Discurso durante a 66ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre a punição imposta pelo Partido dos Trabalhadores ao Deputado Virgílio Guimarães. Inevitabilidade da instalação da CPI dos Correios. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
  • Considerações sobre a punição imposta pelo Partido dos Trabalhadores ao Deputado Virgílio Guimarães. Inevitabilidade da instalação da CPI dos Correios. (como Líder)
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 24/05/2005 - Página 16021
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
Indexação
  • COMENTARIO, DECISÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PUNIÇÃO, DEPUTADO FEDERAL, ACUSAÇÃO, DESCUMPRIMENTO, DIRETRIZ, CANDIDATURA, PRESIDENCIA, CAMARA DOS DEPUTADOS, CONTRADIÇÃO, NEGLIGENCIA, GOVERNO FEDERAL, COMBATE, CORRUPÇÃO.
  • SOLICITAÇÃO, INSERÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DENUNCIA, IMPUNIDADE, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • DENUNCIA, MOBILIZAÇÃO, GOVERNO, TENTATIVA, RETIRADA, ASSINATURA, CONGRESSISTA, REQUERIMENTO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), DEFESA, IMPORTANCIA, INVESTIGAÇÃO.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a vida é feita de muitos desencontros, de muitos desvãos, de muitos caminhos e de muitos descaminhos.

Hoje, eu lia, Senador Marco Maciel, não sem alguma estupefação, a notícia da punição imposta pela direção do Partido dos Trabalhadores ao Deputado Virgílio Guimarães. Delito de S. Exª: ter desafiado a direção partidária e ter se lançado candidato à Presidência da Câmara dos Deputados. Pena imposta a S. Exª: um ano de afastamento completo das atividades partidárias.

E o Presidente da sigla, ex-Deputado José Genoíno, disse que foi condescendente com o Deputado Virgílio Guimarães.

Ao mesmo tempo, nos mesmos jornais, as notícias são de tentativa de “operação abafa” da Comissão Parlamentar de Inquérito que se destina a investigar o escândalo dos Correios, enquanto o Presidente passa a mão na cabeça de todos os acusados - e já são muitos - do seu Governo.

Ponho-me a perguntar o que estaria fazendo o Presidente Lula da sua biografia. Para o Deputado Virgílio Guimarães, fiel ao Governo, fiel ao ideário proposto pelo Presidente Lula ao chegar ao Palácio do Planalto, fiel ao Partido, pena de um ano de afastamento completo das atividades partidárias, sem a menor contemplação. Para aqueles outros acusados de corrupção, sempre a condescendência, que começou com Waldomiro Diniz, que foi demitido a pedido. E o Presidente dizendo que é parceiro de um, que confia no outro, que é amigo de um terceiro, que espera transitar em julgado.

A revista Veja desta semana - e peço a inserção nos Anais da Casa da capa e da matéria sobre corrupção - mostra exatamente o roteiro que orienta a impunidade. As leis têm de ser mexidas porque os recursos são demasiados. O inocente demora muitos anos para provar a sua própria inocência. E o culpado, é preciso muito tempo para que se o provem culpado. Recursos, procrastinações, nada que bons escritórios de advocacia não resolvam.

De qualquer maneira, fica o sabor da amargura, Sr. Presidente, porque vejo, numa ponta, a punição impiedosa ao Deputado Virgílio Guimarães, cuja acusação, repito, é ter ousado desafiar a autoridade da direção partidária. E o Presidente sempre inocentando seus acusados de estimação. Sistematicamente, todos os seus acusados de estimação têm sido declarados inocentes pelo Presidente Lula até provas, provas, provas, provas e mais provas em contrário.

O Presidente Lula montou uma Base parlamentar que, pura e simplesmente, não funciona. Ele entrega tudo aquilo que combina, entrega os cargos, entrega autonomia. Os cargos não raro estão virando objeto de suspeição, de malversação de recursos públicos.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Vira um círculo vicioso. O Presidente não pune ninguém porque afirma que precisa dessa gente para governar e arruína o seu Governo e sua reputação, precisamente porque alega precisar dessa gente para governar. Então, é obrigado a dar cargos sem ter o voto; é obrigado a dizer que fulano e beltrano são inocentes para ter o voto. E termina perdendo o respeito da Nação brasileira. Essa é que é a verdade.

Sua Excelência é dado a brincadeiras. Dizia a jornalistas: “Não estou preocupado. Olhem para minha cara e vejam se estou preocupado”. Depois de ter programado uma dessas caravanas hollydays, com vinte Ministros - levou cinco ou seis a Seul - deixou o resto aqui em contato com os Deputados, procurando fazer uma escabrosa movimentação para retirarem 67 assinaturas do requerimento de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito. Se o Presidente lograr êxito em retirar 67 assinaturas, o PSDB vai pedir uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar esse movimento. Não acredito que existam 67 doidivanas que assinam em um dia e, no outro, “desassinam”. Não acredito que existam 67 levianos que um dia querem investigar um abalo moral do Governo e, no outro, sejam convencidos por argumentos da Casa Civil ou sei lá de onde da Presidência da República.

Concedo um aparte a V. Exª, Senador Mão Santa, com muita honra.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Arthur Virgílio, na certa, o núcleo duro está se inspirando naquela afirmação do Deputado Luiz Inácio Lula da Silva de que aqui havia 300 picaretas. Para agir dessa maneira, só se isso está incutido no núcleo duro.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Muito bem. É isso mesmo, Senador Mão Santa.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Concluo, Sr. Presidente, dizendo que o PT perde as estribeiras. Agora, acusam o PSDB de golpismo. Quantas divisões temos para aplicar algum golpe nas instituições brasileiras? De quantos soldados dispomos? De quantos tanques? Nós, golpistas, se fomos eternamente vítimas dos golpes que assolaram este País quando a democracia não estava ainda consolidada?

Ao contrário, em passado recente foi o PT que gritava o “Fora, FHC!”. Era o PT a pedir que o Presidente Fernando Henrique renunciasse e convocasse novas eleições, Senador Marco Maciel. Nós, não. Ao contrário. Hoje, se eu tivesse de pedir ao Presidente alguma coisa, eu pediria: “Fica, Lula!”. Se eu tivesse, Srªs e Srs. Senadores, que impor ao Presidente algum castigo, eu diria: “Presidente, fique e não afaste o seu traseiro - já que Vossa Excelência se refere aos traseiros dos brasileiros - nem um segundo até o último dia, o último minuto do seu mandato, porque o seu dever é governar o País, o seu dever não é sair, não é renunciar, o seu dever é ficar até o final e governar este País, dando satisfação aos 53 milhões de brasileiros que tanto confiaram em Vossa Excelência, Sr. Presidente”.

Essa é a nossa opinião.

Nós, do PSDB, consideramos inevitável a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Correios. É bom o Governo instalá-la logo, senão, daqui a pouco, vai haver a do IRB ou a de outra estatal qualquer. É bom que comecem por essa. A Oposição foi conscienciosa, procurou se ater ao fato específico e restringiu a apuração aos Correios e Telégrafos. Não há por que terem tanto medo da corrupção que supostamente envolve apenas um funcionariozinho de terceiro escalão.

Se todo mundo é inocente, se todo mundo é parceiro, então, por que não fazemos a investigação de uma vez? Está cheirando muito mal essa demonstração de medo e de paúra que o Governo revela.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/05/2005 - Página 16021