Discurso durante a 78ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre divergências entre S.Exa. e o Senador Demóstenes Torres quanto a matéria que tramita atualmente na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional sobre a questão da relação entre as FARCs e o PT. (como Líder)

Autor
Cristovam Buarque (PT - Partido dos Trabalhadores/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Considerações sobre divergências entre S.Exa. e o Senador Demóstenes Torres quanto a matéria que tramita atualmente na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional sobre a questão da relação entre as FARCs e o PT. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 09/06/2005 - Página 18728
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • RESPOSTA, ACUSAÇÃO, AUTORIA, DEMOSTENES TORRES, SENADOR, MANIPULAÇÃO, ORADOR, INFORMAÇÃO, COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL, VINCULAÇÃO, DENUNCIA, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), POSSIBILIDADE, RECEBIMENTO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), RECURSOS, ORIGEM, GUERRILHA, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA.
  • SOLICITAÇÃO, CRIAÇÃO, COMISSÃO, SENADO, OBJETIVO, AVALIAÇÃO, ATUAÇÃO, ORADOR, PRESIDENCIA, COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL.
  • SOLICITAÇÃO, REPRESENTAÇÃO, AVALIAÇÃO, COMPORTAMENTO, DEMOSTENES TORRES, SENADOR, DESRESPEITO, ORADOR.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PT - DF. Pela Liderança do PT. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu não pretendia falar hoje, mas não posso deixar de trazer aqui um assunto que considero da maior importância, para o qual peço uma ação imediata do Senado. Quem estava aqui há poucos minutos pôde assistir à maneira destemperada como o Senador Demóstenes Torres se comportou em relação a mim. Todos viram que ele entrou aqui e, de forma agressiva, veio não apenas me ofender, chamando-me de moleque, como ele chamou, mas também me agrediu moralmente ao dizer que eu estava manipulando um trabalho que eu tenho que fazer na Comissão que, com muito orgulho, presido, das instituições de inteligência.

A história disso começa quando a revista Veja faz uma matéria de capa sobre possível contribuição das Farc ao Partido dos Trabalhadores. Na segunda-feira seguinte, eu estava anestesiado, fazendo uma cirurgia, e o telefonema que a minha esposa recebeu foi o do Senador Demóstenes Torres. O primeiro telefonema que dei, depois que saí da anestesia, foi para o Senador Demóstenes. Ele disse que queria uma reunião para discutir aquele assunto. Eu acabava de tomar posse na Presidência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, a Comissão cujo Presidente preside também a Comissão de Inteligência. Convoquei reunião para a segunda-feira seguinte.

De lá para cá, tivemos um número grande de reuniões, e estou pronto para dar todos os informes. Durante todas as reuniões, embora o Senador Demóstenes não faça parte da Comissão, eu permiti, como Presidente, que ele assistisse a todas elas do começo ao fim. Ele participou, indicou nomes; fiz tudo que ele, como principal pessoa interessada, pediu.

Em uma das reuniões, ele me agrediu, dizendo que eu estava manipulando a Comissão para impedir que a verdade aflorasse. Considero essa uma agressão das maiores, porque tenho um nome a zelar, tenho uma tradição, tenho um comportamento que, posso dizer, não dá margem a essa dúvida. Mas ele não apenas disse, ele agrediu, e as pessoas lá estavam como testemunhas.

Hoje, reunião convocada para fazer uma avaliação, porque, de lá para cá, já ouvimos espiões, coronéis, ministros, diretor da Abin e outras pessoas, hoje não apareceu um único membro da Comissão. A verdade é que, ultimamente, esse assunto deixou de interessar. E deixou de interessar ou porque as pessoas passaram a ter outras preocupações, ou porque alguns acharam que não merecia todo o trabalho que estamos tendo. Foram horas e horas e horas de debate.

O fato é que ninguém apareceu. O regulamento diz que é preciso esperar dez minutos para haver quórum. Hoje, não foi preciso quórum. Hoje o único que compareceu fui eu, como Presidente. E está lá a única assinatura na lista. Depois de 40 minutos das duas horas, que era a hora marcada, eu suspendi e vim para cá. Chego aqui, o Senador entra, de forma destemperada, e me agride moralmente ao dizer que estou tentando esconder coisas, o que é grave; para mim, de tudo, o mais grave. E, depois, de uma forma que não me parece seja o comportamento de um Senador, agredindo-me com palavras e, por pouco, com gestos.

Quero, Sr. Presidente, solicitar aqui duas coisas: primeiro, para que meu nome fique limpo, quero uma comissão, provavelmente o Senador Romeu Tuma, como Corregedor, para saber se o meu comportamento como Presidente desta Comissão merece o respeito dos meus colegas Senadores. Estou pronto para que, após qualquer constatação de que o meu comportamento visa esconder a verdade, estou pronto para receber qualquer punição que os meus colegas considerarem. Se isso for verdade, a punição tem que ser a mais violenta e forte possível. Nenhum Senador tem direito de, na Presidência de uma Comissão, manipular.

Quero que seja avaliado, Sr. Corregedor, o meu comportamento. Agora, quero outra coisa. Quero também representar contra o Senador...

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - Tenho a impressão... Um aparte.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PT - DF) - Um momento, Senador...

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - O Presidente tomou as medidas na hora. Vou ler as notas taquigráficas, atendendo o pedido de V. Exª, a quem eu respeito e posteriormente conversarei com o Presidente.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PT - DF) - Não, é só isso. Não, não. Eu não quero, Sr. Senador, que seja avaliado o que aconteceu aqui. Eu quero que se avalie...

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Senador Cristovam, V. Ex.ª dispõe de mais dois minutos para concluir.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PT - DF) - Eu quero que avalie o meu trabalho como Presidente da Comissão. Eu quero, Senador, que sejam convocadas as pessoas que participaram, que sejam convocados todos para saberem se me comportei corretamente ou não.

Vou alertar que uma coisa eu feri, o Regimento, ao permitir que o Senador assistisse às reuniões sem que fosse membro. Ele assistiu a todas elas. Fora isso...

O SR. EFRAIM MORAIS (PFL - PB) - V. Ex.ª não feriu o Regimento. Todos os Senadores podemos assistir às reuniões.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PT - DF) - Muito bem, nem isso quebrei. Muito obrigado, Senador.

Não quebrei nenhum item do Regimento então. Agradeço ao Senador Efraim. Mas quero outra representação. Quero uma representação contra o Senador Demóstenes Torres pela maneira como se comportou aqui com um Senador eleito pelo Distrito Federal.

Quero que seja analisado, deve estar gravado a maneira como ele veio, as palavra que usou. Eu acho que esse não é o comportamento de um Senador para com outro. Quero ser avaliado e quero também que o Senador Demóstenes seja avaliado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/06/2005 - Página 18728