O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC. Pela Liderança do PSDB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, farei um pronunciamento referente ao que está ocorrendo hoje em nível nacional, até para fazer um esclarecimento à opinião pública.

É claro que a imprensa tem prestado um grande serviço ao Brasil levando os fatos e os acontecimentos para todo o País e para o exterior. Porém, os fatos não estão sendo esclarecidas como deveriam. Hoje, Senador Flávio Arns, o Congresso Nacional está pagando um preço muito alto por uma minoria que, infelizmente, lamentavelmente, cometeu, e talvez até esteja ainda cometendo, atos ilícitos, repudiados pela grande maioria do Congresso e também pela população.

Não podemos, em hipótese alguma, ser responsabilizados em função de atos ilícitos cometidos por alguns Deputados Federais, que, inclusive, estão sendo investigados pela própria Câmara, pelo próprio Congresso, a fim de que sejam punidos. Não podemos, em hipótese alguma, ser responsabilizados por isso.

Da mesma forma, não podem ser responsabilizados todos os empresários quando alguns são presos por sonegação de impostos, por cometerem atos ilícitos. Da mesma forma, não podem ser responsabilizados a Polícia Federal, a Receita Federal, o Ministério Público ou o Judiciário quando alguns de seus integrantes cometerem atos ilícitos. É preciso, isto sim, punir aqueles que cometem os atos ilícitos, aqueles que se desviam dos seus compromissos e das leis, aqueles que maltratam a Constituição brasileira. Esses têm de ser punidos radicalmente! Eu tenho certeza de que estamos cumprindo o nosso papel.

Mas quero deixar clara uma coisa: estão blindando o Governo, estão blindando o técnico, estão blindando o Presidente. Por quê? É claro que nós, da Oposição, estamos tendo o cuidado de não ferir muito o Presidente. Daqui a pouco, poderá ocorrer um pedido de impeachment, um pedido de renúncia, um “fora, Lula”. É claro que estamos tendo esse cuidado. Mas não dá mais para esconder ou para ficarmos enganando a população.

O considerado primeiro-ministro, o ex-Ministro José Dirceu, foi demitido. Aliás, pediu a conta. O Delúbio saiu da tesouraria do PT. O Sílvio saiu da secretaria do PT. O Gushiken perdeu o status de ministro. Essas pessoas são os principais conselheiros do Presidente; são os principais assessores do Presidente. Eles são do PT e, há muitos e muitos anos, caminham juntos, erguem a bandeira, vestem a camisa, e foram eles que deram sustentação para a candidatura do Sr. Lula quando o Senador Suplicy reivindicava a candidatura a Presidente da República. Foram esses - bem como o próprio Genoino, que agora renunciou à Presidência do PT - que deram sustentação e são os grandes conselheiros do Presidente.

Na CPI dos Bingos, há poucas horas, estávamos ouvindo o Cachoeira. E o Cachoeira, Sr. Presidente, blindou todas as pessoas ligadas ao Governo. Apenas punia o Waldomiro. Mas o Waldomiro, Sr. Presidente, estava apenas um andar acima do gabinete do Presidente; apenas um andar, a poucos metros do José Dirceu. Não é possível dizer que somente o Waldomiro estava arquitetando buscar recursos para si. Esse é um time que joga junto, e esse time tem um técnico. Hoje, quando um time joga mal, o primeiro a ser expulso é o técnico. Será que o técnico era o Waldomiro? Não, o Waldomiro faz parte desse time. Um joga na ponta-direita; outro joga na ponta-esquerda; outro, no centro-avante; outro é goleiro. Mas tem um que coordena. E nós estamos blindando... nós, não, existem pessoas blindando o Governo.

Não é possível e não podemos aceitar que a opinião pública seja levada a acreditar que alguns integrantes sem muita importância é que estão ligados à corrupção. Todas as pessoas que estão sendo denunciadas pelo Deputado Roberto Jefferson, ou por A, ou por B, ou pelo Cachoeira, todas elas têm ligação profunda com o Governo.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Infelizmente, foi-me proibido conceder aparte.

Todas têm ligação profunda com o Governo, e está muito claro que essas pessoas não ficaram desonestas do dia para a noite, não. Essas pessoas vêm, há muito tempo, se preparando para manter o Partido, para manter suas campanhas, para manter seus candidatos. Se aprenderam agora, a casa tem que cair mesmo, tem que punir todos.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Já me disseram: “Senador Leonel Pavan, não dá para colocar o Lula nesse balaio”. Mas o Lula é o Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Alberto Silva. PMDB - PI) - Conclua, Sr. Senador.

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Se ele está demitindo essas pessoas, aliás, não demitiu, todas elas pediram a conta, não foram demitidas pelo Presidente. Quando um empregado sai de uma empresa a pedido, dizem que entregou o cargo a pedido. Não, esses saíram e estão saindo porque estão extremamente envolvidos em atos de corrupção e porque existe um líder, e o grande Líder é o Presidente. É preciso que se esclareça a opinião pública.

Uma pesquisa recente mostra que o Presidente cresce perante a opinião pública, que Roberto Jefferson cresce perante a opinião pública. É um réu confesso do que fez.

O SR. PRESIDENTE (Alberto Silva. PMDB - PI. Fazendo soar a campainha.) - Conclua, Sr. Senador.

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - É um réu confesso. E o Presidente está envolvido - não sei se nesse processo sujo - com essas pessoas diretamente; eles conversam todos os dias; eles se falam todos os dias. Um é ligado à economia; outro, à saúde; outro, à educação. São pessoas que dão conselho ao Presidente, que orientam o Presidente.

A opinião pública tem que saber: não dá para separar o PT do Lula, são como unha e carne. Há muitos anos vivem juntos, há anos viajam com Lula para o exterior, há anos fazem programas de governo juntos e fazem campanhas juntos. Não dá para separar. Se separar, vai infeccionar. Todos eles estão envolvidos nesse processo. São unha e carne, e todos eles estão envolvidos nesse processo.