Discurso durante a 104ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre proposta para recuperação das estradas brasileiras.

Autor
Alberto Silva (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Alberto Tavares Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Considerações sobre proposta para recuperação das estradas brasileiras.
Aparteantes
Antonio Carlos Valadares.
Publicação
Publicação no DSF de 06/07/2005 - Página 22228
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • REGISTRO, CONFIANÇA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, ESCLARECIMENTOS, TRABALHO, LEGISLATIVO, COMENTARIO, APOIO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL.
  • APRESENTAÇÃO, DADOS, EXCESSO, PERDA, COMBUSTIVEL, CAMINHÃO, EFEITO, PRECARIEDADE, RODOVIA, PAIS, PREJUIZO, ECONOMIA NACIONAL.
  • ANUNCIO, REUNIÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), APRESENTAÇÃO, PROPOSTA, ORADOR, RECUPERAÇÃO, SISTEMA RODOVIARIO NACIONAL.

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, estou voltando à tribuna, hoje, pela segunda vez: agora como inscrito e, anteriormente, porque o Presidente me passou a palavra.

Queria dizer, neste instante, que o povo brasileiro está atônito - e nós também, aqui no Congresso. São declarações relativamente ao que está acontecendo no País - ora aqui, ora ali - que nos deixam intranqüilos.

Uma coisa é certa: as CPIs instaladas estão dispostas - e acreditamos nos seus dirigentes, nos seus relatores - a apurar o que está sendo denunciado. Enquanto isso, no entanto, penso no meu Partido, penso nos outros partidos que, neste instante, estão diante da opinião pública que pensa que, de alguma maneira, nós, aqui no Congresso, temos culpa. De certa forma sim; de certa forma não. Não dirigimos os acontecimentos; estamos aqui para fazer leis, para trabalharmos para que essas leis sejam cumpridas. Somos o Poder Legislativo. Mas dentro desse Poder Legislativo a maior parte dos seus Líderes aqui são ex-Governadores, a maioria foram Governadores, foram homens que comandaram empresas e, como tal, temos obrigação de oferecer ao povo brasileiro, por intermédio do próprio Presidente... Porque temos um Presidente, o País não está, suponho, à deriva, existe um Presidente. Creio naquela Ministra que está lá na Casa Civil. A conversa que tive com S. Exª me deu a entender claramente que ela é uma mulher firme e decidida, e tem uma posição que é clara.

Então, o que o nosso Partido vai fazer e já estamos fazendo? Falei aqui na destruição das estradas brasileiras e disse que através delas circula tudo o que os brasileiros produziram no campo. E o que os brasileiros produziram? Milhões de toneladas de grãos, veículos e tudo mais. Veículos nas fábricas; grãos nos campos. E a perda por causa da destruição das estradas é enorme.

Vou ser repetitivo, mas tenho que ser. Gastamos 30% a mais, os dois milhões de carretas que circulam no Brasil gastam 30% a mais de combustível inutilmente. Vou repetir pausadamente para quem está me ouvindo, os engenheiros ou os que entendem de estradas e de veículos sabem que estou falando o que é real. Se uma carreta de 60 toneladas, 50 ou o que for, vai numa velocidade de 60 quilômetros e, numa curva, o motorista descobre um buraco, ele mete o pé no freio, mas tira o pé da embreagem. Nesse caso, o motor fica solto, fica vazio, ele não tem carga, e até que volte ao ritmo normal joga óleo fora sem queimar ou queima mal.

Fiz várias aproximações sucessivas e cheguei ao número de 30% a mais que os veículos gastam por causa das estradas esburacadas. Ora, 30% de 14 bilhões de litros que se gasta por ano temos quatro bilhões de litro de óleo diesel jogado fora, e a Petrobras importando óleo diesel. Ora, quatro bilhões de litros a R$1,50 dá R$6 bilhões. Então, estamos gastando e o povo está pagando, porque a Petrobras importa, vende para os postos e os postos vendem para o povo. Então, são R$6 bilhões jogados fora.

E sabem quanto custa o reparo de 32 mil quilômetros de estradas em 24 meses? R$3 bilhões por ano. Com R$3 bilhões no primeiro ano e R$3 bilhões no segundo, estaremos com 32 mil quilômetros de estradas novas, porque se troca toda a capa de asfalto e as bases no lugar onde elas estiverem deterioradas. Isso é viável? É absolutamente viável.

