Discurso durante a 136ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Referências à reunião de hoje da CCJ, quando foi apreciado o projeto de autoria do Senador Jorge Bornhausen, sobre a reforma eleitoral.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA POLITICA.:
  • Referências à reunião de hoje da CCJ, quando foi apreciado o projeto de autoria do Senador Jorge Bornhausen, sobre a reforma eleitoral.
Publicação
Publicação no DSF de 18/08/2005 - Página 28038
Assunto
Outros > REFORMA POLITICA.
Indexação
  • COMENTARIO, DEBATE, COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO JUSTIÇA E CIDADANIA, PROPOSTA, REFORMA POLITICA, OPOSIÇÃO, REDUÇÃO, TEMPO, CAMPANHA ELEITORAL, MOTIVO, SUPERIORIDADE, NUMERO, MUNICIPIOS, VISITA, CANDIDATO.
  • DIVERGENCIA, PROPOSTA, LISTA DE ESCOLHA, CANDIDATO, PARTIDO POLITICO.
  • ANALISE, URGENCIA, REFORMA POLITICA, OBJETIVO, COMBATE, CORRUPÇÃO, SIMULTANEIDADE, PUNIÇÃO, RESPONSAVEL, CRISE, POLITICA NACIONAL.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Tião Viana, Senadoras e Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo Sistema de Comunicação do Senado, há poucos instantes, estávamos nós na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, e o primeiro item da pauta até agora, quis Deus, trazido pela inteligência privilegiada, que é o Presidente do PFL, Senador Bornhausen. E é muito oportuno dar o nosso pensamento neste instante. E quis Deus estar presente o Senador Bornhausen que, em boa hora, com a sua característica de líder, surge diante dessas dificuldades.

Quero fazer a minha reflexão. Evidentemente, sou otimista, porque Senador Bornhausen, Senador Papaléo, que é médico, Tião Viana, a Medicina, tem a Psicologia, tem a neurolingüística, que ela diz que tem que ter uma modelagem, um modelo. A minha geração era Juscelino, médico, político. Então, o modelo. E ele diz que é melhor ser otimista. O otimista pode errar, mas o pessimista já nasce errado e continua errando. Eu sou otimista. Falar em reforma traz-me à mente a religião cristã. Somos católicos, apostólicos e reconhecemos como estava péssimo, como a igreja... Aí, surgiu o alemão Lutero, fez uma reforma e melhorou as igrejas de Cristo no mundo. E o País neste tumulto, Bornhausen lança essa esperança que não pode morrer numa reforma.

Senador Bornhausen, atentai bem! Aqui está o livro Minha vida, de Bill Clinton. Quero crer que o maior símbolo da política foi Abraham Lincoln. Li muitas obras dele, muitas mesmo. Interessante, Senador Bornhausen. Se V.Exª estudar a vida de Abraham Lincoln e ver as convenções que ele disputou, são iguais às que Bill Clinton e o Bush disputaram. Mantêm-se a tradição, a educação, aquelas prévias. 

Atentai bem à preocupação que tenho de encurtar o tempo de campanha. Eu saía lá do meu Piauí, onde há 224 cidades. Passaria, então, para a realidade de Minas Gerais, de Juscelino Kubitscheck. Parece que são 800 cidades. Como um candidato que surge vai fazer uma campanha em 60 dias, em um Estado que possui mais de 800 cidades? Atentai bem! Acho que têm que ser limitados os custos, mas não o tempo.

Senador Jorge Bornhausen, V. Exª é uma luz, é uma inteligência ímpar e privilegiada, e o País deve mais. V. Exª, além da experiência que teve de Governo, V. Exª foi mais bravo, foi mais correto, foi mais altivo como oposicionista. É esse renascer da democracia.

Nos Estados Unidos, há uma prévia. Atentai para a reflexão, porque V. Exª é um dos que pensa neste Parlamento, que pensa com pureza. Nos Estados Unidos, há a prévia um ano antes. Eles saem, Senador Garibaldi Alves Filho, de caminhonete, de ônibus, de barco, de avião, um ano antes, nas sérias prévias. Essa, sim, conscientiza. Essa, sim, aponta as lideranças.

Lembro a V. Exª que Abraham Lincoln, uma vez, foi candidato a Vice-Presidente da República e perdeu. Abraham Lincoln perdeu várias eleições, mais do que Rui Barbosa. Eles só não perderam a vergonha e a dignidade. Então, chegou um colégio nessas prévias, querendo vender os votos dos convencionais. Atentai bem! Ele disse que não. Ele era candidato a Vice-Presidente. Primeiro, ele não tinha aquele dinheiro e, se tivesse, não o usaria, porque era contra os seus princípios. Perdeu. Depois, o País se lembrou dele na nova candidatura à Presidência. É o destino.

Quero dizer-lhes que essas são as diferenças. Acredito que não se deve economizar tempo, mas se devem economizar gastos, dispêndios, meios.

Noventa dias em um Estado que tem 600, 800 cidades. No meu Piauí, já existem 224. Deus me permitiu criar 78 cidades naquele Estado quando o governei. É diferente de Sergipe, pois cabem no Piauí 12 Sergipes e, em Minas Gerais, umas 20.

