Discurso durante a 82ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Necessidade de instalação da CPI dos Correios.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
  • Necessidade de instalação da CPI dos Correios.
Publicação
Publicação no DSF de 15/06/2005 - Página 19632
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
Indexação
  • IMPORTANCIA, TRABALHO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), ATENDIMENTO, OPINIÃO PUBLICA, INVESTIGAÇÃO, GRAVIDADE, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, CRISE, POLITICA NACIONAL.
  • DEFESA, RETOMADA, INVESTIGAÇÃO, HOMICIDIO, PREFEITO, MUNICIPIO, SANTO ANDRE (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), VINCULAÇÃO, CONTINUAÇÃO, CORRUPÇÃO, CLASSE POLITICA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Renan Calheiros, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, a minha formação cristã faz-me ter fé e dizer que Deus não nos abandona.

Senador Romeu Tuma, Deus coloca os homens certos no tempo certo. Há provações, sim, Senador Jefferson Péres! Quando o povo predileto de Deus estava escravizado, Ele foi buscar Moisés. Assim, quando existia Golias, Ele foi buscar Davi. Então, Deus busca as pessoas certas para determinados momentos.

Senador Heráclito Fortes, entendo que, neste instante, Deus colocou na Presidência do Senado a juventude de Renan, que tem a ousadia dos jovens, com a experiência dos mais velhos. E esse mesmo Deus colocou na Presidência da CPI que ora o País pede o Senador Jefferson Péres, que dela é Presidente de fato e de direito. Aí está: Deus escreve certo por linhas tortas.

Essa CPI, Senador Rumeu Tuma, não é de PT, não é de PMDB, para estarem disputando os cargos mais importantes. Essa é uma CPI, é um instrumento de investigação. Não existem sociedades sem contratos, sem leis, sem regimentos. Isso é o resultado desses 2005 anos em que vivemos. Então, aí está ela instalada.

Senador Renan Calheiros, eu faria minha a reflexão da Abraham Lincoln. Sei da dificuldade de V. Exª, mas Abraham Lincoln, numa reflexão de sua luta, deixou esta mensagem, Senador Papaléo Paes: “Não faça nada contra a opinião pública, porque malogra; faça tudo com ela e tenha êxito”.

Senador Leonel Pavan, Juscelino Kubitschek, que cassado aqui foi, perguntava aos amigos, a Israel Pinheiro, a seus amigos políticos, a José Maria Alckmin: “Como vai o monstro?” O monstro, Senador Hélio Costa, era o povo. É aquilo que Ulysses Guimarães nos ensinou, Senador Heráclito Fortes, seu amigo pessoal: “Ouça a voz rouca das ruas”. E quem anda nas ruas é o povo! Então, essa CPI é do povo, do Brasil. Senador Romeu Tuma, e, muito mais, daquilo que não pode faltar, daquele sentimento que fez Lula Presidente da República: a esperança. Eles não cantavam “a esperança venceu o medo”? É a esperança do povo do Brasil; é a esperança nos valores que representamos, nos valores cristãos, no valor das leis de Deus. Lá está escrito, Senador Jefferson Péres: “Não roubarás”. Esta é a esperança do povo cristão, e aí está a CPI. É claro que ela é necessária.

A história se repete, Senador Hélio Costa - citei V. Exª não como Senador da grandiosa Minas, com seu número de eleitores, mas por sua profissão, pois, para onde vamos, levamos a nossa profissão, a nossa origem, a busca da verdade. A história se repete, Senador Augusto Botelho: num passado bem próximo, o que havia? Um cidadão chamado Pedro Collor, irmão do Presidente, que deu uma simples entrevista a um órgão de comunicação, só isso. Não havia provas, somente uma entrevista na Veja. Essa entrevista fez nascer a CPI.

O que há agora? Uma entrevista, e não é um cidadão comum, mas um membro deste Congresso Nacional, um Deputado Federal. Aliás, S. Exª foi ator importante na última CPI de repercussão, que resultou no impeachment do Presidente. É um Presidente do Partido Trabalhador do Brasil, de Vargas, cuja lama e corrupção vivi - nós vivemos - na época. E a situação não estava pior do que hoje. Lembro o que Afonso Arinos disse, neste Congresso: será mentira o órfão? Será mentira a viúva? Será mentira o mar de lamas? Será mentira, Presidente Sarney, Santo André, a imoralidade, a corrupção?

