Discurso durante a 131ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Papel do Congresso Nacional para superar a crise política.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
LEGISLATIVO.:
  • Papel do Congresso Nacional para superar a crise política.
Publicação
Publicação no DSF de 11/08/2005 - Página 27193
Assunto
Outros > LEGISLATIVO.
Indexação
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, PRESIDENTE, SENADO, MANUTENÇÃO, ISENÇÃO, ETICA, TRABALHO, CONGRESSO NACIONAL, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, GOVERNO.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Renan Calheiros, Srªs e Srs. Senadores, primeiro, confesso minha crença. Eu creio em Deus. Senador Renan Calheiros, entendo que Deus não vai abandonar o Brasil. Ele nunca abandona. A Sagrada Escritura diz que Ele foi buscar Davi, Moisés. Talvez Ele tenha-lhe buscado para este momento difícil.

Quis Deus que eu lesse O Povo, de Jules Michelet. Esse livro foi escrito em 1846. Ele levou mais de dez anos escrevendo-o, Senador Arthur Virgílio. Quer dizer, vai fazer 160 anos. Atentai bem para o que ele diz sobre o que é o povo: “Acreditamos que são os povos que fazem a força e a fraqueza dos regimes, a paz e a guerra, a força e a fraqueza, a doença e a saúde dos regimes. Não há povo, com efeito, sem pátria”.

E todos nós sabemos que foi o povo, insatisfeito, que foi às ruas e gritou: “Liberdade, igualdade, fraternidade”. E traduz-se esse regime como o Governo Abraham Lincoln diz: “Um Governo do povo, pelo povo e para o povo”.

Agora, Presidente Renan Calheiros, atentai bem. V. Exª é muito jovem - o Delcídio Amaral, mais jovem ainda; o povo não vai nem assistir América, a novela, porque ele está um galã aqui da TV Senado. É muito jovem.

Então, permita-me dizer o que pensa o povo do Brasil. Na Ditadura, na Revolução, bem jovem, o Arthur Virgílio teve o sofrimento em casa. Mas, Senador Renan Calheiros, eu estava no Maracanã, o coração deste País, no futebol. Senador Arthur Virgílio, eu fazia meu pós-graduado de cirurgia nos anos 60, quando eu vi uma explosão do povo no Maracanã. Havia um sistema de som que a gente chamava, na época, “A Boca do Mundo”. E ele falou lá. Euforia! Entusiasmo! E eu imaginei, Senador Heráclito Fortes: deve ter sido um gol do Pelé, do Coutinho, do São Paulo, e deu aí. Não, Carreiro. A Boca do Mundo no Maracanã tinha dito: “O Governo revolucionário acaba de fechar o Congresso Nacional”.

Entusiasmo! Euforia! Um absurdo. Mas é porque ele estava desgastado. Tinha corrupção. Deputados e Senadores levavam as verbas, e elas desapareciam.

Então, é esse povo. Isso é o que eu quero que não aconteça. E tenho certeza de que Deus botou aí V. Exª, Renan Calheiros, para estar atento e para que não haja no Brasil, nunca mais, a aclamação de fechar o Congresso, que é a Casa do povo, a sua ressonância. País sem Parlamento é país escravo.

Mas nem tudo foram trevas. Eu estava, em outra vez, no Maracanãzinho, quando vi um jovem pegar um violão e dizer: “Vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Aí renasceu o entusiasmo com esse cântico, como se fosse um salmo da nossa geração para redemocratizarmos este País.

E V. Exª está aí. É o tripé. Mas nenhum dos três está gozando hoje, neste País, de uma esperança e de uma expectativa como a que ela está lançando em V. Exª. E eu tenho certeza de que Deus vai continuar protegendo V. Exª, como tem protegido nas dificuldades que V. Exª passou na vida política. E V. Exª soube atravessar o Mar Vermelho. Apenas uso esta palavra para V. Exª estar atento à missão que Deus lhe deu. V. Exª não vai falhar, como Davi e Moisés não falharam.

Então, apenas para lembrar que é muito sério. E é o povo. Estou aqui e represento o MDB, que disse - o Encantado do Fundo do Mar nos chega: “Ouça a voz rouca das ruas”. E a voz rouca da rua está preocupada. Da mesma maneira que Deus colocou Davi e Moisés, ele colocou ali Rui Barbosa, para que esta Casa ainda mereça a confiança, pois a desconfiança vem da justiça que poderá trazer a paz e a alegria que o povo do Brasil merece sob o seu comando.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/08/2005 - Página 27193