Discurso durante a 125ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Conclama a reedição do PMDB autêntico, como resposta à crise política que o país atravessa.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA. HOMENAGEM.:
  • Conclama a reedição do PMDB autêntico, como resposta à crise política que o país atravessa.
Publicação
Publicação no DSF de 04/08/2005 - Página 26369
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA. HOMENAGEM.
Indexação
  • CRITICA, CORRUPÇÃO, GOVERNO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), COMPARAÇÃO, HISTORIA, PAIS.
  • REGISTRO, HISTORIA, PARTIDO POLITICO, MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (MDB), PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), DEFESA, DEMOCRACIA, PERIODO, DITADURA, HOMENAGEM, MEMBROS, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, ESPECIFICAÇÃO, BANCADA, SENADOR.
  • APRESENTAÇÃO, DOCUMENTO, SOLICITAÇÃO, RECRIAÇÃO, AUTENTICIDADE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB).
  • HOMENAGEM, PRESENÇA, SENADO, ROBERTO REQUIÃO, GOVERNADOR, ESTADO DO PARANA (PR), PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Mozarildo Cavalcanti, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação da Casa, Senador Pedro Simon, quis Deus V. Exª estar hablando com o professor e mestre Cristovam Buarque.

Lá onde se deu o Renascimento, surgiu um Senador que dizem ter sido o melhor: Cícero. Senador Pedro Simon e Cícero, mestres da oratória, como é mestre em política o Senador Cristovam Buarque - não quiseram aprender com ele, foi demitido por telefone, e deu no que deu. Senador Eduardo Suplicy, Cícero disse: “Nunca fale depois de um grande orador.” E eu terei que falar depois de Pedro Simon, o melhor orador aqui, do Rio Grande do Sul, do Brasil, do meu Partido, o PMDB.

Deus escreve certo por linhas tortas. Crises, este País sempre as teve. Vivemos uma, vamos enfrentar outras, mas nenhuma que nos envergonhe mais do que esta em 505 anos de Brasil, Senador Suplicy. Nenhuma. Está aí o professor Cristovam Buarque, que é do PT, e eu o desafio. Ele é professor, mas nós estudamos. Professor, pode estudar as Capitanias Hereditárias, os Governos Gerais, o Imperador D. Pedro I e D. Pedro II; a Princesa Isabel, a Nova República, os militares, a ditadura civil de Vargas, a República, a ditadura militar e esta contemporânea: nunca dantes, jamais, houve tanta vergonha e tanta corrupção.

Lembro aqui Ulysses. Daqui ele disse, atentai bem: “A corrupção é o cupim da República, é o cupim da democracia.” E está aí! Em um dos seus trechos - ele era simples - disse assim, Senador Mozarildo: “É não roubar, não deixar roubar e prender quem roubou.” Lula, aprenda!

Antes dele, Deus mandou aquelas leis, entregou-as a Moisés, Senador Suplicy. Sei que o Lula não gosta de ler. Ele mesmo disse isso, declarou que se dá mal, não sei se é alergia. Mas ele não gosta. E fala muito, fala muito e ouve pouco. A gente aprende com o povo, com a sabedoria popular, com os ditados, os provérbios. Mas somos um País cristão! Suplicy, mande-o ler pelo menos aqueles Dez Mandamentos que foram entregues a Moisés. Se não os dez, somente o quarto: “Não roubarás”. Aquilo foi uma simples constituição para que se governe o bem. É o mínimo que temos que exigir. Sem isso, está despachado, Lula.

Este País já despachou Presidente que foi forçado a se suicidar, Presidente a que uma junta de médicos atestou insanidade mental, Presidente afastado pelos canhões, Presidente que renunciou depois de algumas doses de uísque - se a cachacinha que o Lula toma lhe desse essa inspiração... Vou até presenteá-lo com uma mangueira que há no Piauí! Já tivemos um Presidente despachado por impeachment. Nós tivemos muitos, e surge aqui e agora - por isso estou no PMDB, porque nas maiores crises, foi a ditadura militar... Professor Cristovam Buarque, lá no PT vocês não tinham com quem aprender, aqui somos todos mestres da vida. Quem aqui chegou o fez pelo estudo e pelo trabalho. E eu disse, no começo do mandato, que nenhum do núcleo duro chegaria aqui. Eu disse, eu bati aqui. Nenhum! Lembra? Eu não sabia é que ele ia para a cadeia. Essa eu não tinha profetizado. Mas aqui, não.

Então, Professor Cristovam Buarque, atentai bem à vossa responsabilidade. Eu quero esse PT forte! Só existe democracia, Senador Mozarildo, com Partidos fortes. Jamais admiti que ele cooptasse, que ele comprasse, que ele alugasse o PMDB. Quero enfrentar de peito aberto, frontalmente, pela democracia. Soberano é o povo; o povo é quem decide. E o PT queria cooptar, comprar os Partidos, cubanizar o Brasil. Eles não fizeram a democracia. Nós a fizemos renascer. Aqui nasceu, no Regime Militar, o MDB. Eram poucos, mas foram aumentando. E no MDB, dentro desse movimento, havia os autênticos, a quem quero render homenagem. Vamos criar, começamos a criar. Houve um MDB autêntico. Havia os moderados e havia os autênticos. Foram eles que tiveram a coragem, no Congresso, de falar, pela primeira vez, em eleições livres, em Constituinte. Quero render uma homenagem a essas pessoas. Nasce aqui, neste Senado. Em 1974, o PMDB achou uma chapa de anti-candidato, porque o Colégio era marcado: Geisel, 300 votos; Ulysses Guimarães, 70. Os autênticos - 26 votos em branco - tinham concordado em fazer a campanha de esclarecimento e não queriam fazer a festa para a ditadura.

