Discurso durante a 70ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Solidariedade ao posicionamento do Senador Eduardo Suplicy para a criação da CPMI dos Correios. (como Líder)

Autor
José Agripino (PFL - Partido da Frente Liberal/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
  • Solidariedade ao posicionamento do Senador Eduardo Suplicy para a criação da CPMI dos Correios. (como Líder)
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 31/05/2005 - Página 16565
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
Indexação
  • ELOGIO, POSIÇÃO, EDUARDO SUPLICY, SENADOR, APOIO, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), ATENDIMENTO, EXPECTATIVA, OPINIÃO PUBLICA, VIABILIDADE, COMBATE, CORRUPÇÃO.
  • DEFESA, ACORDO, CAMARA DOS DEPUTADOS, SENADO, ESCOLHA, PRESIDENTE, RELATOR, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
  • REGISTRO, INDICAÇÃO, BLOCO PARLAMENTAR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), MEMBROS, COMPOSIÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu até não deveria me manifestar sobre assunto que não diz respeito ao meu Partido, mas me vejo na obrigação de dar uma opinião sobre o que se discutiu aqui, até em tom cavalheiresco, em tom civilizado, em tom maduro, um assunto que diz respeito a uma questão intestina do Partido dos Trabalhadores.

Eu queria manifestar a minha opinião ao Senador Eduardo Suplicy, um cavalheiro por excelência, com quem tenho divergido tantas vezes, mas a quem, tanto eu como a Casa, devotamos um sentimento de respeito pela sua vida pública reta, pela sua correção, pelos seus princípios, pela sua probidade pessoal. Mas, fundamentalmente, ele demonstra agora, Senadora Heloísa Helena, o sentido intuitivo de sintonia com a opinião pública.

Senador Eduardo Suplicy, pode-se falar do Presidente Lula muita coisa, abonadora e desabonadora. Eu posso falar, mas uma coisa eu tenho que reconhecer: a incrível capacidade que ele tem de sobrevivência política, por saber sintonizar com a opinião pública. Ele está sempre procurando interpretar o sentimento da opinião pública. Nesse episódio, como em episódios recentes, ele está em rota de colisão com o sentimento da opinião pública, claramente, ao colocar-se contra a instalação e funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a questão dos Correios, que é uma recidiva do caso Waldomiro. Ele está agredindo o sentimento da opinião pública, que é o de ver a corrupção investigada e punidos os culpados.

“Ao meu rei tudo, menos a honra”. Acho que foi assim, sem nem pensar nessa frase, que V. Exª se inspirou para tomar posição. V. Exª manifestou apreço, respeito, disse até que a sua atitude iria colaborar com o Governo do Presidente Lula, a quem V. Exª ajudou a eleger. Mas V. Exª não vai entrar em rota de colisão com a opinião pública.

Aqui foi dito que a Oposição queria a CPI - queria e quer, e foi ela quem tomou a iniciativa. Mas a CPI existiu não foi só pelas fotos e assinaturas do PFL, do PSDB e do PDT. Ela se constituiu pelas assinaturas de Parlamentares de todos os Partidos, inclusive do PT de V. Exª. Não é que a Oposição queira, a Oposição tomou a iniciativa. Quem quer essa CPI é o povo brasileiro. Quem não pensar assim vai pegar o bonde errado da história. E V. Exª, que tem um sentido intuitivo de sintonia com a opinião pública, percebeu isso em muito boa hora, e, rasgando as carnes, assinou a CPI, para poder andar tranqüilamente pela passeata gay de São Paulo, sendo festejado, aplaudido e admirado.

