O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, cumprimento o Presidente porque está fazendo cumprir o Regimento, pois temos 10 minutos e devemos falar nos 10 minutos.

O que eu vinha dizendo e quero continuar hoje? Anteontem, ocupei esta Tribuna e fiquei preocupado com o que está ocorrendo no País porque estão instaladas as CPIs que o povo espera, estão agindo, estão surgindo denúncias, estão sendo apuradas.

Enquanto isso, o País, perplexo, pergunta o que vai ocorrer com o desemprego. Na minha opinião e na de muitos companheiros nossos aqui, o desemprego é a causa maior de grandes coisas que ocorrem no País, a começar pela violência. Quem está desempregado não tem como sustentar a sua família.

Ontem o Senador Pedro Simon fez um retrato, com pinceladas fortes, da desgraça brasileira: cinqüenta milhões de pessoas vivendo com menos de meio salário. Falando nos analfabetos, falou bem, bonito, num português escorreito, mas, ao terminar, esqueceu de apontar um rumo. O que fazer?

Srªs e Srs. Senadores, pretendo, continuando aquele discurso de anteontem, dizer que o País elegeu um Presidente com 70 milhões de votos e que, de acordo com seu programa de governo, mostra que executou várias das promessas que fez quando estava na campanha para Presidente. Discute-se que algumas foram bem feitas; outras, não; outras não foram alcançadas; mas uma delas, por exemplo, a dos 10 milhões de empregos, seguramente está longe de ser atingida - mas essa talvez seja a principal ação que o Governo deve tomar.

O que nós, o que eu e alguns companheiros meus que comungam com as minhas idéias nesta Casa e na outra Casa do Congresso pensamos em aconselhar ao Presidente ou sugerir?

A minha sugestão foi esta: Presidente, se Vossa Excelência foi eleito com o aval de 70 milhões de brasileiros, se agora existe tudo isso, esse caos que está ocorrendo, de corrupção sendo apurada aqui e ali, assuma o comando! Creio que Vossa Excelência não tem necessidade neste momento de dizer que não tem culpa ou que ninguém é mais honesto do que Vossa Excelência. Todos sabemos da honestidade de Vossa Excelência. Ninguém fala sobre isso aqui, já o disse uma vez a Vossa Excelência.

Ao sair da minha escola, fui dirigir uma oficina de operários na Central do Brasil. Ali ensinei operários e aprendi com eles, só não consegui ser um líder. E Vossa Excelência lutou da mesma maneira, veio lá de baixo, como se diz, no pau-de-arara, lutou com seus companheiros no ABC paulista e chegou à Presidência da República.

Neste instante, o Brasil espera, Presidente, que Vossa Excelência assuma o comando das ações produtivas deste País, e o resto que aconteça! Vossa Excelência mesmo disse que se apure o que deve ser apurado e que se corte na própria carne. Que se corte! Mas Vossa Excelência tem obrigação, como Presidente, de comandar os 180 milhões de brasileiros, que não podem ficar parados, esperando.

Vamos resolver o problema dos sem-terra? Vamos. Como? É muito simples: três hectares para cada um plantar mamona e feijão. Com isso, eles terão um salário de R$800 por mês. Eu assino embaixo, porque estamos testando isso no Piauí.

O Sr. Ney Suassuana (PMDB - PB) - Senador Alberto Silva, concede-me V. Exª um aparte?

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Concedo o aparte ao Senador Ney Suassuna.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Desejo apenas me solidarizar com V. Exª e dizer que o seu discurso é aquele de quem sabe fazer, de quem sabe decidir, de quem gosta do desafio, de quem enfrenta o desafio e de quem passa o obstáculo. Parabéns.

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Muito obrigado.

O que eu queria dizer, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é que tem jeito, sim.

Ontem, por exemplo, eu tive uma reunião com técnicos de alto nível. Eu sou, digamos, o pai, a mãe e a avó do biodiesel, há trinta anos. Quero ver o biodiesel gerando milhões de empregos no campo. Para isso, é necessário um comando unificado.

