O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estamos passando por um momento difícil. O Congresso Nacional está sendo julgado, os Parlamentares - Deputados Federais e Senadores - estão sendo julgados antecipadamente pela população brasileira. O Congresso passa por um dos mais difíceis momentos de sua história, apesar de a Câmara dos Deputados e o Senado Federal já terem demonstrado, em outras vezes, sua lisura, sua transparência, mostrando os fatos à população brasileira, punindo aqueles que se envolveram em casos ilícitos. Inclusive, recentemente, foi cassado um Deputado Federal do Rio de Janeiro.

Já temos demonstrado aqui que, independentemente de quem quer que seja, de que Partido seja, estamos punindo os Parlamentares, inclusive com a cassação de seus mandatos. Porém, a sociedade brasileira, em função dessas maracutaias, em função desse episódio triste por que passa a nossa Nação, está colocando todos os Parlamentares no mesmo balaio.

Eu já disse que essa carapuça não me serve, porém é preciso dar uma resposta à sociedade brasileira por meio de atos concretos, por meio de uma ação forte, punindo todos os envolvidos nesse episódio que mancha a história do Parlamento e a história do Governo Federal.

Por meio da CPI, temos de denunciar e punir todos, temos de chamar aqui aqueles que foram citados e continuar a investigação. Precisamos chamá-los para depor e esclarecer os fatos à opinião pública. Não poderemos esconder nada daquilo que será levantado na CPI.

Concedo o aparte à nobre Senadora Heloísa Helena.

A Srª Heloísa Helena (P-SOL - AL) - Senador Leonel Pavan, as coisas estão tão difíceis realmente, a lama da corrupção está tanta, que acabei de fazer um pronunciamento sobre a questão do financiamento e, para V. Exª ter uma idéia, ligaram para mim dizendo: “Senadora, pelo amor de Deus, não deixe dinheiro na mão dos Presidentes dos Partidos, porque estão todos roubando”. Citaram os nomes dos Presidentes dos Partidos, do PT ao PTB, passando por todos os outros que estão sendo denunciados, como o PP.

Como eles estavam diretamente vinculados aos crimes contra a administração pública e estavam usando não apenas o dinheiro público, mas o dinheiro privado, para o balcão de negócios sujos, da promiscuidade Palácio do Planalto e Congresso Nacional, já achamos difícil o que vamos discutir. Talvez, isso tenha mesmo de ficar na mão de um conselho nacional, de uma grande estrutura do TSE, para que o próprio conselho distribua os recursos para todos os candidatos, a fim de se evitar essa vigarice e essa promiscuidade instalada no País. É só, Senador Leonel Pavan.

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Nobre Senadora, veja que...

O Sr. Magno Malta (Bloco/PL - ES) - Senador Leonel Pavan, V. Exª me concede um aparte?

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Pois não.

O Sr. Magno Malta (Bloco/PL - ES) - Senador Leonel Pavan, aproveito para saudar os Parlamentares da Espanha que estão acompanhando o Vice-Presidente e que acabaram de entrar, a quem o Presidente certamente fará referência. Pedi para apartear também para cumprimentar as esposas dos militares, que são guerreiras na luta, buscando dias melhores para suas famílias. Senador Leonel Pavan, eu disse que são Parlamentares da Espanha, mas, na verdade, estão aqui Parlamentares da Argentina. Desculpem-me. Somos todos da América Latina. É verdadeiro o tema que V. Exª apresenta. A opinião pública está alerta e voltada para esta Casa muito mais do que antes. Gostaria de narrar para V. Exª que, na sexta-feira próxima passada, cheguei ao aeroporto para ir para o meu Estado, e o aeroporto estava lotado, com os vôos atrasados. Havia uma fila muito grande para passar pelo detector de metais, e, de repente, os vôos atrasados começaram a ser chamados. Muita gente estava no final da fila, e alguns Parlamentares foram chamados, porque o avião estava saindo. Quando eles romperam na frente da fila, todas as pessoas começaram a dizer: “São os Deputados do ‘mensalão’! Ladrões! Monte de safados!” Confesso a V. Exª que o meu vôo também estava atrasado e que ele também havia sido chamado. Confesso que também fui, porque a TAM havia chamado, mas, quando ouvi os gritos, recuei. Confesso a V. Exª que, num primeiro momento, em uma história como essa, todos somos colocados na vala comum. Mas, graças a Deus, os homens de bem têm um segundo momento! O rapaz da TAM insistiu, e resisti e pensei que iria perder o avião, porque eu não ia passar, porque eu não queria ouvir o que estava sendo dito. Quando ele insistiu, chamando-me, as pessoas que estavam na fila olharam para trás. Uma delas me apontou e falou: “Esse é aquele Deputado da CPI do Narcotráfico. Esse assina CPI”. E eu passei sem ser molestado, mas, confesso a V. Exª, com o coração na boca.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O Sr. Magno Malta (Bloco/PL - ES) - V. Exª diz que todos os citados precisam ser chamados e ouvidos. É preciso ir a fundo na investigação, quebrar sigilos, doa em quem doer. O Parlamento e os homens públicos de bem não podem ser levados à vala comum juntamente com os do mal. Não podemos ver o Parlamento brasileiro e algumas figuras extremamente importantes se diluírem em praça pública por causa de comportamentos nefastos de pessoas que, na verdade, não têm currículo, mas Boletim de Ocorrência.

O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Nobre Senador Leonel Pavan, como tínhamos combinado com V. Exª, peço licença para interromper seu pronunciamento, a fim de que esta Casa preste sua homenagem ao Vice-Presidente da República e Presidente do honorável Senado da Nação Argentina, Presidente Senador Daniel Scioli, que nos visita, a convite desta Presidência do Senado Federal.

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Sr. Presidente, continuando nosso pronunciamento, cumprimento as esposas dos militares. Já nos pronunciamos em defesa de seus direitos, dos seus familiares e esposos, que ainda não foram reconhecidos por este Governo insensível às causas populares.

Sr. Presidente, retornarei à tribuna depois.

Obrigado.