Quero dar uma informação aqui que me encheu de satisfação. Fiz uma consulta, depois de ter os dados na mão, que foi confirmada. Amanhã terei um encontro com o Presidente da Federação Brasileira dos Construtores de Estradas. É a engenharia brasileira. O País tem que se orgulhar disso. Não se chame uma construtora de estrada de empreiteira. Empreiteiro é construtor de muro. O que temos são empresas de engenharia rodoviária, ferroviária, aquaviária, que fazem barragens do tipo da de Itaipu. E o País deve-se honrar ao ter a sua engenharia e mais de 100 empresas trabalhando no exterior, tal a eficiência de nossos técnicos.

E eles consideram interessante a minha proposta de uma comissão especial, comandada diretamente pela Presidência da República, com um conselho. Seria uma réplica daquela Câmara de Gestão, pois não podemos fazer a Câmara de Gestão, porque ali era calamidade e não posso dizer que as estradas quebradas são calamidade... É calamidade no termo! Mas não é calamidade, porque calamidade é terremoto, é tufão; enfim, são coisas que não dependem do homem. Agora, as estradas dependem. Então, não é calamidade. Mas é calamidade porque o estado é calamitoso. As estradas estão arrebentadas. Então, senhores, o meu Partido...

Amanhã teremos uma reunião de Bancada, e proporei ao meu Partido: “Estamos com tudo pronto”. O PMDB vai oferecer ao Presidente da República o conserto das estradas brasileiras em 24 meses com o dinheiro da economia... Ouçam bem, brasileiros que estão me assistindo, com a economia de combustível gasto, inutilmente, R$6 bilhões por ano, fora o aumento de frete e outras coisas mais que prejudicam a perda dos grãos no transporte para os portos. Só aí já se vão R$2 bilhões. O PMDB fará essa oferta ao Presidente da República. E estou inserido porque brigo por isso há muito tempo. Então, o documento está pronto. Cento e poucas empresas de engenharia poderão começar a trabalhar já, logo que isso esteja em funcionamento.

E tudo começará ao mesmo tempo, em todos os Estados - ao mesmo tempo. Isso traz uma esperança ao povo, isso traz economia para o País. De saída, logo, posso garantir, são dois milhões de empregos diretos, porque 100 empresas de engenharia trabalhando, nesse mister de fazer base, tirar asfalto, recompor os acostamentos, as pontes e tudo o mais. Isso é engenharia mesmo. E o Brasil, que optou pelo rodoviarismo, está com as suas estradas arrebentadas por falta de uma ação.

No meu Estado, diz-se que, por falta de um grito, se perde uma boiada. Pois, aqui, por falta de uma proposição, as estradas estão paradas, e ninguém as conserta. E o Ministério dos Transportes, com todo o respeito que tenho, não tem estrutura para executar uma tarefa desse porte.

Por isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, brasileiros e brasileiras que estão me ouvindo, vamos apresentar essa proposta ao Presidente da República. Tenho certeza de que a Ministra Dilma Rousseff vai aprová-la. O Brasil vai ver o que é um volume de obras feitas rapidamente com economia, com competência, com criatividade.

Se me for permitido pela Mesa, concedo com muito prazer o aparte a V. Exª.

O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - V. Exª abordou um assunto que me chamou a atenção pela oportunidade, pelo momento grave por que estamos passando: as estradas precisam ser recuperadas o quanto antes. O Governo Federal precisa fazer economia, é bem verdade, para obter o seu superávit primário, mas, na medida em que as estradas estão retardando o crescimento da economia, esse superávit, ao invés de contribuir para a nossa economia, está prejudicando o progresso do País. Portanto, parabenizo V. Exª pelo pronunciamento!

(Interrupção do som.)

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Obrigado, Senador Antonio Carlos Valadares.

Sr. Presidente, concluo.

Tenho esperança de que seja levado a sério esse trabalho que venho fazendo há cinco anos e que apresentei ao Governo anterior, que o meteu na gaveta, e ao Governo atual, que também não o levou em consideração. É dever nosso economizar dinheiro, gerando emprego e riqueza. O PMDB e - creio - todos os Partidos desta Casa, enfim, o Congresso inteiro aprovará essa iniciativa.

Espero em Deus e peço as Suas luzes, para que isso aconteça em favor do Brasil e do seu povo.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/07/2005 - Página 22228