Já que os americanos estão aqui, lembro que eles têm uma sabedoria que é: First things first, ou seja, “primeiro as coisas primeiras”. Temos mesmo, Senador Jorge Bornhausen, que - já, agora, para ontem - purgar o Congresso Nacional, purificá-lo. É aqui que deve ser a reforma e a moralização. É para já.

            Quanto àquela proposta que o ex-Presidente José Sarney apresentou ontem de lista partidária, Senador Jorge Bornhausen, é melhor voltarmos às capitanias hereditárias. Lista de partidos já houve. É melhor voltarmos às capitanias hereditárias, pois cada um se resolve. Lista partidária? Atentai bem o que haverá. Com essa corrupção toda, esses marginais da política, pelo menos, estão distribuindo dinheiro aí. Se houver lista partidária, esses banqueiros poderosos comprarão o Presidente do Partido e dirão que coloquem seus filhos como primeiros da lista - ou, então, eles os inserem por conta própria.

Temos, todavia, que encarar o problema. E eu quero lhe dizer que este é o mais grave momento que vivemos neste País.

Nunca dantes, jamais, desde Pedro Álvares Cabral, desde as Capitanias Hereditárias, os governos gerais, o Imperador Pedro I, o Imperador Pedro II, a Princesa, os primeiros Presidentes da República, o ditador civil Vargas, os presidentes que se seguiram, os militares e os recentes, nunca dantes houve tanta corrupção. Nunca dantes!

E eu acho que essa é a reforma. É como aquela que o Lutero fez na religião cristã. Essa é a reforma. Os partidos, os partidos estão aí é se vendendo. Os partidos sem significado se vendem mesmo. Isso é que é.

Aqui falou-se muito em medidas provisórias. E elas exigiam urgência e prevalência. De urgência quem sabe aqui sou eu, desses 81. Eu sei, como médico cirurgião, o que é uma urgência. Urgência é purgar agora.

E aqui, Senador Ramez Tebet, atentai bem, essa purgação, Senador Paim, é em dois turnos. O primeiro turno é aqui. Premiar os bons e punir os maus. E vai haver o segundo turno. No segundo turno, nós poderemos chamar o Sr. Lula para confessá-lo. Mas o primeiro turno é aqui! First things first - primeiro as coisas primeiras. É isso o que a sociedade quer. Essa é a reforma mais urgente. É aqui que podemos e temos que fazê-la. Essa é a urgência! Essa é a emergência.

E, sobretudo, quero dar meu ponto de vista pessoal, porque estamos aqui para aconselhar o Presidente da República. É esse o dever do Senado. É um poder moderador. É como disse Deus a Moisés: “Chame os mais experimentados, os mais vividos. Eles o ajudarão a carregar o fardo do povo!” Nasceu aí.

Então, quero lhe parabenizar, Senador Tião Viana. Essa é uma homenagem ao Acre, a V. Exª, ao PT. Atentai bem! Coincide com a minha opinião. E isso quer dizer também que o PT não tem que ser todo destruído, não. Tem que ser purificado. Quero enfrentá-lo de peito aberto, frontalmente! Essa, sim, é a voz do PMDB autêntico, que tem um Presidente de honra aqui, Ramez Tebet.

Refiro-me ao seu irmão, Senador Tião Viana. Governo, partido e país. Atentai bem! Ó Lula, busque, busque o Jorge Viana, que pode ser seu Richelieu. Ó Lula, você está sem condições de governar. E quem diz isso é o Mão Santa, que votou nele e o ajudou dentro do Piauí. Atentai bem! Vem do PT do Acre a sugestão mais sensata ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva: convocar, além do Conselho da República, os ex-Presidentes José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco, já que eles também enfrentaram crises de grandes proporções e podem contribuir com suas experiências. Deus mandou Moisés buscar os mais experientes.

Quero lhe dizer, Lula, que a história ensina! Eu sei que o Lula não gosta de ler. Ele não gostar de ouvir; ele fica só falando. Mas se conta sobre aquele povo que foi à rua e gritou: liberdade, igualdade, fraternidade. Nasceu o governo do povo, pelo povo e para o povo. Atentai bem! Quem não se lembra de Luiz XIV, Senador Jorge Bornhause, Versailles, l’état c’est moi. O que o sucedeu era fraco. Luiz XV era fraco, de pouco saber, de pouca vontade de trabalhar. Mas ele buscou Richelieu e governou 17 anos. Buscou, depois, o Cardeal Mazarino, e foram mais 18. Eu penso assim: se o Luiz XV conseguiu, com Richelieu e com o Cardeal Mazarino, governar a França por 35 anos, como o Lula não pode terminar o seu Governo? Eu acho que ele tem que terminar, mas tem que buscar o Richelieu dele. E está aqui o Richelieu, esse jovem do Acre que foi prefeitinho e agora é Governador. Nenhum do núcleo duro o entende.

Essas são as minhas palavras e a homenagem ao Líder do PFL, que se consagrou na Oposição e teve a coragem de iniciar essa reforma. E eu digo que a reforma, inicialmente, tem que ser no ser humano, em nós brasileiros e aqui no Congresso, expulsando os maus.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/08/2005 - Página 28038