Esse comando pode estar lá no Palácio. Ontem, assistimos à passagem de comando da Casa Civil de um companheiro do Presidente para uma companheira do Presidente.

Quero dar um depoimento, Srªs e Srs. Senadores. Tive um entendimento com essa senhora, com a Ministra de Minas e Energia. Daqui digo ao País que tive dela a impressão melhor, como engenheiro, quando discuti o problema da luz no campo. Apresentei minha proposta técnica sobre energia elétrica, e ela imediatamente alcançou o sentido de se colocar energia solar no campo em vez de esticarmos quilômetros e quilômetros de linha desnecessariamente, gerando perda no sistema elétrico. Senti que ela tem competência, capacidade e decisão.

Por isso, digo ao Presidente: Vossa Excelência acertou. Não discuto quem é melhor, mas essa senhora que já estão chamando de nova Margareth Tatcher vai realmente executar os grandes programas.

Coloco à disposição da Ministra, neste instante, dois projetos.

Quanto ao projeto das estradas, estou refazendo aquele estudo que mandei ao Palácio e que seguramente foi metido na gaveta. Tenho certeza de que a ministra Dilma Rousseff não mete projeto bom na gaveta. Levarei o projeto de reparação de 40 mil quilômetros de estrada, com R$8 bilhões, em 18 meses, dinheiro da economia do combustível, porque as carretas gastam R$6 bilhões por ano ao jogar combustível fora. Levei isso ao conhecimento do Presidente várias vezes, mas alguém meteu o estudo na gaveta.

Tenho certeza de que a Ministra Dilma vai fazer isso funcionar, mas não pode ser por ministérios. Os ministérios ficarão fazendo parte, sendo parceiros, mas o comando tem de ser de Vossa Excelência, Senhor Presidente Lula. Assuma o comando do programa das estradas e, em 18 meses, Vossa Excelência economiza para o Brasil em frete, que está elevado; na perda de grãos, já que as carretas batem nos buracos; e no óleo perdido. Uma economia de quase R$20 bilhões. Senhor Presidente, pense nisso. Com R$6 milhões, R$8 bilhões, Vossa Excelência coloca 40 mil quilômetros de estrada para funcionar.

Com relação ao biodiesel, não deixe que se transforme no Proálcool, em que os grandes usineiros ganham muito dinheiro. Está tudo certo, o Brasil produz 14 bilhões de litros de álcool. Mas quem corta a cana - os bóias-frias - ganha salário miserável. Temos que gerar bilhões de litros de biodiesel para exportar.

A China queima carvão vegetal e pede, pelo amor de Deus, que lhe vendamos biodiesel, porque assinou o Protocolo de Kyoto e não pode mais queimar carvão, enviando para a atmosfera os efeitos ruins do carvão vegetal ou do diesel mineral.

Assim sendo, Srªs e Srs. Senadores, estou preparando o documento que trata do biodiesel para levar à Ministra Dilma Rousseff.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Dois minutos, Sr. Presidente, e concluo, agradecendo a V. Exª.

O programa do biodiesel no Brasil tem que ser imediatamente implementado.

Senhor Presidente, assuma o comando de dois grandes projetos e Vossa Excelência terá o reconhecimento do Brasil inteiro. Quarenta mil quilômetros de estradas federais reparadas em dezoito meses, por seis, oito bilhões de economia em um ano, já é mais da metade do dinheiro necessário. Quanto ao biodiesel, Ministra Dilma Rousseff, confiamos na sua competência. Levo a V. Exª os dois projetos. Presidente Lula, pelo amor de Deus, assuma o comando, e toque o País para frente. Quando as Comissões terminarem, os culpados serão punidos, e V. Exª terá o reconhecimento do povo brasileiro.

Muito obrigado, Sr. Presidente.