Discurso durante a 131ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o empréstimo concedido ao Presidente Lula pelo PT.

Autor
José Agripino (PFL - Partido da Frente Liberal/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre o empréstimo concedido ao Presidente Lula pelo PT.
Publicação
Publicação no DSF de 11/08/2005 - Página 27106
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, DENUNCIA, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, CONCESSÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), EMPRESTIMO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PERIODO, CAMPANHA ELEITORAL, ACUSAÇÃO, ILEGALIDADE, PROCEDIMENTO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA.
  • CRITICA, DIVERSIDADE, DECLARAÇÃO, MOTIVO, EMPRESTIMO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, NECESSIDADE, ESCLARECIMENTOS, GOVERNO FEDERAL, OBJETIVO, VERDADE.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero abordar essa questão com toda a parcimônia em tom absolutamente brando, referindo-me ao que disse o Senador Aloizio Mercadante, olhando para mim quando se manifestou a propósito do meu pronunciamento, fazendo em tom emocionado a defesa que lhe cabe do Presidente Lula, com relação ao empréstimo que teria tomado, ou não, a um partido que ajudou a fundar, como aquilo fosse um crime que não poderia nunca ser considerado e fazendo um apelo para que esse tipo de assunto, que entendeu como de somenos importância, ou menor, não fosse abordado.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Senador César Borges, eu gostaria de deixar claro que eu abordei esse assunto, Senadora Patrícia Saboya, porque hoje houve uma coincidência de colocações cuja incongruência é absolutamente inaceitável. A não ser que nós fossemos concordar em colocar a sujeira embaixo do tapete. Quem foi que inventou essa história do empréstimo do Presidente Lula, Senador Aloizio Mercadante? Foi o PFL? O PFL nunca falou neste assunto. Quem inventou, quem criou, quem divulgou isso foi a imprensa, que descobriu nos extratos do Banco do Brasil que o empréstimo tomado pelo Presidente Lula no PT - e isso deve ser da contabilidade do PT - havia sido pago. Há um extrato do Banco do Brasil que diz que foi pago em parcelas. Quem pagou? Luiz I. L. da Silva. Esse fato, portanto, foi tornado público não pelo PFL. Não fomos nós que trouxemos esse assunto à apreciação nacional. Foi a imprensa que denunciou, que colocou para que ele fosse esclarecido. Colocou em termos, evidentemente, de estupefação, em termos de necessidade de esclarecimento, que, mea culpa, mea culpa, nós, por tantas denúncias, não demos prioridade nenhuma a esse assunto, por respeito, por constrangimento de abordar uma questão que é pessoal com o Presidente.

Mas, vamos e venhamos. A primeira versão foi a que o Banco do Brasil exibiu, o extrato do Banco do Brasil. O pagamento foi feito pelo Sr. Luiz Inácio Lula da Silva. Empréstimo tomado ao Partido dos Trabalhadores, ilegal. Eu não conheço na história da relação do PFL com os seus filiados uma única oportunidade em que o PFL tenha emprestado R$1,00 a um filiado seu. Pelo contrário, recebe contribuições. Um, um só.

Hoje, acontece a segunda versão do fato. Qual é a segunda versão? Está dita. O Ministro de Estado diz que “ele não tomou empréstimo do PT, não reconhece empréstimo do PT e não pagou empréstimo do PT.” O Banco do Brasil exibe um boleto em que diz que o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva pagou empréstimo. O Ministro fala pelo Presidente e diz que ele não tomou empréstimo nenhum, não pagou empréstimo nenhum, não existe empréstimo. No mesmo dia, a Folha de S.Paulo traz a terceira versão. O Sr. Paulo Okamotto diz que ele pagou. Ele foi o procurador legal do Presidente e pagou o empréstimo. É a terceira versão.

Agora surge, Senador Sérgio Guerra, a quarta versão. A quarta versão, Senador Tasso, é a que o Senador Aloizio Mercadante nos trouxe de viagens. São quatro versões de um fato só. Quatro!

A sociedade, evidentemente, Senador Arthur Virgílio, não haveria de dar muita importância ou tanta importância a um empréstimo de R$29 mil, mas foi empréstimo concedido por um partido político que tem fundo partidário de origem de recurso público, que não pode emprestar. E um empréstimo de R$29 mil, que é objeto de quatro versões. Quatro! Qual é a verdadeira?

Senadora Patrícia, em jogo o que está neste momento não são os R$29 mil, não é nem ao menos o empréstimo do PT; é a palavra do Presidente. Onde é que está? Com quem está a verdade? Esse empréstimo aconteceu. Quem pagou? Não aconteceu? Não foi pago? O Presidente está mentindo? Está falando a verdade? Qual é? É isso que nos incomoda e que incomoda a sociedade. Foi por isso que abordamos essa questão com toda a crueza.

Nós estamos aqui, Senador Tasso Jereissati, vendo a quarta versão de um fato que, por si só, talvez não merecesse tanta importância, mas que pelas explicações de ser um empréstimo de um partido político, de ser um empréstimo para o qual existem quatro versões, impõe-se, neste momento, como uma questão fundamental: ou ele é esclarecido ou em jogo está a palavra de Sua Excelência o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/08/2005 - Página 27106