Discurso durante a 115ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reflexões sobre a história política e a democracia brasileira.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Reflexões sobre a história política e a democracia brasileira.
Publicação
Publicação no DSF de 21/07/2005 - Página 24918
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ANALISE, CRISE, POLITICA NACIONAL, IMPORTANCIA, REFORÇO, DEMOCRACIA, ELOGIO, ATUAÇÃO, SENADO.
  • SOLICITAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RESPONSABILIDADE, COMBATE, CORRUPÇÃO.
  • REGISTRO, POLITICA PARTIDARIA, CONCLAMAÇÃO, ETICA, REFORÇO, PARTIDO POLITICO, BENEFICIO, DEMOCRACIA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado.

Senador Paulo Paim, está escrito no livro de Deus “depois da tempestade, vem a bonança”.

Senador Tião Viana, depois da tempestade, vem a bonança.

Winston Churchill disse que a democracia é ruim, é complicada, é difícil, mas, nas suas reflexões, também disse que não conhecia outro melhor regime. Então temos que cultivá-la, que preservá-la, que melhorá-la. Estamos nesta democracia! Quero crer que o Senado está dando um exemplo.

Brasileiras e brasileiros, Senador Paulo Paim, estamos em férias e estou com saudade do meu Piauí, do Delta. Senador Paulo Paim, talvez V. Exª não acredite, mas quero convidá-lo. Eu o convidei para conhecer os quilombos. V. Exª é um líder nacional muito conhecido, muito amado pelos trabalhadores do Brasil, pela sua luta pelo salário mínimo, muito amado pelos deficientes, pela igualdade racial.

Às segundas-feiras, Senador Paulo Paim, à noite, às 19 horas - como vocês chamam; nós lá no Piauí chamamos de 7 horas da noite -, eu mergulhava nos verdes mares bravios do Oceano Atlântico. E lembro-me de um professor de fisiologia que tive, Aloísio Pinheiro, que dizia que mergulhar no mar é como voltar ao passado, é como voltar ao primeiro habitat, ao útero materno, envolvido em água, daí aquela paz, aquela segurança, aquela vitalidade. Esse era o conceito do professor de Fisiologia. E eu, de noite, tomava.

Eu queria estar lá, porque é verão lá. É o pico. Eu me lembro que, quando fazia pós-graduação no Rio de Janeiro, eu dava um jeito de tirar uns dias em julho e ir ao litoral do Piauí. Quando eu chegava, em agosto, os cariocas, que são loucos por praia, perguntavam onde eu tinha tomado banho. Porque, em julho, não tem sol lá.

Eu dizia: É longe. É por isso que o hino do Piauí diz: Piauí, terra querida, filha do sol do Equador...

Paulo Paim, estamos aqui, não temos férias - e eu sempre procurei passar as férias lá. Esta vigília é o exemplo que o Senado dá, que nós damos, para preservar a democracia, que vive maus momentos.

Está escrito no livro de Deus que, depois da tempestade, vem a bonança. E eu quero crer, crer, crer. O próprio Cristo dizia: “Em verdade, em verdade, eu vos digo”.

Paulo Paim, V. Exª é do PT, e desde o início, eu, que votei no Lula, dizia que ele tinha que ouvi-lo. Em verdade, em verdade, eu vos digo: ó Lula. Foi mais adiante Cristo e disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”.

Nós temos que buscar a verdade. Está no Antigo Testamento que Moisés, o maior líder, escolhido por Deus, na sua missão - a sua foi uma missãozinha, Lula! -, não titubeou, não perguntou se havia exército do faraó, se havia mar Vermelho, se havia deserto, se havia bezerro de ouro. Ele foi em frente, e Deus lhe deu as leis. Ó Lula, Lulalá, Lulacá, ouça! Nós somos pais da Pátria, Lula. Entenda! Moisés recebeu os mandamentos e lá no 7º está: “Não roubarás”. Não roubarás, não roubarás! V. Exª, Lula, está transformando este País na vergonha da corrupção, do pecado mortal, o sétimo. Está permitindo. Essa é a verdade.

Então, eu quero crer que tem que ser preservado. Esta Casa já teve muita dificuldade. Aqui, eu trago a nossa homenagem a Dr. Ulysses. Eu estava lendo a sua biografia. Ele dá um conselho que eu quero dar ao Lula. Eu tentei dar ao Lula... Eu votei no Lula, eu acreditei no Lula, elegemos até o Governo do Estado do PT. Atentai bem! Eu aqui, que fui prefeitinho, e o Lula não foi. Do núcleo duro nenhum foi prefeito. Eu dizia: núcleo duro e burro - está gravado aí nos arquivos. Fui Governador. Antevi que ele estava num mau caminho. Veio o Zé maligno, que pensava que eu tinha medo dele. “Vou tirar as posições do Mão Santa, vou acabar...” Acaba não, Zé maligno. Só Deus. Sou um homem do Piauí que, para estar aqui, como estou, tem de ter muita coragem e vida limpa. Mãos santas não são; são iguais às de todos os trabalhadores e trabalhadoras, mas o povo do Piauí sabe que são firmes, honradas, trabalhadoras, limpas e generosas com os pobres. Para fazer o que fiz desde o primeiro dia é preciso ter coragem e vida limpa. Mas atentai ao que eu disse. Tem de aprender com a História, Lula! Está aí o Ulysses. Dramas como esse, já houve, e o Congresso tirou. Você se lembra do suicídio de Getúlio? De Café Filho? De Carlos Luz. Ulysses visitava o Carlos Luz. Café Filho era o Vice-Presidente, e Carlos Luz o substituiu. Atentai bem, Paim! Então, foi com Marcondes e outros Deputados e, quando o viu, ele disse: “Eu já disse ao Café que nenhum Presidente da República sobrevive no Brasil se não impõe respeito”. Disse isso porque o Presidente estava abraçado com colegas parlamentares, deputados do seu Estado natal. Era aquela postura que nós exigimos, aquilo que o Presidente Sarney chama de liturgia do cargo, que faltou. Essa é a verdade. Mas, Senador Paulo Paim, então, Ulysses disse: “Em política, quando se evita a solução natural, só se provocam crises”. Então, o Congresso está buscando uma solução natural.

