O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, o dia 16 de agosto é uma data muito importante para o Piauí, pois hoje é aniversário da capital do meu Estado, Teresina.

Senador Paulo Paim, a história diz que, se realizássemos olimpíadas da valia da gente brasileira, o piauiense com certeza arrebataria a medalha de ouro. Desses quinhentos anos, Senador Tião Viana, durante duzentos fomos dependentes de Pernambuco; durante cem, do Maranhão. Então, é um Estado novo, e começamos a dar exemplo a este Brasil.

Atentai bem, Senador Tião Viana! A nossa capital foi a primeira capital planejada do País, em 1852. Esse exemplo é que inspirou Belo Horizonte, Brasília, Palmas e outras. E a história da cidade, Senador Papaléo Paes, tinha que envolver um baiano. Do mesmo jeito que está ali Rui Barbosa, jovem, Saraiva chegou ao Piauí muito novo, com 24 anos de idade. A capital do Piauí, há umas três décadas, era Oeiras, e o jovem administrador da confiança de Pedro II, Saraiva, entendeu que ele devia tirar a capital de Oeiras e colocá-la entre os dois rios - mesopotâmica -, o rio Parnaíba e o rio Poti.

Muitos dizem que é diferente. Perguntam por que ele não a colocou logo no litoral? Senador Papaléo Paes, naquela época de Capitanias Hereditárias, de Governos Gerais, o litoral do Piauí pertencia ao Ceará. Então, ele não podia colocar lá. Depois é que houve uma troca da cidade de Crateús pelo nosso litoral.

Então, ele colocou lá Teresina. E, na visão dele, o Piauí tinha que crescer e suplantar a cidade maranhense de Caxias, entreposto comercial antigo e forte do Maranhão quando ainda havia navegação fluvial no Parnaíba. Não foi fácil. Na sua primeira intenção, o Parlamento local, a Assembléia não permitiu, e ele perdeu. Entrou na luta política, fez a maioria na Assembléia e conseguiu a transferência.

A história se junta com o folclore e diz que as dificuldades foram enormes. Mas ele, com a sua obstinação, colocou logo o nome de Teresina, em homenagem à mulher de Pedro II, Teresa Cristina, porque o movimento oeirense visava fixar Oeiras como capital.

Senador Paulo Paim, diz o folclore que não queriam ir os Deputados - quis Deus chegasse ao plenário o Senador César Borges, nessa homenagem que o Piauí faz ao baiano que criou Teresina, Saraiva. Mas, segundo o folclore, diziam que os Deputados não queriam ir, a maioria de Oeiras, com suas residências, e foi aí que o baiano inteligente disse: “Menino, bota o cofre no carro-de-boi, passa ali vagarosamente na Assembléia que eles vão rumar para a capital atrás do tesouro”.

O fato é que assim se criou Teresina, e um dos discursos mais belos é o de Saraiva justificando que ele teria dispêndios, gastos - olhem a visão. Ele disse: “Gasto nenhum deve ser. Devemos fugir, desde que isso traga uma riqueza no futuro. A capital do Piauí tem que ser Teresina, mesopotâmica”. E assim Teresina nasceu.

Iluminado era Saraiva que, depois de lá - ele já vinha de uma missão em Sergipe, já tinha governado com 24 anos -, sai do Piauí, com seus 28, assume funções administrativas em São Paulo e chega a Ministro, Primeiro-Ministro na Guerra do Paraguai. Então, ela foi criada por um iluminado que foi Primeiro-Ministro neste País, o Conselheiro Saraiva.

Teresina, então, comemora seus 153 anos. Não existe, Senador César Borges, civilização mais avançada e mais adiantada do que a que se construiu em Teresina. Não existe! Com seus 153 anos, na minha lógica, a cidade é uma debutante, com 15 anos. Senador César Borges, atentai bem! Gravai: a Medicina em Teresina é mais avançada que a de Brasília. É o Dr. Francisco - Senador Mão Santa - que diz.

No Piauí se faz transplante cardíaco. Teresina tem quatro faculdades de Medicina. Mas não foi por acaso. Tudo tem a sua razão, a sua etiologia, como nós médicos falamos.

Senador, Carreiro, no período de 1930 a 1945, Getúlio - e quis Deus que entrasse agora aqui o Senador Heráclito Fortes, que foi um extraordinário Prefeito de Teresina - colocou tenentes em todos os lugares: Ceará, Bahia e Maranhão. E quis Deus que no Piauí fosse diferente; lá não passamos muito tempo dando continência a tenente. Então, veio uma solução alternativa: um médico, Leônidas Melo, que governou no período Vargas, implantou, para a época, o mais avançado hospital e o batizou de Getúlio Vargas, para conquistar a simpatia do Presidente ditador. Esse hospital agigantou-se no meio-norte do Brasil, Teresina, e desenvolveu-se de tal maneira que hoje é um dos centros médicos mais avançados deste País. A influência da classe médica foi muito grande. Vários Governadores médicos, como nós, fizeram avançar esse sistema.

Então, aí está Teresina.