Aqui nasceu, Senador Efraim Morais, com sua coragem e sua inspiração. Rendo homenagem à Paraíba, que não pode negar votos e aplausos a Efraim Morais. Sou testemunha. Éramos muito poucos aqui no começo. Telefonávamos. O “Zé Maligno” queria tornar isso Cuba. Nós nos reuníamos à noite para virmos aqui abrir a sessão, com quatro Parlamentares, cinco com dificuldade. Éramos muito poucos os que reagíamos. Surgiu, da mesma maneira, o PMDB autêntico.

Quero prestar uma homenagem, que surgirá aqui, porque Efraim criou a Minoria. Um bem nunca vem só. Ele conseguiu um jeito para ter direito a falar mais - minoria - e foi forte: está tornando-se maioria e a esperança do Brasil.

O PMDB teve essas crises que atemorizavam. E surgiram esses bravos que quero reeditar - e vamos criar, já está criada no Senado.

Sabemos que há os moderados, os pragmáticos, os fisiológicos e os que se vendem. Mas devemos respeito àqueles autênticos do PMDB. Falei nisso e está aqui um livro reconhecendo a história, Senador Efraim Morais: “Autênticos do MDB - Semeadores da Democracia”. Presto uma homenagem a Alencar Furtado, cearense, a Álvaro Lins, cearense falecido, a Amaury Muller, do Rio Grande do Sul*, a Eloy Lenzi, do Rio Grande do Sul, falecido, a Fernando Cunha, de Goiás, a Fernando Lyra, de Pernambuco, a Francisco Amaral, de Campinas, São Paulo, a Francisco Pinto, da Bahia, a Freitas Diniz, do Maranhão, a Freitas Nobre, do Ceará, falecido, a Getúlio Dias, de Pelotas, Rio Grande do Sul, a Jaison Barreto, de Laguna, Santa Catarina, a Jerônimo Santana, de Jataí, Goiás, a JG de Araújo Jorge, do Acre, falecido, a João Borges, da Bahia, falecido, a Lysâneas Maciel, de Minas Gerais, a Marcondes Gadelha, da Paraíba, a Marcos Freire, de Pernambuco, falecido, a Nadyr Rossetti, de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, a Paes de Andrade, de Mombaça, Ceará, e a Severo Eulálio, do Piauí.

Daí o orgulho de ser do Piauí. Tinha que ter um bravo. Está no nosso hino: “Piauí, terra querida, filha do sol do Equador. Na luta, é o seu filho o primeiro que chega”. Severo Eulálio entre os autênticos. Diante dos canhões, comecei a enfrentar os meninos de bota e a ditadura, na minha cidade, no palanque, ao lado de Severo Eulálio. Hoje, o filho dele é Deputado Estadual, Presidente da Assembléia e um dos maiores líderes do Estado do Piauí.

Vamos homenagear, no Piauí, em 10 de agosto, quinta-feira, Severo Eulálio.

Rendo homenagem também a Santilli* Sobrinho, de São Paulo, e a Walter Silva, do Rio de Janeiro.

Pedro Simon é um dos autênticos do Senado, assim como Ramez Tebet, Sérgio Cabral, Garibaldi Alves, Amir Lando e Mão Santa. Há pouco, convidei o Papaléo Paes, mas ele disse que pegou asa, “tucanou” e voou para o PSDB. Mas somos seis.

Ramez Tebet está fazendo um documento. Aqui tem todos, que anexarei ao documento. Sr. Presidente, toda a documentação sobre a existência, que foi criada em 1973, no Recife, pedindo a recriação do PMDB autêntico com esses senadores. E a nossa bandeira é jamais, jamais, jamais sermos vendidos ou admitir vendidos para o PT! Vamos levantar o PMDB, que, pela grandeza da democracia, terá candidatura própria a Presidente! Queremos todos os partidos puros, afastados os corruptos, para oferecer ao povo brasileiro um pleito democrático!

Senador Cristovam Buarque, a riqueza da democracia é a alternância. O PT nada tem a ver com democracia. Nós temos! Nós recriamos! E vamos oferecer ao povo do Brasil uma alternância no poder, para aquela esperança que nos atraiu. Cinqüenta e três milhões de brasileiros...

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Pela ordem, Sr. Presidente, antes que o Governador Roberto Requião saia do plenário. Senador Mão Santa, para registrar a presença do seu companheiro de partido, um Senador que tantas vezes abrilhantou aqui o Senado.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Deus escreve certo por linhas tortas. Deus trouxe um herói, um autêntico, um lutador. No último pleito, em que o PMDB foi cooptado, eu e minha mulher votamos nele para ser candidato a Presidente da República. É verdade. Pode contar os nossos, Governador Roberto Requião, entre os seus votos, que não foram negociados, mas foram votos de crença.

Então, vamos apenas oferecer ao Brasil aquela esperança que está sendo afogada no mar da corrupção, com a alternância no poder, e o PMDB conquistando a Presidência da República.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/08/2005 - Página 26369