Como primeira solução natural, Ulysses Guimarães dizia: “Não roubar; não deixar roubar e botar na cadeia quem roubou”. Ainda não vi ninguém na cadeia, algemado, esses colarinhos brancos, pecadores, que envergonham a política, a Pátria, o mundo, a humanidade. Essa é a verdade. Nenhum! Eles chegam protegidos com atestado e com direito de mentir.

Senador Paulo Paim, Coelho Neto diz: “Quem rouba mente; quem mente rouba”. Eles já chegam com atestado e com direito de mentir. Esta é a verdade: quem mente rouba; quem rouba mente. Aí estamos.

Mas gostaria de dizer que há esperanças. O apóstolo Paulo disse: “Fé, esperança, amor, caridade”. Vamos preservar a democracia, porque ela não tem nada a ver com o PT. Nós, brasileiros, a construímos e a defendemos. O modelo do PT era totalitário, comunista, nascido e inspirado nos países comunistas. A democracia faz parte de nossa história, e vamos preservá-la.

Não abriremos mão da alternância de poder. Esse é um bem da democracia. Não abriremos mão - e falo aqui em nome do PMDB, MDB de vergonha; falo em nome do Presidente do Partido, Michel Temer. É mentira quando dizem que o Senado está encantado com o PMDB. Senadores, não. Que Minas... Respeitamos Juscelino, respeitamos Tancredo, o Libertas Quae Sera Tamen, Afonso Arinos, que, desta tribuna, disse: Será mentira a viúva, Getúlio? Será mentira o órfão? O sangue? O mar de lama? De Tiradentes, mas também a cidade de Minas de Silvério dos Reis, de Calabar. Não decide por nós.

Eu represento aqui Ulysses, encantado no fundo do mar. Eu represento Tancredo, mineiro. Eu represento Juscelino, médico como eu, cirurgião como eu; foi prefeitinho, governador, cassado bem aqui. Essa é a nossa coragem. Quero dizer que não admitimos. Se manca, PT! Queremos enfrentá-lo de peito aberto. Nós o queremos forte, porque entendemos que a democracia precisa de partidos fortes. E o PMDB é o mais forte da história contemporânea. Queremos enfrentá-lo de peito aberto e livre.

Senador Paulo Paim, no último fim de semana recebi o jovem Anthony Garotinho. Como o apóstolo Paulo, ele é evangélico, percorrendo seu caminho, pregando sua fé e combatendo o bom combate. Eu o recebi na sede...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador, mais um minutos para concluir.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - V. Exª botou dez minutos. Faltam dois e mais um.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Eu botei dez, mais dois e, agora, mais um. V. Exª sabe que eu serei tolerante até com mais um, se for necessário.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu sei, mas V. Exª, como o juiz de futebol, vai descontar aquele período em que eu falei do Rio Grande do Sul, de V. Exª.

Eu quero afirmar que esse candidato tem o que o Ulysses dizia: coragem. E governa com a esposa dele, Rosinha Garotinho, o Estado do Rio, que está melhor do que São Paulo - melhor renda per capita, turismo, felicidade.

Recebi a visita dele na sede do PMDB e quero dizer o seguinte, Senador Jefferson Peres: quero todos esses Partidos fortes. Senador César Borges, da Bahia, queremos a festa da democracia. Isso não será feito. Não vamos permitir que o PMDB seja cooptado, seja comprado. Não. Nós queremos dar a nossa contribuição.

Sei e aprendi em política - quando governei o Estado do Piauí cantava com muita fé, como uma reza - que o povo é o poder. Eu acho que a minha maior obra foi ensinar a respeitar o povo, a trabalhar pelo povo e a amar o povo. Então, povo do PMDB, as pesquisas apontam o Anthony Garotinho. É uma opção. O que nós queremos é todos os partidos fortes. Queremos o PT forte, com o Senador Paulo Paim e com a bela Senadora Ana Júlia Carepa, com o PSDB e o PMDB para soerguer a democracia, pois achamos que, na nossa democracia, a alternância do poder vai permitir hastearmos essa bandeira e cantarmos “vamos continuar com a ordem e o progresso”.

O PMDB tem candidato a Presidente da República. Eu falo pelo PMDB, pela minha luta e pela minha história, e pela vergonha que os outros não têm.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/07/2005 - Página 24918