Discurso durante a 136ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do centenário do Clube do Remo, em Belém do Pará.

Autor
Luiz Otavio (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PA)
Nome completo: Luiz Otavio Oliveira Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Registro do centenário do Clube do Remo, em Belém do Pará.
Publicação
Publicação no DSF de 18/08/2005 - Página 28213
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CLUBE, ESPORTE AQUATICO, FUTEBOL, REGISTRO, HISTORIA, MOBILIZAÇÃO, POPULAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO PARA (PA), ELOGIO, DESCOBERTA, ATLETA AMADOR.

O SR. LUIZ OTÁVIO (PMDB - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) -

CENTENÁRIO CLUBE DO REMO

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no ano de 1905, em Belém do Pará, um pequeno grupo de 7 aficionados do esporte do remo se reuniu e decidiu formar o Grupo do Remo, para participar das competições náuticas daquele ano.

Nascia, pois, no dia 5 de fevereiro de 1905, a agremiação que acabaria batizada, em 1911, Clube do Remo, deixando para trás sua primeira designação de Grupo. Consolidava-se, assim, o maior clube e patrimônio esportivo do Estado do Pará.

De lá para cá, Sr. Presidente, o Clube do Remo cresceu, firmou-se e atraiu torcedores, que constituem, hoje, seu grande capital humano. Fruto dos êxitos alcançados nesses anos todos, o Remo congrega imensa e fiel torcida, que é a maior do Pará e de toda a região Norte, destacando-se, ainda, como a décima sexta maior do País. Segundo o Ibope, em pesquisa realizada em 2004, são 1,3 milhão de torcedores apaixonados pelo Leão, como o clube é carinhosamente chamado em meu Estado. Outra pesquisa, a do Instituto Acertar, mostra que, entre os torcedores de Belém, 46% vestem a camisa azulina. A pesquisa revela um dado interessante: o crescimento da torcida feminina. Entre os remistas, na capital de meu Estado, as mulheres ultrapassam 40% dos torcedores.

            Impossível referir-se ao Clube do Remo sem mencionar a origem náutica vencedora que teve a agremiação, no início do século XX. Como nas demais modalidades, feitos inéditos e históricos também são contados no remo, como a primeira regata do Campeonato Paraense de 1972, que teve o Leão como vencedor de todos os dez páreos, somando um total de 120 pontos. A prova foi disputada na manhã do domingo, 25 de junho de 1972, e contou, ainda, com a participação de Paysandu, Tuna Luso e Recreativa Bancrévea. Ninguém repetiu tal feito até hoje.

Sr. Presidente, o reconhecimento da importância do remo na vida do clube se fez, por longo tempo, pela bela tradição de os atletas sempre carregarem suas embarcações, rodeando o gramado nos momentos que antecediam os jogos de futebol; reconhecimento pelos aplausos da torcida remista, incentivados pela rivalidade, já muito forte, entre Remo e Paysandu. O Leão detém 33 títulos de campeão paraense, e continua sendo o maior campeão das águas no Estado.

Todavia, Srªs e Srs. Senadores, como acontece com quase todos os esportes amadores em boa parte do Brasil, a descoberta de novos atletas acontece quase casualmente. As dificuldades estruturais dos clubes brasileiros, e o Remo não é exceção, não permitem a criação de uma escolinha de formação de remadores. Quem se interessa pelo esporte é, sem demora, convidado a fazer alguns testes antes de participar da categoria de estreantes, prevista em todas as regatas do Campeonato Paraense.

Foi, também, na sede náutica que as primeiras funções administrativas do clube foram desenvolvidas, iniciando a estruturação do hoje forte e pujante Clube do Remo.

Uma pena, Sr. Presidente, que as agremiações brasileiras não consigam assegurar o bom funcionamento das práticas esportivas amadoras de competição. A instabilidade é permanente e desalentadora. Não fosse assim, teríamos um excelente caminho para a educação de nossos jovens e para o desenvolvimento esportivo do País.

Ainda assim, o Clube do Remo mantém e incentiva as atividades esportivas amadoras, sendo uma agremiação vitoriosa em todas as modalidades de que participa.

Srªs e Srs. Senadores, é preciso ir a Belém do Pará e ver a nação azulina reunida, para se ter uma idéia da força e da paixão que une o Clube do Remo e seus torcedores.

No domingo, dia 7 de agosto passado, um reencontro de primeira grandeza, entre 28 mil torcedores e o time do Remo, estremeceu o estádio Mangueirão na estréia do clube, em Belém, no Campeonato Brasileiro da Série C. Mesmo em um jogo valendo pela desprestigiada Série C, a torcida do Leão cravou uma das maiores arrecadações do final de semana entre as três divisões do futebol nacional. Os torcedores tiveram papel fundamental para a vitória do time e comemoraram o apito final como se fosse o da conquista de um título. Fogos, balões e fitas embelezaram a entrada do time em campo; e o grito de milhares de azulinos ecoou no estádio e marcou o espetáculo, em uma tarde que parecia perfeita para o Remo. Neste último final de semana não foi diferente, o Clube do Remo, ao derrotar por 3 x 2 o Clube São José, do Estado do Amapá, levou 23 mil torcedores ao Estádio do Mangueirão, hoje Estádio Olímpico.