Sem nenhum desdém às opiniões que aqui foram manifestadas - que eu respeito - pelo Líder Delcídio Amaral, um cavalheiro, pelos Senadores todos do PT, quero manifestar a minha solidariedade e respeito à posição de V. Exª. Sem nenhum parti pris, sem entender que a atitude de V. Exª tenha definido ou não - e não definiu - a CPI, pois ela já estava definida, aplaudo a iniciativa de V. Exª, porque está sintonizada com a opinião pública. Eu acho que fazer política com acerto é fazer a vontade do povo, e V. Exª manifesta-se por fazer a vontade do povo.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Com muito prazer, se o Presidente permitir.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Quero agradecer as palavras de V. Exª, de solidariedade e de compreensão. Agora, uma observação sobre o que disse V. Exª sobre o Presidente Lula. Se V. Exª ler com atenção os jornais de hoje, poderá perceber que o Presidente Lula, também hoje, está sintonizado com a opinião pública, pois ele tomou a postura de dizer à coordenação política, aos seus ministros, que não há mais por que se objetar a CPI. Vamos realizar um esforço para que ela seja a mais séria e correta. Nesse sentido, quero acrescentar que, quando V. Exª, na semana passada, assumiu a tribuna para dizer, como Líder do PFL, que quer fazer desta CPI um trabalho sério, competente, imparcial e com neutralidade, isso também me ajudou na decisão e na argumentação, porque considero que a Oposição deve ter a necessária responsabilidade de não fazer desta CPI algo que vá contribuir para desestabilizar o Governo e as instituições, parar o Congresso Nacional e a Administração Pública, como muitos companheiros, na direção nacional, argumentaram. Quero aqui dizer que, a cada momento no decorrer desta CPI, eu vou instar as Lideranças do PFL e do PSDB a honrar a palavra de V. Exª. E, na hora de escolher o Presidente e o Relator, que possam os Líderes recordar-se, por exemplo - e citarei uma CPI de extraordinária sensibilidade para todos no Congresso Nacional -, da CPI do Orçamento. Escolheu-se para Presidente o Senador Jarbas Passarinho, que era por todos respeitado, e, para Relator, o Deputado Roberto Magalhães. Ambos tiveram uma atitude harmônica, como todos os membros da CPI, que funcionou a contento. Da mesma maneira, no ano anterior, noutra CPI, o Presidente, Deputado Benito Gama, e o Relator, Senador Amir Lando, tiveram harmonia e foram respeitados pelos demais. Ambas as CPIs puderam dar um salto, que contribuiu para lavar a alma do povo brasileiro e fazer com que providências importantes ocorressem neste País, inclusive a campanha por ética na política, de tão boa memória. Agradeço as palavras de V. Exª.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Sou eu que agradeço a V. Exª, Senador Eduardo Suplicy. Só se fôssemos muito pouco inteligentes, Senador Suplicy, faríamos desta CPI um palco de emoções, um Fla X Flu, um jogo entre o Governo e a Oposição, porque a opinião pública rejeita esse procedimento. O que ela deseja é a investigação correta da corrupção para o apontamento de culpados. A opinião pública não aceita a procrastinação do caso Waldomiro Diniz e a reincidência no caso dos Correios; ela quer passar a corrupção a limpo. Quem for inteligente e pretender ficar sintonizado deve agir com equilíbrio, moderação e dedicação para encontrar os culpados e entregá-los à Justiça. É o que o PFL deseja e fará. Mas espero que V. Exª tenha razão e que o Presidente da República, que chegou da Coréia, ponha ordem na sua base e que acabe com essa conversa de desmanchar tudo o que foi feito até hoje.

O SR. HERÁCLITO FORTES  (PFL - PI) - V. Ex.ª me permite um aparte?

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Vou só concluir o raciocínio. Até hoje, Senador Heráclito Fortes, nas comissões permanentes, nas CPMIs que estão em curso, para estabelecer o debate e o confronto de idéias e para provocar o esclarecimento, existe um acordo e um Regimento que, coordenados, levam as comissões permanentes a terem presidentes de partidos alternados. Senão, o PMDB, que é o Partido majoritário nesta Casa, teria todas as presidências; ou o Bloco PFL/PSDB, que é majoritário, teria todas as presidências. Mas foi feito um acordo de cavalheiros, para que a CAE fique com um Partido, para que a CCJ fique com outro Partido, para que a Comissão de Relações Exteriores fique com outro Partido.

E o acordo feito na CPMI é exatamente a mesma coisa. O Partido majoritário na Câmara indica o Presidente ou o Relator; o Partido majoritário que, no caso, é o Bloco PFL/PSDB no Senado, indica o Relator ou o Presidente. Estão falando em um Bloco novo. Espero que a chegada do Presidente...

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Senador José Agripino, peço a V. Ex.ª que conclua.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - ...bote ordem nessa questão e se retome a racionalidade, que se estabeleça o acordo amparado no Regimento que se pratica há anos no Congresso brasileiro, e que se honre o expediente que o Bloco da minoria recebeu de S. Exª o Presidente Renan, pedindo a indicação, ao Bloco PFL/PSDB, de cinco membros titulares e cinco suplentes como bloco majoritário. Porque, pela proporcionalidade constante do expediente de S. Ex.ª, o Bloco PFL/PSDB indicará cinco membros, o Bloco PT/PTB/PL/PSB indicará quatro e o PMDB quatro. O majoritário indica cinco.

Então, ou Presidência ou Relatoria - e, no caso, pela tradição e pela seqüência, será a Relatoria - cabe ao Bloco PFL/PSDB. Se o Presidente quer colaborar, precisa dar uma orientação à sua base para procurar o entendimento que sempre se fez.

E aqui quero comunicar que o Bloco PFL/PSDB, Sr. Presidente, para encerrar, está indicando, em atenção ao Expediente nº 215/2005, do Presidente Renan Calheiros, titulares para comporem a Comissão Parlamentar de Inquérito: Senadores César Borges, Demóstenes Torres, Heráclito Fortes, Antero Paes de Barros e Sérgio Guerra. Como suplentes os Senadores: José Jorge, Efraim Morais, Romeu Tuma, Alvaro Dias e Almeida Lima. Indicará hoje e espera que o acordo se proceda, para que a palavra do Senador Suplicy seja uma palavra com força de verdade pela ação do Presidente que deseja realmente a investigação. Senão, é CPI de um lado só. CPI de um lado só é farsa só. E, de farsa, o PFL não participa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/05/2005 - Página 16565