Mas há fatos interessantes, Senador Heráclito Fortes, de que somos orgulhosos. Atentai como o Brasil deve a Teresina! O povo do mundo foi à rua e gritou “Liberdade, igualdade e fraternidade”. Caíram todos os reis, surgiu o governo do povo, pelo povo, para o povo; no Brasil, somente 100 anos depois de 1789, em 15 de novembro de 1889.

Atentai bem, Senador Paulo Paim! Num jornal cujo nome era Ordem, David Caldas colocou o nome Oitenta e Nove - que nome estranho para jornal: Oitenta e Nove -, 17 anos antes da Proclamação da República, para inspirar o povo brasileiro a sair da Monarquia para a República. David Caldas foi o profeta da República.

Oitenta e Nove circulava na capital piauiense e no Brasil, para inspirar os brasileiros a fazer a República. Foi lá que nasceu David Caldas, que foi proibido pelos portugueses que sucederam D. Pedro I e D. Pedro II, Princesa Isabel de ser no cemitério.

E continuou o Governo de origem portuguesa.

Então, veio a proclamação. Antes, já tinha havido a Guerra do Jenipapo. Os portugueses passaram esse poder de pai para filho. D. João VI disse para D. Pedro I: “Filho, fica com o Sul; e eu vou ficar com o Norte”. Era o País, e nós, piauienses, expulsamos os portugueses em batalha sangrenta, em 13 de março de 1823. Por isso, o Brasilzão é grandão, é uno, somos todos nós, porque nós os expulsamos.

Mais ainda, Senador Papaléo Paes. Todo mundo sabe de Prestes, o militar de vida mais brilhante no Exército brasileiro - ele e Baptista Figueiredo foram os dois currículos melhores do Exército. Prestes, com o seu ideal socialista, fez a Cruzada Prestes. Partiu do sul do Paraná com a intenção de dominar Teresina, que seria a primeira capital comunista no Brasil.

Prestes fugiu. Ele invadiu o Piauí, mas não dominou Teresina, e prendemos o seu amigo Juarez Távora. Nós a salvamos; seria a primeira.

A essa cidade queremos render homenagem. Essa cidade teve extraordinários prefeitos - Heráclito foi um deles -, Governadores do Estado do meu Partido, Alberto Silva, que a modernizou; e nós, que construímos, sem dúvida alguma, um dos projetos mais importantes, o projeto Sanear.

Atentai bem, Senador Mozarildo: Teresina tem 400 quilômetros de esgoto, a mortalidade infantil é...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Papaléo Paes, V. Exª ainda está no PMDB. Exerça o corporativismo. V. Exª ainda não voou para os tucanos. Então, estenda este tempo.

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PMDB - AP) - Nobre Senador, V. Exª já teve o seu tempo prorrogado em quatro minutos.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - E o presente de Teresina?

Vou pedir dois presentes: um a V. Exª, sobre o tempo; o outro ao Presidente da República - não é para homenagear Teresina. Tempo não há de faltar, para o Amapá, para o Piauí, para o povo do Nordeste.

E faço o convite a V. Exª para continuar no PMDB, no grupo autêntico, em que ontem foi filiado o Senador Almeida Lima. Que isso seja um estímulo para V. Exª.

Peço, então, ao Presidente da República.

Senador Heráclito Fortes, lutamos tanto aqui - V. Exª, antes de mim -, buscando verbas para o hospital universitário, para o desenvolvimento cultural, para a arquitetura, para a verticalização, depois do projeto Sanear, em Teresina, com uma arquitetura moderna.

Mas, Senador Heráclito Fortes, aquilo que pedimos para o hospital universitário - os sessentinha -, segundo disse o Reitor para o Diário do Povo, dificilmente será pago. Abriram apenas o ambulatório, que está precário.

Peço ao Presidente da República, que mereceu a confiança e a votação do povo do Piauí - confiou tanto que até um governador do PT foi eleito -, que seja agradecido a ele. Sabemos da dificuldade por que Sua Excelência está passando, mas pedimos que termine o sonho daquele povo que faz do saber a sua real esperança de melhorar a qualidade de vida em todo o Brasil. Teresina é uma cidade que não tem o seu hospital universitário. Mesmo com aquela nossa briga toda, apenas o ambulatório funciona precariamente. Nunca foi concluído.

Lula, atentai bem! Como já o adverti, acabe com esse negócio de peladeiro, porque não dá certo. Lula, acabe com esse negócio de núcleo duro! O que pensa no cérebro é mole, é o encéfalo, oxigenado. Afaste-se do Zé maligno!

Agora, Lula, em nome da história de Teresina, primeira capital planejada, parabenize e cumprimente o seu bravo povo, liberando todos os recursos. Mostre que é autoridade e que manda. Chame o Ministro da Educação, chame o Ministro da Saúde e mande chamar o Magnífico Reitor Federal Luiz Santos Júnior, para dar entendimento.

Vossa Excelência deve deixar de conversa e deixar um pouquinho do dinheiro que paga aos banqueiros internacionais para realizar o sonho dos piauienses: a conclusão do hospital universitário. Vossa Excelência estará sendo agradecido ao povo do Piauí, que, até hoje, não lhe faltou.

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PMDB - AP) - Muito obrigado, Senador Mão Santa.