Mesmo tendo o futebol como carro-chefe nestes cem anos de história, a escolinha de craques do Leão Azul é nova: tem apenas 15 anos. Fundada em 1990, a Escolinha de Futebol Rubilar nasceu da visão empresarial dos diretores Lucival Alencar e Armando Corrêa, que apostam no investimento nas divisões de base como a mais viável alternativa para driblar as crises pelas quais, ciclicamente, passa o clube. Essa aposta em uma solução caseira começa a prosperar e a render frutos, conforme evidenciam os números. O cadastro atual da escolinha relaciona 1.158 alunos, dos quais 280 comparecem habitualmente à Arena do Baenão para desenvolver suas atividades.

Futebol é, verdadeiramente, a grande paixão esportiva nacional. A tal ponto, que o fato de o Remo estar disputando a terceira divisão do futebol brasileiro não diminui o ímpeto de seus apaixonados torcedores; paixão que não se esgota no futebol, mas transborda para todas as demais modalidades esportivas em que o clube compete, sempre com grande sucesso.

No basquete, Sr. Presidente, o Remo detém o inédito heptacampeonato paraense adulto, sua mais importante conquista. A grande maioria dos 64 títulos conquistados pelo clube, nos últimos 15 anos, nas seis categorias oficializadas pela Federação Paraense de Basquetebol, deve-se ao desempenho da escolinha de basquete, que revelou talentos e permitiu ao Leão Azul manter uma invejável hegemonia na última década.

No futebol de salão, hoje conhecido como futsal, o título estadual adulto de 1986 marcou a reorganização da modalidade no Remo e serviu de estímulo para o clube investir nas divisões de base.

O slogan “natação campeã”, utilizado pelo Clube do Remo, para seus esportes de piscina, mais que um título, é o resumo de tudo o que o Leão Azul construiu em quase 30 anos de braçadas no Brasil e no exterior. Atualmente, o Remo é uma das mais consagradas e respeitadas agremiações do Norte e Nordeste nessa modalidade. Os resultados obtidos são frutos de um trabalho de formação de base, o verdadeiro segredo para tornar o clube quase imbatível em categorias como o Mirim e o Petiz.

Ao mesmo tempo em que mantém sua tradição vencedora, o Remo trabalha para resgatar as modalidades que já tiveram dias melhores no clube. Depois de um hiato de cinco anos, seu vôlei feminino adulto volta às quadras e, o que é mais importante, desperta animadoras expectativas de repetir os resultados obtidos nas décadas de 1980 e 1990, quando estabeleceu uma hegemonia, nunca igualada, de 12 títulos estaduais consecutivos.

Srªs e Srs. Senadores, a comemoração do centenário de fundação do Clube do Remo é motivo de orgulho para o povo paraense. A Assembléia Legislativa do Estado do Pará realizou, no dia 4 de agosto passado, sessão solene de homenagem ao clube, fortemente concorrida e presenciada por inúmeras personalidades de destaque na política e no meio esportivo paraense. A Câmara Municipal de Belém, cidade sede do Leão Azul, também se associou às homenagens, realizando sessão solene em 11 de agosto passado.

As instâncias políticas mais representativas do povo paraense homenagearam um símbolo da cultura esportiva de meu Estado. Nada mais justo e simbólico para todos nós, paraense e remistas.

Sr. Presidente, não posso concluir meu pronunciamento sem felicitar a atual diretoria do Clube do Remo, nas pessoas do Senhor Raphael Levy, seu Presidente, e do Senhor Antonio Carlos Pinheiro Teixeira, seu Vice-Presidente, pelo excelente trabalho que tem feito e que, certamente, se traduzirá em novas e importantes conquistas para o clube.

Não poderia, tampouco, deixar de registrar o trabalho da administração anterior, presidida pelo Sr. Ubirajara Imbiriba Salgado, que, mesmo enfrentando dificuldades, soube honrar as tradições do Leão Azul.

Ao ex-Governador Almir Gabriel, nossos agradecimentos pela reforma e conclusão do Estádio Olímpico, o nosso Mangueirão, orgulho dos paraenses e arena de grandes eventos esportivos.

Concluo, Sr. Presidente, desejando paz e prosperidade para o Leão Azul e toda a família remista.

Cumprimento o povo do meu Estado do Pará, apaixonado por esporte, pelo centenário de um dos seus mais importantes símbolos esportivos. Poucos clubes no País podem ostentar história de paixão popular como o Clube do Remo.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/08/2005 - Página 28213