Senador Romeu Tuma, a Polícia Federal tem a cara de V. Exª, que tão bem a dirigiu no Governo do Presidente José Sarney. A luta, o suor. Por que não colocamos essa Polícia Federal, que é nosso orgulho, lá em Santo André? Será mentira aquele mistério de corrupção e crimes? É de lá, sem nenhuma providência, a doença da corrupção, Senador Papaléo Paes. A doença da indignidade, dos assassinatos se expandiu.

Presidente José Sarney, cito Padre Antônio Vieira: “Um bem nunca vem só”, mas digo: o mal também não. Ele se alastra, a doença não pára. Oh, Senador Papaléo Paes, não foi isso que aprendemos? A doença ou cura ou não pára, vai adiante. Não curaram a doença de Santo André, e ela foi adiante. De doença passou a endemia e agora é uma epidemia da corrupção. Então, agrava-se a situação. Quero dizer que não existiu, nesses 505 anos de Brasil, uma tormenta tão grande como esta.

Chamaria a atenção deste Congresso para o apóstolo Paulo: “Busque fé, esperança e amor”. Queremos buscar a esperança do povo do Brasil, que está morrendo pela corrupção e pela falta de perspectiva de trabalho. Campeiam o desemprego e suas conseqüências - a falta de segurança, de saúde, de educação -, e aumentam as dívidas.

Ninguém mais quer ser empresário, e com razão, Presidente José Sarney. Um trabalho de Stephen Kanitz diz que quem tem mais condições de gerar empregos neste País é a classe média. Mas ninguém tem poupança. Qual brasileira ou brasileiro tem poupança? Tem de existir poupança para haver investimento, para se começar um empreendimento, uma obra, um trabalho. Mas ninguém a tem.

Neste País, a cada doze meses do ano, cinco meses, Presidente Sarney, são para o Governo. E mais, muito mais, porque o Governo não nos dá segurança, educação e saúde.

Estou diante do Presidente Sarney, Senador que deveria ser vitalício, como Norberto Bobbio, que é a luz. Presidente Renan Calheiros, Norberto Bobbio disse, no seu último livro, que o mínimo que se tem de exigir de um governo é a segurança à liberdade, à vida e ao patrimônio.

Este País vive uma barbárie! No Rio de Janeiro, o número de homicídios, no ano passado, foi cinco vezes maior do que o de mortes no Iraque. Essa é a situação do Brasil.

Como dizia Padre Antônio Vieira, “Um bem nunca vem só”, mas o mal também não. Ele vem acompanhado da corrupção. Mas o que diz Stephen Kanitz, Administrador por Harvard, que escreve na Veja? Entre abrir uma empresa e arrumar um emprego público, os filhos da classe média estão preferindo a opção mais segura.

Este é o nosso País, Senador Romeu Tuma, sem perspectivas. Dívidas rurais alcançam R$37 milhões. Aos nossos velhinhos aposentados, decentes e honrados, oferecem agora empréstimos. Escravidão com os empréstimos: esse é o sacrifício que vão dar aos nossos velhinhos. Acostumados a viverem dentro de seus orçamentos, estão agora assumindo dívidas, o que mostra a ignorância dos que nos governam.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Abraham Lincoln já ensinava: não baseie a sua prosperidade em dinheiro emprestado.

Neste momento em que vivemos, vem-me à mente o Navio Negreiro, de Castro Alves. Diante daquela desgraça, da humilhação dos negros, que eram vendidos, separados da família, Castro Alves dizia: “Deus, ó Deus, onde estás que não respondes?” E eu digo: Ó Deus, dê coragem ao Congresso, ao Senado, a coragem que teve o nosso Presidente para instalar a CPI! A CPI tem um grande comandante, o extraordinário Senador Jefferson Peres. Vamos juntos buscar a verdade e a esperança do povo brasileiro na nossa democracia!

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/06/2005 - Página 19632