Discurso durante a 119ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre a crise política no país.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CONGRESSO NACIONAL. POLITICA PARTIDARIA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre a crise política no país.
Publicação
Publicação no DSF de 27/07/2005 - Página 25725
Assunto
Outros > CONGRESSO NACIONAL. POLITICA PARTIDARIA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • LEITURA, TEXTO, PRESIDENTE, SENADO, ANALISE, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), COMBATE, CORRUPÇÃO.
  • COMENTARIO, HISTORIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), COMBATE, DITADURA, DEFESA, DEMOCRACIA, BRASIL.
  • CRITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), VINCULAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, PROTESTO, AUTORITARISMO, MEMBROS, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Sibá Machado, que preside esta sessão, Srªs e Srs. Senadores presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação, Senador Sibá Machado, paciência, é com paciência que se faz política. E V. Exª tem que mostrar essa virtude presidindo a Casa no momento de maior dificuldade política deste País.

            Quinhentos e cinco anos de Brasil, nunca dantes tanta indignação, tanta imoralidade, tanta corrupção e tanta vergonha! Não houve. Podem estudar a história - e eu gosto de estudá-la. Tanto é verdade que o Presidente da nossa Casa publicou - e eu li - o artigo “Retratos da Crise”. Srªs e Srs. Senadores, o próprio Presidente desta Casa reconhece, e eu farei minhas suas palavras:

Responsabilidade, seriedade, isenção e transparência. É dessa forma, com o mais absoluto rigor e equilíbrio, que o Congresso Nacional está conduzindo as investigações sobre todas as denúncias de corrupção, desvio de dinheiro e financiamento ilícito de partidos políticos. (...) Pois, nesse momento, mais que nunca, precisamos ter como referências básicas o respeito à Constituição brasileira, a obediência ao regimento e a total atenção às expectativas da sociedade.

Senador Maguito Vilela, Renan Calheiros diz:

(...) A população está atenta e não vai admitir respostas pela metade, falsas versões, arranjos políticos.

(...) ...o Congresso nunca se negou a combater a corrupção, dentro ou fora de seu corpo. Não será dessa vez que irá vacilar. Eventuais culpados serão devidamente punidos, independente da coloração partidária.

(...) A sociedade quer uma investigação séria, profunda, minuciosa de todas as denúncias.

(...)

Para que o Congresso continue cumprindo, com eficácia, esses dois papéis - investigar e legislar (...)

O trabalho autônomo e rigoroso das CPIs é o único caminho para separar os bons dos maus homens públicos. E para que não se façam generalizações, sempre desaconselháveis e perigosas.

Então, esse artigo do Presidente desta Casa, Senador Antonio Carlos Magalhães, traduz a confiança que o povo brasileiro tem no Senado Federal. Ao longo de 181 anos e crises muitas, este Poder teve uma solução; se não a melhor, pelo menos a que evitou guerras civis neste País. Muitas foram as crises e, simbolizada pela inteligência e pelo saber jurídico de Rui Barbosa, esta Casa deu uma saída. Talvez a da sábia frase latina, minus malum, evitou o mal maior, as guerras civis, e garantiu a paz.

Mas ouvi atentamente o pronunciamento do orador que me antecedeu, Senador Maguito Vilela: reforma política, bem-vinda. Quem não se lembra do caos em que vivia a Igreja cristã? Foi preciso uma reforma na Igreja, da qual surgiram os evangélicos. E aí está, da mesma maneira.

Senador Sibá Machado, para onde vamos levamos nossa formação profissional, e o momento, agora, é de uma urgência. Senador Romeu Tuma, trata-se de uma apendicite aguda. A crise é essa. Se não houver uma solução, uma operação breve, de chofre, Senador Antonio Carlos Magalhães, teremos um abscesso, peritonite, septicemia e depois a morte. Então...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - O País está com apendicite aguda. Essa é a situação. A intervenção é urgente; a sociedade precisa dela.

Senador Eduardo Azeredo, lá, Juscelino Kubistchek, grandioso de Minas, como V. Exª, quando governava na democracia, chamava seus amigos íntimos, Israel Pinheiro, José Maria Alckmim, e dizia: “Como vai o monstro?” O monstro era o povo. E o monstro está decepcionado, desiludido, foi enganado, está se sentindo roubado com os governantes que tem.

Essa é a nossa aflição. Cito Ulysses Guimarães, do nosso PMDB, Senador Maguito Vilela, que fez renascer a democracia. E o PMDB foi sempre isso. Houve o PMDB autêntico, cuja liderança assumi no dia de hoje, e o PMDB moderado, em que talvez V. Exª se enquadre. O meu é aquele que veio à luta, que veio aqui. V. Exª precisa reviver a história do MDB. Não faz mal.

            Em 1974 - atentai bem esses que querem ser cooptados, entregues ao PT -, na ditadura, o PMDB teve candidato: Ulysses Guimarães e o jurista Sobral Pinto. E o resultado, no colégio eleitoral - 400 e poucos

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ... tinham direito a voto, e o Presidente Geisel se considerava o anticandidato para levar a mensagem “74 sem perspectiva” - foi precisamente o seguinte: Geisel, 300 votos; Ulysses Guimarães, do PMDB, 70. Vinte e seis eram do PMDB autêntico, porque Ulysses se havia comprometido a não vir ao colégio eleitoral, para fazer a campanha.

Assumo agora, Senador Antonio Carlos Magalhães, a liderança do PMDB autêntico, este que veio aqui, que primeiro chegou, que, naquelas reformas, bateu nesta mesa e disse: três coisas só fazemos uma vez na vida - e digo isso como professor de biologia: nascer, morrer e votar no PT.

            O PMDB quer o PT forte, purificado, mas que eles nos enfrentem frontalmente, de corpo aberto...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Maguito Vilela. PMDB - GO) - Gostaria que V. Exª concluísse, para ouvirmos o Senador Antonio Carlos Magalhães.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - É o suficiente, e agradeço. O tamanho está quase o de V. Exª.

Concluindo, o PMDB aceita e não abre mão da democracia, que pressupõe a alternância do poder. Isto nós queremos: ter uma candidatura própria para Presidente, para os Governos de Estado, numa alternância do poder, que é um patrimônio da democracia e que não tem nada que ver com esse PT. O PT não tem nada que ver com a democracia. Eles queriam instalar aqui o regime de Cuba, e nós combatemos, denunciamos, fomos os primeiros a afirmar que havia um “zé maligno” na política do Brasil.

            Queremos todos os Partidos fortes, porque entendemos que a democracia é forte com Partidos fortes. Alternância do poder...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ...para que nunca se enterre a esperança, que está sendo enterrada pela corrupção, pelo mar de lama da corrupção do nosso Brasil!

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/07/2005 - Página 25725