Discurso durante a 135ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Posicionamento de s.Exa. com relação ao salário mínimo.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL. POLITICA SALARIAL.:
  • Posicionamento de s.Exa. com relação ao salário mínimo.
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães.
Publicação
Publicação no DSF de 17/08/2005 - Página 27747
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL. POLITICA SALARIAL.
Indexação
  • RESPOSTA, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, SENADOR, REFERENCIA, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ORADOR, DEFESA, SALARIO MINIMO, ABSTENÇÃO, VOTAÇÃO, SENADO.
  • JUSTIFICAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, PERMANENCIA, POLITICA SALARIAL, PREVISÃO, ORÇAMENTO, REAJUSTE, SALARIO MINIMO, COMPENSAÇÃO, INFLAÇÃO, CRESCIMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), EXTENSÃO, APOSENTADO, QUESTIONAMENTO, OMISSÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, INSTALAÇÃO, COMISSÃO MISTA, DEBATE, ASSUNTO.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na verdade pretendia fazer um aparte ao Senador Antonio Carlos Magalhães. Estava torcendo para que S. Exª me citasse, para que eu pudesse falar argüindo o art. 14.

Primeiramente, digo que continuo com a mesma posição que sempre tive com relação ao salário mínimo. Tanto que o projeto que apresentei e que está em debate nesta Casa, cujo Relator é o Senador Eduardo Suplicy, diz o seguinte: “O salário mínimo, a partir de 1º de maio [que passou], será de R$ 300,00 mais o dobro do PIB...” - que daria, no mínimo, R$333,00. Porém, há aí um agravante, para quem trabalha com números: “... estendendo-se o mesmo percentual de reajuste aos 22 milhões de aposentados e pensionistas”.

Esse é o projeto que estou debatendo, inclusive com o Senador Eduardo Suplicy. E isso numa política salarial permanente, ou seja, daqui para a frente, o salário mínimo subiria, em todo 1º maio, a inflação mais o dobro do PIB.

Senador Antonio Carlos Magalhães, abstive-me porque não poderia votar contra o reajuste do salário mínimo. E não critico V. Exª, porque, na verdade, ao aprovar a emenda, V. Exª fez com que o Governo pare, pense e enfrente o debate do salário mínimo com reajuste permanente.

Aprovamos, no fim do ano passado, uma Comissão Mista de onze Senadores e onze Deputados para evitar esse constrangimento que acabou ficando. No Senado, todos os partidos indicaram seus representantes. A Câmara, por alguma força oculta, não indicou os seus. Resultado: não aprofundamos, não apresentamos um projeto definitivo para o salário mínimo, caminhamos para o mesmo impasse no próximo ano. Se a Comissão Mista, Senador Antonio Carlos Magalhães, não for instalada, no próximo ano teremos o mesmo problema, e dirão: “Ah, mas não está previsto no Orçamento”. Bom, mas por que a Comissão não foi instalada? Alguma força oculta trabalha para que a Comissão não seja instalada.

Vejam bem a situação dos aposentados e pensionistas. Sabem o que vai acontecer? - e é provável que a Câmara aprove o que aqui foi aprovado. O salário mínimo terá um reajuste de mais ou menos 50%. Sabe qual será o reajuste dos aposentados e pensionistas? Em torno de 6%. Ora, se o salário mínimo subir 50%, e o do aposentado 6%, é como digo sempre da tribuna - e alguns fazem o que chamo de ouvido de mercador: daqui a alguns anos, todos os aposentados estarão recebendo somente o mínimo. Não dou seis anos para que isso aconteça.

Então, é preciso, de uma vez por todas, que o Congresso e o Executivo sentem e construam uma política definitiva de reajuste do salário mínimo, para evitar essa queda de braço. No ano passado, foram R$10,00; nós aprovamos aqui mais R$10,00; a Câmara derruba os R$10,00. Neste ano, o Senado aprovou - porque a base de cálculo, não se esqueçam, é R$260,00, que se comparam com os R$384,00 aprovados - um reajuste de 50%. Ora, ou a Câmara aprova ou não. Se a Câmara aprovar, vai-se repetir o que aconteceu em 1995, com o projeto que foi de minha autoria: aprovamos, por unanimidade, nas duas Casas; o Presidente Fernando Henrique na época vetou, remeteu uma outra medida ao Congresso. E agora, Senador Antonio Carlos Magalhães, digo isto como um elogio, um elogio tanto no primeiro momento, como no segundo: o seu filho falecido, Deputado Luís Eduardo Magalhães, numa postura de grandeza, como Presidente da Câmara, disse: “Já que o Paim foi o autor, ele vai ser o Relator”. Ele me deu a relatoria, construímos, com todos os partidos, um grande entendimento, aprovamos um salário de mais de US$100 e estendemos isso a todos os aposentados e pensionistas.

Repito: falo aqui de seu filho de forma elogiosa, Senador Antonio Carlos Magalhães, porque ele foi muito grandioso. Havia uma pressão para que ele não me desse a relatoria. Ele me deu a relatoria, apostando que eu haveria de construir uma proposta positiva, e construímos isso juntos.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - E eu tive um incidente com o Ministro Serra, porque ele não queria o aumento do salário mínimo, mas eu consegui uma nova medida provisória com o Presidente Fernando Henrique.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Eu me lembro da atuação de V. Exª, porque caminhávamos juntos. Por isso é que, em nenhum momento, isso seja uma crítica a V. Exª, porque, ao aprovar sua emenda, provoca o Congresso a, de uma vez por todas, definir uma política de salário mínimo que contemple isso já no Orçamento, evitando que, no próximo ano, tenhamos o mesmo impasse.

Era isso o que queria dizer, Sr. Presidente.

Obrigado.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/08/2005 - Página 27747