neste 20 de maio saudamos a todos esses brasileiros. Afinal, nosso País é como é justamente pela mistura de povos, de raças, de etnias e de culturas.

Salve nossos imigrantes! Salve nossos gaúchos! Salve o povo brasileiro!

Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/05/2005 - Página 15952